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TEORIA

SISTÊMICA
1.1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo são apresentados os aspectos principais da Teoria Geral de Sistemas, que
servirão de base para o perfeito entendimento dos assuntos abordados.

Ao final desta explanação você estará em condições de responder algumas perguntas, tais
como:

• Qual a conceituação de sistemas?

• Qual a sua importância para o administrador ao trabalhar numa empresa?

• Quais são os seus aspectos básicos?

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1.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Com o avanço da Física, da Mecânica e da Matemática no século XVII, os homens passaram a
interpretar a si próprios e a sociedade sob o prisma dos mesmos métodos, conceitos e suposições
que tais ciências utilizavam. Desse modo, começaram a rejeitar, em parte, a teologia, o misticismo e
o antropomorfismo de outras formas de interpretação do homem e da sociedade. Surge, assim, o
Modelo Mecânico de interpretação social, através do qual se encara as sociedades como espécie de
máquinas complicadas, cujas ações e processos podem ser analisados na ação recíproca das
causas naturais, na possibilidade da plena identificação dos elementos componentes e de seus
diversos inter-relacionamentos, bem como na previsão dos efeitos daí decorrentes.
Variações conceituais ocorreram durante os séculos subsequentes, sendo introduzidos conceitos de
"transformação de energia" e "entropia social". Após a "mecânica racional" de Pareto, adiciona-se ao
conceito mecanístico existente a idéia de que existem elementos com mútuas inter-relações, que
podem achar-se em estado de "equilíbrio", de tal maneira que quaisquer alterações moderadas nos
elementos ou em suas inter-relações, afastando-os da posição de equilíbrio, são contrabalançadas
por alterações que tendem a restaurá-la.

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Assim como o aparecimento do modelo mecânico aconteceu numa era de progressos da Física, o
modelo orgânico da sociedade foi inspirado pelos progressos da Biologia. Trata-se de um princípio de
mútua dependência das partes, assemelhando-se a sociedade a um organismo vivo.
Fundamentalmente, podem-se fazer analogias entre as sociedades e o organismo dos seres vivos,
comparando-as aos organismos individuais e à sua fisiologia.
Portanto, o "moderno enfoque dos sistemas" procura desenvolver:
• Uma técnica para lidar com a grande e complexa empresa;
• Um enfoque sintético do todo, o qual não permite a análise em separado das partes do todo, em
virtude das intrincadas inter-relações das partes entre si e com o todo, as quais não podem ser tratadas
fora do contexto do todo;
• O estudo das relações entre os elementos componentes, em preferência ao estudo dos elementos em
si, destacando-se o processo e as probabilidades de transição, especificados em função dos seus
arranjos estruturais e da sua dinâmica.
Esta parte inicial, com conceitos teóricos básicos, serviu, única e exclusivamente, para proporcionar
uma visão histórica da teoria de sistemas.

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1.3 SISTEMA
E SEUS ASPECTOS BÁSICOS
Sistema é um conjunto de partes interagentes e • As entradas do sistema, cuja função caracteriza as

interdependentes que, conjuntamente, formam um todo forças que fornecem ao sistema o material, a

unitário com determinado objetivo e efetuam determinada informação e a energia para a operação ou processo,

função. o qual gerará determinadas saídas do sistema que

Neste ponto, devem-se fazer algumas considerações devem estar em sintonia com os objetivos

sobre os componentes de um sistema, os quais estabelecidos;

complementarão o entendimento deste assunto para o • O processo de transformação do sistema, que é


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analista de sistemas, bem como para os usuários de seus definido como a função que possibilita a

serviços. transformação de um insumo (entrada) em um

Os componentes/atividades do sistema são: produto, serviço ou resultado (saída). Este

• Os objetivos, que se referem tanto aos objetivos dos processador é a maneira pela qual os elementos

usuários do sistema, quanto aos do próprio sistema. O componentes interagem no sentido de produzir as

objetivo é a própria razão de existência do sistema, ou saídas desejadas; as saídas do sistema, que

seja, é a finalidade para a qual o sistema foi criado; correspondem aos resultados do processo de
transformação.
As saídas podem ser definidas como as finalidades para A realimentação é um processo de comunicação que
as quais se uniram objetivos, atributos e relações do reage a cada entrada de informação incorporando o
sistema. As saídas devem ser, portanto, coerentes com resultado da "ação resposta" desencadeada por meio de
os objetivos do sistema; e, tendo em vista o processo de nova informação, a qual afetará seu comportamento
controle e avaliação, as saídas devem ser quantificáveis, subsequente, e assim sucessivamente. Essa
de acordo com parâmetros previamente fixados; os realimentação é um instrumento de regulação retroativa,
controles e avaliações do sistema, principalmente para ou de controle, em que as informações realimentadas são 5
verificar se as saídas estão coerentes com os objetivos resultados das divergências verificadas entre as
estabelecidos. Para realizar o controle e avaliação de respostas de um sistema e os parâmetros previamente
maneira adequada, é necessária uma medida do estabelecidos. Portanto, o objetivo do controle é reduzir
desempenho do sistema, chamada padrão; e a as discrepâncias ao mínimo, bem como propiciar uma
retroalimentação, ou realimentação, ou feedback do situação em que esse sistema se torna autorregulado.
sistema, que pode ser considerado como a reintrodução
de uma saída sob a forma de informação.
Outro aspecto a ser abordado é o ambiente do sistema, quer seja O administrador deve considerar três níveis na hierarquia de
quando o sistema considerado é a própria empresa tratada como sistemas:
um todo ou um procedimento. Neste caso, o sistema considerado • Sistema: é o que se está estudando ou considerando;
pode ser definido como o núcleo central ou sistema núcleo que é o • Subsistema: são as partes identificadas de forma
foco do estudo. estruturada, que integram o sistema; e
E, a partir desta situação, existem os limites do sistema, dentro do • Supersistema ou ecossistema: é o todo e o sistema é um
qual se analisa como o ambiente influi ou é influenciado pelo subsistema dele.
sistema considerado. Fica evidente que, dentro do conceito de que sistema é o que
Define-se ambiente como o conjunto de todos os fatores que, se está estudando ou analisando, quando o analista de
dentro de um limite específico, se possa conceber como tendo sistemas, organização e métodos estiver analisando a
alguma influência sobre a operação do sistema. estrutura organizacional da empresa como um todo, esta é o
De forma mais simples, pode-se definir ambiente de um sistema sistema; quando estiver analisando a situação da atividade de
como o conjunto de elementos que não pertencem ao sistema, mas contabilidade de custos, esta é o sistema; e assim por diante.
qualquer alteração no sistema pode mudar ou alterar os elementos;
O ambiente é também chamado de "meio ambiente", "meio Figura 1.
Níveis de ECOSSISTEMA SISTEMA SUBSISTEMA SUBSISTEMA

externo", "meio" ou "entorno". um sistema.


Os três níveis de um sistema podem ser visualizados na Figura 1.3

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Neste ponto, apresentam-se algumas considerações sobre os sistemas abertos:
Por exemplo, são as empresas que estão em permanente intercâmbio com o seu ambiente e se
caracterizam por equilíbrio dinâmico. Esse intercâmbio é constituído de fluxos contínuos de entradas e
saídas de matéria, energia e/ou informações, caracterizando, dessa forma, o equilíbrio dinâmico, a partir
de uma adaptação da empresa em relação a seu ambiente. Os sistemas abertos possuem propriedades
conceitualmente idênticas, porém insuficientes para a caracterização precisa de sistemas e subsistemas
específicos. Assim, os sistemas sociais apresentam a falta da estrutura física dos sistemas biológicos,
pois sua estrutura é muito mais uma estrutura de eventos e relacionamentos e de ações e interações do
que de partes físicas visivelmente observáveis. Por outro lado, as empresas são sistemas planejados
que mantêm a integridade de sua estrutura interna por intermédio de laços psicológicos. Tal integridade
é conseguida por intermédio de padrões formais de comportamento obtidos pela imposição de regras e
normas que, por sua vez, são justificadas pelos valores. Assim, funções, normas e valores fornecem
bases inter-relacionadas para a integração, o que não ocorre com os sistemas físicos.
O grau de complexidade de integração dos elementos componentes do processo de transformação de
um sistema decorre da complexidade e da dinâmica de funcionamento dos subsistemas que o integram.

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Os subsistemas empresariais variam de empresa para empresa, pois a natureza das mesmas
e a mais diversa possível, demandando, portanto, os mais variados tipos de subsistemas, os
quais contribuem para que os objetivos empresariais sejam alcançados com a máxima
eficiência. Pode-se, desse modo, classificar os subsistemas da seguinte forma:

a) Subsistemas principais: subsistema técnico de produção; e subsistema mercadológico.


b) Subsistemas complementares: subsistema contábil;
subsistema financeiro; e subsistema de recursos humanos.
c) Subsistemas de apoio: subsistema de processamento de dados;
subsistema de organização e métodos;
subsistema jurídico; etc.

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É evidente que esta classificação é genérica, sendo necessário ao administrador verificar a
melhor forma de decomposição na sua empresa.
Existem dois conceitos (Von Bertalanffy. 1972, p.194) que facilitam o entendimento da
empresa como sistema aberto e sua integração com o ambiente:
a) Eqüifinalidade, segundo a qual um mesmo estado final pode ser alcançado, partindo de
diferentes condições iniciais e por maneiras diferentes; e
b) Entropia negativa, que mostra o empenho dos sistemas em se organizarem para a
sobrevivência, através de maior ordenação.

O processo entrópico decorre de uma lei universal da natureza, na qual todas as formas de
organização se movem para a desorganização e morte. Entretanto, os sistemas abertos
podem gerar entropia negativa, por intermédio da maximização da energia importada, o que
pode ser obtido via maximização da eficiência com que o sistema processa essa energia.
Assim, os sistemas sociais podem deter quase indefinidamente o processo entrópico.
Apesar dessa possibilidade, é grande o número de empresas que ao longo da história
deixaram de existir.
Quando do estudo do processo entrópico, normalmente se considera este processo em sua
forma negativa. Mas a entropia também pode estar em sua forma positiva, ou seja, na
afirmação da desorganização e do desgaste.
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A realidade das empresas é extremamente dinâmica, Assim, o planejamento organizacional é um instrumento de
alterando-se a cada instante, por intermédio de modificações fundamental importância, pois visa antecipar-se às
ocorridas nos níveis de influência e nos elementos alterações da realidade por intermédio do planejamento da
condicionantes e componentes da estrutura organizacional. mudança (evolução dos sistemas). Para melhor evitar o
Desse modo, as constantes micro alterações poderão processo entrópico, a empresa deve planejar a trajetória dos
determinar, ao longo do tempo, uma total desorganização sistemas e subsistemas, por intermédio da análise e previsão
dos sistemas, levando-os a promoverem elevada entropia e da evolução das variáveis ambientais ou incontroláveis, e da
consequente desaparecimento, desde que os mesmos não análise e planejamento da evolução das variáveis 10

sejam ajustados à nova realidade existente. As micro controláveis e semicontroláveis, adaptando as últimas às
alterações são muito piores do que as macro alterações, pois primeiras, através de um processo integrativo.
enquanto estas alertam os administradores para os É evidente que esta classificação é genérica, sendo
clamorosos desajustes existentes entre os sistemas e a necessário ao administrador verificar a melhor forma de
realidade que o mesmo trata, aquelas só serão percebidas decomposição na sua empresa.
após certo período de tempo, durante o qual as pequenas
alterações podem ter gerado grande dose de ineficiência e
entropia.
Existem dois conceitos (Von Bertalanffy. 1972, p.194) que Assim, os sistemas sociais podem deter quase indefinidamente
facilitam o entendimento da empresa como sistema aberto e o processo entrópico. Apesar dessa possibilidade, è grande o
sua integração com o ambiente: número de empresas que ao longo da história deixaram de
a) Eqüifinalidade, segundo a qual um mesmo estado final pode existir.
ser alcançado, partindo de diferentes condições iniciais e por Quando do estudo do processo entrópico, normalmente se
maneiras diferentes; e considera este processo em sua forma negativa. Mas a
b) Entropia negativa, que mostra o empenho dos sistemas em entropia também pode estar em sua forma positiva, ou seja, na
se organizarem para a sobrevivência, através de maior afirmação da desorganização e do desgaste. 11
ordenação. A realidade das empresas é extremamente dinâmica,
O processo entrópico decorre de uma lei universal da natureza, alterando-se a cada instante, por intermédio de modificações
na qual todas as formas de organização se movem para a ocorridas nos níveis de influência e nos elementos
desorganização e morte. Entretanto, os sistemas abertos condicionantes e componentes da estrutura organizacional.
podem gerar entropia negativa, por intermédio da maximização
da energia importada, o que pode ser obtido via maximização
da eficiência com que o sistema processa essa energia.
Desse modo, as constantes micro alterações poderão determinar, ao longo do
tempo, uma total desorganização dos sistemas, levando-os a promoverem elevada
entropia e consequente desaparecimento, desde que os mesmos não sejam
ajustados à nova realidade existente.
As micro alterações são muito piores do que as macro alterações, pois enquanto
estas alertam os administradores para os clamorosos desajustes existentes entre os
sistemas e a realidade que o mesmo trata, aquelas só serão percebidas após certo
período de tempo, durante o qual as pequenas alterações podem ter gerado grande
dose de ineficiência e entropia. Assim, o planejamento organizacional é um
instrumento de fundamental importância, pois visa antecipar -•se às alterações da
realidade por intermédio do planejamento da mudança (evolução dos sistemas).
Para melhor evitar o processo entrópico, a empresa deve planejar a trajetória dos
sistemas e subsistemas, por intermédio da análise e previsão da evolução das
variáveis ambientais ou incontroláveis, e da análise e planejamento da evolução das
variáveis controláveis e semicontroláveis, adaptando as últimas às primeiras,
através de um processo integrativo.

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A eqüifinalidade e a entropia negativa podem facilitar o entendimento de uma
das características dos sistemas abertos, ou seja, a tendência à diferenciação,
em que configurações globais são substituídas por funções mais especializadas,
hierarquizadas e altamente diferenciadas (Katz & Kahn, 1973, p.41); esse é, por
exemplo, o caso das empresas.

O conceito de adaptação é definido por Ackoff (1974, p.12) como a resposta a


uma mudança (estímulo) que reduz de fato ou potencialmente a eficiência do
comportamento de um sistema; uma resposta pode ser interna (dentro do siste-
ma) ou externa (no seu ambiente).

Portanto, o referido autor admite que possa haver mudanças no próprio-sistema,


refletindo-se no ambiente ou no próprio sistema. Assim, adaptação é a
habilidade do sistema para se modificar ou modificar seu ambiente quando
algum deles sofreu uma mudança.

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