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FRICA - ASPECTOS HISTÓRICOS


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 ÁFRICA ASPECTOS HISTÓRICOS

A relativa proximidade da África com os continentes europeu e asiático fez


com que ela sempre tivesse sido ligada à história ocidental. Sua
civilização é milenar, compreendendo complexas e diversas formas de
organização econômica, social e política. Ao contrário do mito de um
espaço natural rico e exuberante, só presente em pequenas áreas, o
continente africano é caracterizado por extensas regiões de colonização
difícil pelas precárias condições de sobrevivência. As primeiras
denominações dadas a África aparecem em antigos textos europeus e da
Ásia Menor. Os gregos a chamavam de Aphriké; os romanos de Afrigah
e os fenícios de Afryguah (colônia) ou Apricus (lugar exposto ao sol).
A ORGANIZAÇÃO SOCIAL TRADICIONAL DA ÁFRICA
NEGRA
ESTRUTURA FAMILIAR - o clã, composto por famílias cujos membros
possuem antepassados comuns. O parentesco é, majoritariamente,
definido pela figura do pai. Os casamentos são realizados com pessoas de
clãs diferentes e as esposas passam a viver no clã do marido. Os clãs se
desenvolvem no interior das tribos, que ocupam áreas geográficas bem
definidas e apresentam estreitos laços de coesão grupal. A liderança
política dos clãs é exercida por um chefe que é responsável pela
delimitação e preservação do espaço geográfico clânico.
Tradicionalmente, as atividades econômicas do grupo, em média
composto por 130 pessoas, são a caça e a coleta vegetal.

ESTRUTURA SOCIAL QUE SE SEGUIU AO CLÃ - a tribo, entidade social


mais sofisticada, que dever ter surgido após a domesticação dos animais
e do início da produção agrícola. Na organização tribal, há um aumento
dos grupos de parentesco e já começa surgir uma divisão social do
trabalho mais complexa, responsável pela coesão do grupo que não mais
se funda exclusivamente em laços matrimoniais.

A MODERNA COLONIZAÇÃO EUROPEIA

Ao longo da expansão ultramarina europeia dos Tempos Modernos


(séculos XVI e XVII), portugueses e espanhóis estabeleceram no litoral
africano entrepostos e feitorias destinadas a comercializar madeira,
marfim, peles, ouro e notadamente, escravos. De fato, um dos mais
rentáveis empreendimentos europeus, quando da etapa mercantil do
capitalismo (dos séculos XVI ao XIX), foi a deportação de contingentes
populacionais negros em direção às áreas coloniais da América, onde
eram vendidos como escravos. O monopólio desse comércio foi,
sucessivamente, cabendo a diversas nações: inicialmente, os países
ibéricos, que forneciam mão de obra às plantations açucareiras antilhanas
e brasileiras; no século XVII, os holandeses começaram a participar do
nefando comércio, que, a partir do século XVIII, cairia na mão dos
ingleses.
O tráfico negreiro teve consequências extremamente negativas para a
realidade socioeconômica africana: lutas tribais internas, aniquilamento
de tribos e reinos negros e a total decadência do artesanato africano
provocada pela entrada de manufaturas europeias. Do ponto de vista
humano, o apresamento de escravos representou um verdadeiro
desastre: calcula-se que entre 50 e 200 milhões de negros morreram
durante os 4 séculos de escravidão; 20% desse total pereceram durante
as viagens para as áreas coloniais do Novo Mundo.

A Revolução Industrial, cuja primeira etapa teve início no século XVIII,


tornou possível a eliminação do escravismo, já que esse entravava o
desenvolvimento capitalista. Agora, tornava-se necessária a ampliação
dos mercados para os excedentes de mercadorias gerados pela
mecanização da produção e isso só seria possível pela conversão do
escravo em trabalhador livre e assalariado.

Ao longo do século XIX, o continente africano tornou-se um privilegiado


laboratório natural para pesquisas levadas a efeito por cientistas
europeus. Por volta de 1830, o colonialismo ocidental ocupava somente a
faixa litorânea do continente, ou seja, aproximadamente 10% de sua
superfície total. Contudo, a partir dessa data, a Inglaterra, a França e a
Bélgica mostraram interesse em penetrar o continente e ocupar essas
regiões. Num primeiro momento, chegaram os exploradores usando como
pretexto a curiosidade científica; em seguida, sucessivamente, vieram
médicos, missionários religiosos, comerciantes e soldados: tinha início a
fase imperialista do capitalismo.

A EXPANSÃO IMPERIALISTA
Em 1884-1885 as nações europeias promoveram o Congresso de
Berlim com o objetivo de levar a efeito uma partilha pacífica do território
africano. Ao contrário do previsto, a delimitação e a fixação das fronteiras
das áreas coloniais já conquistadas e das que viriam a ser ocupadas
provocaram inúmeros confrontos entre os países imperialistas. Antes da
Conferência, apenas 10% do território africano, como já dissemos,
estavam sob controle europeu; em poucos anos, a colonização já
abrangia 90% dele.

Em 1903, a Inglaterra e a França firmaram a "Entente Cordiale"


("Acordo Amigável"), que dividia o Norte da África entre as duas
potências. O Egito e o Sudão caberiam ao Reino Unido, e a França, por
seu turno, dominaria a Argélia, a Tunísia e Marrocos, restando a Líbia
para o controle imperial italiano.

Quando da eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-18), somente a


Abissínia (hoje, Etiópia) e a Libéria (unidade política fundada por negros
norte-americanos que retornaram ao continente de origem) tinham
permanecido independentes. Logo após o conflito, a Alemanha perdeu
suas colônias. A região de Togo caiu em mãos inglesas; Camarões foi
dividido entre a Inglaterra e a França; a África Oriental Alemã, sob a
denominação de Tanganica, foi incorporada às possessões inglesas. A
região sudoeste da África, até então sob controle germânico, passou para
ocupação da União Sul-Africana. Entre 1935 e 36, a Abissínia foi tomada
pela Itália, compondo, junto com a Somália, a África Oriental Italiana.
Independente, agora, somente a Libéria.

No período entre guerras, tiveram início alguns movimentos políticos


africanos em prol da independência. Embora ainda modestos, esses
esforços levaram as nações ocidentais a criar alguns países africanos
formalmente independentes, destacando-se o Egito, protetorado
britânico que se declarou independente em 1922, continuando a ser área
de influência do Reino Unido. O Canal de Suez, situado em seu território,
permaneceu, sob total controle militar britânico. Também a União Sul-
Africana, apesar de independente desde 1909, estava integrada na
Comunidade Britânica de Nações (Commonwealth), mantendo íntimos
laços econômicos com o Reino Unido.

A DESCOLONIZAÇÃO
No final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o cenário geopolítico
do mundo alterou-se: em primeiro lugar, estava definitivamente
sepultado o europocentrismo e, agora, o globo se bipolarizara, de um
lado o Bloco Ocidental, liderado pelos EUA; de outro o Bloco
Comunista, capitaneado pela URSS. Esse conflito Leste versus Oeste,
abriu espaço para o surgimento de um novo modelo de nacionalismo: os
movimentos de independência das nações até então submetidas
ao imperialismo ocidental. Um nacionalismo libertário visando a
adoção da autonomia político-econômica, com fortes tintas socializantes
e antiocidentais. Noutros termos, o fenômeno da descolonização,
processo relativamente rápido, teve como causas principais:

 as dificuldades econômicas dos países europeus, agora


impossibilitados de manter a ocupação colonial, pois precisavam
reconstruir suas economias devastadas pela guerra;
 o surgimento de movimentos nacionalistas nas áreas coloniais,
muitos deles liderados por intelectuais que haviam estudado na
Europa e sofrido influência das ideologias democráticas e
socialistas;
 as pressões anticolonialistas, levadas a efeito por políticos e
agremiações partidárias da Europa, que defendiam o conceito de
que havia uma contradição entre o combate ao nazifascismo, ao
longo da Segunda Guerra Mundial, e a preservação de laços
coloniais.

Diversas foram as formas pelas quais se deu o processo de


descolonização. As principais podem ser assim resumidas:

- MODELO BRITÂNICO - de início, o Reino Unido se opôs ferozmente


aos processos descolonizatórios, enfrentando militarmente os movimentos
nacionalistas. O mais destacado exemplo dessa postura inglesa foi o
combate às guerrilhas MAU-MAU de Quênia. Também foi essa a atitude
britânica quando da independência da Malásia. Percebendo a inutilidade
desses esforços, a Inglaterra mudou de postura, passando a promover,
de forma controlada, a independência de suas demais áreas coloniais. No
final do processo, 15 novas nações, ex-colônias britânicas, nasceram no
Continente Africano.

- MODELO FRANCÊS - após oferecer tenaz resistência à independência


da Argélia, liderada pela Frente Nacional de Libertação da Argélia (FNLA),
a França promoveu a formação da Comunidade Francesa, pela qual as ex-
colônias passaram a receber apoio financeiro e técnico.

- MODELO PORTUGUÊS - Portugal, onde prevalecia o autoritarismo


político liderado por Antônio Oliveira Salazar, procurou manter suas
colônias (Angola, Moçambique, Guiné Bissau e Cabo Verde) militarmente,
atolando aquela nação ibérica nas intermináveis guerras coloniais. No dia
25 de abril de 1974, quando a ditadura portuguesa foi derrubada pela
"Revolução dos Cravos", liderada pelos capitães e outros jovens oficiais
do Movimento das Forças Armadas (MFA), a ascensão de um governo
esquerdista em Lisboa possibilitou a independência das áreas coloniais.

- MODELO ESPANHOL - após mais de quatro séculos de ocupação do


Marrocos, a Espanha se viu obrigada a enfrentar um movimento de
libertação nacional denominado Frente Polisário. Após 2 anos de luta, o
governo de Madri abandona quase totalmente a região, mantendo sua
presença numa estreita faixa litorânea.

- MODELO BELGA - disposta a não ceder seus territórios no Continente


Negro, a Bélgica enfrentou militarmente os movimentos descolonizatórios.
Derrotado, o governo de Bruxelas é obrigado a ceder, mas, interessado
em criar problemas tribais em suas ex-regiões coloniais, dividiu-as em
três países: Zaire, Ruanda e Burundi, onde convivem duas tribos
absolutamente antagônicas, os Tutsis e os Hutus.
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