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A DANÇA DO VENTRE NO EGITO HOJE:

1) Parece incrível, mas mesmo sabendo o quanto é admirada no restante do


mundo, os egípcios mais ortodoxos, abominam a dança do ventre profissional em
seu país.  Se a bailarina não é famosa, provavelmente irá carregar um estigma
pesado consigo, até chegar lá.  

As danças só acontecem, em pontos turísticos (grandes hotéis cinco estrelas e


barcos que transitam pelo Nilo).  Fora isso, só nas zonas consideradas
"impróprias".

2) Toda mulher egípcia dança por natureza.  Está no sangue.  Tem uma graça
peculiar e charmosa.  Mas não se apresentam em público, fora de festas
particulares.  Os hábitos não permitem que uma mulher casada se apresente,
mostrando o corpo para o grande público. 

Mesmo assim, não deixam de admirar grandes bailarinas e aplaudem com gosto
uma bela apresentação.  Somente os maridos podem ver suas esposas por baixo
dos véus.  Algumas só tem os olhos de fora. Você só vê panos por todos os lados.

Aí você vai perguntar, "como existem mulheres que não usam o véu?".  Ocorre
que muitas mulheres no Egito já aboliram o véu e aderiram a prática das
vestimentas européias.  A grande maioria no entanto, mantém as tradições
muçulmanas.  No caso acima, trata-se da mulher de um dos músicos que tocaram
na orquestra.  Dançou e deu um show na platéia, enquanto outro show acontecia
no palco.  É claro que não recebia olhar de aprovação de muitas que estavam
assistindo.

3)  A bailarina do momento no Egito é "Dina".  Faz grandes shows com orquestra
de 25 músicos no palco.  Possui movimentos precisos e de grande impacto.

Tem um show preparado e bem marcado, com grandes músicas onde ela executa
cada movimento, dentro de cada toque da orquestra.  Não se pode negar que "é
um show".  Causa furor na platéia. 

Seus trajes são um escândalo, até para nós ocidentais.  Segundo os egípcios, é a
única que permitem que use trajes sumários ao dançar, pois eles a consideram
uma deusa. 

Dentro deste conceito, ela usa e abusa de seus atributos, levando a platéia ao
delírio com seus grandes encerramentos e giros finais.
4) Em sua grande maioria, os egípcios preferem bailarinas antigas.  O estilo
clássico é a preferência nacional.  Souher Zaki é uma rainha, reverenciada em
todo o país.  

Mesmo os grandes professores a respeitam como uma imortal. 

5) Adoram Tahia Carioca (já falecida), já Fifi Abdo é uma figura polêmica,
alguns adoram, outros odeiam.  Todos os motoristas de táxi e vendedores das
lojas falam delas.  Acham que no caso de Dina, existe um apelo sexual muito
forte.  

Muitos não gostam deste estilo moderno (até demais...).  Mencionam que a
religião não permite algo assim.  Mas todo mundo lá, já foi assistir...

6) Repórteres de revistas e TVs do mundo todo estiveram no Cairo, entrevistando


professoras, alunas e participantes sobre o Festival de Dança.  Nosso pessoal,
chegou a dar diversas entrevistas.  Havia uma atenção muito grande por parte da
mídia, quando dançavam bailarinas brasileiras.  

7) Existem barcos que cruzam o Nilo todas as noites.  

Neles há apresentações de bailarinas.  Não são grandes apresentações, apenas um


entretenimento enquanto o pessoal faz seu jantar no cruzeiro, que geralmente
dura duas horas.  Ocorre também, um show com um dervixe e um conjunto com
um cantor e três ou quatro músicos.  Nada excepcional, mesmo para os mais
leigos.  

Vale mesmo o passeio e a brisa da noite vislumbrando o Cairo a noite... que é


maravilhoso e inesquecível.

8) Não poderia deixar de mencionar sobre o padrão ou modelo de beleza do


Egito.  A mulher "mais cheinha" faz muito sucesso por lá.  A maioria das
bailarinas egípcias, e também as européias, não encontram-se no peso ideal,
normalmente exigidos pelos padrões Latinos e Americanos. 

O conceito de beleza é outro, completamente diferente dos nossos.  Outro fator


interessante: as brasileiras são muito mais vaidosas e principalmente, cuidadosas
com sua aparência.  Se produzem mais, e são impecáveis visualmente.

OS SHOWS:
1) Os shows acontecem em momentos e ocasiões especiais nos hotéis cinco
estrelas do Cairo. 

O que enriquece de forma absurda todas as apresentações de bailarinas, é sem


dúvida, a riqueza do folclore egípcio.  Instrumentos de percussão entram forte no
meio da música e dão alento, revigorando o show, no meio do caminho.  O
resultado é que nossos corações imediatamente começam a pulsar mais forte. 
Revitalizam qualquer dança.

2) Alguns shows que merecem destaque são dos sufis, que apresentam seus
dervixes (homens com roupas de saia rodada, muito coloridas), que giram, giram,
giram durante quarenta minutos seguidos, fazendo evoluções impressionantes. 

3) A dança ghawazee também é um atrativo muito alegre e divertido.  Uma


espécie de bailado de camponesas ciganas egípcias, com vestidos compridos e
coloridos, cheios de pastilhas e lenços de moedas amarrados a cabeça.  São muito
graciosas e risonhas.  Contagiam todos a seu redor.

4)O tahtib, que é uma dança com bastões masculina, aparentando uma luta, ao
som de tambores (derback, tabel, mazhar, deholla, bendir...), e guiado através de
mizmar (aquela flauta que parece uma cornetinha de madeira) e o som inebriante
do rabeb.

5) As orquestras proliferam no Egito.  Existem milhares de músicos no Cairo. 


Para se ter uma idéia, cada bailarina tem sua banda, geralmente de 15 à 25
músicos.  Numa única noite, vimos 5 orquestras.  Sobem e descem do palco,
como trocamos de roupa.  Muito rápidos na afinação dos instrumentos, para a
mesa de som, antes de iniciar o show.  Extremamente profissionais.  Em cinco
minutos, trocou todo mundo, e já tem outra orquestra tocando.

6) Os derbackistas egípcios são um assombro.  São uma atração à parte. 


Participam de cada movimento e seguem a bailarina como uma sombra. 
Visivelmente se deliciam quando estão tocando.  Eles dão o andamento na
orquestra e traduzem os encerramentos para que todos terminem num só acorde. 
E por incrível que pareça, todos terminam juntinhos.  Você não ouve ninguém
atrasado ou perdidinho no último toque.

7) Uma orquestra geralmente tem uma gama de instrumentos bem variada; todos
harmônicos, ninguém aparecendo mais do que ninguém.  Tudo num só conjunto
em sintonia perfeita, partes de um todo.  Formam essa grandiosidade com:
teclado, kanoun (harpa), nay (flauta) acordeom, rich (o popular daff - pandeiro),
snujs, três a quatro violinos, violoncelo, bateria, coral de três a quatro vozes, e o
cantor do momento.  

Na percussão, mazhar (um pandeiro gigante com snujs gigantes e que dá os


agudos), dois ou três bendir (aquele pandeirão sem os snujs), deholla (um
derback maior para os graves) e derback. 

No meio do show, entram um ou dois tabels (bumbos) tocando a todo vapor, os


mizmar, com agudo estridente e o popular rabeb.  Tudo dando um ar camponês à
apresentação (pois entram todos vestidos de galabias baladi coloridas e turbantes
brancos).  Seus pelinhos dos braços vão se levantar com certeza!!!!

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