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Diretor: Mário Ramires // Dir. executivo: Vítor Rainho // Dir. exec. adjunto: José Cabrita Saraiva
Subdir. exec.: Marta F. Reis // Dir. de arte: Francisco Alves
inevitável
“Ninguém apaga a
estupidez de os
profissionais de saúde
não terem recebido o
aumento salarial”
“Não podemos ficar em casa
indefinidamente à espera
que surja uma vacina”
“Muito cedo as empresas
começaram a aproveitar
a oportunidade para
porem na rua quem
lhes dava jeito”
O sindicalista explica
porque a UGT
não estará nas
comemorações
do 25 de Abril na
AR e como festejará
o 1.º de Maio
// PÁGS. 20-25
Covid-19.
José Cabrita
Saraiva O futuro
Há quatro anos e meio, António Costa
recorreu a uma coligação inédita para pertence à
vigilância e ao
afastar a direita do poder, estabelecendo
como principal meta desse seu primeiro
Governo – o da chamada “geringonça” – o
autoritarismo?
fim da austeridade. Depois dos tempos
sombrios do PSD e do CDS, que tinham
ido “além da troika”, o PS e os seus aliados
vinham acabar com o sofrimento imposto
ao povo português. Por isso insistiram tan-
to na devolução de rendimentos e na redu-
ção para as 35 horas semanais – mesmo
que isso implicasse, como se verificou,
uma carga fiscal nunca vista.
Com a ajuda de uma conjuntura favorável
Face à pandemia, o poder dos Estados
(para que contribuíram os milhões do imo- tornou-se ainda mais musculado.
biliário e do turismo), o Governo conseguiu E já há abusos por todo o globo.
uma espécie de quadratura do círculo: dar
uma sensação de prosperidade, ao mesmo
tempo que cumpria o orçamento com inex- JOÃO CAMPOS RODRIGUES Vargas – foram usadas para a
cedível rigor. Apesar do aumento dos gastos joao.rodrigues@ionline.pt declaração de um estado de emer-
em diversos setores, Mário Centeno apre- gência, restrições das liberdades
sentou em 2019 algo único na democracia, O termo ditador está intimamen- que nada têm a ver com a crise
um orçamento de défice zero. E esperava te ligado com a noção de estado em questão”, lembra.
em 2021 obter excedente orçamental (algo de emergência. Na Roma anti- Se a atual crise económica cau-
que só acontecera durante a ditadura). ga, nos tempos da República, dita- sada pela covid-19 arrisca ser a Terceiro, se o estado de emer-
Só que o novo coronavírus veio deter esta dor era quem recebia poderes pior desde a Grande Depressão, gência tem prazo de validade.
caminhada triunfal. Pior, por mais apoios extraordinários em tempo de em 1929, muitos historiadores,
que venham da Europa – e infelizmente guerra, por um período máximo políticos e analistas lembram que DESINFORMAÇÃO? À luz destes
não parecem vir assim tantos –, o Governo de seis meses. Não tinha cono- foi no rescaldo desta que surgi- critérios, a situação na Hungria,
vai ser forçado a tomar medidas que, tação negativa, mas rapidamen- ram os grandes autoritarismos um Estado-membro da União
segundo antes dava a entender, os seus te degenerou. Na guerra contra do século XX. “O futuro, em his- Europeia, é particularmente gra-
antecessores da direita só impuseram por o coronavírus, Estados recebe- tória, é absolutamente imprevi- ve. A “lei coronavírus”, aprova-
incompetência, fanatismo ou má-fé… ram poderes extraordinários e sível”, acautela o historiador Sér- da em março pelo Fidesz, de
Entretanto, questionado com o que vai já surgem alegações de abusos. gio Campos Matos, professor na Viktor Orbán, implica que os jor-
fazer, o primeiro-ministro já rejeitou enfa- Na China, epicentro inicial da Faculdade de Letras da Univer- nalistas húngaros temem até cin-
ticamente o caminho da austeridade. pandemia e pioneira da vigilân- sidade de Lisboa. co anos de prisão por espalhar
“Não, não haverá medidas de austerida- cia digital, esta faz cada vez mais Contudo, “é inegável que nes- “desinformação” sobre a covid-
de”, declarou António Costa esta quarta- parte do quotidiano. França e tes últimos anos houve uma afir- 19. Definir o que é “desinforma-
feira no Parlamento. Rússia já sonham em seguir estes mação de nacionalismos radi- ção” fica nas mãos de Orbán, por
Como é possível dar essa garantia quando a passos e Israel colocou em cam- cais, que se procuram fundamen- tempo indeterminado.
magnitude do terramoto provocado pela po os seus poderosos serviços tar em mitos étnicos e raciais”, Se é verdade que a desinforma-
covid-19 ainda está por aferir? É certo que o secretos. A imprensa espanhola nota Campos Matos. “Como sabe- ção, as falsas terapias e as curas
primeiro-ministro só gosta de dar boas notí- fala em censura e os jornalistas mos, em muitas comunidades, a milagrosas, custam vidas em tem-
cias, mas agora não há como iludir que vamos nunca estiveram tão amarrados memória é curta”. po de pandemia, “a melhor garan-
atravessar uma crise sem precedentes. na Húngria, que impôs um esta- Na crise atual, com mais de 2,6 tia contra a desinformação não
Podem chamar-lhes o que quiserem – cor- do de emergência sem fim à vis- milhões de casos registados de é a censura”, nota Bruno Cardo-
tes, contenção, consolidação, restrição, ou ta, manobra típica de ditadores. covid-19 e mais de 187 mil mor- so Reis. “Sabemos que a censu-
até ‘tempo das vacas magras’ – mas preocu- “Há razões históricas para temer tes, a ameaça é real. Mas para o ra promove a desconfiança dos
pante seria que não fossem tomadas medi- esse tipo de abuso”, assegura ao subdiretor do CEI, há três crité- cidadãos face à informação ofi-
das – e algumas até já foram postas em prá- i Bruno Cardoso Reis, subdire- rios essenciais para definir se o cial e publicada, alimenta todo
tica. Quanto à semântica, se é ou não auste- tor do Centro de Estudos Inter- estado de exceção é adequado. o tipo de rumores”, garante.
ridade, pouco importa. Esta não é altura nacionais (CEI) do ISCTE-IUL. Primeiro, se as limitações de direi- Não é uma situação fácil. Até
para estar com eufemismos nem para per- “Crises reais ou inventadas – des- tos estão diretamente ligadas à aqui ao lado, em Espanha, há ten-
der tempo com minudências. Se temos de o incêndio do Reichstag pelos emergência. Segundo, se há meca- sões sobre o que é desinforma-
medo até das palavras, como podemos nazis até à chamada intentona nismos independentes de res- ção, com acusações de censura
enfrentar o que vem aí? comunista no Brasil de Getúlio ponsabilização das autoridades. contra o Governo de Pedro Sán-
Na Hungria, Polónia e
Espanha, entre outros,
há queixas de abusos.
Na China, a vigilância
tornou-se ainda mais
parte do dia-a-dia
ATTILA KISBENEDEK/AFP
chez, pela oposição e jornais como rão causar pânico social e insa- adiadas, apesar da oposição estar, cações como o WeChat, um espé- escala diferente, com a vigilân-
o ABC e El Mundo. Alguns jorna- tisfação” em relação às “institui- para todos os efeitos, proibida de cie de Whatsapp, ou o Weibo, cia digital. França já pediu à Apple
listas acusam o Governo de não ções e Governo”. O Executivo fazer campanha. Os votos dos semelhante ao Twitter, são moni- que alivie as suas regras de pri-
responder a perguntas e fechar espanhol já assegurou que foi cerca de 30 milhões de eleitores torizados e censurados direta- vacidade, para a app Stop Covid,
o Portal da Transparência, onde um mal-entendido. deverá ser integralmente por via mente pelas autoridades. cujo lançamento está previsto
estão os dados oficiais, após decla- postal – teme-se fraude a uma Com a pandemia, ganham pro- para meados de maio – ainda
rar o estado de emergência. PUNIR A OPOSIÇÃO Entretanto, escala sem precedentes. tagonismo os códigos QR, tor- terá de passar pela comissão de
A situação ficou mais tensa na Hungria, os jornalistas não A União Europeia reagiu com nados omnipresentes. São uma proteção de dados francesa.
quando a rádio Cadena Ser reve- são o único alvo de Orbán. É acu- comunicados duros contra ambos espécie de passaportes para os “Deve-se trabalhar para, em
lou que a Guarda Civil enviou sado de usar a emergência para os países. Ao mesmo tempo, boa chineses se deslocarem ou até conjunto com os nossos parcei-
email a instar os agentes a iden- punir dissidentes, cortando fun- parte dos 37 milhões de euros irem à compras: se a cor for ver- ros europeus, conciliar monito-
tificar notícias falsas que “pode- dos a presidentes de câmara da que pôs à disposição de Estados de não tiveram contacto com rização com garantias”, conside-
oposição, por todo o país. membros mais recentes e pobres, potenciais infetados. A China ra Bruno Cardoso Reis. Nomea-
Por exemplo, na pequena cida- para enfrentar a pandemia, foram venceu a pandemia, por agora, damente, garantias quanto “à
de de Göd, bastião da oposição, parar à Polónia e Hungria – mais mas teme a segunda vaga. segurança de dados e escrutínio
uma fábrica da Samsung foi decla- ainda que a Espanha ou Itália. “Este código é uma coisa mui- de quaisquer eventuais abusos”.
rada “zona económica especial”. to boa”, disse uma lojista chine- O investigador lembra o caso da
O imposto sobre imóveis deixou MEDO DO BIG BROTHER Ninguém sa à AFP. “Permite a clientes e Coreia do Sul, onde a monitori-
“Há razões de ser recolhido pela Câmara de duvida que o mundo não será o funcionários saber que o sítio zação digital foi feita com menos
históricas para Göd – era cerca de um terço da mesmo depois desta crise. Cri- onde vão é seguro”. Mas a segu- receios de abusos que na China.
temer este tipo sua receita – e passou para o con-
selho municipal de Pest, sobre o
se, do grego krísis, “ação ou facul-
dade de distinguir, decisão,
rança tem um preço: caso tenha
um código vermelho, não há
Entretanto, Israel não foi com
meias medidas. Em março, o pri-
de abusos”, avisa controlo do Fidesz. momento difícil”. Neste momen- ninguém a quem recorrer. E, meiro-ministro Benjamin Netanya-
o subdiretor do CEI Já na Polónia, as autoridades to, uma das grandes decisões em segundo o New York Times, todos hu deu ordens ao Shin Bet, a agên-
independentes estão sob pres- cima da mesa é um aumento glo- os dados são entregues à polí- cia secreta responsável pela segu-
são: há muito que o Governo quer bal da vigilância digital. cia, sem aviso aos utilizadores. rança interna, para espiar os seus
“Em muitas obrigar juízes do Supremo Tri- Na China, essa decisão já tinha Se a China foi apresentada como próprios cidadãos, caso possam
comunidades bunal a reformarem-se. O parti- sido tomada há muito tempo. modelo no combate ao novo coro- estar infetados. Sem qualquer
humanas, a do governante, o Lei e Ordem,
tomou nota das táticas autoritá-
Desde o uso massivo de câma-
ras de vigilância, com reconhe-
navírus, com medidas duras e
rápidas de isolamento social, imi-
mandato judicial, as secretas pas-
sam a ter acesso à localização
memória é curta”, rias de Orbán. As presidenciais cimento facial, até ao controlo tadas no resto do mundo, teme- dos israelitas através dos seus
diz Campos Matos de 10 de maio não deverão ser da internet e redes sociais. Apli- se que o mesmo aconteça, a uma telemóveis.
Países devem
reabrir por
pequenas zonas
geográficas,
recomenda ECDC.
Escolas? Abaixo
dos 10 anos
Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças alerta que
reabertura demasiado cedo e sem um sistema de monitorização
adequado pode levar ao rápido ressugirmento de novos focos de doença.
Numa altura em que há vários países a planear o regresso, recomenda
critérios e lança uma ideia: microcomunidades. Estar com os mesmos
colegas e amigos, grupos pequenos, pode ajudar num regresso gerível.
MARTA F. REIS que permitiu aos países conter mendarem medidas que pos-
marta.reis@ionline.pt o vírus nas últimas semanas. O sam manter-se por longos perío-
ECDC recomenda aos países que dos – por exemplo, permitir às
Como vai ser o regresso à nor- deixem passar “tempo suficien- pessoas que saiam de casa mas
malidade? O Governo anunciou te” entre o levantamento ou ali- mantendo uma distância de dois
já a apresentação de um plano viamento de medidas para ava- metros uma das outras, abrir
na próxima semana e que as liar o impacto na circulação do atividades em que a distância
medidas serão vigiadas a cada vírus, incidência da doença e física possa ser assegurada, sejam
15 dias. Esta quinta-feira, o Cen- mortalidade, alertando que os ao ar livre ou interiores, e dar
tro Europeu de Controlo e Pre- efeitos podem levar duas a qua- continuidade ao teletrabalho.
venção de Doenças (ECDC na tro semanas a tornarem-se per- Para as medidas terem suces-
sigla inglesa) publicou novas cetíveis nos sistemas de vigilân- so, devem ser acompanhadas
recomendações em que torna a cia epidemiológica. de um sistema robusto de moni-
alertar para a necessidade de Quanto à forma de decidir o torização, adverte o ECDC. O
garantir que a situação epide- que deve reabrir primeiro, o organismo recomenda os indi- eficaz: reduzir morbilidade e
miológica está suficientemente ECDC recomenda prioridade a cadores a monitorizar, que vão mortalidade da população, com
controlada e de preparar um medidas dirigidas a grupos etá- além dos dados recolhidos pelos especial atenção aos grupos de
regresso faseado para diminuir rios onde existe evidência de serviços de saúde, como casos risco, e limitar a circulação do
o risco de um rápido aumento que a transmissão cause menor confirmados, doentes hospita- vírus – o achatar da curva – e
de casos de covid-19. impacto em termos de saúde lizados ou a precisar de cuida- nos próximos anos manter os
O organismo da UE responsá- pública. Mas deixam um alerta, dos intensivos. Empresas, esco- casos de covid-19 dentro de pata-
vel por orientações de saúde que desincentiva a reabertura las e instituições devem fazer mares geríveis para os sistemas
pública recomenda mesmo que numa primeira fase de liceu ou parte do sistema, por exemplo,
ECDC diz que de saúde, possivelmente permi-
as medidas de resposta à covid- universidades, planos que têm percebendo se um funcionário monitorização terá tindo gradualmente adquirir
19 comecem a ser ajustadas, se estado a ser discutidos em Por- ou aluno, que falte num deter- de ser intensificada, imunidade populacional.
possível uma de cada vez, “em tugal nas últimas semanas. “Até minado dia, ficou em casa por Para decidir quando levantar
áreas geográficas pequenas ou ao momento, isto poderá só a ter sintomas compatíveis com
incluindo escolas medidas, traçam recomenda-
localizadas”, o que parece numa aplicar-se a crianças com menos a infeção pelo novo vírus. e empresas ções semelhantes às que já
primeira fase desincentivar cená- de 10 anos (e que não sejam de tinham sido feitas pela OMS: os
rios de reabertura de setores grupos de alto-risco), apesar de QUANDO REABRIR? Para o ECDC, países devem ter um robusto
em todo o país ao mesmo tem- ainda existir evidência limitada está em causa permitir a reto-
Organismo diz que sistema de vigilância epidemio-
po, lê-se na nova avaliação de sobre o papel das crianças na ma da economia dentro de dois é preciso criar as lógica, capacidade de testagem,
risco, centrada especificamen- transmissão da doença”, diz o objetivos de saúde pública que expectativas certas: uma moldura para o rastreio de
te nos desafios do relaxamento ECDC. poderão ter de manter-se ao lon- contactos com casos suspeitos
do atual confinamento e encer- Já para o distanciamento social, go dos vários anos – até que exis-
será uma maratona (e aqui voltam as ferramentas
ramento de espaços públicos – o conselho é para os países reco- ta uma vacina ou tratamento e não um sprint tradicionais mas não descartam
Portugal
ultrapassa
Itália
em número
de testes
realizados
Cerca de 302 mil
testes de diagnóstico
já foram feitos.
Covid-19.
Igreja prepara
layoff inédito
para padres
e funcionários
paroquiais
PSI 20
+1,18%
Mercados
Euro
PSI 20
Stoxx 50
+1,18%
+0,62%
FTSE IBEX 35
+0,97% +0,40%
S&P500* DAX
+0,33% +0,95%
Os restaurantes pressionam para reabrirem ao público nas próximas semanas BRUNO GONÇALVES Índice 2808,48 Índice 10513,79
Variação em % Variação em %
Ano -4,21 Ano +22,42
restaurantes em Portugal
4. Semapa +2,40%
5. Novabase +2,33%
LAYOFF É PARA MANTER À saída
do encontro, Carlos Moura, Piores do PSI 20 Var. em %
vice-presidente da Ahresp, defen- 1. EDP -0,21%
deu o prolongamento do meca- 2. Jerónimo Martins -0,19%
nismo de layoff simplificado para 3. CTT -0,00
os restaurantes durante a fase 4. Mota-Engil +0,18%
da retoma – possibilidade que o 5. EDP Renováveis +0,38%
ministro Siza Vieira já admitiu
Associação já se reuniu com o Governo e apelou a que o mecanismo vir a ser possível –, consideran-
de layoff simplificado se mantenha na fase da retoma. do que só assim será possível PSI-20 5 dias
aos estabelecimentos recupera- 4350
4315
rem gradualmente a sua ativi- 4280
JOÃO AMARAL SANTOS nio Lacerda Sales, para abordar isolamento) e de limpeza e desin- dade, mantendo os postos de 4245
4210
joao.santos@ionline.pt a implementação de um plano feção na preparação e confeção trabalho. “Não é possível fazer- 4175
que permita aos restaurantes dos alimentos, menus e servi- mos uma retoma (...) se não hou- 4140
4105
A Associação da Hotelaria, Res- funcionar já após o atual perío- ços. Segundo a Ahresp, apenas ver manutenção de alguns apoios 4070
tauração e Similares de Portu- do de estado de emergência. a implementação destas regras para que as empresas sobrevi- 4035
4000
gal (Ahresp) quer que os restau- Em comunicado, a Ahresp permitirá a reabertura dos res- vam e não tenham de fazer des- 4276,18 4131,04 -1,02%
rantes reabram ao público em defende a criação de um guia taurantes, que considera estar pedimentos por extinção de pos- 14/04/20 20/04/20
Portugal desde que seja cum- de procedimentos que inclua dependente “da definição de tos de trabalho ou despedimen-
prido um conjunto de regras várias regras, como a limitação regras específicas nas áreas de tos coletivos”, afirmou o dirigente.
que proteja e defenda trabalha- da lotação máxima dos restau- saúde, higiene e segurança para Recorde-se que muitos restau- Euro vs. dólar
1,078
dores e clientes. rantes ou o controlo da tempe- clientes, trabalhadores e insta- rantes se mantêm encerrados
A associação reuniu-se esta ratura corporal de colaborado- lações, bem como de apoios às desde o dia 18 de março, embo-
semana com o primeiro-minis- res e clientes à entrada dos espa- empresas, particularmente no ra alguns tenham encontrado
tro, António Costa, o ministro ços. A entidade liderada por que diz respeito à manutenção nos serviços de take-away alter-
da Economia, Pedro Siza Viei- Mário Pereira Gonçalves tam- dos postos de trabalho, e a com- nativas para mitigarem as per-
ra, a secretária de Estado do bém defende a definição de regras pra de equipamentos de prote- das que, segundo as últimas esti-
Turismo, Rita Marques, e o secre- de higiene pessoal e de distan- ção individual e medidores de mativas, se situam entre os 40% 1 euro 0,8738 libras esterlinas
tário de Estado da Saúde, Antó- ciamento social (como zonas de temperatura”. e os 70% da faturação normal. 1 euro 5,5923 reais brasileiros
Turismo
Carlos Costa quer que Post-it
União Bancária continue
Reembolso das
a ser uma prioridade
POR SÓNIA PERES PINTO
Os fatores
que fazem com
que os dados
da pandemia
não representem
a realidade
PUB
Empresários
preparam-se
para abrir
portas
a clientes,
mas também
a “desafios”
e “incertezas”
SÓNIA PERES PINTO (Texto) dade é que o 25 de Abril é uma data sim- Grândola. Já temos no site as imagens República, com o primeiro-ministro e
sonia.pinto@ionline.pt bólica, é comemorado com uma sessão do 25 de Abril. É normal que tenha sido com mais dois ou três ministros devida-
DIANA TINOCO (Fotografia) solene na casa da democracia, com um cancelado o desfile, assim como a UGT mente distanciados e mais alguns depu-
número mínimo de participantes. Assim cancelou o 1.o de Maio em termos pre- tados, não seria chocante, até poderiam
Apesar do estado de emergência, o secre- vai ao encontro do cumprimento das senciais. Temos de fazer a cerimónia este falar para um Parlamento vazio. Como
tário-geral da UGT garante que o país autoridades de saúde e das principais ano de uma forma ponderada, cautelo- aconteceu na Praça de São Pedro, com o
não pode ficar parado e, por isso, pede instituições do Estado. Foi assim encon- sa, com bom senso, evitar riscos de con- Papa Francisco a falar numa praça vazia,
que a retoma da economia não seja mais trado um número simbólico importan- taminação, de contágio, de grandes aglo- o que é uma coisa histórica na Igreja.
adiada. Carlos Silva fala na necessidade te e que, ao mesmo tempo, respeita as merações, mas as datas têm o seu signi- Em relação ao 1.o de Maio, a UGT não
de apoiar as empresas, pois só assim é regras de saúde e do distanciamento ficado e não podem ser esquecidas. tem nada preparado para esse dia...
possível manter os postos de trabalho, e social. Acho que devemos seguir em fren- Estava à espera da ausência da Não vamos fazer, claro. A UGT decidiu
lamenta que alguns empresários este- te, e quanto mais depressa as coisas acon- maioria dos ex-chefes de Estado na cancelar a presença de milhares de pes-
jam a aproveitar esta situação para faze- tecerem, mais depressa fica isto sanado. cerimónia? soas que este ano se concentrariam na
rem despedimentos abusivos – daí ter Para o assunto ficar esquecido... Era previsível não estarem presentes. O cidade de Vila Real, em Trás-os-Montes.
pedido o reforço da atuação da Autori- Não digo que fique esquecido, mas é general Ramalho Eanes, por todo o res- Temos pena destas coisas, mas julgo que
dade para as Condições do Trabalho importante que determinadas datas sejam peito que merece, já afirmou que vai por estar a insistir numa comemoração, ain-
(ACT). Em relação ao 25 de Abril, diz que comemoradas. Não estamos a falar de uma questão de respeito institucional – da que com menos pessoas, mas presen-
tem de ser comemorado, para que a data um 1.o de Maio com milhares de traba- isso revela que, se calhar, não está total- cial e na rua, não fazia sentido. As men-
não seja passada em branco. Quanto ao lhadores na rua. Estamos a falar de uma mente de acordo em estar presente. Os sagens chegam às pessoas pela comuni-
1.o de Maio, a central sindical optou por cerimónia que existe desde 1975, com outros estarão ausentes por uma ques- cação social e pelas redes sociais.
cancelar a cerimónia e vai recorrer às sessões solenes todos os anos e que con- tão de saúde. O general Ramalho Eanes, Importante é que a informação flua e
redes sociais. Para o responsável, não há ta com cerca de 600 ou 700 convidados. se não me engano, já tem 85 anos, o ex-Pre- que a mensagem chegue a todo o país.
dúvidas: a UGT não poderia ser respon- Este ano, a título excecional, estamos a sidente Jorge Sampaio também andará Muda apenas a forma. Quando houver
sável por risco de contágio. Sobre as elei- à volta dos 80 anos e o condições de saúde pública, as comemo-
ções na UGT, no próximo ano, Carlos Sil- ex-Presidente Cavaco rações tornarão certamente a ter o bri-
va diz que, para já, mantém a posição de “O 25 de Abril tem um simbolismo Silva terá 70 e muitos lho presencial, a festa dos milhares de
não se recandidatar, mas admite que, anos. Bem, quase 60 pessoas que gostam de participar e que-
face ao momento que se vive, poderá
extraordinário na vida da democracia anos tenho eu. Temos rem participar. Este ano, a título exce-
refletir e ponderar o que irá fazer. e deve ser comemorado” um estado de emergên- cional, entendemos que, em respeito à
cia em que um dos pri- saúde de todos os portugueses, devía-
Como vê a polémica em torno das meiros objetivos é pre- mos cancelar, e vamos passar a nossa
comemorações do 25 de Abril?
“Como não é possível substituírem- cisamente o dever de mensagem através das redes sociais. Ao
Pego um pouco na frase do primeiro-minis- -me e como não vou, a UGT não terá precaução, nomeada- longo desta semana estivemos a receber
tro quando diz que anda tudo um boca- nenhum representante na AR” mente para as pessoas mensagens dos secretários-gerais dos
do nervoso com a atual situação. O 25 com mais de 70 anos e nossos sindicatos que serão transmiti-
de Abril tem um simbolismo extraordi- com problemas de saú- das. Vai ser um momento interessante
nário na vida da democracia portugue- “A UGT cancelou a presença de. Sabemos que a saú- do ponto de vista virtual. Não estamos
sa e, por isso, sou da opinião que devia de milhares de pessoas que se de do ex-Presidente Jor- habituados a isso, mas temos de nos habi-
ser comemorado no Parlamento. Temos ge Sampaio está um tuar. Para o ano, lá voltaremos e, de pre-
de registar que a liberdade nos deu as concentrariam este ano em Vila Real” bocadinho fragilizada. ferência, para Vila Real, que este ano não
maiorias e em democracia vencem as Acho que não há aqui teve direito às nossas comemorações,
maiorias. E o certo é que a maior parte falar de uma cerimónia com 100 pessoas nenhuma leitura política em qualquer desde que haja condições de segurança
dos partidos políticos com assento par- ou até menos. Os partidos políticos já decisão dos três ex-Presidentes. Eu, que pública. Retomar a nossa normalidade
lamentar decidiu que a cerimónia devia decidiram que vão respeitar um quinto sou secretário-geral da UGT, informei os vai levar o seu tempo, e antes que algum
ter lugar. Outra questão diferente é o das suas presenças. Foi o Partido Socia- serviços do Parlamento que não estarei mal possa acontecer optámos por adiar.
número de pessoas a assistir na Assem- lista o primeiro a decidir, o PSD irá seguir presente. Tenho diabetes, vivo em Figuei- Não queremos ser responsáveis por em
bleia. Julgo que as coisas têm evoluído certamente e, mesmo com os convida- ró dos Vinhos; juntando as duas coisas, qualquer ajuntamento, em qualquer deci-
no sentido de haver um número digno, dos, há muita gente que não vai estar não vou. Mas tive o cuidado de pedir à são que tomássemos do ponto de vista
mas um mínimo de deputados e de con- presente. Importa é que se mantenha o minha secretária para contactar os ser- presencial, correr risco de existir qual-
vidados, e, nesse sentido, não vejo incon- simbolismo, que se façam as interven- viços da presidência da Assembleia da quer contaminação, qualquer surto. Não
veniente nem quero contribuir para criar ções importantes nesse dia pelo Presi- República para perguntar se podia ser queremos ser responsáveis por isso, até
qualquer polémica. Julgo até que a polé- dente da República, pelos partidos polí- substituído, como já fiz no ano passado por respeito aos sindicatos da UGT que
mica foi um bocadinho exacerbada. ticos, pelo Governo. Nesse sentido, jul- e há dois anos – estive ausente e fui subs- têm enfermeiros, técnicos de saúde, de
Acha que a solução encontrada de ter go que a polémica que se instalou acabou tituído por um colega meu que é secre- diagnóstico terapêutico que estão na
menos de 100 pessoas no Parlamento por resultar num acordo tácito entre tário-geral adjunto da UGT. Este ano, a linha da frente do combate à pandemia.
foi a melhor? todas as forças do país. Assembleia entendeu não aceitar subs- Não iríamos agora correr o risco de tomar
Julgo que é a mais desejável, ou seja, Tanto que, este ano, o desfile habitual tituições. Como não é possível substituí- a decisão de fazer uma festa, uma con-
manter a cerimónia com a devida dis- na Avenida da Liberdade não vai rem-me e como não vou, a UGT não terá fraternização na rua, para depois serem
tância social, como é pedido a todos os existir... nenhum representante. Não tem recado eles os primeiros a ter de estar novamen-
portugueses. E independentemente de Foi cancelado. A UGT já afirmou a todos nenhum político. Até lhe digo, se o Pre- te disponíveis para enfrentar um risco
estarmos em estado de emergência, a os seus sindicatos que vai acomodar a sidente da República estivesse no palan- de crescimento da contaminação.
democracia não está suspensa e a ver- ideia da Associação 25 de Abril com o que com o presidente da Assembleia da continua na página seguinte >>
>> continuação da página anterior mento das verbas forem garantidos às em layoff significa que aquele documen-
empresas, e isso só vai verificar-se dia to que subscrevi para a necessidade de
A CGTP tomou outra decisão e 26 ou 27 de abril, quando estas começa- haver uma retoma da economia tem dois
justificou-a com o facto de esta data rem a pagar os salários, mesmo tendo ou três condões. Primeiro, quando o
não poder ser passada em branco recorrido a este regime. É uma solução ministro Mário Centeno deu aquela expli-
principalmente nesta altura, em que que já existia no Código do Trabalho mas, cação de que 30 dias úteis de economia
considera que os direitos dos sendo simplificada, acaba por ser mais parada custam 6,5 mil milhões de euros.
trabalhadores estão a ser violados… urgente. E com este caráter de urgência É bom ter atenção a isto e ao drama que
Não vou comentar aquilo que faz a outra já há mais de 200 mil empresas a recor- isto significa para a economia portugue-
central sindical. Felizmente, vivemos em rem ao layoff. Mas é importante que sa, que estava até aqui num momento
democracia e em liberdade e cada um tenhamos consciência de que a manu- de subida. Em segundo lugar, os traba-
decide como entende. A UGT entendeu tenção dos postos de trabalho é funda- lhadores não perderam o emprego, per-
assumir esta posição. Não vou condenar mental, mas também é fundamental que deram rendimentos mas é temporário.
ninguém. Entendemos que, na salvaguar- haja a retoma da economia. Já era espe- Portanto, esperemos que ao fim de dois
da da saúde dos cidadãos, vamos come- rado que houvesse no início um recur- ou três meses deste sacrifício de esta-
morar o 1.o de Maio de uma forma dife- so muito grande a todas as medidas de rem em casa, quando retomarem, esse
rente daquela como comemorámos até apoio do Estado ao setor empresarial – problema também vai desaparecer. E,
hoje. Não passará em branco o 1.o de medidas que têm vindo a ser discutidas em terceiro lugar, manter a viabilidade
Maio, não deixará de ser emitida a men- com o Governo, com os parceiros sociais, das empresas. As que recorrem ao layoff
sagem da UGT para todos os trabalha- pois tem havido reuniões todas as sema- têm obrigações e isso já foi dito ao Gover-
dores portugueses, independentemente nas por videoconferência, desde o início no, e dissemos também ao primeiro-minis-
de serem ou não sindicalizados, porque de março, para discutir e dar contribu- tro na semana passada que é fundamen-
quando fazemos uma concentração com tos, encontrar soluções para resolver o tal que essas empresas – que contam
quatro ou cinco mil pessoas que se jun- problema do estado da economia em Por- com apoios do Estado – não possam des-
tam todos os anos na festa da UGT, a tugal. Só vamos perceber qual é a sua pedir e tenham de continuar a trabalhar.
mensagem que o secretário-geral difun- dimensão quando terminar o estado de Há quem diga que, depois desta fase de
de é passada por todo o país e para todo emergência e quando as empresas reto- layoff, a maioria das empresas irão
o mundo através da comunicação social. marem gradualmente a sua atividade. declarar falência, mais cedo ou mais
Esta fase também exigiu mudanças nas Ou não... tarde...
empresas. Estava à espera de tantos pedi- Todas as empresas que recorreram ao Vamos ter de aguardar pelo estado da
dos de layoff? layoff têm de voltar ao trabalho. Não economia e pela forma como vamos rea-
Estava. Aquando dos primeiros dias em podem despedir e têm de voltar ao tra- gir. Uma coisa é certa: layoff implica
que a pandemia foi conhecida em Por- balho, nem que seja lentamente. A minha apoios do Estado, estão todos os contri- Portugal porque, mesmo em situações
tugal, no início de março, e ao dia 15, preocupação não é com as empresas que buintes a pagar através dos seus impos- de layoff, podem não ter condições, ao
antes da primeira declaração do estado estejam em layoff, o que é importante é tos, há descontos que não são feitos para fim de algum tempo, de reabrir.
de emergência, a 18, já havia centenas que as linhas de produção sejam reto- a Segurança Social e os que forem feitos A meta do Governo apontava para
de empresas a reclamar que não tinham madas. E se voltarem de forma gradual, são em função dos 66%, há aqui um decrés- cerca de um milhão de trabalhadores
dinheiro para pagar salários, o que é uma então têm de começar com metade da cimo. Há o pagamento dos subsídios de nesta situação, mas em pouco mais de
coisa extraordinária porque, na primei- linha de produção, metade dos turnos, desemprego a todos aqueles que foram 20 dias estamos a atingir esse
ra quinzena, já havia empresas a colo- distanciamento social, equipamentos de despedidos e, neste momento, são cerca número…
car essas preocupações. Naturalmente, proteção, etc. Todas estas questões têm de 3 mil ou 3500 a bater à porta todos Claro, esse é que é o problema, e por
já era esperado que à medida que se fos- de ser acauteladas. Agora, perceber que os dias para pedir o subsídio de desem- isso digo que temos de esperar para ver.
se avolumando o estado de emergência, há quase dois milhões de trabalhadores prego. Há aqui um conjunto de situações E cada dia que passa, o Governo, os par-
várias empresas recorressem ao layoff que vamos ter de ir acompanhando. Não ceiros sociais têm de avaliar o impacto
ao longo dos tempos. É evidente que, vamos antever o que vai acontecer por- desta situação na economia. Costuma
mesmo com o layoff simplificado, a empre- que não sabemos. Por exemplo, as áreas dizer-se “ou se é preso por ter cão ou
sa, primeiro, apresenta o pedido, e só mais atingidas da economia são a res- preso por não ter”, mas quando um con-
depois é que se vai fiscalizar devido à tauração e o turismo. Se me disser que, junto de personalidades suscitam a
urgência do momento. Mas para nós é
“Antes da declaração se calhar, há muitos restaurantes que necessidade de gradualmente a econo-
importante uma questão: primeiro, as do estado de emergência já não vão abrir lá para julho, pois não. E mia retomar é precisamente para evi-
empresas que recorrem ao layoff têm havia centenas de empresas isso vai ser uma hecatombe. Mas é isso tar os dramas que rapidamente se ins-
apoios do Estado muito interessantes que vai acontecer? Ou será que muitas talaram no país. O problema não é só
porque os trabalhadores recebem 66% a dizer que não tinham das microempresas com três ou quatro de Portugal, mas Portugal é um país
do seu salário estando em casa. Não per- dinheiro para pagar salários” trabalhadores se vão aguentar? Não sei, que tem problemas de recursos, depen-
dem o emprego, apesar de perderem ren- é uma dúvida que temos de colocar, e de muito das exportações, depende do
dimento. No entanto, têm a certeza de essa é a nossa grande preocupação por- consumo interno mas muito mais do
que estão temporariamente em casa e o “Já era esperado que representam postos de trabalho. Em fator exterior, depende do turismo, e se
Estado apoia as empresas com uma per- que várias empresas relação às empresas que recorrem ao algumas destas áreas fundamentais
centagem do valor que os trabalhadores
vão receber. Não há dúvida de que há
recorressem layoff, a nossa expetativa é que, com os
apoios que venham agora da Europa,
estão paradas é evidente que vamos ter
aqui um sofrimento nos próximos tem-
aqui um apoio forte do Estado português ao layoff ao longo isso também seja um balão de oxigénio pos. Ainda não conseguimos neste
à medida que o layoff e o desbloquea- dos tempos” para muitos milhares de empresas em momento medi-lo.
Isaac W. Sprague.
O Homem-Esqueleto
que comia
como um abade
A quebra nas cadeias logísticas provo- os narcoclãs a abrirem mão das novas O vírus trará um aumento da conflitua-
cou o caos nos mercados de commodi- riquezas, papel higiénico e álcool em gel. lidade social, com ou sem confinamento.
ties. O petróleo atingiu preços negativos. O Estado contaminado pelo vírus cres- Muitos dos novos desempregados não são
A droga nunca foi tão cara. Durante o ce, aumenta a dívida, esquecendo-se de sindicalizados porque não integram nem
confinamento, a uberização da econo- dizer que irá cobrar mais impostos para a função pública nem o sector público dos
mia deu mais um passo em frente, com a pagar, regressa à economia e às empre- transportes, onde o emprego e a remune-
a distribuição porta a porta de produtos sas, nacionaliza, transforma créditos em ração estão protegidos. A contestação social
de primeira necessidade. capital social. O liberalismo faz fila no inorgânica, sem enquadramento sindical,
Mário João Fernandes Os conflitos congelados são, como os Terreiro do Paço, torce a boina e pede, poderá ser canalizada pelos oportunistas
vírus, oportunistas. No leste da Ucrânia, como sempre se pediu por ali. de serviço, longe do leque tradicional dos
a guerra civil não respeita o confinamen- O vírus também afecta a geringonça, partidos políticos. Teremos casos de par-
Sob este ponto de vista, a actual pande- to. Nas Filipinas, os islamitas aprovei- mesmo na modalidade de coitus inter- tidos-cogumelo, a crescer no Outono e a
mia limita-se a engrossar as filas das sei- tam com renovado vigor primaveril o ruptus em que vive desde Outubro do desaparecer na Primavera. Pior será se
tas milenaristas. No entanto, o mundo enfraquecimento viral do Estado. ano passado. O PCP regressará à pure- no entretanto cristalizarem no Parlamen-
como o conhecíamos acabou e ainda não Tomado pelo vírus, o Estado é ultrapas- za das origens e ao combate à austeri- to, por via de eleições antecipadas.
temos o distanciamento suficiente para sado em dinamismo pela iniciativa priva- dade. O Bloco perceberá que não será o Quando muitos sonhavam já com a
percepcionar todas as mudanças ou da: nas favelas brasileiras, colocadas em vírus a fazê-lo entrar para o Governo. A imortalidade, chegou a pandemia. Já não
sequer as mais importantes. lockdown pelas diversas associações cri- luta pela sobrevivência política devolvê- era sem tempo.
A digitalização da sociedade deu um minosas que as controlam; em Nápoles, -lo-á à competição com o PCP. Concor-
passo de gigante. O ensino e o trabalho com a Camorra a distribuir comida e dinhei- rência desleal, porque a boa dicção tea- Escreve à sexta-feira, sem adopção das regras
deixaram de ser presenciais, resta saber ro pelos mais pobres; e no México, com tral não bate a Intersindical. do acordo ortográfico de 1990
em que percentagem o voltarão a ser. A
digitalização pode facilitar a melhor dis-
tribuição de trabalho, que subitamente
se tornou escasso. Em matéria de ensi-
no, a perda da interacção entre profes-
sor e aluno poderá reforçar ainda mais
a alienação de uma geração que já vive
dentro de uma bolha.
O controlo digital da privacidade dei-
xou de conhecer quaisquer limites. Já
tinham caído os do bom senso e da von-
tade esclarecida; agora caíram os da lei,
por desuso dotado da convicção de obri-
gatoriedade.
Uma recessão económica profunda a
caminho da depressão divide os optimis-
tas. Tempo para o Green Deal ou tempo
para a Brown Economy?
Nem todas as mudanças radicais são
más. A necessidade de, para prevenir a
pandemia, confinar os sem-abrigo pode
ser a porta aberta à concretização do
direito à habitação. A democracia confinada pela pandemia? MAFALDA GOMES
gal, com as limitações conhe- dir-se-ia: belo quadro (como se dos enganos; e da interpreta-
cidas, parece-me absoluta- pode constatar na ilustração), ção (sim, Susan, desculpa-me,
mente normal e mesmo um e fim de história. Ou talvez não da interpretação). E, também,
sinal positivo. – e que me perdoe Sontag no ou sobretudo, a (im)possível
Outra questão é a forma seu alerta contra o excesso de conjugação simultânea de três
como o presidente da Assem- interpretação – porque, no qua- verbos: dever/poder/querer. Ver-
bleia da República, Ferro Rodri- dro, o que mais me seduz, pren- dadeira quadratura, não de um
gues, tem respondido às crí- de, fascina, intriga, dói, delei- círculo, mas de um triângulo
António Luís ticas. Mais uma vez, a segun- Rui Patrício ta, é o olhar de Judite; ou melhor, que, não por acaso, é um dos
Marinho da figura do Estado não parece as muitas possibilidades que maiores desafios da geometria.
ainda ter compreendido a sua ele contém. Cada um verá naquele olhar
função, sobretudo na forma Judite e Holofernes é um dos Sim, muitas – diria, metafori- coisa diferente e, se calhar, hoje
A data de hoje, 24 de abril, como comunica. Desta vez, quadros de Caravaggio que mais camente, mil. E que relação tem uma coisa, amanhã outra. Judi-
ainda é, para meia dúzia de parece ser a posição do “sou me interpelam e desafiam (refi- isso com a dedicatória acima, te majestosa, destemida, orgu-
saudosistas do antigo regime, eu que mando nisto”, aliás, já ro-me agora ao quadro “canó- ou seja, com os meus alunos, lhosa, vingativa, libertadora –
uma espécie de “ceia do últi- repetida em anteriores situa- nico”, não ao discutido quadro que devo orientar na descober- dizem alguns sobre o quadro.
mo dia” (que me perdoem os ções, em diálogos com o depu- do sótão francês). É uma com- ta e no cultivo da retórica, no Eu não vejo bem isso. Vejo mais
cristãos), uma triste despedi- tado do Chega. posição a óleo, que datam de seu mestrado forense? Tem assombro, repulsa e até incre-
da de alguma coisa que tal- Assim, o que se pretende 1599, e que reproduzirá uma toda a relação, e não é preciso dulidade. A criada que segura
vez já nem saibam o que era. então discutir? As desvanta- cena do Livro de Judite, do Anti- ser versado em Aristóteles ou o saco e espera mostra-se ner-
O pretexto deste ano para gens da democracia em rela- go Testamento. A viúva judia noutros mestres para o saber. vosa – dizem alguns. Eu não
a comparação das fantásti- ção aos regimes totalitários? terá seduzido e levado à embria- Basta viver e estar atento. Retó- vejo bem assim, vejo mais cruel-
cas virtudes do regime tota- As alegadas benfeitorias do guez o general assírio, duran- rica é comunicação, linguagem, dade, ou mesmo a precária vin-
litário de inspiração fascista Estado Novo? As saudades do te o cerco à sua cidade, e aca- emoção, interpretação, vida. É gança dos fracos sobre os for-
que governou Portugal duran- Império Colonial? Da guerra? ba por decapitá-lo, ajudando, olhar e ser-se olhado, ouvir e tes. E mais, e mais, um mundo
te cerca de meio século com Acredito sinceramente que a assim, a salvar o seu povo. O ser-se ouvido. É ser-se todo, em de possibilidades, uma espiral
a democracia nascida a 25 de maior parte dos alegados defen- quadro retrata o momento da si, mas com “o” e “no” outro. É de olhares e de leituras. Mas
abril de 1974 é a decisão de sores do regime derrubado no decapitação, sendo de notar – o objeto no sujeito – como se isto é o que me parece agora;
manter as comemorações na 25 de Abril não faz sequer uma sublinho, pois aprecio muito a este fosse o único ninho possí- noutro dia, talvez seja coisa
Assembleia da República, pálida ideia do que está a defen- arte sub-reptícia de cruzar o vel daquele. E é sedução, com- diversa. Vejo e ouço o que que-
reduzidas a uma centena de der. A escassa minoria que o faz sagrado e o profano – que se bate, superação, medo, surpre- ro, o que posso ou o que devo?
participantes, numa altura por convicção e conhecimento diz que o ousado pintor usou sa, repulsa, luxúria. Donde, as E que conjugação entre os três?
em que o estado de emergên- tem hoje, ironicamente, toda a uma cortesã como modelo para mil possibilidades do olhar de E como, onde e quando? Mui-
cia obriga a maioria da popu- liberdade para o fazer, uma vez Judite. Mas, voltando ao qua- Judite são as mil possibilida- tos são os caminhos, acidenta-
lação a manter-se em casa e que vivemos num regime que o dro, e à degola do malvado às des da vida, das emoções, da do e armadilhado se apresen-
proíbe “reuniões com eleva- permite, por ser democrático. mãos da mulher determinada, comunicação, das armadilhas, ta o terreno, caprichoso se põe
do número de pessoas”. Várias gerações já nasceram o clima – como bem ensinava
Na verdade, a Assembleia da depois do 25 de Abril. Passou Sun Tzu, numa arte da guerra
República tem mantido o seu quase meio século sobre aque- que é a arte da vida. São tan-
ritmo de trabalho, embora com le dia fundador. Será bem tas, são sempre mil, ou mais,
número mais reduzido de par- melhor discutir seriamente o as possibilidades, e é esse o fas-
ticipantes, o que atira por ter- regime em que vivemos, imper- cínio, mas também o perigo.
ra qualquer comparação com feito, sem dúvida, mas no sen- Tanto deleite quanta cautela,
reuniões ocasionais. tido de o melhorar. tanta paixão quanto senso. Ver-
Por outro lado, comemorar Vale sempre a pena recor- tigem e abismo – de mãos bem
uma das datas mais impor- dar a célebre frase de Chur- enlaçadas. É assim ser-com--
tantes da história de Portu- chill, também ele muito cita- os-outros, mas também, em
do nestes dias: igual ou maior medida, é assim
“A democracia é a pior forma ser-connosco. Como diria Walt
de governo, com exceção de Whitman, (des)arrumando defi-
Comemorar todas as outras”. nitivamente o assunto, todos
uma das datas E que cada um viva serena- os assuntos: “Do I contradict
mente, e sempre em liberda- myself?/ Very well, then I con-
mais importantes de, estes dias difíceis. tradict myself,/ (I am large, I con-
da história Só espero que também não tain multitudes.)” Como Judite,
de Portugal culpem o 25 de Abril pela pan- como todos nós.
demia.
parece-me normal Escreve quinzenalmente
e até positivo Jornalista Judite e Holofernes, de Caravaggio DR à sexta-feira
A missa
Reclusos nas nossas próprias casas, teremos de assistir à vacuidade medíocre de uns discursos banais e sem qualquer
significado, supostamente a celebrar a liberdade de que ninguém – tirando alguns políticos, pelos vistos – pode desfrutar.
trias e empresas de serviços com algu- da dos pedidos de ajuda ao FMI, dos pla- tas públicas e do colapso e bancarrota
ma dimensão e a uma reforma agrária nos de austeridade e dos empréstimos do Governo socialista entre 2005 e 2011,
destruidora da riqueza agrícola do país. de emergência concedidos por países depois de uma cura brutal de austeri-
Os resultados da revolução não se fize- amigos, entre os quais se destacavam dade, necessária para repor a casa em
ram esperar: afligida pela crise interna- os Estados Unidos. ordem, tudo parecia encaminhar-se para
cional iniciada em 1973, por uma des- Em 1977, ano em que o Governo de a medíocre e habitual mediania quan-
colonização caótica e excessivamente Mário Soares apresentou o seu pedido do nos desabou em cima esta crise do
rápida e pelas nacionalizações, a econo- de adesão à então Comunidade Econó- novo coronavírus.
João Luís Mota de Campos mia portuguesa passou para um brutal mica Europeia, Portugal estava a braços É neste contexto que a classe política,
défice externo da balança de pagamen- com mais uma tremenda crise de défi- encabeçada por um homem que não
tos, um défice orçamental da ordem das ce financeiro do Estado e uma inflação tem nada de estadista e calha presidir
Amanhã, 25 de Abril, vai ter lugar na dezenas de pontos percentuais, uma da ordem dos 40%, enquanto os salários à Assembleia da República, decidiu cele-
Assembleia da República mais uma inflação galopante e uma queda da pro- tinham os aumentos limitados a 15%... brar pela 45.a vez a data do 25 de Abril.
cerimónia comemorativa do golpe de dução que, só em 1975 em relação a 74 Com mais ou menos sobressaltos, o Não tenho nada contra o assinalar da
Estado militar ocorrido nessa data (e note-se que o golpe de Estado foi em país seguiu assim até 1986, ano em que data, mas quero realçar que se trata de
há 46 anos. abril de 74, ou seja, na primeira meta- finalmente entramos, com a oposição uma pura encenação vazia de qualquer
Corria o ano de 1974. Portugal era um de do ano), foi de 15%. determinada dos comunistas e da esquer- significado, num momento em que, por
país mediamente desenvolvido, pobre É certo que com as eleições de 25 de da em geral, na Comunidade Europeia. incrível ironia, os portugueses perde-
pelos padrões dos ricos, remediado pelo abril de 1976, depois de aprovada pela Desde então passámos a viver fixa- ram a principal liberdade de qualquer
padrão dos pobres. Cerca de um terço Assembleia Constituinte uma Constitui- dos no maná que nos entra pela por- pessoa, que é a de poder dispor livre-
do trabalho estava na agricultura, outro ção que quase excluía o setor privado ta dentro, não tendo tido o cuidado de mente de si próprios, circular e deslo-
terço na indústria e um terço nos ser- da economia, as coisas começaram a fazer as reformas estruturais que nos car-se, participar em cerimónias civis
viços. Membro das Nações Unidas, da ganhar algum cunho institucional com permitissem, com eficiência e digni- ou religiosas, nas festas de família ou
NATO, da OCDE e da EFTA (Associação a formação do primeiro Governo cons- dade, sobreviver e singrar no âmbito até, tristemente, em funerais. Reclusos
Europeia de Comércio Livre), entre mui- titucional, tendo Mário Soares como pri- da União Europeia. Esta visão mamí- nas nossas próprias casas, teremos de
tas outras organizações, Portugal vinha meiro-ministro. fera da Europa, como lhe chama José assistir à vacuidade medíocre de uns
a ser condenado de forma persistente Mas o arrumo constitucional não con- Ribeiro e Castro, marcou e marca a discursos banais e sem qualquer signi-
nas Nações Unidas pela continuação da seguiu travar a degradação acelerada nossa ambição europeia. ficado, supostamente a celebrar a liber-
sua política colonial e pela guerra que da economia e Portugal entrou na sen- Depois de várias mais crises das con- dade de que ninguém – tirando alguns
travava em três frentes, em Angola, em políticos, pelos vistos – pode desfrutar.
Moçambique e na Guiné. Dizem que a democracia não está suspen-
Quase metade do Orçamento do Esta- sa. Claro que não, ou não deve estar. Isso
do era para a defesa, ou seja, para a guer- não impediu a França de adiar para quan-
ra. Com uma taxa de apreensão fiscal do for possível a segunda volta das eleições
muito baixa, das mais baixas da OCDE, municipais, isso sim, um ato essencial da
pouco dinheiro sobraria para a política democracia, ou, em sentido contrário, de
social do Estado, educação e saúde, mas verberar a Polónia porque decidiu manter
o país quase não tinha dívida externa as eleições, apesar do confinamento.
nem sabia o que fosse défice orçamen- O que, a meu ver, não ajuda nada a
tal, tendo, aliás, fortes reservas em divi- acreditar a democracia, nem a presti-
sas e ouro, entre as mais elevadas do giá-la, é a promoção de uma cerimónia
mundo, e uma taxa de crescimento eco- que viola evidentemente as regras sobre
nómico da ordem dos 7 a 8% ao ano. confinamento que se impõem a todos,
O 25 de Abril, sendo embora um golpe para celebrar uma coisa que devia ser
militar, propôs-se mudar isso. A política celebrada diariamente, através da pro-
enunciada resumia-se nos célebres 3 D: bidade, inteireza e serviço público exi-
democratizar, descolonizar, desenvolver. gível à classe política, do cumprimen-
Infelizmente, e contra muitas das expe- to das regras do Estado de direito que
tativas criadas e esperanças legítimas se impõem a todos e do respeito pelo
da população, os comunistas tomaram sacrifício de quem neste momento vê,
o leme da revolução e desviaram-na para em muitos casos, a sua vida e futuro
uma cruzada ideológica anticapitalista postos em causa.
e ao serviço do comunismo internacio- Não será a intenção, acredito, mas esta
nal às ordens de Moscovo. missa do 25 de Abril escarnece de quem
Pouco mais de um ano depois do 25 não pode sair de casa.
de Abril, em 11 de março, um golpe de
Miguel SIlva
Os cravos também
eram brancos
RODRIGO
ALVES TAXA
Porque não tenho medo de mudar, usarei um cravo
branco, em nome dos que ainda não foram libertados.
D
Mais 25 de Abril. O 46.º aniversário
do “dia inicial inteiro
e limpo” ficará para a História.
Cravos a sair
A liberdade fica em casa,
a festa faz-se nos ecrãs.
Da música aos documentários,
do ecrã
ofertas não faltam.
MAIS
mais@ionline.pt
*ABRIL NO BAIRRO
Uma festa com oito
artistas e oito
canções para celebrar
a liberdade. É esta a
pedra basilar do
evento criado pela
agência Bairro da
Música, que juntou
assim oito músicos
para cantar Abril a
partir de suas casas.
Blind Zero, Joana
Alegre, Jorge Palma,
Pedro Moutinho, Rui
David, The Happy
Mess, Vicente Palma
e Zeca Medeiros são
os artistas que, entre
hoje e amanha, vão
dar a voz aos cravos
– as atuações serão
transmitidas nas
Há Revolução na Montanha contas oficiais de
O abril do Teatro Viriato recupera, cada um dos artistas
em tempos de pandemia, das 21h30 às 22h15,
entre hoje e amanha.
a memória de 1974 com uma série “Tendo como ponto
de momentos que se espraiam até de partida o tema da
domingo. A programação inicia-se liberdade, cada
artista/grupo vai
hoje, com a Senha e Contrassenha partilhar uma canção
poéticas dadas por Aldina Duarte que preparou
Retratos de Abril Sábado, às 23h45, na RTP1 e Jorge Silva Melo. Amanhã, especialmente para
esta data”, promete o
Com apresentação de Sílvia Alberto o SubPalco – o novo palco virtual Bairro da Música.
e Júlio Isidro, uma homenagem aos do teatro – é tomado pelo parceiro “Embora não possam
fotógrafos que viveram a revolução Teatro do Vestido, com a estreia estar em palco com o
seu público, é grande
nas ruas e registaram imagens do dia
de “E naquele dia saímos para a vontade de
que mudou Portugal. Pelo palco
do Coliseu dos Recreios,
uma cidade lavada e livre”, assinalar esta data
As Ondas de Abril
Sábado, às 14h30, na RTP1
Um olhar sobre a Revolução de Abril Paulo de Carvalho.
a partir de fora, neste filme que nos mostra O músico junta-se
como uma equipa de jornalistas estrangeiros
encontrou Portugal nas vésperas do dia 25, às comemorações
dando-se conta de que algo estaria prestes com três concertos gravados
a eclodir. Em abril de 1974, dois jornalistas para três autarquias, que
de uma rádio suíça chegam a Portugal para
fazer uma reportagem sobre a ajuda a um país o contrataram já em plena
“subdesenvolvido, mas simpático”. pandemia. Os espetáculos
Vagueiam pela província portuguesa quando, serão transmitidos online
subitamente, irrompe a Revolução dos Cravos.
e foram encomendados pelas
câmaras da Marinha Grande,
Oeiras e Amadora.
NA LINHA DA FRENTE
POR JOSÉ PAULO
DO CARMO
*
da produção. Pelo menos este um receio de aproximação ao
verão, as necessidades de diver- desconhecido. Não sei bem como
são e entretenimento serão supri- será , mas imagino um desses
BRANDOS COSTUMES das de outra forma. Ainda esta afoitos a perguntar à menina se
Domingo, às 0h15, na RTP2 semana, em conversa com o ilus- tem o certificado de imunida-
O filme que revelou o cineasta português Alberto Seixas tre dono de um restaurante algar- de da covid para que possam
Santos, em que o cinema surge como um ponto de vista vio, falávamos de como as gran- falar mais a vontade. Ou o sen-
da História e da intimidade de uma família portuguesa des festas em casas com dimen- sual que irá ser um simples ges-
da média burguesia, alternando-a com atualidades sobre são para isso – e até nas outras to de baixar a máscara ligeira-
a ascensão, glória e queda do salazarismo, num com lotação mais reduzida – irão mente, de forma a mostrar ape-
paralelismo entre a figura do chefe de família tradicional ganhar maior preponderância. nas o lábio superior. Em suma,
e o ditador. Os conflitos e as frustrações das filhas, que Será um género de regresso ao meninos e meninas, o recreio
representam duas gerações, são apresentados de forma passado que ainda permanece mudou! Nos próximos meses
didática nas suas relações com os pais, a avó e a criada. vivo para quem pode e para terão de inventar novas brinca-
Tudo isto é articulado com quadros musicais onde, quem é convidado para as inú- deiras, o que, com a sede que já
no limite, a história de uma família e a história de um país meras festas privadas, que con- por aí vejo e as mentes criati-
se confrontam, complementam e confundem. tinuam a existir sobretudo para vas que por aqui existem, não
quem não se identifica com o me parece difícil.
Enviar email com nome e morada com pedido Receberá por email Enviar email comprovativo
de subscrição e pedido de assinatura: comprovativo do pagamento e passará a receber
i. Trimestral = 70 euros da assinatura a edição seguinte, e durante
i. Semestral = 125 euros e NIB para efetuar o período de subscrição,
i. Anual = 225 euros pagamento; na morada que indicou
D
Mais
Desporto
UEFA. E se as Ligas
petições profissionais em julho – com o
desfecho da Liga Europa e Champions
a ser empurrado para o mês de agosto.
não terminarem?
A evolução global da pandemia de covid-
19 na Europa continua a ser diariamen-
te acompanhada pelo organismo presi-
dido por AleksanderCCeferin – em par-
Plano B valoriza
ceria com a Associação Europeia de Clubes
(ECA), Ligas Europeias (EL) e FIFPRO
Europa –, e ontem já foi divulgado um
plano B, a aplicar nos casos em que o
mérito desportivo
quadro epidemiológico não permita o
retorno do desporto-rei.
Um presente de (oxi)génio
■ A família de Stephen Hawking
decidiu doar o ventilador utiliza-
do pelo físico ao Royal Papworth
Hospital, em Cambridge, no Rei-
no Unido, para ajudar no apoio
aos doentes infetados com o
novo coronavírus. Além do venti-
lador, a família Hawking ajudou
o hospital com outros equipa-
mentos médicos necessários na
luta contra a covid-19. “Estamos
a doá-los ao Serviço Nacional de
Saúde na esperança de que aju-
darão no combate à covid-19. O
hospital Royal Papworth foi
extremamente importante para
o meu pai, como paciente venti-
lado, e ajudou-o em alguns
momentos muito difíceis”, subli-
nhou Lucy Hawking, filha do
físico, em declarações à Sky
News.” “Temos plena noção do
quão importante foi o Serviço
Nacional de Saúde na vida da
Uma semana de quarentena a cada 365 dias nossa família”, acrescentou.
era um bem que fazias Lucy Hawking apelou ainda a
todos os que puderem ajudar o
■ O ator Idris Elba foi uma das primeiras figuras públicas a serem Serviço Nacional de Saúde britâ-
diagnosticadas com covid-19 e, apesar dos sintomas leves, o coro- nico que o façam e elogiou a
navírus virou do avesso a sua vida e da mulher. A experiência de “dedicação e compromisso das
isolamento do casal após um diagnóstico positivo foi “assustadora, equipas” que estão na linha da
perturbadora e tensa”, afirmou o ator e a mulher à Associated frente do combate contra a
Press. “Todas as pessoas estão a sentir o mesmo que nós mas, defi- doença. O hospital já agradeceu
nitivamente, foi uma espécie de agitação completa”, disse o ator, o gesto da família do físico e diz
acrescentando que “o mundo devia estar uma semana de quaren- que foi “adorável receber notí-
tena todos os anos, apenas para recordar este momento”. cias da família de Hawking”.
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PALAVRAS CRUZADAS
HORIZONTAIS: 1 – Assentimento. Escrevinha. 2 – Exprimo. Letra grega (inv.). Preposi- HORIZONTAIS: 1 – Pseudónimo de Rómulo de Carvalho (apelido). Suco extraído da
ção. 3 – Decretara. 4 – Extremidade do braço. Símbolo químico do Hélio. Altar. 5 – Andar. papoila. 2 – Anel. Única. Preposição. 3 – Ali. Símbolo químico do Meitnério. Oca. 4 – Ata-
Símbolo químico do Gálio. Maior. 6 – Autores. Grito de dor. A primeira mulher. 7 – Idênti- que aéreo (pl.). Grã-Bretanha. 5 – Houve seis reis portugueses com este nome. Prestígio. 6
co. Composição poética destinada ao canto. 8 – Pátria de Abraão. Provérbio. 9 – Com- – Cânhamo. Entregar (inv.). 7 – Lê. Magoada. 8 – Melindra-se. Atmosfera. Andar. 9 – De
petição automóvel, ou de motociclos, por etapas. Antiga cidade da Grécia destruída por isso. Esqueleto (pl.). 10 – Instituto Nacional de Administração. Plano. Pão doce. 11 – Sím-
Filipe II da Macedónia. 10 – Entrego. Personagem bíblica que figura no livro de Tobias bolo químico da Prata. Não telefone! Essências.
como demónio dos prazeres impuros. 11 – Rio da Suiça. Colocar asas. VERTICAIS: 1 – Antiga região povoada pelos Gauleses. Galdéria. 2 – Existia. Descobriu a
VERTICAIS: 1 – Permite fantasiar. Emite o som do gato. Língua oficial do Paquistão. 2 – penicilina. 3 – Nota musical. Rata. Gasta. 4 – Rebanho de gado grosso (pl.). 5 – Síndrome
Único. País cuja capital é Teerão. 3 – Espreito. Símbolo químico da Prata. Satélite da Terra. de Asperger. Saudação. 6 – Maior dos mantras do hinduísmo. Prega. 7 – Pássaro. Elegan-
4 – Porco. Arquitecto catalão (1852-1926). 5 – Rochedo. Suspiro. Atmosfera. 6 – Vê. Eleva- te. 8 – Membro das aves. Sai ao Sábado. 9 – Substância resinosa extraída do pinheiro e
dos. 7 – Cobra. Filho de cavalo e burra ou de égua e burro. Parte incorpórea do ser huma- de outras árvores. Cordilheira que se estende ao longo da Rússia Ocidental. 10 – Entra
no. 8 – Membro de confraria. Aversão (pl.). 9 – Torna redondo. 10 – Substância produzida num país estrangeiro para aí viver. Cilindro. 11 – Prelado de mosteiro. Sozinhos.
pelas abelhas, com a qual fabricam os favos. Observa. Possuir. 11 – Gosta. Vil. Existo.
SUDOKU
1 | GRAU DE DIFICULDADE ★★★★★ 2 | GRAU DE DIFICULDADE ★★★★★ 3 | GRAU DE DIFICULDADE ★★★★★ 4 | GRAU DE DIFICULDADE ★★★★★
SOLUÇÕES
4| 3| 2| 1|
TEMPO
193333
HOJE AMANHÃ
19º 17º
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a
NORTE 10º 13º
23º 19º
CENTRO
Em causa está o valor acordado no Eurogrupo de 540 mil milhões, 14º
22º 22º
13º
mais o fundo de recuperação, que ainda não tem montante fechado. SUL 14º 13º
18º 18º
AÇORES 13º 12º
SÓNIA PERES PINTO ciamento com base em subvenções e referiu o montante de 1,5 biliões de euros. 20º 21º
sonia.pinto@ionline.pt com base em empréstimos. E uma peque- Caberá agora à Comissão Europeia MADEIRA 15º 15º
Ferro Rodrigues
Retalho automóvel Petróleo volta 1,5 milhões de estrangeiros O presidente da AR defen-
quer reabrir a 4 de maio a recuperar terreno já deixaram Espanha deu com unhas e dentes a
decisão da conferência de
PORTUGAL O setor do retalho automó- EUA Depois das fortes quedas no início MADRID Os números são esclarecedores: líderes de realização da ses-
vel está a preparar-se para reabrir a da semana e de ter negociado em valo- um milhão e meio de estrangeiros dei- são solene do 25 de Abril.
4 de maio e vai ter “contactos com o res negativos, o preço do petróleo vai xaram o território espanhol nas últimas Mas nada fez para que a
Governo” nesse sentido, adiantou o recuperando terreno. Em Nova Iorque, semanas em resultado do novo corona- mesma conferência de líde-
secretário-geral da Acap, Hélder Pedro. o contrato de crude que expira no dia 19 vírus. A ministra das Relações Exterio- res não se agarrasse a for-
Este pedido surge depois de uma “para- de maio chegou a valorizar mais de 27%, res do país vizinho, Arancha González malismos e impedisse Joa-
gem total do mercado, quer nos novos para 17,6 dólares por barril. Também o Laya, fez saber que em causa estão cida- cine Katar Moreira de usar
quer nos usados”, tendo sido conta- Brent, cujos contratos expiram a 30 de dãos comunitários e não comunitários da palavra, apesar da curio-
bilizada uma queda de 85% neste abril, ganhou quase 9% e negociou nos que pretenderam regressar aos seus paí- sa solidariedade dos depu-
momento. 22,18 dólares por barril. ses de origem. tados do Chega e IL. M. R.