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Direito Civil

Dissolução da Sociedade Conjugal:


Histórico:
Até 1977 o casamento era indissolúvel, com a Lei 6515/77 surge o
divórcio.
Para existência do divorcio tinha a separação como precedente, tinha o
divórcio direto e indireto, o direto era quando havia 2 anos de separação; o
indireto precedia de separação judicial + 1 ano separados.
Em 2010 surge a emenda 66, que permite a dissolução somente pelo
divórcio. Separação depois de 2010 deixa de existir ou não?
Constitucionalistas dizem que a separação deixou de existir no nosso
ordenamento, por três razões: 1. A constituição é hierarquicamente
superior, tendo o efeito prisma; 2. As demais searas devem fazer a leitura
sob a ótica constitucional (inconstitucionalidade superveniente); 3. Acerca
do princípio da máxima eficácia/eficiência.
Corrente que acredita que a separação continua a existir no nosso
ordenamento (é a que prevalece nos nossos tribunais), por três razões: 1. A
constituição não consegue abordar todos os assuntos de maneira vertical; 2.
Com base nos critérios de antinomia, o novo CPC em 2015 surge
posteriormente a emenda 66, e segue abordando a separação, dando força a
essa corrente; 3. Deve-se fazer uma interpretação buscando o bem sócia/
bem comum, logo, dá o prazo da separação para que as partes reflitam a
respeito do divórcio.

Instituto da separação:
O que é a separação?
A separação acaba com a sociedade conjugal; antigamente a separação era
chamada de desquite.
Quando a pessoa se casa ela possui alguns deveres, coabitação, assistência,
respeito.
A separação fala que as pessoas não precisam mais cumprir os deveres do
casamento, “não precisam mais estar quites”, não possui mais o dever de
fidelidade recíproca, acaba com a obrigação que todos os cônjuges têm,
porém não acaba com o vínculo do matrimônio, apenas acaba a sociedade.
Espécies de separação:
1. Separação consensual/ amigável: quando as partes estão de comum
acordo, pode ser realizada inclusive em cartório (surgiu apenas em 2007),
porém não se pode esquecer que a separação possui um prazo de 1 ano.
(art. 1574, CC)
2. Separação objetiva: art. 1572, parágrafos 1º e 2º, CC; na separação
objetiva não é discutida a culpa, e se divide em outras formas, sendo:
separação falência, que é a ruptura da vida em comum, sem o retorno e
com o prazo de 1 ano; separação remédio, a pessoa se casou e surge uma
doença mental incurável no outro cônjuge, tem prazo de 2 anos. O art.
1557, V, CC franqueia a possibilidade de uma anulação se a doença for
anterior ao casamento, porém deve ter casado de boa-fé e sem o
conhecimento prévio da doença.
3. Separação subjetiva: art. 1572, caput, CC; é discutida a culpa, porém
hoje há doutrinadores que dizem que a culpa não deveria ser discutida.
Com a discussão da culpa, surge a sanção, porém grande parte das sanções
não existem mais. Anteriormente perdia-se a guarda dos filhos, necessidade
da retirada do sobrenome e não tinha direito aos alimentos.

Separação de corpos:
Quando a emenda 66 de 2010 faz a supressão da separação, em nenhum
momento chegou a atingir a separação de corpos, que difere da separação
de fatos. A separação de corpos é uma medida judicial que busca acabar
com o dever de coabitação do casamento, e muitas vezes é aplicada com
uma medida preventiva ou posterior à lei Maria da Penha. Dentro dos
conviventes se aplicaria a medida de separação de corpos.

Guarda:
A guarda sempre vai observar o princípio do melhor interesse da criança e
do adolescente. Deve-se observar a questão afetiva, a questão de natureza
social, e a questão espacial. E as formas de guarda são:
a) Guarda Unilateral/ Exclusiva: essa modalidade de guarda consiste em a
criança ficar com um dos pais, e cabe ao outro pai o direito de visita,
podendo a guarda também ficar com outra pessoa além do pai da criança; o
direito de visitação se dá geralmente de 15 em 15 dias. Algumas pessoas
definem como alternada, porém não se encontra no código, logo, não o é;
b) Guarda alternada: a criança alterna entre os pais de 15 em 15 dias.
c) Guarda de alinhamento/ nidação: psicólogos dizem ser a mais indicada
para as crianças, e parte da premissa de que precisa de 3 casas, sendo uma a
casa da mãe, uma do pai, e outra da criança. A criança fica na casa dela e
os pais se revezam para visita-la.
d) Guarda compartilhada: Pelo nosso Código Civil, é a regra (art.
1583/1584). Tanto o pai quanto a mãe possui a gestão da vida da criança,
porém na prática acaba não se aplicando. Apesar de não ser aplicável na
prática, o Código e a doutrina fomenta essa modalidade, pois seu uso
permite que se evite a síndrome a alienação parental, uma vez que os pais
teriam de dialogar entre si visando o maior benefício da criança.

Síndrome da Alienação Parental (Lei n. 12.318/10):


Essa síndrome demonstra um distúrbio que se concretiza na criança, ela
sendo manipulada rompe os laços com um dos pais. E pode ser realizada
pelos pais, pelos avós, ou por outros familiares. Quando a síndrome
parental chega no judiciário, já está muito enraizada na criança. No ano de
2010 surge a Lei n. 12.318, que traz os atos que concretizam a alienação
parental, atos que levam a criança a romper os lações com o pai ou a mãe,
inclui também dificultar o acesso de um dos pais a criança. Art. 2º da Lei
especifica os atos.
Existe um projeto de lei 4488/2016 que busca tornar a Alienação Parental
em crime, ainda não tem sua concretude. Há países que já criminalizam a
alienação parental, como a Noruega.
Sanções para quem materializa a alienação parental: 1) Advertência (quase
não se vê na prática pois não possui eficácia quando aplicada
isoladamente); 2) Pecuniária, impõe uma multa pelo descumprimento do
direito de visita, ou toda vez que se realiza um ato de alienação que é
levado ao judiciário, podem acumular uma multa em cima da outra; 3) A
troca da guarda, é retirada a guarda da pessoa que materializa a alienação,
observando o melhor interesse da criança da adolescente, que busca o
melhor desenvolvimento físico e psicológico da criança; 4) Suspensão do
poder familiar.
* Documentário: A Morte Inventada

Sobrenome:
Na separação subjetiva, dentro suas sanções ainda ocorre a perda do
sobrenome. A perda do sobrenome está disposta no art. 1578 do Código
Civil, se a pessoa trai pode perder o sobrenome do outro. Porém traz
algumas exceções, há hipóteses em que mesmo que a pessoa traia não
perderá o sobrenome, sendo a 1ª o perdão da traição, pela expressa
manifestação de vontade do outro; pode ocorrer que mesmo quando o outro
não concorde, a pessoa que trai mantém o sobrenome, sendo: 1. Quando
houver prejuízo a identidade/ personalidade (ex. da Marta Suplicy perder o
sobrenome para Marta Matarazzo, pois perderia votos); 2. Poderia
prejudicar a identificação do pai com os filhos; 3. Em qualquer situação em
que haveria prejuízo pela perda do sobrenome.

Alimentos:
Na separação subjetiva, uma das sanções era a perda de alimentos, porém
atualmente essa sanção não existe mais. Pois na discussão de alimentos,
deve-se observar o princípio da solidariedade, porém se trata de forma
temporária, transitória. A pessoa quando trai não recebe os alimentos que
veríamos na maioria das situações, pois alimentos não abarcam somente
comida, abarcam também bebida, diversão e arte. Os alimentos trazem em
seu bojo todos os direitos mínimos, necessários a uma vida digna, logo os
alimentos relacionam a dignidade humana, sendo direitos fundamentais.
Toda vez que uma pessoa trai a outra, não será pago esse mínimo para uma
dignidade no sentido amplo, será pago somente os alimentos necessários.
Serão pagos à pessoa que traiu direitos mínimos a subsistência, não
abarcará a dignidade (art. 1694, §2º, e art. 1704, parágrafo único, ambos do
Código Civil).

Aspectos Processuais:
Quem possui legitimidade para a propositura do divórcio é o próprio
cônjuge, sem discussão, sem entraves. Se a pessoa for incapaz, se tiver
alguma imputabilidade, 3 pessoas têm legitimidade para pleitear o divórcio,
sendo: 1. O curador; 2. Ascendente (pais); 3. Irmãos. (art. 1582, CC).
O CPC de 1973 ainda vigorava a ideia de um direito de família
hierarquizado, pátrio de poder, logo, naquela época a competência de
domicílio da mulher, pois essa era tida como mais frágil na relação, hoje
em dia vigora o princípio da igualdade, podendo ser no domicílio de
qualquer um dos cônjuges.
Se o divórcio for litigioso a audiência será imprescindível. Se não for
litigioso e não for possível concretizar em cartório, caso tenha um filho
menor de 18, é possível que o juiz realize audiência, ficando a seu critério,
podendo o CEJUSC ser equivalente também.
Toda vez que for trabalhar uma separação ou divórcio, importam 3
mecanismos de defesa: 1. Quando está se separando é necessário discutir o
regime de bens para poder fazer a partilha de bens; 2. Discutir alimentos,
sendo possível o pagamento não somente aos filhos, mas também ao ex-
cônjuge/ ex-companheiro, sendo comprovada a necessidade, possibilidade
e razoabilidade; 3. Discutir a guarda na existência de filhos, e desde a
decisão do STJ em 2018, pode-se discutir a guarda e alimentos também
para os animais.

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