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Ao
Coordenador da Assessoria Jurídica CAU/RS.
Consulta sobre a possibilidade de o CAU/RS exigir o registro de uma empresa de engenheiro civil, que possui
registro no CREA, mas tem, entre como atividade econômica secundária a prestação de serviços de
arquitetura
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CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO DO RIO GRANDE DO SUL
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I. RELATÓRIO.
1.1. Trata-se de análise em relação ao seguinte quesito: o CAU/RS, por meio de sua
Unidade de Atendimento e Fiscalização, deve exigir o registro de uma empresa, cujo proprietário é engenheiro
civil, possui registro no Conselho de Engenharia e Agronomia – CREA e tem como sua atividade econômica
principal a “construção de edifício” e a “prestação de serviços de arquitetura”, como atividade econômica
secundária?
1.2. A fim de responder a essas indagações, foi trazida para análise a Lei n.º
12.378/2010. Serão analisados também os dispositivos da Constituição Federal, bem como da Resolução n.º 28
do CAU/BR, de 6 de julho de 2012, da Resolução n.º 51 do CAU/BR, de 12 de julho de 2013, e da Decisão
Normativa n.º 106 do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia – CONFEA, de 17 de abril de 2015.
1.3. É o relatório.
“Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
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§ 2º. Serão consideradas privativas de profissional especializado as áreas de atuação nas quais
a ausência de formação superior exponha o usuário do serviço a qualquer risco ou danos
materiais à segurança, à saúde ou ao meio ambiente.
§ 3º. No exercício de atividades em áreas de atuação compartilhadas com outras áreas
profissionais, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo - CAU do Estado ou do Distrito Federal
fiscalizará o exercício profissional da Arquitetura e Urbanismo.
§ 4º. Na hipótese de as normas do CAU/BR sobre o campo de atuação de arquitetos e
urbanistas contradizerem normas de outro Conselho profissional, a controvérsia será
resolvida por meio de resolução conjunta de ambos os conselhos.
(...)
Art. 10. Os arquitetos e urbanistas, juntamente com outros profissionais, poder-se-ão reunir
em sociedade de prestação de serviços de arquitetura e urbanismo, nos termos das normas
de direito privado, desta Lei e do Regimento Geral do CAU/BR.
Parágrafo único. Sem prejuízo do registro e aprovação pelo órgão competente, a sociedade
que preste serviços de arquitetura e urbanismo dever-se-á cadastrar no CAU da sua sede, o
qual enviará as informações ao CAU/BR para fins de composição de cadastro unificado
nacionalmente.
Art. 11. É vedado o uso das expressões “arquitetura” ou “urbanismo” ou designação similar
na razão social ou no nome fantasia de sociedade que não possuir arquiteto e urbanista entre
os sócios com poder de gestão ou entre os empregados permanentes.
(...)”.
2.6. No que tange ao registro das pessoas jurídicas no CAU, a Resolução n.º 28 do
CAU/BR, de 6 de julho de 2012, estabelece que:
“Art. 1° Em cumprimento ao disposto na Lei n° 12.378, de 31 de dezembro de 2010, ficam
obrigadas ao registro nos Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito
Federal (CAU/UF):
I - as pessoas jurídicas que tenham por objetivo social o exercício de atividades profissionais
privativas de arquitetos e urbanistas;
II - as pessoas jurídicas que tenham em seus objetivos sociais o exercício de atividades
privativas de arquitetos e urbanistas cumulativamente com atividades em outras áreas
profissionais não vinculadas ao Conselho de Arquitetura e Urbanismo;
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III - as pessoas jurídicas que tenham em seus objetivos sociais o exercício de atividades de
arquitetos e urbanistas compartilhadas com outras áreas profissionais, cujo responsável
técnico seja arquiteto e urbanista.
§ 1° O requerimento de registro de pessoa jurídica no CAU/UF somente será deferido se os
objetivos sociais da mesma forem compatíveis com as atividades, atribuições e campos de
atuação profissional da Arquitetura e Urbanismo.
§ 2° É vedado o uso das expressões “arquitetura” ou “urbanismo”, ou designação similar, na
razão social ou no nome fantasia de pessoa jurídica se a direção desta não for constituída
paritária ou majoritariamente por arquiteto e urbanista”.
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2.8. Ocorre, contudo, que a despeito da tratativa legal e regulamentar acerca das
áreas de atuação exclusivas dos arquitetos e urbanistas do CAU/BR, o Conselho Federal de Engenharia e
Agronomia – CONFEA editou a Decisão Normativa n.º 106, de 17 de abril de 2015, cujo teor é o que se
transcreve:
“Art. 1º Conceituar o termo ‘Projeto’ como a somatória do conjunto de todos os elementos
conceituais, técnicos, executivos e operacionais abrangidos pelas áreas de atuação, pelas
atividades e pelas atribuições dos profissionais da Engenharia e da Agronomia, nos termos
das leis, dos decretos-lei e dos decretos que regulamentam tais profissões, quais sejam:
Decreto nº 23.196, de 1933, Decreto nº 23.569, de 1933, Decreto-Lei nº 8.620, de 1946, Lei n°
4.076, de 1962, Lei nº 4.643, de 1965, Lei n° 5.194, de 1966, Lei n° 6.664, de 1979, Lei n°
6.835, de 1980, e Lei n° 7.410, de 1985, e a Constituição Federal de 1988.
Art. 2º Para efeito desta decisão normativa, considera-se o termo genérico “Projeto” como:
I – o Projeto Básico, abordado pela Resolução n° 361, de 1991, e pela Orientação Técnica
IBRAOP/OT - IBR 001/2006, que consiste nos principais conteúdos e elementos técnicos
correntes aplicáveis às obras e serviços, sem restringir as constantes evoluções e impactos da
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2.11. Com a leitura do §4º, do artigo 3º, da Lei n.º 12.378/2010, é possível chegar à
conclusão de que o impasse que permeia essa orientação jurídica seria resolvido por meio de uma resolução
conjunta entre CONFEA e CAU/BR. Todavia, não se verifica tal ato, existindo apenas decisões unilaterais dos
Conselhos, as quais são conflitantes.
2.12. Perceba-se que, por um lado, a Resolução n.º 51 do CAU/BR, de 12 de junho de
2013, dispõe em seu artigo 2º, I, ‘a’, que:
“Art. 2º No âmbito dos campos de atuação relacionados nos incisos deste artigo, em
conformidade com o que dispõe o art. 3° da Lei n° 12.378, de 2010, ficam especificadas como
privativas dos arquitetos e urbanistas as seguintes áreas de atuação:
I - DA ARQUITETURA E URBANISMO:
a) projeto arquitetônico de edificação ou de reforma de edificação;
(...)”.
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2.13. Porém o CONFEA, praticamente dois anos depois, editou a Decisão Normativa
n.º 106, de 17 de abril de 2015, em cujo artigo 1º foi estabelecido o conceito de “projeto” como a soma do
conjunto de todos os elementos conceituais, técnicos, executivos e operacionais abrangidos pelas áreas de
atuação, pelas atividades e pelas atribuições dos profissionais da Engenharia e da Agronomia. Dessa forma, o
artigo 2º considera “projeto” como:
“Art. 2º Para efeito desta decisão normativa, considera-se o termo genérico “Projeto” como:
I – o Projeto Básico, abordado pela Resolução n° 361, de 1991, e pela Orientação Técnica
IBRAOP/OT - IBR 001/2006, que consiste nos principais conteúdos e elementos técnicos
correntes aplicáveis às obras e serviços, sem restringir as constantes evoluções e impactos da
ciência, da tecnologia, da inovação, do empreendedorismo e do conhecimento e
desenvolvimento do empreendimento social e humano, nas seguintes especialidades:
(...)
c) projeto Arquitetônico;
(...)”.
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2.16. O debate, porém, ainda não possui resposta definitiva, defendendo o CAU/BR
e o CONFEA, cada qual, a sua resolução ou decisão normativa. Por conseguinte, ainda que o CAU/BR tenha
resolvido que os projetos Arquitetônicos sejam uma prática exclusiva dos profissionais da Arquitetura e
Urbanismo, o CONFEA decidiu que os Engenheiros e Agrônomos podem fazê-los também.
2.17. Dessa sorte, para saber se a empresa da hipótese questiona precisa realizar a
sua inscrição no CAU, é necessário que se saiba em quais hipóteses tal registro será devido. A previsão desses
casos está no artigo 1º, da Resolução n.º 28 do CAU/BR, de 6 de julho de 2012, que dispõe:
“Art. 1º Em cumprimento ao disposto na Lei n° 12.378, de 31 de dezembro de 2010, ficam
obrigadas ao registro nos Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito
Federal (CAU/UF):
I - as pessoas jurídicas que tenham por objetivo social o exercício de atividades profissionais
privativas de arquitetos e urbanistas;
II - as pessoas jurídicas que tenham em seus objetivos sociais o exercício de atividades
privativas de arquitetos e urbanistas cumulativamente com atividades em outras áreas
profissionais não vinculadas ao Conselho de Arquitetura e Urbanismo;
III - as pessoas jurídicas que tenham em seus objetivos sociais o exercício de atividades de
arquitetos e urbanistas compartilhadas com outras áreas profissionais, cujo responsável
técnico seja arquiteto e urbanista.
(...)”.
seu registro no CAU seria devido. Porém, se compreendida como válida a Decisão Normativa n.º 106 do
CONFEA e os Engenheiros e Agrônomos também puderem executar projetos arquitetônicos, na hipótese
narrada não se vislumbraria a necessidade do registro no CAU, eis que a pessoa jurídica teria responsável
técnico Engenheiro e possuiria registro no CREA. Não se pode olvidar que, consoante a Resolução n.º 28 do
CAU/BR, quando o objetivo da empresa for uma atividade compartilhada entre a Arquitetura e Urbanismo e
outras profissões regulamentadas, o registro no CAU somente será devido se o responsável técnico for
Arquiteto ou Urbanista (artigo 1º, III, da Resolução n.º 28).
2.20. Assim, até que seja resolvida a controvérsia quanto à exclusividade da atuação
no âmbito dos projetos arquitetônicos, seria temário afirmar a respeito da obrigatoriedade do registro de
empresas de Engenharia que os realizam no CAU, sob pena, inclusive, de que sejam ajuizadas ações judiciais
questionando a imperiosidade de tal inscrição.
2.21. Nesse sentido, em casos nos quais foi discutido o registro em mais de um
conselho, houve decisão contrária à duplicidade de inscrição. É o que se vê no julgado abaixo transcrito:
Ementa: “PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. REGISTRO EM
CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. ENGENHEIRA QUÍMICA REGISTRADA NO CRQ.
EXIGÊNCIA DE INSCRIÇÃO NO CREA. APLICAÇÃO DE PENALIDADES. IMPOSSIBILIDADE DE
DÚPLICE INSCRIÇÃO. PLAUSIBILIDADE DO DIREITO INVOCADO. PRECEDENTES
JURISPRUDENCIAIS. POSSIBILIDADE DE DANO DE DIFÍCIL REPARAÇÃO NA EXIGÊNCIA, COM AS
CONSEQÜÊNCIAS DAÍ DECORRENTES. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. 1. A atividade
básica do profissional, ou seja, o ato típico da profissão é o que delimita a competência do
Conselho de fiscalização, conforme iterativa jurisprudência pátria. 2. Dessa forma, se uma
empresa ou pessoa física tem atividade básica que se situa na área de engenharia química,
pode ela registrar-se ou no CREA ou no CRQ, de acordo com a ênfase desenvolvida, restando
vedado o duplo registro. 3. Não pode o profissional ser compelido à dúplice inscrição, posto
que ambos os Conselhos têm competência para fiscalizar atividade que se insira neste
campo do conhecimento. 4. Já estando a Recorrente engenheira química regularmente
inscrita no CRQ há muitos anos, plausível a desnecessidade de sua inscrição junto ao CREA,
sob pena de duplicidade. 5. Agravo de instrumento provido. (TRF-2 - AGV: 133313
2004.02.01.013310-1, Relator: Desembargador Federal ROGERIO CARVALHO, Data de
Julgamento: 27/07/2005, SEXTA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: DJU -
Data::19/09/2005 - Página::518) (grifo nosso).
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2.22. Em razão do que foi exposto, por não haver definição efetiva sobre a
exclusividade quanto à execução de projeto Arquitetônico, não seria razoável exigir a inscrição de empresas de
Engenharia que pratiquem tais atividades no CAU. Todavia, nos casos em que houver uma empresa de
Engenharia, com registro no CREA, executando outras das atribuições exclusivas da Arquitetura e Urbanismo,
sugere-se não a imposição de registro, mas a fiscalização quanto à existência de responsável técnico Arquiteto
e Urbanista.
III. CONCLUSÃO
3.1 Diante do que foi apresentado, do ponto de vista estritamente jurídico,
abstraída qualquer consideração acerca dos valores ou da conveniência e oportunidade, essa Assessoria
Jurídica entende que, em razão de não haver definição pacífica sobre a exclusividade quanto à execução de
projeto Arquitetônico, não seria razoável exigir a inscrição de empresas de Engenharia, devidamente
registradas no CREA, que pratiquem tais atividades no CAU. Todavia, nos casos em que houver uma empresa
de Engenharia executando outras das atribuições exclusivas da Arquitetura e Urbanismo, sugere-se não a
imposição de registro, mas a fiscalização quanto à existência de responsável técnico Arquiteto e Urbanista.
À consideração superior.
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