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(UFPE)

"É bom, minha Marília, é bom ser dono


De um rebanho, que cubra monte e prado;
Porém, gentil Pastora, o teu agrado;
Vale mais que um rebanho, e mais que um trono
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela."

Tomas A. Gonzaga

No poema acima, as marcas do Arcadismo são. Assinale as afirmativas verdadeiras e as


falsas.
( ) Tema da vida pastoril no contato com a natureza idealizada.
( )Ideal de vida simples retratado através de uma linguagem despojada. Inversões e
paradoxos, próprios do Barroco, caem em desuso.

( ) Percepção do mundo terreno como efêmero e vão, o que resulta no sentimento de


nulidade diante do poder divino.
( ) Descrição de um episódio pastoril num ambiente de harmonia, onde inexistem
conflitos.
( ) Tom épico, relatando grandes feitos heroicos.
Triste Bahia, oh, quão dessemelhante estás
E estou do nosso antigo estado
Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado
Rico te vejo eu, já tu a mim abundante
Triste Bahia, oh, quão dessemelhante
A ti tocou-te a máquina mercante
Quem tua larga barra tem entrado
A mim vem me trocando e tem trocado
Tanto negócio e tanto negociante

O trecho acima é da música de Caetano Veloso que se refere ao poema de


Gregório de Matos. A respeito de Gregório de Matos, assinale a alternativa,
incorreta:
a) Na poesia sacra, o homem não busca o perdão de Deus; não existe o
sentimento de culpa, ignorando-se a busca do perdão divino.
b) Alguns de seus sonetos sacros e líricos transpõem, com brilho esquemas
de Gôngora e de Quevedo.
c) As suas farpas dirigiam-se de preferência contra os fidalgos caramurus.
d) A melhor produção literária do autor é constituída de poesias líricas, em
que desenvolve temas constantes de estática barroca, como a
transitoriedade da vida e das coisas.
e) Alma maligna, caráter rancoroso, relaxado por temperamento e costumes,
verte fiel em todas as suas sátiras.
Leia a estrofe abaixo e faça o que se pede:

Dos vícios já desligados / nos pajés não crendo mais, / nem suas danças
rituais, / nem seus mágicos cuidados.

(ANCHIETA, José de. O auto de São Lourenço)

Assinale a afirmativa verdadeira, considerando a estrofe acima, pronunciada


pelos meninos índios em procissão:
A) Os meninos índios representam o processo de aculturação em sua
concretude mais visível, como produto final de todo um empreendimento do
qual participaram com igual empenho a Coroa Portuguesa e a Companhia de
Jesus.
B) A presença dos meninos índios representa uma síntese perfeita e acabada
daquilo que se convencionou chamar de literatura informativa.
C) Os meninos índios estão afirmando os valores de sua própria cultura, ao
mencionar as danças rituais e as magias praticadas pelos pajés.
D) Os meninos índios são figuras alegóricas cuja construção como
personagens atende a todos os requintes da dramaturgia renascentista.
E) Os meninos índios representam a revolta dos nativos contra a catequese
trazida pelos jesuítas, de quem querem libertar-se tão logo seja possível.
“Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é
graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela
tudo, por bem das águas que tem”.
(Carta a El-Rei D.Manuel – Pero Vaz Caminha)

No texto acima notamos:


A) que Pero Vaz Caminha assume a atitude de um
observador frio.
B) que Caminha se empolga pelas coisas da terra.
C) que o escritor descobriu águas-marinhas.
D) Caminha apenas está atento ao que vê,
desprezando o entusiasmo tão comum da época.
E) nenhuma das anteriores.
• Texto I
• “É a vaidade, Fábio, nesta vida,
Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.”
• Texto II
• “Depois que nos ferir a mão da morte,
ou seja neste monte, ou noutra serra,
nossos corpos terão, terão a sorte
de consumir os dous a mesma terra.”

O texto I é barroco; o texto II é arcádico. Comparando-os, é possível afirmar que os árcades


optaram por uma expressão:

a) impessoal e, portanto, diferenciada do sentimentalismo barroco, em que o mundo


exterior era projeção do caos interior do poeta.

b) despojada das ousadias sintáticas da estética anterior, com predomínio da ordem direta e de
vocábulos de uso corrente.

c) que aprofunda o naturalismo da expressão barroca, fazendo que o poeta assuma posição
eminentemente impessoal.

d) em que predominam, diferentemente do Barroco, a antítese, a hipérbole, a conotação


poderosa.

e) em que a quantidade de metáforas e de torneios de linguagem supera a tendência denotativa


do Barroco.
• “Alguém há de cuidar que é frase inchada
Daquela que lá se usa entre essa gente
Que julga, que diz muito, e não diz nada.
O nosso humilde gênio não consente,
Que outra coisa se diga mais, que aquilo
Que só convém ao espírito inocente.”

Os versos de Cláudio Manuel da Costa lembram o fato de que:

a) a expressão exata, contida, que busca os limites do essencial, é traço da literatura


colonial brasileira e dos primeiros movimentos estéticos pós-Independência.

b) o Barroco se esforçou por alcançar uma expressão rigorosa e comedida, a fim de


espelhar os grandes conflitos do homem.

c) o Arcadismo, buscando simplicidade, se opôs à expressão intrincada a aos excessos


do cultismo do Barroco.

d) o Romantismo, embora tenha refugado os rigores do formalismo neo-clássico,


tomou por base o sentimentalismo originário desse movimento estético.

e) o Romantismo negou os rigores da expressão clássica e lusitana, mas incorporou a


tradição literária da poesia colonial.
Leia o texto a seguir e faça o que se pede:
• Ornemos nossas testas com as flores
E façamos de feno um brando leito;
Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
Gozemos do prazer de sãos amores.
Sobre as nossas cabeças,
Sem que o possam deter, o tempo corre,
E para nós o tempo, que se passa,
Também, Marília, morre.
(TAG, MD, Lira XIV)

Todas as alternativas a seguir apresentam características do Arcadismo,


presentes na estrofe anterior, EXCETO:
a) Ideal de ÁUREA MEDIOCITAS, que leva o poeta a exaltar o cotidiano prosaico
da classe média.
b) Tema do CARPE DIEM - uma proposta para se aproveitar a vida, desfrutando
o ócio com dignidade.
c) Ideal de uma existência tranquila, sem extremos, espelhada na pureza e
amenidade da natureza.
d) Fugacidade do tempo, fatalidade do destino, necessidade de envelhecer
com sabedoria.
e) Concepção da natureza como permanente reflexo dos sentimentos e
paixões do "eu" lírico.
Leia o fragmento de texto a seguir e faça o que se pede:

Sobre o fragmento de texto de Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu, assinale a


alternativa FALSA:

a) a interferência do mito na tessitura dos poemas, mantendo o poeta dentro dos


padrões poéticos clássicos, impede-o de abordar problemas pessoais.
b) a interpelação feita a Marília muitas vezes é pretexto para o poeta celebrar sua
inocência e seu destemor diante das acusações feitas contra ele.
c) a revelação sincera de si próprio e a confissão do padecimento que o inquieta levam
o poeta a romper com o decálogo arcádico, prenunciando a poética romântica.
d) a desesperança, o abatimento e a solidão, presentes nas liras escritas depois da
prisão do autor, revelam contraste com as primeiras, concentradas na conquista
galante da mulher amada.
e) embora tenha a estrutura de um diálogo, o texto é um monólogo - só Gonzaga fala e
raciocina.
Descarto-me da tronga, que me Que hei de fazer, se sou de boa cepa,
chupa, E na hora de ver repleta a tripa,
Corro por um conchego todo o mapa, Darei por quem mo vase toda Europa?
O ar da feia me arrebata a capa,
O gadanho da limpa até a garupa. Amigo, quem se alimpa da carepa,
Ou sofre uma muchacha, que o dissipa,
Busco uma freira, que me desentupa Ou faz da sua mão sua cachopa.
A via, que o desuso às vezes tapa, (Gregório de Matos)
Topo-a, topando-a todo o bolo rapa,
Que as cartas lhe dão sempre com
chalupa.
A obra de Gregório de Matos — autor que se destaca na literatura barroca
brasileira — compreende:

a) poesia épico-amorosa e obras dramáticas.

b) poesia satírica e contos burlescos.

c) poesia lírica, de caráter religioso e amoroso, e poesia satírica.

d) poesia confessional e autos religiosos.

e) poesia lírica e teatro de costumes.


A INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDO
Nasce o Sol, e não durma mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
E, tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegrias,

Porém, se acaba o Sol, por que nascias?


Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto, da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,


Na formosura não se dê constância,
E na alegria, sinta-se triste.
Começa o Mundo enfim pela ignorância
A firmeza somente da inconstância.

A ideia central do texto é:

a) A duração efêmera de todas as realidades do mundo


b) A falsidade das aparências
c) A grandeza de Deus e a pequenez humana
d) A duração prolongada do sofrimento
e) Os contrastes da vida
O soneto transcrito apresenta características recorrentes da poesia de Gregório de
Matos e do período literário em que ele o escreveu, o Barroco. Acerca desse soneto, é
correto afirmar:
a) O poema descreve um labirinto e, de modo semelhante à imagem descrita, utiliza uma
linguagem em que a ideia central só se apresenta no fim do texto.
b) O poema se apropria de duas imagens, Babel e labirinto, com a intenção de tematizar
um sentimento conturbado: a presunção.
c) O poema se estrutura como um soneto típico, em que a ideia central está
apresentada no primeiro quarteto.
d) As figuras de linguagem utilizadas associam ideias contrárias, o que se contrapõe às
imagens do labirinto e de Babel.
e) O poema apresenta nos quartetos duas imagens concretas, dissociadas das
abstrações apresentadas nos tercetos.
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana, e vinha,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
(...)
Estupendas usuras nos mercados,
Todos, os que não furtam, muito pobres,
E eis aqui a Cidade da Bahia.

(Gregório de Matos. “Descreve o que era realmente naquelle tempo a cidade da Bahia
de mais enredada por menos confusa”)

O poema, escrito por Gregório de Matos no século XVII,

a) representa, de maneira satírica, os governantes e a desonestidade na Bahia


colonial.
b) critica a colonização portuguesa e defende, de forma nativista, a independência
brasileira.
c) tem inspiração neoclássica e denuncia os problemas de moradia na capital baiana.
d) revela a identidade brasileira, preocupação constante do modernismo literário.
e) valoriza os aspectos formais da construção poética parnasiana e aproveita para
criticar o governo.
Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua ao nobre o vil decepa:
O Velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:


Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por Tulipa;


Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazo a tripa,


E mais não digo, porque a Musa topa.
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
(MATOS, Gregório de. Poemas Satíricos.
São Paulo: Martin Claret, 2004, 55-56)

Levando em consideração que, em sua produção literária, Gregório de Matos dedicou-se


também à sátira irreverente, pode-se afirmar que os versos se marcam:
a) Pelo sentimentalismo, fruto da sintonia do eu lírico com a sociedade.
b) Pela indiferença, decorrente da omissão do eu lírico com a sociedade.
c) Pelo negativismo, pois o eu lírico condena a sociedade pelo viés da religião.
d) Pela indignação, advinda de um ideal moralizante expresso pelo eu lírico.
e) Pela ironia, já que o eu lírico supõe que todas as pessoas são desonestas.
Com referência ao Barroco, todas as alternativas são corretas, exceto:

a) O Barroco estabelece contradições entre espírito e carne, alma e corpo, morte e


vida.

b) O homem centra suas preocupações em seu próprio ser, tendo em mira seu
aprimoramento, com base na cultura greco-latina.

c) O Barroco apresenta, como característica marcante, o espírito de tensão, conflito


entre tendências opostas: de um lado, o teocentrismo medieval e, de outro, o
antropocentrismo renascentista.

d) A arte barroca vincula-se à Contra-Reforma.

e) O Barroco caracteriza-se pela sintaxe obscura, uso de hipérboles e de metáforas.


Leia o trecho de um sermão, do Padre António Vieira:

Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos um estilo tão empeçado,
um estilo tão dificultoso, um estilo tão afetado, um estilo tão encontrado a toda
parte e a toda a natureza? O estilo há de ser muito fácil e muito natural.
Compara Cristo o pregar e o semear, porque o semear é uma arte que tem mais
de natureza que de arte.

O objetivo do autor é:

a) destacar que a naturalidade - propriedade da natureza pode tornar mais


claro o estilo das pregações religiosas.
b) salientar que o estilo usado na igreja, naquela época, não era afetado nem
dificultoso.
c) argumentar que a lição de Cristo é desnecessária para os objetivos da
pregação religiosa.
d) lamentar o fato de os sermões serem dirigidos dos púlpitos, excluindo da
audiência as pessoas que ficavam fora da igreja.
e) mostrar que, segundo o exemplo de Cristo, pregar e semear afetam o estilo,
porque são práticas inconciliáveis.
Faz a imaginação de um bem amado,
Que nele se transforme o peito amante;
Daqui vem que a minha alma delirante
Se não distingue já do meu cuidado.

(Cláudio Manuel da Costa)

Depreende-se corretamente do texto que


a) a pessoa amada, por meio da imaginação, transforma o peito
amante em alma delirante.
b) a distância entre amante e pessoa amada é tão grande, que faz do
amor algo irremediavelmente perdido.
c) nem nos sonhos é possível realizar plenamente o desejo amoroso.
d) o amante, no plano do imaginário, transfigura-se no ser amado.
e) o bem amado atrai para si o peito amante, graças ao delírio
amoroso.

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