Você está na página 1de 1

PONTO DE VISTA O JORNAL BATISTA Domingo, 22/09/19 15

OBSERVATÓRIO BATISTA

Deus - versão 2.0


Lourenço Stelio Rega por si (a chamada Modernidade), mas a E, então, como as pessoas nesta (segundo Éden) ou Pós-modernidade
sua natureza mais primitiva (cérebro ins- condição buscam Deus? Buscam um (terceiro Éden), não compreenderemos
Creio que o Deus morto por Nietzsche tintivo ou reptiliano, em uma linguagem Deus que atenda suas demandas em o real sentido da vida.
foi agora ressuscitado, em uma versão antiga da Neurociência) como fonte de vez de buscar a razão de suas vidas em Anderson (Neo), no filme Matrix, ne-
mais sofisticada ao sabor da terceira verdade ética e moral. Deus e no seu Plano da Criação. Nesta gou a sua suposta liberdade tomando a
modernidade, conhecida como Pós-mo- A sua vontade de potência (Nietzs- versão, Deus deixa de ser Deus e passa pílula vermelha e encontrou a realidade.
dernidade. Esta tentativa vem desde a che, sua índole ou seus instintos, em a ser uma espécie de súdito ou “gênio da Nós precisamos negar a nossa suposta
primeira modernidade, no Éden, após termos ontológicos e não psicanalíticos) garrafa” que deve atender aos desejos liberdade em que normalmente vivemos,
a queda de Adão, quando ele quis ser é que regulam, legislam e determinam infinitos das pessoas, que se tornaram voltando ao estado edênico, aí encon-
como Deus buscando sua autonomia. as suas decisões. É uma ética irresistí- o próprio deus. Vemos isso também na traremos a verdadeira liberdade para
Nova tentativa de um upgrade de vel representada em frases como “por- Teologia da Prosperidade e Teologia de qual fomos criados. É o paradoxo do
Deus foi feita na segunda modernidade que quando você se dá conta já rolou” Mercado. Cristianismo - o negar-se a si mesmo
iniciada por volta da época cartesiana, ou como na música popular intitulada Parece-me que nem a adoração con- e caminhar em direção à ressurreição
lançando-se o ser humano como fonte “Deixa a vida me levar”; que diz “fiz o temporânea escapa disso, com a ênfase para a uma nova vida (Lucas 9.23; Ro-
da verdade científica. Período chamado que estava a fim de fazer”; “meu cora- na transcendentalidade como que em manos 6) e para o estado de nova cria-
simplesmente de Modernidade. ção mandou”; “eu fiz”; ou, ainda, “o meu uma espécie de “yoga/aeróbica gospel” tura (II Coríntios 5.17) à luz do Plano
Em todas estas versões há uma trans- coração está em paz”; ou mesmo, “isto em que as sensações místicas subjeti- da Criação.
posição em que o ser humano busca ser me faz feliz!”. vas são as únicas válidas. A nossa vida só tem sentido em Deus,
o seu próprio Deus. Nesta última versão, O relativismo de hoje não é mais É preciso considerar que o ser hu- versão única e completa, nós só neces-
o “Humano-Deus” já não usa mais a ca- conceitual, isto é, não precisa ser ne- mano não foi criado para ser Deus, mas sitaremos, então, sermos humanos,
pacidade da independência de escolha cessariamente explicado ou legitimado, para ser simplesmente humano. Se con- simplesmente isso. Humano, simples-
(Éden - primeira modernidade) ou a razão apenas vivido. “Meu coração mandou, tinuarmos avaliando o que é ser huma- mente humano! Para fazer contraponto
como sua garantia de afirmar a verdade eu fiz e acabou!” no à luz do paradigma da Modernidade a Nietzsche. n

Você também pode gostar