Você está na página 1de 33

ENG01015 - Edificações III

Fundamentos da Gestão da Produção

Prof. Eduardo L. Isatto


NORIE/UFRGS
A construção civil e outras indústrias

Baixo desempenho da ICC:

Perdas elevadas

Baixa produtividade

Falta de confiabilidade quanto a prazos

Condições de trabalho ruins e inseguras

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [2]


Produtividade da construção vs. outras indústrias
(EUA) (Teicholz, 2000)

Produtiv idade Industrial (EUA)


200%
180%
Índice de Produtividade

160% Outras
140%
Indústrias
120%
(inclui
100%
Construção)
80% Indústria da
60% Construção
40%
20%
0%
1960 1970 1980 1990 2000

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [3]


Escolas da produção ao longo do tempo

Taylorismo

Fordismo

Sistema Sócio-técnico

Sistema Toyota de Produção

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [4]


Taylorismo

Taylor: “Pai da Engenharia de Produção”

Contexto do início do século:

Revolução industrial

Trabalho artesanal

Pagamento por produção

Proposta da Administração Científica:

A busca pela “paz industrial” (máxima prosperidade)

Atacar o problema da “vadiagem no trabalho”

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [5]


Princípios da Administração Científica

Princípios:

Desenvolvimento da tarefa gerencial

Divisão do trabalho (especialização)

“Um homem, um posto, uma tarefa”: recrutar o melhor trabalhador
para cada tarefa, treinar, ensinar e aperfeiçoar o trabalhador.

“The One Best Way”: só existe uma forma adequada de realizar
uma tarefa, e esta deve ser determinada cientificamente (a chefia
planeja e o operário executa sem questionar)

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [6]


Fordismo

Mudanças introduzidas:

Fixação dos postos de trabalho

Integração das tarefas por meio de esteiras ou correias

Produção em massa, com processos lineares e poucas variedades
(“de qualquer cor desde que sejam pretos”)

Controle de qualidade ao final da linha

Tempos impostos (ritmo definido pela velocidade da linha)

Tema do filme “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [7]


O Sistema Sócio-técnico e a Escola das
Relações Humanas

Trabalho pode (e deve) ser uma fonte de satisfação

Nível de satisfação tem grande impacto na eficiência

Coerção tem eficácia limitada e pode ter um custo elevado

Pressão por melhoria das condições de trabalho

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [8]


Sistema Sócio-técnico

Ênfase do ser humano e na motivação

Descentralização

Equipes de trabalho

Ritmo definido pelo trabalhador

Primeira e grande referência mundial: Volvo

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [9]


Sistema Toyota de Produção

O cenário econômico no Japão pós-guerra

A Qualidade Total e o sistema de produção

Evolução lenta e incremental:

Autonomação

Produção em pequenos lotes

Produção sob demanda e de forma descentralizada

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 10 ]


O que mudou ao longo do tempo?

Oferta e demanda

Introdução de um novo paradigma:

Paradigma hegemônico → JIC: produção em grandes lotes, postos
de trabalho independentes, elevados estoques em processo,
produção com base especulativa

Novo paradigma → JIT: produção em pequenos lotes, postos de
trabalho interdependentes, reduzidos estoques em processo,
produção com base na demanda

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 11 ]


Em que escola se situa a construção civil?

Taylorismo

Fordismo

Sistema sócio-técnico

Sistema Toyota

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 12 ]


A transferência para outros contextos

Transferência

Implementação Abstração

Ocidente Cópia ??? Japão

(Lillrank, 1995)

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 13 ]


Elementos de uma teoria de gestão da
produção (Koskela, 2000)

Conceitos
Conceitos
(processo,
(processo,operação,
operação,valor,
valor,
atividade
atividadede
defluxo,
fluxo,etc.)
etc.)
Princípios
Princípios
(reduzir
(reduziratividades
atividadesque
quenão
nãoagregam
agregam
valor,
valor,reduzir
reduzirvariabilidade,
variabilidade,etc.)
etc.)
Metodologias
Metodologias
(reengenharia,
(reengenharia,gerenciamento
gerenciamentovisual,
visual,
engenharia
engenhariasimultânea,
simultânea,TPM,
TPM,EV/AV,
EV/AV,etc.)
etc.)

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 14 ]


A produção enxuta (lean production)

Impacto do livro “A máquina que mudou o mundo” de James
Womack et al.

Tentativa de entender seus princípios básicos

Tem recebido outros nomes: world class manufacturing, produção
sem perdas, etc.

Pilares básicos:

TQC japonês

Produção JIT

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 15 ]


Princípios da Produção Enxuta
(Womack et al., 1996)


Identificar valor para o cliente

Mapear a cadeia de valor

Manter fluxo contínuo

Puxar a produção

Buscar a perfeição

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 16 ]


O que são perdas?

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 17 ]


Valor

O valor é gerado no projeto

Comparação entre benefícios percebidos e sacrifícios percebidos

Deve ser considerada a necessidade de se agradar
simultaneamente diversos clientes distintos: usuários, acionistas,
funcionários, sociedade, outros intervenientes.

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 18 ]


Valor ao longo do projeto e produção

Requisitos não
capturados

Requisitos
capturados

Projeto Produção

Definição do Entrega do
empreendimento produto

Questão central:
Identificar corretamente os requisitos dos clientes,
e conservá-los ao longo do projeto e da produção
Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 19 ]
Redução de perdas

Princípio: Redução contínua das perdas (ideal da “perda zero”) =
perfeição

Mas como identificá-las?

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 20 ]


Filosofia tradicional de produção

Um processo produtivo é uma
Alvenaria conversão de entradas em saídas

Um processo de conversão pode ser
subdividido em sub-processos, os
Prep.Argam. Exec.Alven. quais são também processos de
conversão

1) Aplicar argamassa

Os custos de todo um proces-so
2) Colocar tijolo podem ser minimizados através da
3) Bater tijolo
4) Aplicar argamassa na minimização dos custos de seus
junta
5) ...
subprocessos

O valor da saída de um processo
está associado aos custos (ou valor)
das entradas desse processo
Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 21 ]
A filosofia tradicional no
dia-a-dia do engenheiro

Orçamentos:

Reduzir o custo de um item reduz o custo total do orçamento

Utilizar materiais mais nobres (e caros) aumenta a qualidade do
produto final

Produção na obra:

O operário deve ser mantido trabalhando (quanto maior sua
produção, melhor)

Aumento da produtividade através de inovações de materiais e
equipamentos

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 22 ]


Produção como fluxo

Produção é um fluxo de material e/ou informação a partir da matéria-


prima até o produto final. Nesse fluxo, o material é processado
(convertido), inspecionado, está em movimento ou em espera. Tais
atividades são inerentemente diferentes. O processamento representa
o aspecto de conversão da produção; inspeção, movimento e espera
representam o aspecto de fluxo da produção

Transporte Processam. Inspeção


Estoque

F F C F

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 23 ]


Produção como fluxo:
Conversão

As atividades de conversão ocorrem quando existe:

Mudança de forma

Mudança de substância (por exemplo, uma reação física ou
química)

Montagem

Desmontagem

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 24 ]


Produção como fluxo:
Estoques e esperas

Materiais em repouso, sem que


exista qualquer tipo de trabalho
aplicado a eles

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 25 ]


Produção como fluxo:
Transporte

Mudança de local ou
de posição

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 26 ]


Produção como fluxo:
Inspeção

Comparação com um padrão


(qualitativo ou quantitativo)

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 27 ]


Produção como rede de processos e operações

Processo: fluxo dos materiais


Operação (objeto da produção) ao longo
do tempo
Operação: fluxo de pessoas e
máquinas (sujeito da
produção) ao longo do tempo
Atividade Processo

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 28 ]


Produção como rede de processos e operações

(Shingo, 1988)

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 29 ]


Produção como rede de processos e operações

Blocos Cimento Areia Cal


1 1 1 1
2 2 2 2
3 3 3 3
4 4 4 4
5
1
6
2
Argamassa ci+ca+ar
7 3
4

1 Alvenaria

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 30 ]


O que deve ter prioridade?

Antes, toda melhoria se introduzia a partir das operações

E agora, quando falamos em operação, processo, produto??? O
que deve vir antes???

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 31 ]


Diretrizes para a melhoria de sistemas produtivos
1) Melhorias ao nível do projeto do produto / serviço
2) Melhorias no processo, eliminando ou reduzindo as atividades de
fluxo
3) Aumento da eficiência através de melhorias nas operações,
aumentando o rendimento ou reduzindo ociosidade de
trabalhadores e máquinas

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 32 ]


Reflexos na construção civil

Profundo questionamento quanto às formas de produção e
organização

Aprendizado a partir da experiência de outras indústrias

Modernização da indústria

Busca por uma “teoria” para a construção (lean construction)

Prof. Eduardo Luis Isatto - ENG01015 - Edificações III [ 33 ]

Você também pode gostar