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Disciplina: Fisiologia Humana

Aula 5: Sistema endócrino


Apresentação

O sistema endócrino é resultado da comunicação neural necessária para organismos de maior complexidade. Considerados
mensageiros químicos que transportam moléculas sinalizadoras na circulação sistêmica, hormônios já podiam ser
encontrados em invertebrados e em cordados há milhões de anos.

Em vários organismos (inclusive em humanos), moléculas com diferentes características químicas participam até hoje da
sinalização endócrina para manter as funções orgânicas, como crescimento, desenvolvimento, metabolismo, equilíbrio
hidroeletrolítico e reprodução. O hipotálamo se mostra como o principal centro integrador das respostas efetoras para o
controle da homeostase.

Na aula de hoje, conheceremos a organização funcional do sistema endócrino e como ele pode ser quase integralmente
coordenado através de eixos hormonais especí cos mediados pelo hipotálamo, pela glândula hipó se e pelas glândulas
periféricas.

Objetivos

Estabelecer as características e os mecanismos de ação dos hormônios;

Analisar a regulação e as funções dos eixos endócrinos entre o hipotálamo e a hipó se;

Veri car os principais hormônios envolvidos no controle do meio interno.


Sistema hipotálamo-hipo sário

O hipotálamo e a glândula hipó se são responsáveis pelo


controle das funções de várias glândulas endócrinas, como
tireoide, adrenais e gônadas. Por isso, essas estruturas
representam uma unidade capaz de exercer o controle de
muitas funções orgânicas.

No hipotálamo, encontramos neurônios responsáveis pela


secreção de hormônios peptídicos conhecidos como
neurônios peptidérgicos. Eles apresentam as mesmas
propriedades elétricas das outras células nervosas, como a
de agração de potenciais quando estimulados.

O potencial de ação provocado no corpo celular trafega até a terminação do axônio, onde, através do in uxo de cálcio,
desencadeia a secreção dos hormônios que se encontram em vesículas de armazenamento. As secreções provenientes dos
neurônios peptidérgicos são:

Peptídeos liberadores ou inibidores dos vários Peptídeos neuro-hipo sários: Vasopressina (AVP) ou
hormônios da hipó se anterior (ou adeno-hipó se): que hormônio antidiurético (ADH) e ocitocina, que são
estimulam ou inibem a secreção dos hormônios adeno- sintetizados por neurônios hipotalâmicos e
hipo sários. armazenados em terminações axônicas presentes no
interior da hipó se posterior ou neuro-hipó se.

Basicamente, podemos distinguir duas classes de neurônios hipotalâmicos responsáveis por secretar hormônios:
Na circulação porta-hipo sária;
Na circulação geral.

A secretação de seus hormônios na circulação porta-


hipo sária para regular a síntese e liberar os hormônios da
adeno-hipó se é considerada fator estimulador ou inibidor
hipotalâmico ( gura 5.1).

 Figura 5.1. Organização do sistema hipotálamo-hipofisário. Neurônios pertencentes


do SNC (1), neurônios parvicelulares (2, 3 e 4) e neurônios magnocelulares (5). Fonte:
(AIRES, 2012).

Atenção

Note na gura acima as duas conexões existentes entre o hipotálamo e a hipó se:

Anatomicamente, pela haste hipo sária;


Funcionalmente, por neurônios provenientes de diferentes núcleos hipotalâmicos.

A glândula hipó se apresenta-se dividida em basicamente duas porções:

 (Fonte: Tefi / Shutterstock).


No quadro 5.1, observamos os hormônios hipotalâmicos e suas relações com os hormônios sintetizados na adeno-hipó se.
Encontram-se listados nele os seguintes hormônios:

TRH (hormônio liberador de TSH): Estimula a síntese e a liberação de hormônio tireotró co (TSH) e prolactina (Prl);

GnRH (hormônio liberador de gonadotro nas): Estimula a síntese e a liberação dos hormônios gonadotró cos
foliculestimulante (FSH) e luteinizante (LH);

Somatostatina (SS) ou GHRIH: Inibe a síntese e liberação tanto de hormônio de crescimento (GH) quanto de TSH;

CRH (hormônio liberador de ACTH): Estimula a síntese e liberação de corticotro na (ACTH);

GHRH (hormônio liberador de GH): Estimula a síntese e liberação de GH e, a dopamina, conhecida como hormônio inibidor
da liberação de prolactina (Prl). (AIRES, 2012, p. 1002)

Hormônios hipotalâmicos Hormônios adeno-hipofisários

Hormônio liberador de tireotrofina (TRH) + Hormônio tireotrófico (TSH) eprolactina (Prl)

+ Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e peptídios derivados da


Hormônio liberador de corticotrofina (ACTH)
pró-opiomelanocortina (POMC) = melanocortinas

Hormônio liberador de hormônio luteinizante (LHRH) ou + Hormônio luteinizante (LH) e + Hormônio foliculoestimulante
hormônio liberador de gonodotrofinas (GnRH) (FSH)

Hormônio liberador de hormônio de crescimento (GHRH). + Hormônio do crescimento (GH)

Hormônio inibidor da liberação de hormônio de crescimento


- GH e TSH
(GHRIH = GIH) ou somatostatina (SS)

Fator inibidor da liberação de Prl (PIF) = dopamina (DA), GABA,


- Prl
peptídio associado às gonadotrofinas (GAP)

Fator liberador de Prl (PRF) = peptídio intestinal vasoativo


+ Prl
(VIP), peptídio histidina-isoleucina (PHI), TRH

Quadro 5.1. Hormônios hipotalâmicos e suas relações com a adeno-hipófise. Os sinais de + e – indicam estimulação e inibição respectivamente. Fonte: (AIRES, 2012).

 (Fonte: Kateryna Kon / Shutterstock).


Eixo hipotálamo-hipó se-tireoide
A glândula tireoide é uma glândula em formato de borboleta localizada na porção anterior da traqueia, logo abaixo da laringe. É
considerada uma das maiores glândulas endócrinas do corpo humano, pesando aproximadamente entre 15 e 20 g. A tireoide
possui dois diferentes tipos de células:

Células C, responsáveis pela secreção Células foliculares, que secretam os


de calcitonina. hormônios tireoidianos.

Dica

Secretado no hipotálamo, o TRH controla a secreção do hormônio da adeno-hipó se, a tireotro na, também conhecida como
hormônio estimulador da tireoide (TSH). A secreção de TRH é estimulada pelas aferências noradrenérgicas que partem do tronco
encefálico e pelo hormônio antidiurético (ADH). Por outro lado, os opiáceos endógenos, os glicocorticoides, a dopamina e a
somatostatina inibem a liberação de TRH.

Secretado na adeno-hipó se, o TSH irá atuar na glândula tireoide para sintetizar os hormônios tireoidianos. Esses hormônios
controlam a secreção do TRH e TSH através de um sinal de retroalimentação negativa para evitar sua hipersecreção ( gura 5.2).

 Figura 5.2. Esquema do controle da retroalimentação


negativa sobre o eixo hipotálamo-hipófise-tireoide. Fonte:
(SILVERTHORN, 2010).

Atenção

A função principal dos hormônios da tireoide é atuar nos tecidos periféricos e exercer controle do metabolismo oxidativo com o
intuito de oferecer substrato energético satisfatório para os diversos tecidos. Uma vez que os hormônios da tireoide possuem
papel fundamental no controle do metabolismo oxidativo (nas mitocôndrias), promovendo aumento do consumo de oxigênio
tecidual, eles também exercem um importante efeito na produção de calor corporal (termogênese) para manter as funções
orgânicas em condições normais (termogênese obrigatória) e a temperatura em condições extremas (frio abaixo de 4 graus
celsius, chamado nesse caso de termogênese facultativa).
Os hormônios da tireoide também possuem ação permissiva, interagindo nos receptores de outros hormônios para potencializar
ou modular suas ações. Exemplo: os hormônios da tireoide podem atuar nos receptores β-adrenérgicos no coração, promovendo
aumento da frequência cardíaca e da força de contração do miocárdio. Adicionalmente, os hormônios da tireoide são essenciais
para a secreção do hormônio do crescimento (GH), apresentando um papel fundamental para o crescimento e o desenvolvimento
normal nas crianças. (SILVERTHORN, 2010, p. 738)

Quando o T4 ou T3 interagir com o receptor de membrana, notaremos as seguintes ações:

Aumento da atividade das Aumento de captação de glicose. Controle do transporte de cálcio e


calmodulinas e dos da remodelação da actina,
transportadores iônicos nos modi cando o citoesqueleto em
miócitos e cardiomiócitos. vários tecidos.

 Figura 5.3. Ação dos hormônios da tireoide nos tecidos periféricos. Fonte: (AIRES, 2012)

Biossíntese dos hormônios tireoidianos

Chamadas de ácidos tireoidianos, as células foliculares são responsáveis pela biossíntese dos hormônios tireoidianos.
Inicialmente, essas células promovem a síntese de uma glicoproteína, a tireoglobulina (TG), e das enzimas necessárias para a
síntese dos hormônios da tireoide ( gura 5.4).
 Figura 5.4. Esquema representativo das etapas responsáveis pela biossíntese dos hormônios tireoidianos (T3 e T4).
Fonte: (AIRES, 2012)

As moléculas de TG são empacotadas em vesículas e transportadas até o centro do folículo coloide, enquanto as células
foliculares também transportam o iodo (I-) com o Na+ (simporte sódio-iodo). Assim, o iodo é deslocado para o interior da célula
folicular e, em seguida, lançado no coloide.

À medida que as moléculas de I- entram no coloide, o iodo é incorporado ao resíduo de tirosina da molécula de TG através da
catálise realizada pela enzima tireoide peroxidase (TPO). A adição de um ou dois iodos à tirosina é responsável pela formação de
monoiodotirosina (MIT) ou diiodotirosina (DIT).

Dica

MIT e DIT podem sofrer um processo de acoplamento, combinando-se para formar a triiodotironina (T3) pela ação da enzima
desiodase. Duas DIT também podem se unir para criar a tetraiodotironina ou a tiroxina (T4). No entanto, percebam que o T3 e o T4
continuam ligados à TG. Nessa última etapa, temos a participação do TSH, responsável pela formação de gotículas de coloide no
interior da célula folicular, cujas vesículas se fundem com lisossomos ou fagossomos (com função proteolítica). Ocorrerá aí a
degradação da TG e o desprendimento das moléculas de MIT, DIT, T3 e T4 na circulação sanguínea. (SILVERTHORN, 2010, p. 736)

Hormônio da paratireoide e equilíbrio do Ca2+

O equilíbrio do Ca2+ no organismo ocorre pela atuação de três hormônios:

Hormônio da paratireoide ou
Calcitriol (vitamina D3) Calcitonina
paratormônio (PTH)

Os dois hormônios mais importantes para o controle dessa função são o PTH e o calcitriol. A paratireoide é formada por quatro
pequenas glândulas que repousam na porção posterior da glândula tireoide ( gura 5.4).
 Figura 5.4. Localização e posicionamento das glândulas paratireoides distribuídas
posteriormente nos dois lobos (direito e esquerdo) da glândula tireoide. Fonte:
(SILVERTHORN, 2010)

O estímulo para a síntese de PTH envolve as baixas concentrações de Ca2+ no plasma. Sua atuação ocorre nos ossos, nos rins e
no intestino para que as concentrações plasmáticas de Ca2+ retornem à faixa de normalidade. Quando as concentrações de Ca2+
encontrarem-se elevadas no plasma, ele atuará como feedback negativo e inibirá a secreção de PTH pela glândula ( gura 5.5).

Podemos notar na ilustração que o PTH promove o aumento das concentrações de Ca2+ pelo aumento de:

Absorção intestinal (devido à


Retenção de Ca2+ nos ossos Reabsorção renal de Ca2+ sua in uência sobre a
vitamina D3).
 Figura 5.5. Atuação
2+
do PTH e do calcitriol na regulação da
homeostase do Ca . Fonte: (SILVERTHORN, 2010)

Eixo hipotálamo-hipó se e secreção do hormônio do crescimento (GH)

O crescimento dos seres humanos é extremamente dependente da secreção do GH. Por isso, sua secreção deve ocorrer ao longo
de toda a vida, mas sua in uência no crescimento é mais importante na fase da infância e o pico de secreção ocorre na
adolescência. Os estímulos responsáveis pela secreção de GH são direcionados até o hipotálamo1 .

Como observado na gura 5.6, o GH é secretado diretamente pelas células da adeno-hipó se mediante in uências de:

Ritmo circadiano (nas duas primeiras horas de sono);


Estresse;
Cortisol;
Situação de jejum.

Uma vez liberado na circulação sanguínea, o GH é transportado para os tecidos ligados às proteínas ligantes de GH (GHBP).
 Figura 5.6. Eixo hipotálamo-hipófise-GH no controle
da secreção dos IGFs (também conhecidos como
somatomedinas). Fonte: (SILVERTHORN, 2010)

Os fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGFs) atuarão como hormônios tró cos sobre diversos tecidos, promovendo
importantes efeitos no controle do crescimento e do metabolismo energético. O GH possui um papel tró co importante, pois atua
na secreção dos IGFs no fígado e em outros tecidos. A via de retroalimentação negativa para a síntese de GH é controlada pelos
próprios IGFs e pela somatostatina, atuando na adeno-hipó se e no hipotálamo.

Dica

Os IGFs atuam em conjunto com o hormônio do crescimento para estimular o crescimento dos ossos e dos tecidos moles. Por
outro lado, o GH e os IGFs atuam como hormônios anabólicos devido às suas atuações na síntese de proteínas e por estimular o
crescimento ósseo.

No entanto, o GH e os IGFs são metabolicamente responsáveis pelo aumento das concentrações plasmáticas de ácidos graxos e
de glicose por promover a degradação dos lipídeos (lipólise) e a produção de glicose hepática, além de inibir a entrada de glicose
na célula, potencializando a utilização dos lipídeos como fonte de energia. (SILVERTHORN, 2010, p. 742)

Atenção

Em algumas crianças, a síntese de GH pode ser de ciente, gerando complicações no crescimento conhecidas como nanismo. Por
outro lado, essa síntese pode ultrapassar a faixa de normalidade na infância e resultar no oposto: gigantismo. Porém, ao nal da
adolescência, quando o GH não atua mais no crescimento (estatura), sua hipersecreção pode promover o que chamamos de
acromegalia, fenômeno caracterizado por alongamento da mandíbula, expressões faciais grosseiras e crescimento das
extremidades (mãos e pés). (SILVERTHORN, 2010, p. 742)

Eixo hipotálamo-hipó se-adrenais (secreção de glicocorticoides)


Também chamadas de suprarrenais, adrenais são glândulas localizadas acima de cada rim que recebem estímulos de
precursores hipo sários. Na gura 5.7, observamos um corte longitudinal da glândula com suas respectivas zonas (camadas),
podendo ser divididas em região cortical (zonas glomerulosa, fasciculada e reticular) e medula das adrenais. Notamos na gura a
seguir que cada zona é responsável pela secreção de um tipo de hormônio devido às características das células nestas regiões.
(SILVERTHORN, 2010, p. 731)

 Figura 5.7. Ilustração da glândula suprarrenal com suas respectivas zonas e secreções hormonais específicas. Fonte: (SILVERTHORN, 2010).

A medula da glândula suprarrenal ocupa cerca de um quarto da massa interna que recebe impulsos noradrenérgicos
responsáveis pela maior parte da secreção de adrenalina. As catecolaminas irão atuar em respostas rápidas em situações de luta
ou fuga, enquanto o córtex da glândula suprarrenal forma os outros três quartos (3/4) exteriores da glândula e secreta uma
variedade de hormônios esteroides (aldosterona, testosterona e glicocorticoides).

Glicocorticoides

Chamada de zona fasciculada, a camada intermediária é responsável pela secreção de glicocorticoides. Sua denominação advém
de sua grande habilidade em aumentar as concentrações plasmáticas de glicose.

O cortisol é o principal glicocorticoide secretado pelo córtex da glândula suprarrenal


em humanos.

O controle da secreção de cortisol é conhecido como eixo hipotálamo-hipó se-adrenal (HPA). O eixo HPA se inicia pela secreção
do hormônio liberador de corticotro nas (ou CRH). O CHR é lançado no sistema porta hipotalâmico-hipo sário e transportado até
a adeno-hipó se. A partir daí, esse hormônio estimula a secreção do hormônio adrenocorticotró co, conhecido como ACTH, na
adeno-hipó se.

O ACTH, por sua vez, será transportado até a região cortical da glândula suprarrenal, especi camente na zona fasciculada, local
onde ocorrerá a síntese e secreção de cortisol. Da mesma maneira observada nos hormônios tireoidianos (T3 e T4), o cortisol irá
atuar através de um sistema de retroalimentação negativa, inibindo assim a secreção tanto de ACTH quanto de CRH ( gura 5.8).
(SILVERTHORN, 2010, p. 733)
 Figura 5.8. Exemplo ilustrativo do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal
(HPA). Fonte: (SILVERTHORN, 2010)

Exemplo

Note na gura acima que o cortisol pode atuar em diversos tecidos para promover o controle do sistema imunológico (função
anti-in amatória) e do metabolismo energético (carboidratos, proteínas e gorduras). O cortisol é um hormônio esteroide cuja
secreção é contínua, mas seu pico ocorre durante o período da manhã (diurno), reduzindo ao longo do dia até o período da noite,
embora aumente em situações especí cas de estresse juntamente com as catecolaminas. Ele é transportado pela circulação
sanguínea através de proteínas plasmáticas denominadas proteínas ligantes de corticosteroides (CBG).

Embora seja considerado um hormônio de resposta ao estresse, o cortisol secretado pelas adrenais possui mecanismo de
atuação muito mais lento se comparado ao das catecolaminas. No metabolismo energético, o cortisol possui importante função
no controle da glicemia (evita a hipoglicemia). Quando os níveis glicêmicos diminuírem, além das catecolaminas e do glucagon, o
cortisol também atuará na promoção da gliconeogênese e na quebra de glicogênio hepático, mobilizando glicose para circulação
sanguínea.

Embora o cortisol tenha um papel relevante na gliconeogênese, sua função catabólica é muito mais importante. Observemos
abaixo as principais funções do cortisol no organismo:

Promove gliconeogênese hepática. Uma parte da glicose produzida no fígado é liberada para o sangue, enquanto o restante
1 é estocado como glicogênio. Como resultado, o cortisol aumenta a concentração de glicose no sangue.

2 Causa a degradação de proteínas do músculo esquelético para ajudar na gliconeogênese.

3 Promove lipólise, disponibilizando ácidos graxos e glicerol para os tecidos periféricos.

Inibe o sistema imunológico. Este mecanismo possui importante papel no controle da in amação (atuação anti-
4 in amatória).

Promove o balanço negativo do Ca2+. Isso ocorre através da diminuição da absorção intestinal de Ca2+ e do aumento da
excreção renal do cátion, causando uma maior excreção de Ca2+ pelo organismo. Portanto, o cortisol atua também como
5 catabólico no tecido ósseo. Em decorrência disso, pacientes em períodos longos de tratamento com corticoides possuem
maior incidência de fraturas ósseas em comparação a indivíduos normais.

In uencia a função cerebral. Estados de excesso de cortisol ou de de ciência dele causam alterações no humor, além de
6 interferir na memória e na aprendizagem.

Hormônios sexuais e controle da reprodução

A regulação das secreções hormonais para o controle da reprodução humana ocorre através do eixo hipotálamo-hipó se-
gônadas. As gônadas referem-se às glândulas dos aparelhos reprodutores:

Ovário

Testículo
(mulher) (homem)

O sinal inicial ocorre através da produção do hormônio liberador de gonadotro nas no hipotálamo (GnRH). A partir daí, ele é
transportado para a adeno-hipó se. Uma vez nela, o GnRH estimulará a síntese de outras duas gonadotro nas:

Hormônio folículo estimulante Hormônio luteinizante (LH)


(FSH)
Age principalmente em células endócrinas ao
É necessário, junto com os hormônios estimular a produção dos hormônios
esteroides gonadais, para o controle e a esteroides gonadais. (SILVERTHORN, 2010, p.
manutenção da gametogênese; 809).

Dica

No aparelho reprodutor masculino, a via de controle homeostático desse eixo funciona da seguinte forma: à medida que os níveis
circulantes dos esteroides gonadais estão reduzidos, o hipotálamo inicia a secreção de GnRH. Em seguida, a hipó se (adeno-
hipó se) promove a síntese de FSH e LH ( gura 5.9). Uma vez nos testículos, o FSH irá promover nas células de Sertoli o
desenvolvimento testicular (puberdade), além de iniciar a secreção de inibina, ativina, enzimas e ABP, proteína ligante de
androgênios. O FSH também estimula a atividade da enzima aromatase, o que favorece a produção local de estradiol.
 Figura 5.9. Controle do eixo reprodutor masculino. Fonte:
(SILVERTHORN, 2010)

O LH atua nas células de Leydig A testosterona pode sofrer A inibina e a testosterona


para promover a síntese e atuação de duas enzimas: promovem o controle da
secreção de testosterona. O retroalimentação negativa sobre:
processo se inicia a partir do Aromatase: Promove sua

colesterol clivado na seguinte conversão a estradiol; GnRH, no nível do

sequência: 5α-redutase: Converte a Di- hipotálamo;


hidrotestosterona (DHT) em FSH e LH, no nível da adeno-
Pregnenolona; alguns tecidos ( gura 5.10). hipó se.
17-OH progesterona;  

Androstenediona;
Testosterona.

No aparelho reprodutor feminino, de modo muito semelhante ao masculino, o padrão de secreção do GnRH pelo hipotálamo é
intermitente e mantém-se o mesmo para FSH e LH na hipó se.

Atenção

Os efeitos androgênicos são responsáveis pelos traços masculinos típicos (crescimento de barba, pelos corporais etc.). Já os
efeitos anabólicos estão intimamente relacionados à síntese de proteínas. (AIRES, 2012, p. 1119)
 Figura 5.10. Sequência da síntese de testosterona a partir do colesterol e conversão
da testosterona em outros esteroides ativos. Fonte: (AIRES, 2012)

Esse sistema apresenta características estruturais e funcionais distintas em cada fase da vida:

Fetal;
Infantil;
Juvenil;
Adulta reprodutiva;
Climatério;
Senectude.

 (Fonte: sciencepics / Shutterstock).

Ciclos da reprodução humana


Concentraremos nossa atenção na fase adulta reprodutiva (conhecida como menacme). Ela se caracteriza por um processo
repetitivo de alterações estruturais e funcionais chamado de ciclo menstrual. Normalmente, esses ciclos possuem periodicidade
relativamente constante. Sua duração é de 28 dias, embora um ciclo possa variar entre 25 e 35 dias.

Ciclo ovariano Ciclo uterino

Pode ser dividido em três fases. Ocorre paralelamente ao ciclo ovariano. Também possui
três fases.
Fase folicular
Fase ovulatória Fase menstrual
Fase lútea (ou período pós-ovulatório) Fase proliferativa
Fase secretora
Leia mais... <galeria/aula5/anexos/ciclo_ovariano.pdf>
Leia mais... <galeria/aula5/anexos/ciclo_uterino.pdf>
Ciclo uterino e menstruação Controle do eixo reprodutor feminino

A secreção dos hormônios ovarianos e das O eixo reprodutor feminino se inicia através da secreção
gonadotro nas ocorre de maneira sincronizada. Caso de GnRH, que irá estimular a secreção de LH e FSH.
não haja a implantação do zigoto, ocorrerá a interrupção
Leia mais...
sincronizada do ciclo ovariano (com a regressão do
<galeria/aula5/anexos/controle_do_eixo_reprodutor_feminino.pdf>
corpo lúteo) e do ciclo uterino (dependente de
estrogênio e progesterona do corpo lúteo).

A redução desses hormônios no útero provoca


alterações vasculares devido ao aumento da síntese de
prostaglandinas, que induzem isquemia e necrose do
revestimento uterino (endométrio).

Leia mais...
<galeria/aula5/anexos/ciclo_uterino_e_menstruacao.pdf>

Atividade
1. Como GH, IGF-1, T3 e insulina in uenciam no crescimento normal na infância?

2. Pesquise a respeito e descreva as características da doença de Addison no contexto da resposta ao estresse.

3. Pesquise a respeito da in uência da testosterona no comportamento social de seres humanos.

Notas

Hipotálamo 1

O hipotálamo possui núcleos que secretam os hormônios liberador (GhRH) e inibidor do GH (GhIH ou somatostatina).

Referências

AIRES, M. M. Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de siologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.

POWERS, S.K.; HOWLEY, E.T. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao ao condicionamento físico e ao desempenho. 8. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana – uma abordagem integrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
Próxima aula

Características dos vasos e componentes do sangue;

Mecanismos de controle da temperatura e pressão arterial;

Transporte dos gases no sangue.

Explore mais

Assista aos vídeos abaixo:

Hormônios <https://www.youtube.com/watch?v=KZoAhBWh_Hk> ;

Organização funcional do sistema endócrino <https://www.youtube.com/watch?v=0AcIYjAMuQc> ;

Sistema hipotálamo-hipó se <//eaulas.usp.br/portal/video.action;jsessionid=5B50C86817F5DD6A5D3FB452F4AE7ED1?


idItem=2209> ;

Ciclo reprodutor feminino <//eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=1972> ;

Anatomia e siologia do sistema reprodutor masculino e feminino e controle endócrino <//eaulas.usp.br/portal/video.action?


idItem=1956> ;

Distúrbios endócrinos <https://www.youtube.com/watch?v=hq7v_rVeYvc> ;

Corticosteroides <//eaulas.usp.br/portal/video?idItem=4578> ;

Neuroendocrinologia do estresse <https://www.youtube.com/watch?v=fHn7Gp4rQVs> ;

Controle endócrino do crescimento <https://www.youtube.com/watch?v=xx_wL-16QTs> ;

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