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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”


PROJETO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por: Andresa Rocha de Cerqueira

Orientador
Profª Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro
2004
2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES


PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

OBJETIVOS:
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como condição prévia para
a conclusão do Curso de Pós-Graduação
“Lato Sensu” em Psicopedagogia.
Por: Andresa Rocha de Cerqueira
3

AGRADECIMENTOS

...aos meus familiares, amigos


e professores, etc...
4

DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia a minha


família, que sempre me apoiou,
para a realização da minha
especialização profissional.
5

RESUMO

É muito importante perceber o significado do brincar


para criança na Educação Infantil. Na sociedade em que
vivemos, os brinquedos estão cada vez mais sofisticados e
visam muito mais à satisfação do mundo adulto do que das
necessidades infantis. É necessário que se conheçam as
necessidades do desenvolvimento infantil para proporcionar as
oportunidades de que nossas crianças tanto precisam.
O presente trabalho monográfico tem o valor de tratar, com
seriedade sobre a importância de se resgatarem os aspectos
lúdicos na Educação Infantil. Brincar envolve prazer,
tensões, dificuldades e, sobretudo desafios. O grande desafio
até aqui tem sido o de abrir um espaço no mundinho das
crianças, através de suas brincadeiras. O brinquedo é parte
integrante da vida da criança. Ao brincar ela organiza seu
pensamento, faz uso da linguagem e da sua criatividade. Porém
mais importante do que o brinquedo propriamente dito é o que
ele revela e como é explorado pela criança.
Desta forma o trabalho dos educadores na Educação Infantil
precisa estar interagindo com atividades lúdicas para que o
professor esteja sempre ligado através das atitudes de seus
alunos nas brincadeiras e desta forma conhecendo melhor a
maneira de agir, pensar e principalmente o desenvolvimento de
cada um junto ao grupo.
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METODOLOGIA

A metodologia utilizada se baseia na pesquisa


bibliográfica, a qual forneceu subsídios para entender a
importância da presença do brincar, do lúdico no trabalho dos
educadores na Educação Infantil. Mostrando de que forma o
papel do brincar pode auxiliar os professores a entenderem de
forma mais eficaz o mundo das crianças e a forma como essas
se desenvolvem.
Observa-se a necessidade dos educadores principalmente da
Educação Infantil, de tornarem suas aulas mais dinâmicas e
prazerosas para que seus alunos estejam mais motivados.
A proposta desta monografia é de valorizar o lúdico, para
que a sala de aula seja o momento mais esperado pelo aluno,
fazendo com que educadores revejam seus métodos de ensino,
mostrando que todos nós já fomos crianças e temos que acordar
esse ser criativo e apaixonante que tem o dom de educar.
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SUMÁRIO

08
INTRODUÇÃO

11
CAPÍTULO I - O Brincar

CAPÍTULO II - Brincando e Aprendendo 28

CAPÍTULO III – O Papel do Educador 39

CONCLUSÃO 52

BIBLIOGRAFIA 53

ATIVIDADES CULTURAIS 55

ÍNDICE 56

FOLHA DE AVALIAÇÃO 58
8

INTRODUÇÃO

O Brincar tem conquistado um espaço no panorama da educação


infantil.

O brinquedo é a essência da infância e seu uso permite um


trabalho pedagógico que possibilita a produção do
conhecimento e também a estimulação da afetividade na
criança. A criança estabelece com o brinquedo uma relação
natural e consegue extravasar suas angústias e paixões; suas
alegrias e tristezas, suas agressividades e passividades.

A brincadeira deve ser vista como um princípio que


contribui para o exercício da cidadania, ou seja, a criança
deve ter o direito de brincar como forma particular de
expressão, pensamento, interação e comunicação infantil.
Através da brincadeira, ocorre o desenvolvimento das
capacidades cognitivas (imitação, imaginação, regras,
transformação da realidade, acesso e ampliação dos
conhecimentos prévios); afetivos e emocionais (escolha de
papéis, parceiros e objetos, vínculos afetivos, expressão de
sentimentos); interpessoais (negociação de regras e
convivências social); físicas (imagem e expressão corporal);
éticas e estéticas (negociação e uso de modelos
socioculturais); desenvolvimento da autonomia (pensamento e
ação centrados na vontade e desejos)
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A maneira como uma criança brinca nos reflete a forma de


pensar, construindo sua história de vida interagindo com as
outras pessoas e com o mundo.
Através da brincadeira, a criança cria uma ponte do
imaginário para o real e manipula a realidade. Quando nos
apropriamos do espaço da sala de aula e criamos o
encantamento necessário para que a criança se sinta
apaixonada pelo instante em que vive na escola, estamos
criando o ambiente necessário para envolvê-la.
No brinquedo, a criança opera com um significado alienado
numa situação real. Através do brinquedo, ela faz o que mais
gosta de fazer porque está unindo ao prazer; ao mesmo tempo,
ela aprende a seguir os caminhos mais difíceis, subordinando-
se às regras e, por conseguinte, renunciando ao que ela quer,
uma vez que a sujeição às regras e a renúncia à ação
impulsiva, constituem o caminho para o prazer no brinquedo.
Talvez o mais difícil de ser compreendido no contexto
escolar seja brincar /aprender. A brincadeira muitas vezes é
vista como se existisse “ fora “ da escola.
O presente tema aborda o papel do brincar na Educação
Infantil sendo de suma importância para valorizar a
brincadeira como forma de expressão, que traduza a construção
dos conhecimentos pela criança.
Quanto mais nova a criança, mais individual e egocêntrica
é a sua brincadeira.
Não significando com isso uma hipertrofia da consciência
do eu, mas simplesmente uma incapacidade momentânea da
criança de descentrar-se, isto é, colocar-se em outro ponto
de vista que não o ”próprio”.
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À medida em que a criança interage com os objetos e com os


outros, vai construindo relações e conhecimentos a respeito
do mundo em que vive, porém, nesta fase, esse conhecimento
ainda não é suficiente para que a criança estabeleça relações
de grupo.
Essa autocentração é característica nas crianças quando
ingressam nas classes de Educação Infantil. Aos poucos, a
escola e a família, em conjunto, devem favorecer uma ação de
liberdade para essa criança e, desta forma, o processo de
socialização se dará gradativamente, através das relações que
ela irá estabelecer com seus colegas na escola.
Para que isto ocorra, a criança não deve sentir-se
bloqueada, nem tampouco oprimida em seus sentimentos e
desejos. Suas diferenças e experiências individuais devem,
principalmente na escola, ter um espaço relevante sendo
respeitadas nas relações com o adulto e com as outras
crianças.
Brincando em grupo as crianças envolvem-se em uma situação
imaginária onde cada um poderá exercer papeis diversos aos de
sua realidade, além do que, estarão necessariamente
submetidas a regras de comportamento e atitude.
11

CAPÍTULO I
O Brincar
“O brinquedo, para a criança é a coisa
mais séria do mundo e é tão necessário
ao seu desenvolvimento físico como o
são o alimento e o descanso “

Mitchell,H (1938)
12

A HISTÓRIA DO BRINQUEDO

O brinquedo é um objeto que traz em si uma realidade


cultural, uma visão de mundo e de criança. Nesse sentido,
dependendo do material de que foi fabricado, madeira, espuma,
ferro, pano ou vinil; da forma e/ou do desenho bonecas bebês
ou adultas; do aspecto tátil bichos de pelúcia ou de
borracha; da cor panelinhas cor-de-rosa; do cheiro e dos sons
que porventura emitam, os brinquedos oferecem possibilidades
de experiência variadas.
Em outros tempos, o brinquedo era a peça do processo de
produção que ligava pais e filhos. Madeira, ossos, tecidos,
sementes, pedras, palha e argila eram os materiais usados
para sua construção. Antes do século XIX, a produção de
brinquedos não era função de uma única indústria. Dos restos
dos materiais usados nas construções, os adultos criavam
objetos que, de um modo ou de outro, iam parar nas mãos das
crianças. No entanto, nem sempre foi assim.
Foi o reconhecimento da infância como fase específica da
vida, com suas características e necessidades, que
possibilitou identificar-se o brinquedo como objeto infantil.
A partir do século XIX, quando o brinquedo deixa de ser o
resultado de um processo doméstico de produção, que unia
adultos e crianças, para ser comercializado, sua forma,
tamanho e imagem mudam. As miniaturas cedem lugar aos objetos
maiores, indicando que, cada vez mais, a criança passa a
brincar sozinha, sem a parceria do adulto.
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Atualmente, portanto, a quantidade de brinquedos é enorme e


sua qualidade varia tanto no brinquedo artesanal quanto no
brinquedo industrializado.

A história, no entanto, não é única e linear. Existem povos


que viveram processos distintos de desenvolvimento e que
atribuem diferentes noções de família, adulto ou criança. Tal
fato nos leva a perceber que os significados e valores dados
aos brinquedos e brincadeiras vão variar de acordo com o
tempo e com o contexto.

Os grandes centros urbanos, em geral, passaram por


transformações que permitem identificar características
semelhantes em várias partes do mundo. Até a metade do século
XX, as cidades não eram tão grandes nem tão violentas e havia
espaços para brincar na rua, no quintal, nos terrenos vazios
e nas praças. Grupos de crianças de idades e origens sociais
variadas participavam das brincadeiras. O brinquedo
industrializado já circulava na cidade, mas era ainda
restrito à classe média. A sociedade de consumo, no entanto,
não tinha se consolidado e os adultos (pais, tios avós,
vizinhos) ainda contribuíam ativamente para as experiências
lúdicas das crianças, confeccionando bonecas de pano,
carrinhos de madeira e bolas de meia, ou participando das
brincadeiras, propondo cirandas, batendo corda ou riscando o
jogo da amarelinha no chão. Gradativamente, no entanto, as
crianças foram sendo alijadas do convívio com os adultos e do
espaço urbano. O espaço das crianças foi se limitando cada
vez mais, até se tornar um conjunto de pequenas áreas, ou
locais de consumo. Houve um processo de infantilização da
brincadeira e uma progressiva desvalorização já que, num
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mundo orientado pelo trabalho e pelo lucro, ela é considerada


uma atividade não produtiva.
Deve-se levar em conta, também, que a forma de divulgação
dos brinquedos modernos se alterou, interferindo na escolha
do brinquedo pelo adulto. Agora, são as crianças que escolhem
que brinquedos querem ganhar. E, nesse contexto, os
brinquedos mais vendidos são aqueles mostrados pela
televisão. A televisão é um meio privilegiado de atingir
diretamente a criança. A própria veiculação por esse meio
exige que o brinquedo tenha determinadas características.
Deve ser comunicável, ou seja, explicável e comunicável
através de imagens breves. Através do brinquedo, como por
meio da televisão, a criança vê sua brincadeira se rechear de
novos conteúdos, de novas representações que ela vai
manipular, transformar ou respeitar, apropriar-se do seu
modo. Da mesma forma como para os conteúdos televisivos, os
fenômenos do modismo e da mania regem a vida dos brinquedos.
Brincar na escola é diferente de brincar em casa. Os
brinquedos são da instituição; as possibilidades de
brincadeiras em grupo são maiores e crianças da mesma idade
costumam ficar sob a responsabilidade de poucos adultos.
Todos esses fatores influenciam os modos de brincar e exigem
reflexão.
Na área da educação, muitas vezes, a preocupação com o
lúdico se manifesta apenas pela quantidade de brinquedos
disponíveis no acervo, sem se levar em conta os significados
que esses objetos carregam.
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A história do brinquedo permite que se compreenda que, ao


longo dos séculos, a criança e o brinquedo assumiram
diferentes significados. A convivência de crianças e
professores com um conjunto de brinquedos diversos pode
permitir que inúmeras experiências lúdicas se realizem e que
as histórias neles contidas sejam lembradas, descobertas,
transmitidas e questionadas.
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O BRINQUEDO

Ao se questionar sobre o brinquedo, primeiramente deve-


se definir, o que é o brinquedo e o que ele representa para a
criança, quais são as relações afetivas criança/brinquedo,
que brinquedos devemos oferecer às crianças, como escolher os
brinquedos educativos.
Para a Educação Infantil os brinquedos são classificados
como:
Brinquedos educativos – Recurso que ensina, desenvolve e
educa de forma prazerosa, exemplo: quebra-cabeça, brinquedos
de tabuleiro, de encaixe, brinquedos como móbiles, boliche,
carrinhos.
O brinquedo educativo assume uma função lúdica, pois,
propicia diversão, prazer e até mesmo o desprazer quando é
escolhido voluntariamente.
Brinquedos Tradicionais – Manifestação livre e espontânea
da cultura popular, tem a função de despertar a cultura
infantil e desenvolver formas de convivência social
permitindo o prazer de brincar. Exemplo: pião, pipas, bolinha
de gude, etc.
Brinquedo (brincadeira) de faz-de-conta - Permite à criança
representar papéis, criar símbolos resignificando objetos e
sua realidade. Exemplo: panelinha, boneca, carrinho, etc.
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Brinquedos de construção – Ajudam a enriquecer a


experiência sensorial, estimulam a criatividade e desenvolvem
habilidades da criança. Exemplo: blocos de madeira de encaixe
(“lego”), materiais de sucata.
O brinquedo é suporte da brincadeira, e o material que
permite fluir o imaginário infantil. O brinquedo acaba
funcionando como um substituto dos objetos reais.

1.1 – A Contribuição do Brinquedo


Os blocos de madeira para brincadeiras de construção ocupam
um papel muito importante na educação. Através de atividades
em grupo ou individual oferecem às crianças as possibilidades
de manifestarem sua criatividade, ajudando também na
sociabilidade.
A criança através dos blocos vai descobrindo formas,
tamanhos, espessuras; desenvolvendo a coordenação motora
grossa e fina.
Brincar é uma experiência fundamental para qualquer idade,
especialmente para as crianças com idade entre 3 e 6 anos,
que brincam para viver: interagem com o real, descobrem o
mundo que as cerca, se organizam, se socializam. Desta
formam, o brincar e o brinquedo já não são mais, na escola,
aquelas “atividades utilizadas pelo professor para recrear as
crianças, como uma atividade em si mesma”.
18

1.2 - As Brincadeiras das Crianças


A maneira como uma criança brinca reflete sua forma de
pensar e sentir, nos mostrando, quando temos olhos para ver,
como está se organizando frente à realidade, construindo sua
história de vida, conseguindo interagir com as pessoas de
modo original, significativo e prazeroso, ou não.
A ação da criança ou de qualquer pessoa reflete enfim sua
estruturação mental, o nível de seu desenvolvimento cognitivo
e afetivo-emocional.
O enfoque na avaliação lúdica é um dos muitos caminhos
que nos possibilita ver como a criança inicia seu processo de
adaptação à realidade através de uma conquista física,
prática, funcional, aprendendo a lidar de forma cada vez mais
coordenada, flexível e intencional com seu corpo, situando-o
e organizando-o num contexto espaço temporal que lhe é
reconhecível, que começa a fazer sentido para a sua memória
pessoal. E, como é justamente essa organização significativa
da ação sensório-motora que lhe dá condições de, pouco a
pouco, ir mudando sua forma de interagir com o meio, no
caminho de uma abstração reflexiva crescente. A criança,
através da formação e utilização das diversas manifestações
simbólicas – linguagem, imagem mental, brincadeira simbólica,
desenho representativo, imitação na ausência do modelo,
fabulação lúdica -, adquire condições de, gradativamente, ir
se percebendo como alguém que constrói a própria história de
vida de modo ativo e interativo, com progressiva tomada de
consciência da lógica subjacente às suas ações.
Através da brincadeira, a criança cria uma ponte do
imaginário para o real e manipula a realidade.
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É brincando de casinha que ela consegue entender as emoções


que vivencia na realidade. Ao brincar, ela explora suas
emoções, cria hipóteses necessárias para o entendimento do
que antes lhe parecia tão difícil.

1.2.1 - A Curva Evolutiva da Brincadeira


Acompanhando a evolução da brincadeira na faixa de
zero a seis anos, podemos observar as grandes transformações
que ocorrem nestes anos e compreender melhor sua importância
fundamental no processo de adaptação à vida em geral.
É muito difícil detectar o momento do nascimento da
brincadeira. Toda ação vem ser uma busca de um objeto
significativo a partir da consciência de sua falta.
No início da vida o bebê está aprendendo a lidar com o
próprio corpo e a brincadeira tem um papel importantíssimo
nesta aprendizagem, através da troca com o meio. A
brincadeira de exercício como é chamada a primeira forma de
brincadeira que aparece. Como seu nome diz, a criança
brincando exercita esquemas sensórios-motores e os coordena
cada vez melhor.
Por volta do fim do primeiro mês e, com certeza, no
segundo e terceiro meses já se pode falar em brincadeira,
através de reações circulares com predomínio da assimilação,
que se caracterizam por ser um brincar repetitivo e
funcional, com partes do próprio corpo, como a mãozinha, por
exemplo.
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Com 8 meses seu universo cresce incrivelmente em abertura e


organização, uma vez que pela primeira vez percebe que os
objetos ou pessoas continuam a existir mesmo fora de seu
campo perceptivo.

A brincadeira no bebê de 12 a 18 meses atesta uma profunda


alteração na forma de pensar da criança, que demonstra já ser
capaz de introjetar uma situação vivida através de imagens
mentais e de projetá-la em outro contexto, através de cenas
imaginárias.

A brincadeira simbólica dos 2 aos 4 anos se desenvolve


incrivelmente, tanto em organização como em dramatização. A
criança revive situações que lhe foram significativas, como
ela as viu ou como gostaria que tivessem acontecido.

A brincadeira simbólica de 2 a 4 anos apresenta as


características do pensamento mágico conceitual dessa idade.
A criança dá vida aos objetos (animismo), atribui-lhes
sensações e emoções, conversa com eles. É uma brincadeira
predominantemente solitária, na qual ela vive os diferentes
papéis.

A brincadeira simbólica após os 4 anos adquire


características progressivamente sociais e introduz
lentamente a brincadeira de regras, onde o combinado deve ser
respeitado, o que vai se esboçando pouco a pouco, ao chegar
perto do período operatório.
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1.3 – A Importância do Brincar


O brincar estimula a expressão da realidade, ao brincar de
casinha, por exemplo, à criança está representando o papel de
papai, mamãe e filhinha e ao conversar com colega ou com sua
boneca vai reproduzir diálogos que presenciou. Ela está assim
repetindo o modo como os adultos a tratam e conversam com ela
Por meio da brincadeira a criança vai se desenvolvendo
socialmente, conhecendo as habilidades necessárias para viver
em grupo. Usando a brincadeira ela também estará estimulando
o seu desenvolvimento, aprendendo as regras dos mais velhos.
Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa,
exercita e confere suas habilidades.
O brinquedo estimula a curiosidade, a iniciativa e a
autoconfiança.
Proporciona aprendizagem, desenvolvimento da linguagem, do
pensamento e da concentração da atenção.
Brincar é indispensável à saúde física, emocional e
intelectual da criança. É uma arte, um dom natural que,
quando bem cultivado, irá contribuir, no futuro, para a
eficiência e o equilíbrio do adulto.

1.3.1 – O Tempo e o Espaço de Brincar


O tempo da criança vem se tornando cada vez mais
escasso, dentro e fora da escola.
Na escola “não dá tempo para brincar”, justificam os
educadores. Por quê? Há evidentemente um programa de ensino a
ser cumprido e objetivos a serem atingidos, para cada faixa
etária. Com isso o jogo fica relegado ao pátio ou destinado a
“preencher” intervalos de tempo entre aulas.
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Entretanto o jogo pode e deve fazer parte das atividades


curriculares, sobretudo na Educação Infantil, e ter um tempo
preestabelecido durante o planejamento, na sala de aula
aproveitando-o de forma consciente.

1.3.2 – As regras no brincar


A criança satisfaz algumas de suas necessidades usando o
brinquedo. As ações que realiza estão diretamente
relacionadas com suas necessidades, com suas motivações e
também de acordo com o seu desenvolvimento. Na inocência do
mundo infantil, a criança quer saciar seus desejos e não
possue ainda o sentido da temporalidade e por isso desconhece
a noção de futuro.
Posteriormente quando já está recebendo na escola a
educação infantil, ela descobre que existem muitas
necessidades a serem satisfeitas e se não fossem os
brinquedos, isso não seria possível. O jogar com normas, o
brincar com regras são mais praticados na idade em que a
criança ingressa no pré-escolar e continua daí em diante, em
seu dia-a-dia.Não existe brinquedo sem regras. A situação
imaginária de qualquer forma de brinquedo já contém regras de
comportamento, embora possa não ser um jogo com regras
formais estabelecidas a priori.
A criança imagina-se como mãe e a boneca como criança e,
dessa forma, deve obedecer as regras do comportamento
maternal, o que na vida real passa despercebido pela criança
torna-se uma regra de comportamento no brinquedo.
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1.4 – A Presença do Jogo e da Brincadeira na Vida


da Criança

O jogo e a brincadeira estão presentes em todos as


fazes da vida dos seres humanos, tornando especial a sua
existência. De alguma forma o lúdico se faz presente e
acrescenta um ingrediente indispensável no relacionamento
entre as pessoas, possibilitando que a criatividade aflore.

O brincar é a ludicidade do aprender. A criança aprende


enquanto brinca.No brincar com outras pessoas a criança
aprende a viver socialmente, respeitando regras, cumprindo
normas, esperando a sua vez e interagindo de uma forma mais
organizada. No grupo, aprende a partilhar e a fazer um
movimento rotativo tão importante para a socialização e o
diálogo. Evidenciamos o brincar, o jogar e o aprender no
movimento multi-inter-trans-dimencional: informação
conceitual, comunicação, troca e parceria, interfaface
teórico prática.

Por meio da brincadeira a criança envolve-se no jogo e


sente a necessidade de partilhar com o outro. Ainda que em
postura de adversário, a parceria é um estabelecimento de
relação. Esta relação expõe as potencialidades dos
participantes, afeta as emoções e põe à prova as aptidões
testando limites.

Brincando e jogando a criança terá oportunidade de


desenvolver capacidades indispensáveis a sua futura atuação
profissional, tais como atenção, afetividade, o hábito de
permanecer concentrado e outras habilidades perceptuais
psicomotoras.
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Brincando a criança torna-se operativa. O brinquedo como


suporte da brincadeira tem papel estimulante para a criança
no momento da ação lúdica. Tanto brinquedo, quanto à
brincadeira, permitem a exploração do seu potencial criativo
de numa seqüência de ações libertas e naturais em que a
imaginação se apresenta como atração principal.
Por meio do brinquedo a criança reinventa o mundo e libera
suas atividades e fantasias. Através da magia do faz-de-conta
explora os limites e, parte para aventura que a leva ao
encontro do Outro-Eu.
A entrada da criança no mundo do faz-de-conta marca uma
nova fase de sua capacidade de lidar com a realidade, com os
simbolismos e com as representações. Com o brinquedo a
criança satisfaz certas curiosidades e traduz o mundo dos
adultos para a dimensão de suas possibilidades e
necessidades.

1.4.1 - O Brincar no Cotidiano Infantil


Por que o brincar povoa tão intensamente o cotidiano
infantil? As crianças brincam para compreenderem o mundo que
as cerca. Verificamos, no contexto da educação infantil, que
para compreenderem o mundo adulto fazem uso de alguns
objetos, transformando-os de acordo com suas necessidades,
para representar situações já vivenciadas ou pessoas de seu
convívio.
O brincar também possibilita que o cérebro se mantenha
ativo. Ao brincar o participante sente-se desafiado a dominar
o que já lhe é conhecido, como também busca investigar o que
25

de novo a situação lhe propõe. Em função disso, o brincar, em


todas as idades, é realizado por prazer possibilitando uma
atitude positiva diante da vida.
A brincadeira é entendida como atividade social da criança,
cuja natureza e origem específicas são elementos fundamentais
para a construção de sua personalidade e compreensão da
realidade na qual insere. Em toda brincadeira infantil estão
presentes três características: a imaginação, a imitação e a
regra.
Cada uma delas pode aparecer de forma mais evidente em um
tipo ou outro de brincadeira, tendo em vista a idade e a
função específica que desempenham junto às crianças.
Independentemente de época, cultura e classe social, os
jogos e os brinquedos fazem parte da vida da criança, pois
elas vivem num mundo de fantasia, de encantamento, de
alegria, de sonhos, onde realidade e faz-de-conta se
confundem.
O jogo está na gênese do pensamento, da descoberta de si
mesmo, da possibilidade de experimentar, de criar e de
transformar o mundo.
Brincar é uma forma própria da criança se relacionar com o
mundo, é a exteriorização de sentimentos através do concreto,
é o encontro com o próprio mundo, a interação com o outro.
Hoje é inegável a importância da atividade lúdica e da
necessidade de deixar o corpo falar através do jogo e do
brinquedo.
O brinquedo supõe uma relação íntima com o sujeito, uma
indeterminação quanto ao uso, ausência de regras. O jogo pode
ser visto como um sistema lingüístico que funciona dentro de
um contexto social; um sistema de regras, um objeto.
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A brincadeira de faz-de-conta, a brincadeira protagonizada


ou a brincadeira de papéis é a atividade do brincar por
excelência, onde o papel que é assumido pela criança revela e
possibilita o desenvolvimento das regras e da imaginação,
através de gestos e ações significativas. Outras
classificações da brincadeira, de uso corrente na literatura,
são: brincadeiras tradicionais, jogos de regras e jogos de
construção.

1.4.2 - Distinção entre Jogo, Brinquedo e Brincadeira.

• O jogo pode ser visto como:


Resultado de um sistema lingüístico que funciona dentro de
um contexto social. Depende da linguagem, das concepções de
jogo, enquanto fato social, o jogo assume a imagem, o sentido
que cada sociedade lhe atribui.
Sistema de regras: Permite identificar uma estrutura
seqüencial que especifica sua modalidade. Quando se joga,
está se executando as regras do jogo e, ao mesmo tempo,
desenvolvendo uma atividade lúdica.
Objeto – o jogo enquanto objeto. O jogo infantil inclui as
características: simbolismo, significação, atividade,
voluntário ou intrinsecamente motivado, regrado e episódico.
Se a atividade não for de livre escolha e seu desenvolvimento
não depender da própria criança, não será jogo, mas
“trabalho”.
27

• O brinquedo
O brinquedo enquanto objeto, é suporte de brincadeira, é o
material que permite fluir o imaginário infantil.
O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções:
tudo o que existe no cotidiano, na natureza e as construções
humanas, o brinquedo acaba sendo um substituto dos objetos
reais, podendo assim manipulá-los.
• A brincadeira
A brincadeira é um processo de relações interindividuais,
portanto de cultura.
É preciso partir dos elementos que ela vai encontrar em seu
ambiente imediato, em parte estruturado por seu meio, para se
adaptar às suas capacidades.
A brincadeira pressupõe uma aprendizagem social. Aprende-
se a brincar.
A criança pequena é iniciada na brincadeira por pessoas
que cuidam dela, particularmente a mãe.
28

CAPÍTULO II
Brincando e Aprendendo
“É no brincar, e talvez apenas
no brincar que a criança ou adulto
fruem de sua liberdade de criação”

D. W. Winnicott
29

DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM

O brinquedo proporciona o aprender-fazendo e para se


melhor aproveitado é conveniente que proporcione atividades
dinâmicas e desafiadoras, que exijam participação ativa da
criança.
As situações-problema contidas na manipulação de certos
materiais se estiverem adequadas às necessidades do
desenvolvimento da criança. Fazem-na crescer através da
procura de soluções e de alternativas.
O desempenho psicomotor da criança alcança níveis que só
mesmo a motivação intrínseca consegue.
Para que o brinquedo seja significativo para a criança é
preciso que tenha pontos de contato com sua realidade
A ludicidade e a aprendizagem não podem ser consideradas
como ações com objetivos distintos. O jogo e a brincadeira
são, por si só uma situação de aprendizagem. As regras e a
imaginação favorecem a criança comportamento além dos
habituais. Nos jogos ou brincadeiras a criança age como se
fosse maior do que a realidade, e isto, inegavelmente,
contribui de forma intensa para o seu desenvolvimento.

2.1 - O Papel do Brinquedo na Escola


A ludicidade deve permear o espaço escolar a fim de
transformá-lo "Num espaço de descobertas, de imaginação, de
criatividade, enfim, num lugar onde as crianças sintam prazer
pelo ato de conhecer”.
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A Educação Infantil tem um papel social de valorizar os


conhecimentos que as crianças possuem e garantir a aquisição
de novos conhecimentos.
Educar significa estar junto, construir, vivenciar, atuar,
trocar, ceder, descobrir e humanizar estabelecendo uma
interação dinâmica com o grupo.
A ludicidade tem conquistado um espaço no panorama da
educação infantil. O brinquedo é a essência da infância e seu
uso permite um trabalho pedagógico que possibilita a produção
do conhecimento e também a estimulação da afetividade na
criança. A criança estabelece com o brinquedo uma relação
natural e consegue extravasar as angústias e paixões;
alegrias e tristezas, suas agressividades e passividades.
A palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar.
Neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e
divertimentos e é relativa também à conduta daquele que joga,
que brinca e que se diverte. Por sua vez, a função educativa
do jogo oportuniza a aprendizagem do indivíduo, seu saber,
seu conhecimento e sua compreensão de mundo.
A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer
idade e não pode ser vista apenas como diversa.O
desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o
desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma
boa saúde mental prepara para um estado interior fértil,
facilita os processos de socialização, comunicação, expressão
e construção do conhecimento.
31

2.1.1 – O Jogo na Educação


Para pensar o jogo como meio educacional, devemos situá-lo
a partir da definição de objetivos mais amplos.
Que papel tem a educação em relação à sociedade? A escola é
um elemento de transformação da sociedade; sua função é
contribuir, junto com outras instâncias da vida social, para
que essas transformações se efetivem. Nesse sentido, o
trabalho da escola deve considerar as crianças como seres
sociais e trabalhar com elas no sentido de que sua integração
na sociedade seja construtiva.
Tomando como base a concepção da criança como ser integral,
constata-se que as atividades que as crianças estão
realizando na escola têm um tratamento compartimentado; uma
hora determinada para trabalhar a coordenação motora, outra
para trabalhar a expressão plástica, outra para brincar sob a
orientação do professor, outra para a brincadeira não-
direcionada, e assim por diante. Essa divisão não vai ao
encontro da formação da personalidade integral das crianças
nem de suas necessidades. Os indivíduos necessitam construir
sua própria personalidade e inteligência. Tanto o
conhecimento como o senso moral são elaborados pela criança,
em interação com o meio físico e social, passando por um
processo de desenvolvimento.
Como vincular a atividade lúdica a função da escola? A
possibilidade de trazer o jogo para dentro da escola é uma
possibilidade de pensar a educação numa perspectiva criadora,
autônoma, cosciente. Através do jogo não somente abre-se uma
porta para o mundo social e para a cultura infantil como se
encontra uma rica possibilidade de incentivar o seu
desenvolvimento.
32

A idéia de aproveitar o jogo como alternativa metodológica


não prioriza sua utilização enquanto mero instrumento
didático.
Há um aspecto ao qual se deve dar especial atenção ao se
trabalhar com o jogo de forma mais consciente: o caráter de
prazer e ludicidade que ele tem na vida das crianças. Sem
esse componente básico, perde-se o sentido de utilização de
um instrumento cujo intuito principal é o de resgatar a
atividade lúdica, sua espontaneidade e, junto com ela, sua
importância no desenvolvimento integral das crianças.

2.2 – O Lúdico como meio educacional


Ao se enquadrar à atividade lúdica no contexto
educacional, o educador deve ter seus objetivos bem claros.
Assim, se pretende ter um diagnóstico do comportamento do
grupo em geral e dos aluno de forma individual, ou saber qual
o estágio de desenvolvimento em que se encontram essas
crianças, ou ainda, conhecer os valores, idéias, interesses e
necessidades desse grupo, ou os conflitos e problemas é
possível, a partir do jogo, ter esse amplo panorama de
informações. Se, porém, o que pretende é estimular o
desenvolvimento de determinadas áreas ou igualmente promover
a aprendizagens específicas, o jogo pode ser utilizado como
um instrumento de desafio cognitivo.
33

2.2.1 – Inteligência e Concentração


O brinquedo estimula a inteligência porque faz com que a
criança solte sua imaginação e desenvolva a criatividade.
Mas, ao mesmo tempo, possibilita exercício de concentração,
de atenção e de engajamento. Distrai, porque oferece uma
saída para a tensão provocada pela pressão do contexto
adulto.
Pode-se aumentar gradativamente a capacidade para a
criança permanecer em uma mesma atividade fornecendo-se,
inicialmente, brinquedos que exijam menos tempo para que as
atividades sejam realizadas, e, à medida que a criança já
consegue executá-las, oferecer jogos que solicitem maior
tempo de utilização.
Como conseqüência da realização de uma atividade agradável
e que provocou concentração, a criança fica mais calma e
relaxada.

2.2.2 - Desenvolvimento da linguagem


O brinquedo e as brincadeiras são excelentes oportunidades
para nutrir a linguagem da criança. O contato com diferentes
situações estimula a linguagem e interfere no aumento do
vocabulário.
O entusiasmo da brincadeira faz com que a linguagem verbal
se torne mais fluente e haja interesse pelo conhecimento de
palavras novas. A variedade de situações que o brinquedo
possibilita pode favorecer a aquisição de novos conceitos. A
participação de um adulto, ou criança mais velha, pode
enriquecer o processo; a criança faz experiências descobrindo
as leis da natureza, o adulto introduz os novos conceitos por
ela vivenciados, completando assim, a sua integração.
34

2.2.3 – Desenvolvimento da Sociabilidade


Brincando, a criança desenvolve seu senso de
companheirismo; jogando com companheiros, aprende a conviver,
ganhando ou perdendo, procurando entender regras e conseguir
uma participação satisfatória.
No jogo, a lei não deriva do poder ou da autoridade, mas
das regras, portanto, do jogo em si. Conhecidas as normas,
todos têm as mesmas oportunidades, participando do jogo, a
criança aprende a aceitar regras, pois o desafio está,
justamente, em saber respeitá-las. Esperar sua vez, aceitar o
resultado dos dados ou de outro fator de sorte são excelentes
exercícios para lidar com frustrações e, ao mesmo tempo,
elevar o nível de motivação.
Nas dramatizações, a criança vive personagens diferentes,
alargando assim sua compreensão sobre os relacionamentos
humanos.
As relações cognitivas e afetivas, conseqüentes da
interação lúdica, propiciam amadurecimento emocional e vão,
pouco a pouco, construindo a sociabilidade infantil.
Especialmente nos jogos grupais, a interação acontece de
maneira mais fácil, pois é estimulada pela necessidade que os
elementos de grupo têm de alcançar determinadas metas. Para
extrair resultados mais ricos dessa interação é necessário
mudar sempre os elementos dentro de cada grupo.
35

2.2.4 – Participação e Engajamento


Porque no brincar existe necessariamente participação e
engajamento, o brinquedo é certamente uma forma de
desenvolver a capacidade de engajar-se, de manter-se ativo e
participante. A criança que brinca bastante será um adulto
trabalhador. A criança que sempre participou de jogos e
brincadeiras grupais saberá trabalhar em grupo; por ter
aprendido a aceitar as regras do jogo, saberá também
respeitar as normas grupais e sociais. É brincando bastante
que a criança vai aprender a ser um adulto consciente, capaz
de participar e engajar-se na vida de sua comunidade.
O brinquedo é o trabalho da criança. Se acriança brinca,
acostuma-se a ter seu tempo livre criativamente utilizado.
Este hábito, se bem cultivado, além de trazer satisfação, irá
se transformando, com a maturidade, em atitudes de
predisposição para o trabalho. O importante é que seja
preservada a gratuidade e o prazer; o gosto de fazer as
coisas por elas mesmas e não somente pelos resultados que
possam ser alcançados.
Permanecendo o prazer e o hábito de ocupar-se
criativamente, a escolha profissional certamente será mais
fácil e trabalho e lazer ficarão tão próximos que a única
coisa que os distinguirá será obrigatoriedade.
Quando a educação pela inteligência for realidade, não
haverá mais razão para se conceituar opostamente lazer-
trabalho, pois sendo o prazer e a criatividade preservados, a
ludicidade estará igualmente presente.
36

2.3 – Brinquedos Pedagógicos


Costuma-se chamar brinquedo pedagógico ao que foi fabricado
com o objetivo de proporcionar determinadas aprendizagens,
tais como cores, formas geométricas, números ou letras, etc.
Entretanto tal denominação é bastante relativa pelas
seguintes razões:
O que caracteriza o brinquedo é a atitude que envolve sua
utilização. Um brinquedo pedagógico com as letras do alfabeto
impressas em cubos de madeira, por exemplo, pode ser usado
para montar um trenzinho, e um trenzinho pode ser usado como
instrumento de alfabetização, quando a criança se interessa
em ler o nome do seu fabricante, por exemplo.
O que é e o que não é pedagógico? Será que a pedagogia se
restringe a ensinar formas, cores, números e letras? A
educação é um processo global e contínuo. Cada etapa de
desenvolvimento, cada momento da vida de uma criança tem
prioridades diferentes, que a atuação pedagógica precisa
atender. O ursinho de pelúcia é o mais pedagógico que se pode
oferecer em certos momentos, como uma bola de futebol pode
ser em outros.
Seguindo esta linha de pensamento, poderíamos dizer que
brinquedo pedagógico é todo o objeto que atende à necessidade
da criança no momento em que ela o utiliza.
Esta definição seria mais correta do ponto de vista
conceitual, pois também são tarefas da educação o
desenvolvimento emocional e social, a preservação da alegria
e da saúde mental da criança.
Todo brinquedo pode ser pedagógico, dependendo das
circunstâncias, assim como também o mais educativo dos
37

brinquedos pode deixar de sê-lo em determinada situação, pois


o valor do brinquedo está diretamente relacionado com o que
se consegue provocar na criança.
Podemos adotar a denominação brinquedo pedagógico não a
nível conceitual, mas apenas para caracterizar um tipo de
brinquedo que tem uma proposta mais objetiva.
No brinquedo simbólico, a satisfação acontece no decorrer
da atividade. Ao passo que no brinquedo pedagógico o desafio
é justamente obter satisfação do final da atividade, ou seja,
quando o objetivo do jogo foi alcançado. Mas este prazer de
ter conseguido pode ser tão importante que a criança queira
repetir o mesmo jogo muitas vezes, só para revivê-lo.

2.4 – Jogo Simbólico


O pensamento da criança evolui a partir de suas ações. As
crianças precisam vivenciar idéias em nível simbólico para
compreender seu significado na vida real.
Podem conhecer objetos ou pessoas, mas suas idéias a
respeito vão tornar-se mais claras quando representarem em
seu jogo simbólico.
Os brinquedos de “faz-de-conta“funcionam como elementos
introdutórios e de apoio à fantasia; e facilitam o processo
de simbolização e propiciam experiências que, além de
aumentarem o repertório de conhecimentos da criança,
favorecem a compreensão de atribuições e de papéis; não é
necessário que sejam cópias idênticas da realidade: um bloco
de madeira pode ser utilizado para representar um boneco.
Entretanto, quando forem miniaturas de objetos reais, devem
possibilitar utilização semelhante a eles; por exemplo, um
38

carrinho deve rodar, um barquinho deve flutuar e um bule deve


poder conter um pouco de líquido; as ferramentas também devem
poder ser utilizadas. Caso contrário, perderão a finalidade
de provocar a vontade de brincar com eles como se fossem “de
verdade”.
Quando à vontade de brincar de algo, já existe, a atuação
da criança pode ser mais criativa, pois ela poderá inventar
os objetos, valendo-se de qualquer sucata.
A brincadeira fica até mais divertida quando as crianças
têm que descobrir o que está representando o quê.
O “faz-de-conta” dá oportunidade para expressão e
elaboração em forma simbólica de desejos e conflitos; quanto
mais rica for a fantasia e a imaginação da criança, maiores
serão suas chances de ajustamento ao mundo ao seu redor.
39

CAPÍTULO III
O Papel do Educador
“O mais importante não é saber, mas saber,
saber “

Mario de Andrade
40

O LÚDICO NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR

O sentido de formação profissional implica em entender a


aprendizagem interdisciplinar como um processo contínuo e
requer uma análise cuidadosa desse aprender em suas etapas,
evoluções, avanços e concretizações. Requer redimensionamento
dos conceitos que alicerçam tal possibilidade na busca na
compreensão de novas idéias e valores.
A formação de professores é, hoje, uma preocupação
constante para aqueles que acreditam na necessidade de
transformar o quadro educacional presente, pois da forma como
ele se apresenta fica evidente que não condiz com as reais
necessidades dos que procuram a escola com o intuito de
aprender o saber, para que, de posse dele, tenham condição de
reivindicar seus direitos e cumprir seus deveres na
sociedade.
O professor é a peça chave desse processo, devendo ser
encarado como um elemento essencial e fundamental. Quanto
maior e mais rica for sua história de vida e profissional,
maiores serão as possibilidades dele desempenhar uma prática
educacional consistente e significativa. Não se quer dizer,
com isso, que o professor seja o único responsável pelo
sucesso ou insucesso do processo educativo. No entanto, é de
suma importância sua ação como pessoa e como profissional.
41

Educar não se limita a repassar informações ou mostrar


apenas um caminho, aquele caminho que o professor considera o
mais correto, mas é ajudar a pessoa a tomar consciência de si
mesma, dos outros e da sociedade. É saber aceitar-se como
pessoa e saber aceitar os outros.
É oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa
escolher entre muitos caminhos, aquele que for compatível com
seus valores, sua visão de mundo e com circunstâncias
adversas que cada um irá encontrar.
O ato de criar permite uma Pedagogia do Afeto na escola.
Permite um ato de amor, de afetividade cujo território é o
dos sentimentos, das paixões, das emoções, por onde transitam
medos, sofrimentos, interesses e alegrias. Uma relação
educativa que pressupõem o conhecimento de sentimentos
próprios e alheios que requerem do educador infantil a
disponibilidades corporal e o envolvimento afetivo, como
também, cognitivo de todo o processo de criatividade que
envolve o sujeito-ser-criança.
A afetividade é estimulada por meio da vivência, a qual o
educador estabelece um vínculo de afeto com o educando. A
criança necessita de estabilidade emocional para se envolver
com a aprendizagem. O afeto pode ser uma maneira eficaz de se
chegar perto do sujeito e a ludicidade, em parceria, um
caminho estimulador e enriquecedor para se atingir uma
totalidade no processo do aprender.
42

A formação lúdica interdisciplinar se assenta em propostas


que valorizam a criatividade, o cultivo da sensibilidade, a
busca da afetividade, a nutrição da alma, proporcionando aos
futuros educadores vivências lúdicas, experiências corporais
que se utilizam da ação do pensamento e da linguagem, tendo
no jogo sua fonte dinamizadora.
Quanto mais o adulto vivenciar sua ludicidade, maior será
a chance deste profissional trabalhar com a criança de forma
prazerosa, enquanto atitude de abertura às práticas
inovadoras. Tal formação permite ao educador saber de suas
possibilidades e limitações, desbloquear resistências e ter
uma visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo
para a vida da criança. A formação lúdica possibilita ao
educador conhecer-se como pessoa.
A formação educacional precisa valorizar a construção do
comportamento infantil, dando ênfase à atividade
interdisciplinar, à postura do educador em favorecer
atividades que propiciam o prazer, a alegria, a inter-
relação, a parceria, gerando um clima afetuoso no sujeito-
criança, permitindo ao processo de aprendizagem uma
efetivação satisfatória e realizadora.
Ao sentir que as vivências lúdicas podem resgatar a
sensibilidade, até então adormecida, ao perceber-se vivo e
pulsante, o professor/aprendiz faz brotar o inesperado, o
novo e deixa cair por terra que a lógica da racionalidade
extingue o calor das paixões, que a matemática substitui a
arte e que o humano dá lugar ao técnico, permitindo o
construir alicerçado no afeto, no poder fazer, sentir e
viver.
43

3.1 – O Planejamento das atividades lúdicas


Qual o papel do professor em relação brincar de seus
alunos? Encontramos, no meio educacional, uma forte tendência
em valorizar a observação das brincadeiras infantis, muitas
vezes, como um fim em si mesmo. A observação é fundamental
para que os professores possam compreender as necessidades
das crianças, o seu nível de desenvolvimento e sua forma de
organização e, assim para planejarem a sua ação educativa, ou
seja, é um importante meio para sustentar a intervenção
pedagógica e garantir uma aprendizagem significativa.
Dentro desta perspectiva, o professor é um mediador entre a
atividade de seus alunos e os recursos disponíveis e deve
garantir, através de suas ações, que a aprendizagem de seu
grupo seja contínua. Para tanto, precisa oferecer uma
variedade de materiais adequados às necessidades observadas,
como também alternar situações de brincar livre com situações
de brincar dirigido.
Observamos que as crianças pequenas, por exemplo, nas
primeiras explorações do "Legão" (jogo de encaixe com peças
grandes) pegam esse material e colocam na boca, atiram no
chão, sentam em cima, enfim realizam diversas explorações.
Na medida que a professora senta junto e brinca, encaixando
algumas peças, construindo estradas e torres o grupo começa a
buscar realizar tais ações. Essas ações passam, então, a
fazer parte do repertório desse grupo gradativamente em
situações posteriores. O mesmo acontece quando as crianças
começam a jogar memória. Inicialmente envolvem-se em olhar os
44

desenhos constroem pilhas com as peças, fazem trilhas para os


bonecos percorrerem e outros. Porém ao se familiarizarem com
a dinâmica do jogo passam a buscar uma "forma" de jogar,
mesmo que ainda nas primeiras tentativas não respeitam as
regras convencionais.
Muitas vezes, o professor pode optar em simplesmente achar
as figuras iguais que estão viradas para cima.
O planejamento de situações de brincar com a participação
do professor possibilita uma ampliação das possibilidades de
interação de seus alunos com o material utilizado e, desta
forma, permite que nas situações de brincar livre posteriores
novas condutas sejam utilizadas pelas crianças de forma
espontânea, levando-as a um estágio mais avançado.
Longe de ser uma atividade supérflua, para o "tempo livre"
o brincar, em certos estágios iniciais, pode ser necessário
para a ocorrência e o sucesso de toda a atividade social
posterior.
Uma proposta lúdica no contexto escolar deve considerar os
significados inscritos nos brinquedos e como estes objetos
podem chegar às mãos das crianças, de modo a proporcionar as
mais diversas experiências. O brinquedo recheia de conteúdos
as brincadeiras das crianças e as relações delas com os
adultos. A brincadeira permite decidir, pensar, sentir
emoções distintas, competir, cooperar, construir,
experimentar, descobrir, aceitar limites, surpreender-se...
45

3.1.1 – A Sala de Aula


Ao analisarmos o espaço de uma sala de aula de educação
infantil, percebemos que existem mesas, cadeiras, jogos,
cantinho do faz de conta, etc.
Lá as crianças cantam, pintam, desenham e dramatizam,
correm, pulam, trocam informações, ensinam umas às outras a
solucionar seus problemas, enfim, vivem. Todas colocam em
suas atividades os seus sentimentos, as suas emoções. Ocorre
uma integração perfeita entre os aspectos cognitivos,
psicomotores, afetivos e sociais. Através das brincadeiras
espontâneas e das dirigidas, brincando e jogando, elas
apreendem e aprendem o mundo que as cerca, incorporando as
competências necessárias para o seu desenvolvimento.
Aprender pode ser algo encantador! A criança precisa
descobrir o prazer de aprender e os professores o prazer de
ensinar. Porém deve-se ter muito cuidado com esse momento de
mudar, de inovar, ou melhor, de reciclar a metodologia de
ensino, a prática pedagógica. Não se pode cair no extremismo
e pensar que precisamos brincar o tempo todo, ou seja,
oficializar a brincadeira como método e técnica de ensino;
deve-se retirar dela justamente o seu bem mais precioso, a
espontaneidade.
A criança não pode deixar de criar, de brincar, ser natural
em suas brincadeiras, pois se isso acontecer, perde o sentido
a educação através de atividades lúdicas. É preciso vincular
os objetivos às atividades às quais os professores se
propuserem, para que através dos jogos e das brincadeiras se
possa atingir os objetivos propostos e então desenvolver
todos os aspectos e necessidades.
46

Na escola é possível planejar espaços de jogo. Na sala de


aula, o espaço de trabalho pode ser transformado em espaço de
jogo, podem ser desenvolvidas atividades aproveitando mesas,
cadeiras, divisórias etc. como recursos. Fora da sala,
sobretudo no pátio, a brincadeira “corre solta” e a atividade
física predomina.
Atualmente notamos que em salas de aulas tradicionais, as
crianças parecem ter perdido a alegria que existe nelas fora
da sala de aula. Elas continuam, a gostar de estar na escola,
mas pela convivência com outras crianças, mas não demonstram
alegria por estarem na sala de aula.
O ambiente de uma sala de aula voltado para o lúdico, é um
ambiente saudável e alegre. A sala de aula é um lugar
atrativo, adequada aos interesses das crianças, onde eles
encontram lugares próprios para registrarem suas informações,
para expor seus trabalhos.

3.2 – A Relação Criança, Brinquedo e Adulto


A forma de introduzir o brinquedo à criança é importante.
Em certas situações, pode apenas ser colocado no ambiente que
a criança vai explorar: outras vezes precisa ser apresentado
a ela, e mostradas as possibilidades de exploração que
oferece. De qualquer maneira, é indispensável que a criança
seja atraída por ele.
O adulto transmite à criança uma certa forma de “ver” as
coisas. Quando apresentamos várias coisas ao mesmo tempo, ou
então, por tempo insuficiente ou excessivo, estamos
desestimulando o estabelecimento de uma atitude de
observação.
47

Se quisermos que a criança aprenda a observar, se quisermos


que ela realmente veja o que olha, teremos que escolher o
momento certo para apresentar-lhe o objeto, motivá-la e dar-
lhe tempo suficiente para que sua percepção penetre o objeto:
teremos também de respeitar o seu desinteresse. Insistir
quando a criança já está cansada é propiciar o aparecimento
de certas reações negativas. Aprender a ver é o primeiro
passo para o processo de descoberta. É o adulto quem pode
propiciar oportunidades para a criança ver coisas
interessantes, mas é indispensável que respeitemos o momento
da descoberta da criança para que ela possa desenvolver sua
capacidade de concentração.
Assim como a criatividade da pessoa que interage com a
criança poderá torná-la criativa, a paciência e a serenidade
do adulto influciarão também o desenvolvimento da capacidade
de observar e de concentrar a atenção.

3.2.1 – Brincar com a criança


Brincar junto reforça os laços afetivos. É uma maneira de
manifestar nosso amor à criança. Todas as crianças gostam de
brincar com os pais, com a professora, com os avôs ou irmãos
mais velhos. A participação do adulto no jogo da criança
eleva o nível de interesse, pelo enriquecimento que
proporciona; pode também contribuir para o esclarecimento de
dúvidas referentes às regras do jogo
A criança sente-se ao mesmo tempo prestigiada a desafiada
quando o parceiro da brincadeira é um adulto. Este, por sua
vez, pode levar a criança a fazer descobertas e a viver
48

experiências que tornam o brinquedo mais estimulante e mais


rico em aprendizado.
Através da observação do desempenho das crianças com seus
brinquedos podemos avaliar o nível de seu desenvolvimento
motor e cognitivo. Dentro da atmosfera lúdica, manifestam
suas potencialidades e, ao observá-las, poderemos enriquecer
sua aprendizagem, fornecendo, através dos brinquedos,
elementos nutrientes para o seu desenvolvimento.
Devemos aproveitar esses elementos utilizados palavras
adequadas, escutar as próprias palavras para verificar se
estamos falando claramente e procurar responder por
observações, perguntas ou ações. Não colocar informações
novas em excesso para que a criança possa aprender o que
ouve: adaptar as frases ao nível da compreensão da criança,
mas sem enfatizá-las.
O adulto interessado pode perceber o início do cansaço e
do aborrecimento, momento em que sua intervenção poderá ou
animar ou propor uma outra atividade. Mas isto só deve
acontecer quando realmente a atividade estiver se esvaziando,
para evitar que a saturação aconteça.
O adulto que interage pode despertar a atenção e a
compreensão da criança, enriquecendo seu brincar. Mas é
imprescindível que antes de mais nada se observe como ela
está brincando para respeitá-la, respeitando sua iniciativa,
suas preferências, seu ritmo de ação e suas regras de jogo.
Não se deve interromper a concentração de uma criança que
brinca, seria um sacrilégio. O momento em que ela está
completamente absorvida pelo brinquedo é um momento mágico e
49

precioso, em que está sendo exercitada uma capacidade da


maior importância, da qual depende sua eficiência quando
adulto, que é capacidade de observar e manter a atenção
concentrada.
A criança deve explorar livremente o brinquedo, mesmo que a
exploração não seja a que esperávamos. É preciso cuidado para
intervenção do adulto não interrompa a linha de pensamento da
criança e não atrapalhe a simbolização que estava fazendo.
Para preservar a ludicidade, o adulto deve limitar-se a
sugerir, a estimular, a explicar, sem impor determinada forma
de agir. Que a criança aprenda a utilizar o jogo descobrindo
e compreendendo, e não por simples imitação.
Por ser importante que as atividades envolvam operações do
pensamento, que solicitem a imaginação, a criatividade, e que
possibilitem a descoberta, é necessária a participação
eventual do adulto. A criança precisa de alguém que a escute
e que motive a falar, a pensar e a inventar. Precisa tanto de
atividades grupais que a levem a socializar-se quanto de
atividades individualizadas que possibilitem o atendimento às
suas necessidades pessoais.
E quando a atividade tiver que ser interrompida deve dar-se
um tempo para transição e mudança de atividade. Não podemos
violentar a criança invadindo bruscamente seu mundo.
50

3.2.2- Hora de guardar os brinquedos


“Brinque, mas... depois você tem que arrumar tudo”. Esta
frase antipática certamente tem uma justificativa, porém
existem formas bem mais eficazes de fazer com que a criança
adquira hábitos de ordem.
A arrumação dos brinquedos, colocada nestes termos, assume
caráter punitivo, que irá provocar má vontade na hora de
guardá-los.
O hábito de guardar os brinquedos com cuidado pode ser
desenvolvido através da participação da criança na arrumação
feita pelo adulto. Quando os pais ou a professora têm o
hábito de constante e naturalmente, guardar as peças com
carinho depois de utilizá-las, automaticamente a criança
adquire o mesmo hábito e aprende que zelar pela ordem e
conservação do brinquedo é normal, pode haver satisfação em
guardar como houve no brincar.

3.3 – A Criatividade
Desenvolver a criatividade da criança deve ser sempre a
grande preocupação dos educadores. É muito importante que
usando todas as atividades possíveis na sala de aula, os
professores, principalmente na educação infantil estejam
sempre preocupados em estimular as crianças.
Diante desse conceito podemos crer que cabe à Educação, a
função de desenvolver a imaginação da criança, levando-a a
recombinar e produzir a novidade através da sua própria
criatividade.
51

A importância de se criar um espaço para a fantasia e para


o jogo imaginário tem sido apontada como fundamental para o
desenvolvimento psicológico da criança.
O desenvolvimento infantil precisa acontecer de forma global,
nas diferentes áreas, para que possa haver o equilíbrio entre
elas. É necessário que se desenvolvam as áreas: cognitiva,
psicomotora e afetiva.
Hoje a criança precisa ser educada de forma globalizada:
não deixando de lado os aspectos psicomotores, afetivos e
cognitivos. Pois se uma área estiver sendo mais desenvolvida
em detrimento de outra, certamente esse desequilíbrio
acarretara uma desorganização do indivíduo, em sua dimensão
global.
Um dos grandes problemas dos educadores é o de não saber
como incentivar os alunos. Como levá-los a se sentir
motivados para participar ativamente do processo de
aprendizagem? O essencial para resolver essa questão é não
esquecer que hoje, os alunos são sujeitos questionadores.
Cientes de que é preciso buscar meios atraentes e
eficientes à relação ensino-aprendizagem e fazer com que os
conteúdos programáticos tenham aplicabilidade pratica. Os
professores precisam relacionar conteúdos com vivências, de
forma que as crianças possam desenvolver algumas
potencialidades, descobrindo aplicações para o que precisam
aprender.
52

CONCLUSÃO
Brincar é coisa séria. Após essa explanação, verificamos
que brincar, com nossas crianças, é muito mais sério do que
imaginávamos! Precisamos respeitar e garantir às nossas
crianças o direito de brincar, de vivenciar o seu próprio
desenvolvimento. O que para os educadores pode ser algo sem a
menor importância, no imaginário da criança pode ser a ponte
de que ela necessita para entender o mundo que a cerca.
Numa sala de Educação Infantil, pode-se observar como isso
acontece no dia-a-dia, seja no cantinho da casinha da boneca,
quando meninos e meninas assumem os papéis de pais, mães,
filhos e reproduzem o que, segundo eles, deveria ser e como
teria de se comportar uma família.
Ao observar essa representação, podemos conhecer um pouco
mais da vida de nossos alunos. E, certamente, eles também
estarão experimentando as atitudes que conhecem e como acham
que devem se comportar, de acordo com as regras ditadas
socialmente. Estarão incorporando as normas. Quando estão
realizando uma atividade, supostamente em conjunto, e podemos
ver que cada uma fala independente de estarem conversando,
percebemos que estão realizando um monólogo coletivo, e dessa
forma, organizando suas ações, estamos testemunhando um
momento único do desenvolvimento do pensamento de cada uma
delas, de acordo com suas vivências.
Deve-se aproveitar a grande oportunidade que se tem de
observar as crianças, quando estão brincando ou jogando, pois
certamente estão se desenvolvendo, aprendendo a lidar com
suas próprias emoções e com o mundo onde vivemos.
Cada oportunidade dessas, com certeza, é única e inédita.
53

BIBLIOGRAFIA

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DELDIME, Roger. O desenvolvimento Psicológico da


Criança.Edusc, 1999.

FRIEDMANN, Adriana. Brincar: crescer e aprender. O resgate do


jogo infantil. Ed. Moderna, 2002.

MARANHÃO, Diva. Ensinar Brincando.Ed. Wak, Rio de Janeiro,


2003.

MASETTO, M. T. (1992). Aulas vivas. São Paulo, MG Editores


Associados.

MEYER, Ivanise Corrêa Rezende.Brincar e Viver: Projetos em


Educação Infantil. Wak, 2003.

NEGRINE, A. (1994). Aprendizagem e desenvolvimento infantil –


Simbolismo e Jogo. Porto Alegre: PRODIL.

NÓVOA, A. (1995). (coord.) Os professores e a sua formação.


2ª ed. Lisboa Dom Quixote
54

OLIVEIRA, Vera Barros. Avaliação psicopedagógica da criança


de zero a seis anos: A brincadeira da criança de zero a seis
anos.Ed Vozes, Petrópolis, 2000.

PEREIRA, Mary Sue. A Descoberta da Criança. Introdução à


educação infantil. Ed Wak, Rio de Janeiro, 2002.

SANTA, M. P. dos S. (1997). (org.) O lúdico na formação do


Educador. Petrópolis, RJ. Vozes
55

ATIVIDADES CULTURAIS
56

ÍNDICE

02
FOLHA DE ROSTO
03
AGRADECIMENTO
04
DEDICATÓRIA
05
RESUMO
06
METODOLOGIA
07
SUMÁRIO
08
INTRODUÇÃO
11
CAPÍTULO I
11
O BRINCAR
12
A HISTÓRIA DO BRINQUEDO
16
O BRINQUEDO
17
1.1 - A Contribuição do Brinquedo
18
1.2 – As Brincadeiras das Crianças
19
1.2.1 – A Curva Evolutiva da Brincadeira
21
1.3 – A Importância do Brincar
21
1.3.1 – O Tempo e o Espaço de Brincar
22
1.3.2 – As Regras no Brincar
23
1.4- A Presença do Jogo e da Brincadeira
na Vida da Criança
24
1.4.1 - O Brincar no Cotidiano Infantil
26
1.4.2 -Distinção entre Jogo, Brinquedo e Brincadeira
28
CAPÍTULO II
28
BRINCANDO E APRENDENDO
28
DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM
29
2.1 - O Papel do Brinquedo na Escola
31
2.1.1 – O Jogo na Educação
32
2.2 – O Lúdico como meio educacional
57

2.2.1 - Inteligência e Concentração 33


2.2.2 _ Desenvolvimento da linguagem 33
2.2.3 – Desenvolvimento da Sociabilidade 34
2.2.4 _ Participação e Engajamento 35
2.3 – Brinquedos Pedagógicos 36
2.4– Jogo Simbólico 37
CAPÍTULO III 39
O PAPEL DO EDUCADOR 39
O LÚDICO NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR 40
3.1 – O Planejamento das atividades lúdicas 43
3.1.1 – A Sala de Aula 45
3.2 – A Relação Criança, Brinquedo e Adulto 46
3.2.1 – Brincar com a criança 47
3.2.2- Hora de guardar os brinquedos 50
3.3 – A Criatividade 50
CONCLUSÃO 52
BIBLIOGRAFIA 53
ATIVIDADES CULTURAIS 55
ÍNDICE 56
FOLHA DE AVALIAÇÃO 58
58

FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES


PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-graduação “Lato Senso”
Curso: Psicopedagogia

O Papel do Brincar na Educação Infantil

Autor: Andresa Rocha de Cerqueira

Orientador: Mary Sue Pereira

Data da entrega: 24/07/2004

Avaliado por: Conceito:


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Conceito Final:

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