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Carolina
Wilhelma
Michaëlis
de
Vasconcelos

(Berlim,
15­03­1851
­
Porto,
22­10­1925) 


Como
se
vê,
esta
filóloga
­
portuguesa,
por
casamento
e
por
devoção
­
nasceu
na
Alemanha.
Tendo
estudado
num
colégio,
e
depois
em
casa
com
professor
particular,
o
romanista
Goldbeck,
Carolina
Michaëlis
já
aos
16
anos
publicava
uma
recensão
a
Adolfo
Mussafia
("Altspanische
Prosadarstellung
der
Crescentiasage
von
A.
Mussafia
­
Wien,
1866",
Archiv
für
das
Studium
der
neueren
Sprachen
und
Litteraturen,
41,
1867,
pp.
106­112);
antes
dos
vinte,
uma
edição
do
Romancero
do
Cid
(Leipzig,
1871);
um
ano
passado
entra
como
intérprete
do
Ministério
do
Interior
alemão
para
os
assuntos
da
Península
Ibérica.
Da
deriva
do
interesse
pela
cultura
hispânica
para
temas
mais
especificamente
portugueses
resulta
conhecer
Joaquim
de
Vasconcelos
­
musicólogo,
historiador
de
arte,
que
estudara
na
Alemanha
e
que,
por
aquela
altura,
ao
lado
de
Antero
e
de
Adolfo
Coelho,
se
houvera
contra
Castilho
na
polémica
da
tradução
do
Fausto
("Alguns
artigos
que
publicou
sobre
litteratura
portuguesa
foram
attraindo
a
attenção
de
um
grupo
de
jovens
patriotas
que,
Carolina
Michaëlis
de
Vasconcelos em
caloroso
enthusiasmo,
exprimiram
a
sua
admiração
e
gratidão
á
novel
e
netos
[Lusitania,
fasc.
10,
1927]
 auctora");
com
Joaquim
se
casaria
Carolina
em
Berlim,
em
1876.
Chegou
nesse
ano
ao
Porto,
mas
em
1877
estará
uns
meses
na
Biblioteca
da
Ajuda,
"Em
cima
da
minha
mesa
de "meses
felizes
e
saudosos",
a
"decifrar
e
copiar,
com
paixão
e
paciéncia,
escrever
está
um
retrato,
ou
melhor,
um
grupo,
representando essas
pájinas
seis
vezes
seculares",
ou
seja,
o
Cancioneiro
da
Ajuda.
Os
uma
senhora
sentada,
cujos
braços trabalhos
de
edição
do
Cancioneiro
demorariam
a
completar­se
27
anos
enlaçam
amorosa
e (publicação
dos
dois
volumes
de
edição
crítica
e
comentada
em
1904,
em
triumphantemente
dois
interessantes
meninos,
em
pé
e Halle;
para
não
contar
com
glossário:
Revista
Lusitana,
23,
1920,
pp.
1­95),
meigamente
encostados
aos ilustrando
bem
características
de
D.
Carolina,
"pesquisa
dos
materiais,
levada
joelhos
da
avósinha,
que
parece
mãe
d'elles:
­
é
D.
Carolina até
ao
extremo",
"tratamento
completo
de
todos
os
dados
disponíveis
Michaëlis
de
Vasconcellos
com
os conducentes
à
solidez
e
à
validade
das
teses"
(Maria
Ana
Ramos,
"Palavras
netinhos.
É
ella
tal
e
qual;
é
tanto entre
filólogos:
uma
carta
de
Leite
de
Vasconcellos
a
Carolina
Michaëlis",
ella
que
á
vista
d'este
retrato
custa­
me
imaginá­la
com
o
seu
capello Estudos
Portugueses.
Homenagem
a
Luciana
Stegagno
Picchio,
1991,
pp.
de
doutora,
a
cabeça
inclinada 143­158,
p.
135)").
Em
1911,
convidada
para
professora
da
Faculdade
de
sobre
algum
manuscripto
de Letras
de
Lisboa,
transfere­se
para
a
Universidade
de
Coimbra,
onde
lhe
era
passados
seculos,
o
olhar
escrutinador
investigando
a
sua mais
fácil
leccionar
mantendo
residência
no
Porto.
No
mesmo
ano
é
eleita
autenticidade"
(Luise
Ey,
p.
231) para
a
Academia
das
Ciências,
o
que,
por
se
tratar
de
mulher,
ainda
foi
objecto
de
discussões
e
melindres.
(Sobre
a
maneira
de
ser
de
Carolina
Michaëlis,
veja­se
o
artigo
de
Luise
Ey,
sua
amiga,
"Dona
Carolina
Michaëlis
na
intimidade",
Boletim
da
Segunda
Classe...,
pp.
231­245;
um
exemplo
só:
"Lembra­me
uma
famosa
pesca
no
porto
de
Leixões,
onde
D,
Carolina
apanhou
á
isca
um
polvo
enorme
que
ao
jantar
fez
a
delicia
do
esposo".)

Não
é
possível
reportar­se
aqui
nem
o
essencial
da
sua
produção
nas
áreas
camoniana,
vicentina,
mirandina,
bernardina,
da
romancística
e,
claro,
da
lírica
trovadoresca,
enfim
todos
os
seus
contributos
para
o
conhecimento
da
literatura
medieval
e
clássica
­
vejam­se
a
bibliografia
que
abre
a
Miscelânea
de
estudos
em
honra
de
D.
Carolina
Michaëlis
de
Vasconcellos,
professora
da
Faculdade
de
Letras
da
Universidade
de
Coimbra
(Coimbra,
1933),
ou,
para
síntese,
o
verbete
sobre
a
filóloga
no
Dicionário
da
Literatura
Medieval
Galega
e
Portuguesa
(organizado
por
G.
Lanciani
e
G.
Tavani;
Lisboa,
1993).
E
também
não
mencionaremos
a
bibliografia
de
um
seu
campo
de
acção
secundário,
os
estudos
etnográficos
­
veja­se
uma
lista
de
trabalhos
etnográficos
em
José
Leite
de
Vasconcelos,
Etnografia
Portuguesa.
Tentame
de
sistematização,
1,
Lisboa,
1933,
p.
275.
Mesmo
assim,
a
edição
do
Cancioneiro
da
Ajuda
(Halle,
1904,
2
volumes;
há
desses
dois
volumes
e
do
glossário
saído
em
1920
recente
reimpressão,
precedida
de
prefácio
por
Ivo
Castro:
Lisboa,
1990,
2
volumes),
a
que
com
justiça
se
costuma
acrescentar
o Carolina
Michaëlis
em
1876,
à
epíteto
"monumental",
é
adequado
interface
até
chegarmos
à
bibliografia
mais época
do
seu
casamento
marcadamente
linguística.
Outras
investigações
etimológicas
estão [Lusitania,
fasc.
10,
1927]
disseminadas
nos
ensaios
sobre
literatura
(por
exemplo,
"Mestre
Giraldo
e
os
seus
tratados
de
alveitaria
e
cetraria",
Revista
Lusitana,
23
(3­4),
1910;
o
volume
2
dos
Dispersos
publicados
pela
Revista
de
Portugal
­
série
A
­
Língua
Portuguesa
colige
outros
artigos
de
âmbito
linguístico).
No
verbete
que
lhe
dedica
no
Dicionário
da
Literatura
Medieval
Galega
e
Portuguesa,
Ramón
Lorenzo
arrola
como
obra
"linguística"
mais
conhecida
as
Lições
de
Filologia
Portuguesa
segundo
as
Prelecções
feitas
aos
cursos
de
1911­12
e
de
1912­1913,
seguidas
das
Lições
Práticas
de
Português
Arcaico
(edição
da
Revista
de
Portugal:
1946
[circula
reimpressão
da
Dinalivro,
sem
data];
tenha­se
em
conta
porém
que
não
é
obra
que
D.
Carolina
tivesse
preparado
para
publicação
e
que,
como
sebenta
que
era,
deve
ser
das
que
mais
se
ressentem
da
passagem
de
quase
um
século);
lembra
também
os
artigos
sobre
infinitivo
("Der
portugiesische
Infinitiv",
Romanische
Forschungen,
7,
1893,
pp.
49­122),
sobre
colocação
do
adjectivo
("Duas
palavras
sôbre
a
collocação
do
adjectivo
em
português",
Revista
Lusitana,
3,
1895,
pp.
84­86),
sobre
a
metafonia,
a
história
do
"l"
e
do
"n",
supletivismo
no
português
("Inéditos
de
D.
Carolina
Michaëlis",
Revista
Lusitana,
28,
1930,
pp.
16­41);
juntar­lhe­íamos
ainda
os
artigos
sobre
a
Cartilha
maternal
de
João
de
Deus
("A
cartilha
portugueza
e
em
especial
a
do
Snr.
João
de
Deus",
O
Ensino,
1,
1877,
pp.
9­15,
17­19,
33­39).
Sobre
Carolina
Michaëlis,
além
da
bibliografia
em
periódicos
de
homenagem
(Lusitania,
fasc.
10,
1927;
Boletim
da
Segunda
Classe
[da
Academia
das
Ciências],
Actas
e
Pareceres.
Estudos,
Documentos
e
Notícias,
5
(1911),
Coimbra,
1912)
ou
em
enciclopédias,
há
opúsculo
acessível,
O
essencial
sobre
Carolina
Michaëlis
de
Vasconcelos
(por
Maria
Assunção
Pinto
Correia;
Lisboa,
1986).

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