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Cancelados
O boicote nas redes sociais oscila entre uma estratégia legítima e o linchamento
virtual
Mas, como todo processo de regulação, a linha que separa o protesto legítimo
do autoritarismo e da negação ao diálogo é tênue. O psicanalista e professor
titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo Christian Dunker
pontua que há um uso um tanto quanto exagerado do cancelamento, mas isso
não significa que ele deva ser invalidado. "Há que se distinguir o cancelamento,
ato político e estrategicamente bem-posto, do cancelamento autocrático, que
produz a sensação de moralismo. Toda vez que cancelo simplesmente porque
'eu não faria assim', pressupondo que o outro deva agir exatamente como eu
ajo, eu estou indo contra a inclusão, a universalização do diálogo. E, ainda mais
grave, ao me retirar do debate, o cancelado pode se beneficiar e criar um
ambiente ainda mais tóxico, machista, violento e, portanto, aumentar a
coerência identitária do seu grupo, o que seria péssimo."
Da influencer Gabriela Pugliese, que furou a quarentena para dar uma festa para
amigos, à atriz Thaila Ayala, que chamou sua marca de roupas de "Vir.us" em
meio à pandemia. Do youtuber Felipe Neto, após críticas ao governo Jair
Bolsonaro, à escritora J.K. Rowling, acusada de transfobia após publicar o texto
"Criando um mundo pós-Covid-19 mais igual para as pessoas que menstruam" .
A lista não é pequena e nenhum dos citados ficou indiferente aos reflexos dos
cancelamentos a que foram submetidos - de perda de contratos a seguidores
em queda .
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!
Linha tênue Felipe Neto tem sido perseguido e Lilia Schwarcz pediu desculpas . JK
Rowlings aprendeu uma lição geracional , enquanto Thaila Ayala entendeu os
limites do oportun ismo