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1.

Processo de produção de açúcar VVHP

1.1. Tratamento do caldo


O tratamento do caldo consiste no processo de clarificação, onde as etapas de
sulfitação, caleagem, aquecimento e decantação têm como finalidade obter um caldo
misto com alta qualidade e mínima turbidez, fornecer condições de temperatura e pH
que ajudaram na precipitação das impurezas solúveis. [Engenharia do açúcar de cana]
Primeiramente, o caldo passa por regeneradores, que são trocadores de calor com
configuração geométrica de placas que efetuam a operação de transferência de calor
entre dois fluidos, possibilitando aquecê-los ou resfria-los. Neste modelo de trocador,
por um lado da placa passa o fluido frio e do outro, o quente. Uma de suas vantagens é a
grande área de troca térmica ocupando pouco espaço e sua flexibilidade, pois é possível
a remoção e adição de placas, de acordo com a área necessária. [incropera]
Na Unidade Descalvado, o caldo misto fábrica passa por dois regeneradores, Caldo
Misto/Água Condensada e Caldo Misto/Vinhaça, respectivamente. Esta primeira etapa
de aquecimento é de grande importância, pois em seguida o caldo seguirá para um
aquecedor, onde a fonte quente será vapor saturado, no entanto, como o caldo já foi
previamente aquecido a vazão de vapor utilizada para elevar a temperatura do caldo será
menor. O caldo misto fábrica sairá destas etapas com 70ºC, aproximadamente.
A fase de aquecimento inicial é necessária, pois para a sulfitação do caldo ele deve
apresentar de 60 – 70ºC para que as reações químicas aconteçam adequadamente.
[fermentec, cinco passos para um tratamento eficiente do caldo]

1.1.1. Sulfitação
O caldo previamente aquecido seguirá em direção a sulfitação, onde iniciará o
processo de clarificação. Em forno rotativo, a partir da combustão do enxofre forma-se
o dióxido de enxofre ( S O2), que tem como característica a eliminação de materiais
corantes presentes no caldo misto e também diminui a viscosidade nas massas cozidas,
fazendo com que elas cozinhem mais rápido melhorando assim a cristalização. O caldo,
depois de sulfitado, sai com pH de 3,8 – 4,5. [engenharia açúcar de cana]
1.1.2. Caleagem
A próxima etapa de clarificação é a calagem. Esta consiste em adicionar leite de cal,
com Baumé de 5 – 8, no caldo misto sulfitado neutralizando a acidez deste, aumentando
o pH para 6,8 – 7,2. Este pH é importante para que não ocorra, ou seja minimizada,
dentro dos evaporadores a inversão da sacarose. O processo de floculação primária do
caldo acontece a partir da reação do hidróxido de cálcio com os ácidos presentes no
caldo, sendo o principal o ácido fosfórico. [engenharia]

1.1.3. Aquecimento
O caldo caleado é enviado ao tanque de caldo dosado, que funciona como um
“pulmão” para a fábrica de açúcar. Em seguida ele passa por três aquecedores,
alimentados com vapor vegetal, a fim de elevar sua temperatura a aproximadamente
105ºC. Esta temperatura é necessária para que, principalmente, as reações se processem
mais rapidamente e a decantação ocorra e para eliminar microrganismo pela
esterilização

1.1.4. Decantação
Após receber o tratamento adequado, o caldo precisa decantar para que a separação
do caldo clarificado e as impurezas, na forma de precipitados, ocorra.
O caldo primeiramente é flasheado, para que os gases dissolvidos nele sejam
eliminados e a temperatura de alimentação no decantador seja constante.
A decantação utilizada é a contínua, pois continuamente este é alimentado com
caldo tratado. Ao entrar no decantador, é realizada a dosagem de polímero (cat ou ani) e
enzima no caldo. O polímero tem a função de agrupar os flocos formados, fazendo com
que seja mais rápida a velocidade de sedimentação melhorando assim a turbidez do
caldo clarificado; compacta e reduz o volume de lodo formado; reduz as perdas de
sacarose na torta [magma]
A enzima dosada no decantador, amilase, age removendo o amido do caldo de cana-
de-açúcar. O amido interfere na clarificação do caldo, aumenta a viscosidade da massa,
reduz a velocidade de cristalização e aumenta as perdas de sacarose no melaço. Por
estes motivos é essencial o uso deste insumo, que age hidrolisando o amido em
compostos de peso molecular menor, que não impactam tanto o processo, produzindo
assim um açúcar de melhor qualidade. [iara].
O lodo formado na decantação segue para o filtro prensa, a fim de se conseguir altos
teores de sólidos na torta com baixa concentração de sacarose. O caldo filtrado desse
processo segue em direção a fermentação, pois este é um caldo mais pobre e com maior
turbidez.
A próxima etapa é a passagem do caldo decantado pelas peneiras estáticas, com o
objetivo de remover partículas em suspensão que ainda permaneceram no caldo
clarificado. Por fim, este caldo tratado segue para o processo de evaporação.

1.2. Evaporação
A evaporação, no processo de fabricação de açúcar, consiste em aumentar a
concentração de sacarose no caldo de cana de açúcar por meio da eliminação da água,
para que ao final do processo resulte em um caldo concentrado, denominado xarope
(70% Brix), que será direcionado até os cozedores. Normalmente, o vapor utilizado no
aquecimento do caldo é proveniente do escape das turbinas e vapor vegetal.
O primeiro estágio da evaporação é o Multi-Reboiler, o caldo sai dessa etapa com
aproximadamente 115ºC. Os Reboilers têm como objetivo iniciar o processo de
concentração do caldo, uma vez que este entra com 15º Brix e sai com 28º Brix
aproximadamente e gerar vapor vegetal 1 (v1) através do vapor de escape que o
alimenta.
O próximo passo é o Pré-Evaporador, que recebe o caldo com aproximadamente 28º
Brix e o concentra a 32º Brix. Este equipamento é alimentado com v1, produzido no
Multi-Reboiler, e produz vapor vegetal 2 (v2).
Em seguida, o caldo seguirá para os evaporadores de múltiplo efeito. Esse tipo de
evaporação permite reduzir o consumo de vapor por água evaporada e grande parte da
evaporação é realizada nesta etapa. Esse tipo de arranjo conjuga em série, na unidade de
Descalvado, 5 caixas de evaporação, o 2ºefeito, 3º efeito A, 3º efeito B, 4º efeito A e 4º
efeito B, sendo que elas utilizam o próprio vapor vegetal formado por elas como meio
de aquecimento. Ao finalizar o processo de evaporação o caldo, denominado agora
xarope, já está pronto para ser cristalizado.
(falar que a temperatura das últimas caixas é menor, para que não ocorra inversão da
sacarose)

1.3. Cozimento
O xarope é encaminhado para os tachos de cozimento, onde o processo de
cristalização ocorre. O cozimento tem por objetivo obter cristais com boa qualidade e
com tamanho e uniformidade desejável. O processo de cozimento utiliza duas massas,
Massa A e Massa B, sendo que o início da cristalização ocorre Massa B onde a
granagem é feita. A granagem tem grande importância pois é ela a responsável por dar
início a formação dos cristais, esta pode ser conduzida de três diferentes maneiras,
sendo a mais utilizada a granagem por semente, pois ela proporciona cristais mais
homogêneos e de mesma qualidade e quantidade.
O pé de granagem é preparado preferencialmente com mel, o vácuo é levantado
certificando que a concentração da massa cozida fique na zona metaestável, pois esta
zona garante que não surgirão novos cristais espontaneamente e que os adicionados irão
se desenvolver.
A Massa B obtida é o pé de granagem da Massa A. Esta massa será alimentada com
xarope e a massa sofrerá cortes de um cozedor para outro, para que os cristais cresçam e
atinjam o tamanho necessário.
Para um bom esgotamento das massas são necessários alguns cuidados, como
concentração do xarope de 65° Brix, vapor de aquecimento suficiente e com pressão
constante, temperatura adequada das caixas e concentração e pureza elevada das
massas.

1.4. Centrifugação e Secagem


Ao esgotar as massas, é necessário separar os cristais do “licor mãe”. A separação
ocorre pelo sistema de centrifugação. As centrífugas possuem em seu interior cestos
metálicos perfurados que com o aumento da rotação e força centrifuga faz com que o
mel passe pela tela perfurada e os cristais permaneçam retidos em seu interior. Nestes
cristais é aplicado uma injeção de água a fim de eliminar o mel remanescente no cristal.
Os cristais apresentam umidade elevada, o que prejudica a qualidade pois acelera
sua deterioração, por isso é necessário que eles passem por uma última etapa, a
secagem. O secador é constituído de ventiladores e exaustor, que a partir da circulação
de ar faz com que os cristais saiam com a umidade desejada e todo o “pó de açúcar” seja
eliminado.

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