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A Sociologia como disciplina escolar:

do passado ao presente
Renata Oliveira Santos*

Resumo
Entre períodos de presença e a ausência nos bancos escolares brasileiros, a
história da disciplina de Sociologia nos revela o quão ela sempre esteve à
mercê de modelos curriculares distintos, tendo objetivos e metodologias muito
diversificadas. Atualmente, inserida de forma obrigatória nas matrizes
curriculares de todo o país, a Sociologia exige novas práticas pedagógicas e a
aproximação entre o saber acadêmico e o saber escolar. Assim, esse artigo tem
por objetivo refletir sobre a história da disciplina e registrar algumas iniciativas
que estão sendo desenvolvidas pelas universidades paranaenses em prol do
ensino de sociologia dentro e fora da sala de aula.
Palavras-chave: História; Educação; Ensino de Sociologia.

Abstract
Between periods of presence and absence in schools in Brazil, the discipline of
sociology in the history of the subject sociology reveals how she was always at
the mercy of different curriculum models, with very diverse objectives and
methodologies. Currently, as part of a mandatory on curricular across the
country, sociology requires new teaching practices and approach between
academic knowledge and school knowledge. Thus, this article aims to reflect
on the discipline's history and record some initiatives being undertaken by
universities in Paraná, in favor of sociology of education inside and outside the
classroom.
Key words: History, Education, Teaching Sociology.

*
RENATA OLIVEIRA SANTOS é Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Estadual
de Maringá (UEM)

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Introdução partir das alterações
Existiu sempre, ao feitas no inciso IV,
longo da história da do artigo 36, da Lei
educação brasileira, de diretrizes e Bases
uma intensa luta para da Educação
que a Sociologia Nacional – LDB/96.
fizesse parte dos Além disso, nos
currículos escolares. auxilia a pensar a
Alguns autores, maneira como as
como: Cândido universidades
(2006), Rêses (2004), brasileiras, em
Santos (2002), especial as
Sarandy (2004), paranaenses, têm
Carvalho (2004), refletido sobre o
Saul et al (2008), retorno da disciplina
entre outros à sala de aula e quais
desenvolveram são as ações
pesquisas importante sobre as idas e desenvolvidas que tendem a aproximar
vindas da Sociologia nas escolas. Seus cada vez mais o saber acadêmico do
trabalhos representam fontes de saber escolar.
pesquisa para aqueles que desejam
compreender o ensino de sociologia e 1. A Sociologia como disciplina
suas inúmeras questões1. escolar: presenças e ausências

Vale lembrar que os diversos modelos A instabilidade da Sociologia como


curriculares acompanharam as disciplina sempre caracterizou sua
mudanças que ocorriam não somente na ausência ou permanência em âmbito
educação, mas também na política, escolar. Marcada por uma longa
economia, cultura e sociedade trajetória que se inicia ainda no final do
brasileira. A disciplina de Sociologia século XIX, a Sociologia acompanhou
ficou sempre à mercê dessas todas as mudanças ocorridas no país
transformações, por isso a sua história pós-escravidão: consolidação da
reflete bem os desejos, as preocupações, república, processo modernizador
as expectativas que muitos políticos e proposto por Getúlio Vargas, a ditadura
educadores nutriam sobre a educação militar e redemocratização do país.
nacional. Não é difícil compreender por que sua
Assim, compreender essa história, presença sempre esteve marcada por
mesmo que de maneira sucinta, nos momentos históricos importantes de
ajuda a entender por que em 2008 a transformação da sociedade brasileira.
Sociologia voltou a se configurar como Afinal, toda mudança demanda uma
uma disciplina OBRIGATÓRIA nas nova compreensão do meio social, e a
instituições de ensino de todo o país, a Sociologia sempre “surgiu” com essa
missão de interpretar e pensar as novas
1 configurações sociais.
A referência proposta aqui a essa história se
fará por meio desses autores, pois, qualquer Com a instalação da República, no final
discussão mais profunda sobre essa temática
acabaria se tornando repetição de estudos, já tão
do século XIX, a reforma educacional
bem desenvolvidos, tornando-se assim apenas pretendida por Benjamin Constant
uma mera reprodução. objetivava a formação do adolescente

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como cidadão da nova configuração Capanema propôs novas mudanças para
política brasileira. Esse agora, cidadão a educação nacional. Dessa forma, o
da República, deveria ter como ensino secundário foi dividido em dois
prioridade a educação para o exercício ciclos: ginasial e colegial, separado do
da cidadania e não apenas como ensino superior (SANTOS, 2001).
preparatória para o ensino superior. Era
necessário formar indivíduos As mudanças pretendidas afetaram
conscientes de seu papel ou função diretamente a Sociologia que deixou de
dentro desse novo país. se configurar como disciplina
obrigatória/complementar sendo
Nesse momento a Sociologia era tida excluída dos currículos das escolas
como uma disciplina capaz de auxiliar secundárias. Para o ministro Capanema,
os jovens a pensar uma sociedade a Sociologia de caráter preparatório e
baseada não nos valores religiosos, não-formativo não correspondia aos
característicos do regime imperial, mas anseios da nova educação nacional.
sim na ciência. Entretanto, a morte de
Benjamin Constant e as inúmeras Essa exclusão vinha de encontro com os
mudanças ocorridas em suas propostas objetivos autoritários do governo
educacionais fizeram com que a Vargas que desejava formar um
Sociologia nem fosse ao menos ofertada indivíduo com espírito patriótico e
como disciplina, sendo retirada do cívico, cabendo às disciplinas atender a
currículo escolar em 1901 (RÊSES, essa tal realidade. Assim, a formação
2004). dos alunos ficaria, então, ao cargo de
A sua implementação como disciplina disciplinas como educação física e
curricular somente aconteceu em 1925, militar para os meninos, e educação
a partir da reforma do Ministro Rocha moral, cívica e religiosa para todos
Vaz. A primeira instituição escolar a (RÈSES, 2004).
introduzir a Sociologia em seu currículo
nesse ano foi o Colégio Dom Pedro II, As transformações na educação não
no Rio de Janeiro, tendo como professor parariam por aí. Entre elas foi a
Delgado de Carvalho. Após três anos a promulgação da primeira Lei de
disciplina passou a fazer parte de Diretrizes e Bases da Educação
maneira obrigatória das escolas normais Nacional- LDBEN, em 1961, que
em todo Distrito Federal, ou seja, no embora refletisse uma mudança na
Rio de Janeiro, capital da República, e sociedade brasileira em relação à
da cidade de Recife-PE, tendo à sua educação, era pensada a partir de
frente Gilberto Freire e Carneiro Leão desejos ideológicos e conservadores de
(CARVALHO, 2004). uma minoria que ainda eximia o Estado
da responsabilidade em refleti-la e
Com a Reforma Francisco Campos em organizá-la.
1931 a Sociologia foi mantida como
disciplina obrigatória e de caráter A autonomia dada por essa lei aos
complementar no ensino secundário Estados/escolas para discutirem a
com o objetivo máximo de preparar os inserção de algumas disciplinas, em
alunos para o egresso ao ensino caráter optativo, afastou mais uma vez a
superior. Essa reforma preconizava o Sociologia das instituições de ensino.
caráter científico e formador da Pois, cabia às escolas optarem ou não
educação. Todavia, isso mudaria em por sua permanência: “A oferta de
1942, quando o ministro Gustavo Sociologia, nesse período, era mais uma

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possibilidade do que uma realidade” 1988, que abriu caminho para que uma
(SANTOS, 2001, p.36). nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional fosse pensada e
Essa possibilidade seria definitivamente
aprovada em 1996.
anulada com a reforma educacional de
1971, de responsabilidade do Ministro Com a promulgação da nova LDB, o
Jarbas Passarinhos. A Lei nº 5.692/71 ensino de Sociologia voltou a ser
determinou o fim da divisão do ensino reivindicado, porém ficou à mercê de
em ginasial e colegial estabelecendo a inúmeras interpretações que, advindas
união do ensino primário e ginasial, em do caráter ambíguo do inciso IV do
um ciclo de 8 anos, obrigatório para Artigo 36 dessa Lei, causou inúmeras
crianças entre 7 e 14 anos e a separação lutas daqueles que defendiam o estudo e
definitiva do ensino secundário, que ensino de Sociologia como disciplina
passaria a se configurar como obrigatória e única.
profissionalizante com objetivo de
formar os jovens para o trabalho. Com Assim, depois de muitos embates
isso, entre 1971-1982, a Sociologia políticos, vetos e pareceres
deixaria de “existir” como disciplina (CARVALHO, 2004), foi sancionada,
escolar tanto obrigatória como opcional pelo presidente Luis Inácio Lula da
(SANTOS, 2001). Silva, a Lei nº 1.641/03, que tornou
obrigatório o ensino da Sociologia em
No início da década de 1980 foi todas as instituições de ensino
aprovada a lei educacional nº 7.044/82, brasileiras.
com o objetivo de transformar o ensino
profissionalizante obrigatório em uma Esse seria apenas o primeiro passo de
escolha optativa das escolas. Assim, o uma grande vitória que ocorreu pelas
currículo do 2º grau foi reformulado mãos do então vice-presidente em
oferecendo duas modalidades de curso: exercício José de Alencar, em 2 de
o acadêmico para a formação geral dos Junho de 2008, que alterou de maneira
alunos e o profissionalizante que definitiva o texto da LDB – Lei nº
poderia ser pleiteado e oferecido 9.394/96. Com essa alteração a palavra
conforme o interesse de uma OBRIGATÓRIA foi inserida,
determinada instituição de ensino possibilitando, finalmente, o retorno
(RÊSES, 2004). Essa mudança fez com efetivo e legítimo da disciplina as salas
que disciplinas como Filosofia e de aulas de todo o país, tanto públicas
Sociologia voltassem a ser cogitadas quanto privadas.
nos currículos escolares.
2. O Ensino de Sociologia no Paraná:
Houve uma intensa mobilização de as ações acadêmicas
Sociólogos, políticos, educadores e
estudantes para que a Sociologia fosse Pensar o ensino de Sociologia no Paraná
pleiteada como disciplina obrigatória do é um exercício necessário para que se
2º grau. Segundo Rêses (2004), o possa compreender a maneira como a
contexto histórico, político e social Sociologia tem sido implementada no
desse período era favorável ao retorno Estado. A grande expoente desse tipo de
da Sociologia aos currículos escolares. estudo é a professora Dra. Ileizi Silva,
Assim, o desejo para que essa da Universidade Estadual de Londrina,
reivindicação fosse atendida ganhou cuja tese de doutorado, defendida em
força com a promulgação da 2006, investiga justamente as
Constituição Federal brasileira, em configurações do ensino das Ciências

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Sociais/Sociologia no Estado no período anteriormente foram
de 1970-2002. desconsideradas, incluindo-se a
proposta da disciplina de
Esse estudo nos revela que a Sociologia sociologia. Os novos assessores
no Paraná, tanto acadêmica quanto tinham um perfil bem diferente do
escolar, também sofreu com as intensas que predominava até então. Eles
mudanças educacionais e curriculares foram recrutados em áreas distantes
que ocorreram não somente no Estado, da educação e da produção
mas em todo o país. O ensino da acadêmica, vinham da engenharia,
disciplina, sua ausência ou permanência da gerência de instituições
nas salas de aulas esteve a todo o financeiras, de empresas
especializadas na formação de altos
momento atrelado à essas
funcionários de empresas privadas,
transformações que afetaram o seu enfim, a recontextualização muda
desenvolvimento tanto no ensino de sentido (SILVA, 2007, p.15)
superior quanto secundário/médio.
Ainda na década de 1990, a Sociologia
No Paraná, a partir de 1980, se
seria tratada como uma disciplina
instaurou um longo ciclo de reformas no
opcional, cabendo à cada escola inseri-
sistema de ensino da Educação Básica.
la ou não em seus currículos. Porém,
Novamente, a Sociologia voltou a ser
essa realidade mudou com a
discutida como disciplina que deveria
promulgação da LBD reacendendo o
fazer parte dessa reformulação e que
debate em âmbito nacional pela
deveria ser inserida no Ensino Médio
(SEED, 2008 apud SILVA, 2006).
permanência da disciplina nos
currículos escolares. No Estado do
Entre 1991-1994 foram intensificadas Paraná, essa discussão foi retomada e
pela SEED2 ações que pudessem manter novas ações foram empreendidas.
a Sociologia presente nas escolas
estaduais e privadas do Estado. Pioneira nessa discussão a Universidade
Entretanto, esses esforços esbarrariam Estadual de Londrina criou, a partir de
na falta de profissionais qualificados 1994, o projeto de extensão: “A
para essa função. Por essa razão, a reimplementação da Sociologia no 2º
Secretária estadual de educação buscou grau”, com objetivo de incluir a
oferecer cursos de formação, Sociologia como disciplina
juntamente, com a Universidade Federal diversificada nos currículos das escolas
do Paraná, para novos professores. do município. Nesse período, cerca de
Todavia, essa iniciativa acabaria sendo 30% das escolas públicas aderiram à
deixada de lado pela nova configuração essa inserção (SILVA, 2007). Para
governamental instalada no Estado a reforçar essa primeira iniciativa outros
partir de 1995: dois projetos foram desenvolvidos: “A
Sociologia no Ensino Médio” e o
A montagem da nova equipe
Laboratório de Ensino de Sociologia –
indicava um redirecionamento na
concepção de educação e ensino. A LES, com o objetivo de assessorar os
prática comum dos governos em professores com materiais didáticos,
não dar continuidade aos programas cursos e outras atividades.
antecessores foi radicalizada, uma
vez que todas as propostas e
Todo esse esforço não conseguiu
diretrizes curriculares aprovadas impedir que, no início do século XXI, a
Sociologia resistisse e não tivesse seu
espaço legitimado na rede de ensino.
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Secretária Estadual de Educação do Paraná. Assim, a disciplina foi inserida como

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parte diversificada curricular. Com isso, Apoio à Escolaridade (Cursinho Pré-
segundo a Socióloga Ileizi Silva (2007), Vestibular) da UEM, por meio de
em 2001, houve uma redução oficinas elaboradas pelos licenciandos
significativa de 30% a 40% no número como prática de difundir o ensino de
de instituição de ensino, em Londrina, Sociologia de uma maneira mais
que oferecia aulas da disciplina para os dinâmica.
seus alunos. Como forma de incentivar
Vale ressaltar que esse tipo de
a presença da Sociologia em sala de
laboratório é uma iniciativa criada em
aula, em 2003, a Universidade Estadual
várias universidades, o seu
de Londrina inseriu em seu exame de
desenvolvimento tende a evidenciar a
vestibular questões específicas da
necessidade de explorar e buscar novas
disciplina. A mesma ação foi tomada,
formas de ensino e apreensão dos
em 2007, pela Universidade Federal do
conteúdos das ciências sociais: “O
Paraná.
Laboratório tem por objetivo
Além das universidades já citadas, sistematizar conhecimentos e práticas
podemos destacar também o trabalho capazes de responder desafios didáticos
realizado pelo Departamento de enfrentados pela recente (re)inserção da
Ciências Sociais, da Universidade disciplina de sociologia no Ensino
Estadual de Maringá que, por meio do médio” (BUENO, 2007:02).
Laboratório de Prática de Ensino em
Advindo dessa primeira experiência é
Ciências Sociais, tem organizado
que, em 2008, surgiu a ideia de se
diferentes eventos para a troca de
realizar um Laboratório Itinerante de
experiências e saberes entre os
Ensino de Sociologia: Instalações
professores da rede estadual e os
Interativas (L.I.E.S). Coordenado pela
acadêmicos:
professora Dra. Zuleika de Paula Bueno
[...] a licenciatura em Ciências e com a participação dos professores
Sociais da UEM propôs em 2007 a orientadores Fábio Viana Ribeiro e
organização de um espaço próprio Eduardo Fernando Montagnari, o
de encontro e produção de materiais projeto foi iniciado em Abril de 2009.
para as práticas de sociologia no Além dos professores citados, ainda
Ensino Médio. Estruturado faziam parte dessa atividade cinco
inicialmente como projeto de
graduandos e um graduado recém
ensino, o laboratório iniciou suas
atividades em 2007 com a formado, todos bolsistas.
organização dos I Colóquios de Esse projeto contou com o apoio
Prática de Ensino em Sociologia e financeiro do programa de extensão
Filosofia no campus da UEM
Universidade Sem Fronteiras da
(BUENO, 2009, p.04)
Secretária de Estado da Ciência,
Em 2008, o Laboratório organizou o II Tecnologia e Ensino Superior do Paraná
Colóquio realizado no Colégio Estadual (SETI-PR) e integra o sub-programa de
Dr. Gastão Vidigal e contou com a apoio às licenciaturas. Segundo sua
participação de professores da rede coordenadora:
pública, da responsável pela disciplina
O objetivo geral do projeto é
de Sociologia do Núcleo Regional de pesquisar e elaborar formas
Educação de Maringá – Jossyara A. P. plásticas, comunicativas e visuais
Freitas –, licenciandos e professores da que criem um ambiente de estímulo
UEM. Além disso, nesse ano foi e sensibilização para a imaginação
incentivada a prática de monitoria de científica, visando difundir o

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conhecimento sociológico. [...] O relacionadas ao ensino de Sociologia,
LIES é composto por diversos criadas pelo saber acadêmico e levadas
materiais organizados de forma a para as escolas. Esses encontros de
criar um ambiente onde os pesquisadores, estudantes e professores
participantes são convidados a
proporcionam uma troca saudável e real
interagir, caminhar, experimentar
sensações de choque, encantamento
de tudo o que tem sido pensado e
e reflexões sobre o cotidiano. A desenvolvido para que a disciplina
instalação tem por objetivo causar possa se legitimar ainda mais dentro e
um impacto em seu público, que fora da sala de aula.
contribua para a desnaturalização e
o estranhamento da sociedade e o Considerações finais
conseqüente pensamento sobre ela
(BUENO, 2010, p.02) A trajetória da Sociologia como
disciplina escolar só pode ser
Segundo Bueno (2009), as instalações compreendida se for possível entender
tenderiam causar uma “pequena crise” as mudanças e ações ocorridas ao longo
capaz de transformar o ambiente da história da educação brasileira. Faz-
familiar e sua ordem, rompendo e se necessário ressaltar que, como
desnaturalizando o cotidiano; disciplina, a Sociologia sofreu com
provocando uma nova maneira do todas essas mudanças e ficou à mercê
educando interagir com os conteúdos dos desejos daqueles que ocupavam o
sociológicos. Uma espécie de governo, ministério da educação, etc.
“experiência estética” que tende a
desencadear a curiosidade em relação à Atualmente, a Sociologia voltou a se
sociologia como disciplina e a realidade configurar como uma disciplina
social. obrigatória. Entretanto, alguns Estados
sempre mantiveram o ensino da
Fica explícita, com essas iniciativas, a disciplina em suas grades escolares. É o
importância de se aproximar o saber exemplo do Estado do Paraná, onde
científico e acadêmico das dificuldades alguns importantes sociólogos sempre
reais encontradas e vivenciadas por tentaram manter a presença da
professores, diariamente, na busca Sociologia em sala de aula. Dessa
incessante de materiais didáticos e forma, sua obrigatoriedade nos
metodologias de ensino para melhor currículos escolares veio de encontro
produzir no ambiente escolar o que se com os anseios de uma classe que há
aprende na academia. O fato é que a muito tempo lutava pelo seu retorno
escola não deve ser encarada apenas efetivo e permanente aos bancos
como um espaço de reprodução de um escolares.
saber elaborado, que provém da
universidade, mas sim como um espaço Porém, muitos são os desafios a serem
onde se desenvolve o saber científico enfrentados pelas instituições de ensino
cabendo ao sociólogo identificar e com a sua implementação, de fato, no
construir esse saber (BUENO, 2009). “chão” da escola e pelos professores em
Logo, para que essas iniciativas possam relação a materiais didáticos, práticas
ser refletidas e debatidas, outras ações pedagógicas e metodologias de ensino.
acadêmicas também são importantes, Assim, faz-se necessário o
como é o caso dos encontros, desenvolvimento de uma relação cada
congressos e simpósios onde são vez mais estreita entre o saber
divulgadas as práticas e metodologias acadêmico e o saber escolar.

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As inúmeras ações que as universidades Referências
paranaenses têm criado possibilitam a BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da
proximidade desses saberes, assim Educação Nacional/1996. Centro de
como a troca de experiências e documentação e informação, coordenações de
publicações. Brasília, 2006.
expectativas de inúmeros
professores/cientistas sociais dentro e CÂNDIDO, Antonio. A Sociologia no Brasil.
fora da sala de aula. Tempo Social. Revista de sociologia da USP,
v.18, n.1, 2006.
Por essa razão, é inegável que o retorno CARVALHO, Lejeune Mato Grosso. A
dos cientistas sociais às salas de aula trajetória histórica da luta pela introdução
tende a abrir caminho para novas da disciplina de Sociologia no Ensino Médio
pesquisas e questionamentos sobre o no Brasil. In: Sociologia e Ensino em debate:
ensino de Sociologia, revelando que Experiências e Discussão de Sociologia no
Ensino Médio. Ijuí, 2004.
essa história precisa, ainda, redigir
vários capítulos. PARANÁ. Diretrizes Curriculares da
Educação Básica. Secretária Estadual de
Educação do Paraná-SEED. Paraná, 2008.
RÊSES, Erlando da Silva. ... E com a palavra:
os alunos estudo das representações sociais
dos alunos da rede pública do Distrito
Federal sobre a Sociologia no Ensino Médio.
2004. 144f. Dissertação de Mestrado –
Programa de Pós-Graduação em Sociologia,
Universidade de Brasília, 2004.
SANTOS, Mário Bispo. As representações
sociais de Ciências e Sociologia dos
professores de Sociologia da rede pública do
Distrito Federal. Dissertação de Mestrado
UNB – 2001.
SARANDY, Flávio. Reflexões acerca do
sentido da Sociologia no Ensino Médio. In:
Sociologia e Ensino em debate: Experiências e
Discussão de Sociologia no Ensino Médio. Ijuí,
2004.
SAUL, Renata eat. Sociologia e Filosofia nas
escolas de ensino médio: ausências,
permanências e perspectivas futuras. Artigo
apresentado no XVIII Encontro Estadual de
Filosofia – SEAV Disponível em:
http://geocities.ws/seaf_filosofia/Com_Renata_e
t_UENF_Soc-Filo_Ensino_Medio.pdf.
Setembro/2008. Acesso em: 22.04.2010.
SILVA, Ileizi L. Fiorelli. Os estudos sobre o
ensino de sociologia no Brasil: as
possibilidades de (re) construção de uma
temática legítima para o campo acadêmico.
2006. 312 fl. Tese (doutorado). Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas,
Universidade de São Paulo, São Paulo,
2006.Tese de Doutorado – 2004.

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