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ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL

DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA RURAL

Tema:

Análise do contributo socio-económico da produção e comercialização das


hortícolas no distrito de Vilankulo na localidade sede no período de 2010 – 2014.

Licenciatura em Economia Agrária

Autora:
Delfina Isabel Nhunzane

Vilankulo, Outubro de 2015


Delfina Isabel Nhunzane

Análise do contributo socio-económico da produção e comercialização das


hortícolas no distrito de Vilankulo na localidade sede no período de 2010 – 2014

Relatório a ser apresentado em cumprimento


dos requisitos exigidos para obtenção do grau
Académico de Licenciatura em Economia
Agrária ao Departamento de Sociologia Rural,
Escola Superior de Desenvolvimento Rural, UEM

Supervisor: dr. Justino Hilário

Presidente: dr. Momate

Oponente: Constantino Machava

UEM-ESUDER
Vilankulo
2015
Índice
Conteúdo Página
Declaração de Honra ........................................................................................................................ i

Dedicatória ...................................................................................................................................... ii

Agradecimentos ............................................................................................................................. iii

Lista de abreviaturas ...................................................................................................................... iv

Lista de tabelas ................................................................................................................................ v

Lista de gráficos ............................................................................................................................. vi

Lista de apêndice e anexo ............................................................................................................. vii

Resumo ........................................................................................................................................ viii

CAPITULO I: INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1

1.1. Contextualização ................................................................................................................... 1

1.2. Problema ............................................................................................................................... 2

1.3. Justificativa ............................................................................................................................... 3

1.4. Objectivos ............................................................................................................................. 4

1.4.1. Objectivo geral ....................................................................................................................... 4

1.4.2. Objectivos Específicos ........................................................................................................... 4

1.5. Hipóteses ............................................................................................................................... 4

CAPITULO II: REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 5

2.1. Base Conceptual.................................................................................................................... 5

2.2. Características do sector familiar e privado em Moçambique .............................................. 5

2.3. Produção e comercialização de hortícolas ............................................................................ 6

2.3.1. Produção de hortícolas ...................................................................................................... 6

2.4. Classificação das Plantas Hortícolas ................................................................................... 15

2.5. Importância das Hortícolas ..................................................................................................... 19

2.6. Comercialização das hortícolas........................................................................................... 20


2.7. Impacto da produção e comercialização das hortícolas na geração de renda, emprego e para
melhoria das condições de vida ..................................................................................................... 22

2.7.1. Geração de Renda ................................................................................................................ 22

2.7.2. Geração de emprego ............................................................................................................ 23

2.7.3. Melhoria das condições de vida ........................................................................................... 23

CAPITULO III: METODOLOGIA ............................................................................................... 24

3.1. Descrição da área de estudo .................................................................................................... 24

3.1.1. Localização, Superfície e População ................................................................................... 24

3.1.2. Clima e Solos ....................................................................................................................... 24

3.1.3. Divisão administrativa ......................................................................................................... 24

3.2. Amostra. .................................................................................................................................. 25

3.2.1. Definição do tamanho da amostra: ...................................................................................... 26

3.2.2. Técnicas de Colecta de Dados ............................................................................................. 27

3.2.3. Consulta bibliográfica e documental ................................................................................... 27

3.2.4. Análise e interpretação dos dados ........................................................................................ 28

3.2.5. Limitações do trabalho ......................................................................................................... 28

CAPITULO IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 30

4.1. Identificação dos produtores de hortícolas na localidade sede do distrito de Vilankulo ........ 30

4.1.1. Objectivos dos produtores de hortícolas situados na localidade sede do distrito de


Vilankulo........................................................................................................................................ 30

4.2. As principais hortícolas produzidas e comercializadas na localidade sede do distrito de


Vilankulo........................................................................................................................................ 31

4.3. Factores que condicionam a produção e comercialização das hortícolas no distrito de


Vilankulo na localidade sede ......................................................................................................... 33

4.3.1. Factores que condicionam a produção de hortícolas ........................................................... 33

4.3.2. Factores que condicionam a comercialização de hortícolas ................................................ 34

4.4. Comparação dos rendimentos obtidos pelos produtores durante os anos de 2010 à 2014 ..... 35
4.5. Impacto da produção e comercialização das hortícolas. ......................................................... 37

CAPITULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................................ 39

5.1. Conclusões .............................................................................................................................. 39

5.2. Recomendações....................................................................................................................... 40

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................... 42

APÊNDICE E ANEXOS ............................................................................................................ I-IX


Declaração de Honra

Eu, Delfina Isabel Nhunzane, declaro que este relatório é resultado da minha investigação pessoal,
que todas as fontes estão devidamente referenciadas e que nunca foi apresentado para obtenção de
qualquer grau nesta universidade, escola ou em qualquer outra instituição de educação.

(Delfina Isabel Nhunzane)

_____________________________________

Vilankulo, aos____ de__________ de 2015

i
Dedicatória

Dedico este trabalho ao meu pai Samuel Macohane Nhunzane, ao meu marido Ivan Salatiel
Francisco, e às minhas irmãs Clara Isabel Nhunzane e Olina Regina Nhunzane.

ii
Agradecimentos
O meu primeiro agradecimento vai para Deus por ter me acompanhado nesta caminhada até os
dias de hoje, me iluminando e guiando pelo bom caminho dando saúde e força para superar as
dificuldades até chegar nesta fase. Agradeço ao meu pai Samuel Macohane Nhunzane e ao meu
marido Ivan Salatiel Francisco pelo apoio moral, material e financeiro que sempre souberam me
prestar.

Endereço agradecimentos aos docentes da Escola Superior de Desenvolvimento Rural que


durante os anos da minha formação dedicaram toda a sua energia no processo do ensino e
aprendizagem em particular ao meu supervisor Dr. Justino Hilário, pela orientação e
acompanhamento demonstrados ao longo da elaboração do presente relatório

Uma palavra de apresso vai para todos os meus colegas do curso em particular ao Fluêncio
Mujovo, Filipe Chambela, Emília Chivale que ao longo da minha formação sempre souberam
ceder o seu apoio amigável em todos momentos da vida estudantil e social.

Meu agradecimento estende-se aos meus irmãos Jorge Nhunzane, Sara Nhunzane, Sérgio
Nhunzane e Marcos Nhunzane, que estiveram sempre do meu lado neste grande percurso
apoiando-me e dando força incondicional. O meu obrigado vai ao pessoal dos Serviços Distritais
de Actividades Económicas de Vilankulo, em particular ao extensionista José Mateus e a todos
colegas, amigos que directa ou indirectamente contribuíram para a realização deste sonho, a
todos o meu muito obrigado.

iii
Lista de abreviaturas

FAEF- Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal

H0- Hipótese nula

Ha- Hipótese alternativa

MAE: Ministério de Administração Estatal

MIC: Ministério da Industria e Comercio

MINAG: Ministério da Agricultura

PARPA: Plano para Acção e Redução da Pobreza Absoluta

PEDD: Plano Estratégico de Desenvolvimento Distrital

RSA: República da África do Sul

SDAE: Serviços Distritais de Actividades Económicas

iv
Lista de tabelas

Tabela 1……………………………………………………………………………………………..25

Tabela 2………………………………………………………………………………………..……32

Tabela 3………………………………………………………………………………………..……35

v
Lista de gráficos

Gráfico 1……………………………………………………………………………………………36

vi
Lista de apêndice e anexo

Apêndice 1: Guiões de inquérito por via de entrevista semi-estruturada destinadas aos produtores,
comerciantes e extensionistas da localidade sede do distrito de
Vilankulo……………,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,…………………..
II

Apêndice 2: Tabelas de rendimentos médios por cada produtor durante o período de 2010 a
2014…..………………...………………………………………………..………………………..VI

Anexo 1: Mapa do distrito de Vilankulo…..………………………………………………………X

vii
Resumo

A produção e comercialização Agrícola desempenham um papel extremamente importante na


economia nacional, constituindo uma das principais fontes geradora de rendimentos da população
nas zonas rurais, onde a maioria da população tem as suas condições de vida assentes na
agricultura; é igualmente um dos principais factores impulsionadores do aproveitamento dos
produtos agrícola das cinturas verdes urbanas e também um factor de ligação entre o camponês e o
mercado em termos de relacionamento económicos entre as zonas rurais e urbanas; é um
instrumento indutor da produtividade agrícola. Para a realização do trabalho foi necessário o uso de
metodologias qualitativas e quantitativas que permitiram analisar os dados colectados com uma
amostra de 96 produtores de hortícolas sendo 61% mulheres e 39% homens. Fez-se ainda
consultas a estatísticas de produção e comercialização de hortícolas ao nível da localidade sede do
distrito de Vilankulo no período de 2010 a 2014. Os resultados mostram que na localidade sede do
distrito de Vilankulo são produzidas diversas hortícolas tais como, tomate, alface, couve, pimento,
repolho, cebola e cenoura. Tomate, couve e repolho são hortícolas mais comercializadas, e tomate é
hortícola mais produzidas e comercializada. Os altos custos de semente, altos custos para
escoamento da produção, falta de tecnologias de conservação dos produtos, falta de capacidade para
controlo de pragas e doenças, fraco conhecimento de técnicas de produção, assistência técnica
deficiente são tidos como os problemas durante toda a cadeia de valor a nível local. Com base no
rendimento proveniente das suas actividades, os produtores de hortícolas a nível local conseguem
suprir as necessidades básicas dos seus agregados familiares e constitui uma oportunidade pois
alguns até chegam adquirir meios de transporte tais como motorizadas e bicicletas. A produção e a
comercialização de hortícolas contribui na educação escolar em diferentes níveis de ensino dos seus
filhos tendo em média 4filhos que cada agricultor consegue colocar na escola, as hortícolas
produzidas contribui no auto-emprego, desempenham um papel importante na dieta humana visto
que são fontes de sais minerais, vitaminas e demais nutrientes que fazem com que o corpo humano
funcione de forma plena e perfeita.

Palavras-chave: produção, comercialização e hortícolas.

viii
Análise do contributo socio-económico da produção e comercialização das hortícolas no distrito de Vilankulo na
localidade sede no período de 2010 - 2014

CAPITULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização
As hortícolas desempenham um papel importante na dieta humana visto que são fontes de sais
minerais, vitaminas e demais nutrientes que fazem com que o corpo humano funcione de forma
plena e perfeita. Também são geradoras de renda visto que, o cultivo de hortícolas chegam a
complementar 70% da receita salarial familiar, além de contribuir para o abastecimento das cidades
vizinhas, proporcionando maior segurança alimentar e nutricional da população (LOVATO,
2006:151).

Nos últimos anos tem se verificado no mundo, em geral, e Moçambique em particular, um aumento
constante da produção das hortícolas. Este aumento deve se à maior procura das mesmas para
consumo a fresco, em produtos industriais e outras ( RIBEIRO & RULKENS,1999: 2).

De acordo com o MINISTERIO DA INDUSTRIA E COMERCIO (MIC, 2013:16), a produção e


comercialização agrícola desempenham um papel extremamente importante na economia nacional,
constituindo uma das principais fontes geradora de rendimentos da população nas zonas rurais,
onde a maioria da população tem as suas condições de vida assentes na agricultura; é igualmente
um dos principais factores impulsionadores do aproveitamento dos produtos agrícola das cinturas
verdes urbanas e também um factor de ligação entre o camponês e o mercado em termos de
relacionamento económicos entre as zonas rurais e urbanas; é um instrumento indutor da
produtividade Agrícola.

O presente trabalho apresenta-se estruturado da seguinte maneira: no primeiro capítulo encontra-se


a parte introdutória que compreende a contextualização, o problema, a justificativa, os objectivos, e
as hipóteses. No segundo capítulo encontra-se a revisão da literatura, onde apresenta-se as teorias
que orientam a análise e compreensão do estudo. No terceiro capítulo encontra-se a metodologia
onde apresenta os métodos, as técnicas, tratamento e interpretação de dados, seguido de uma breve
descrição do distrito de Vilankulo que é o nosso campo de estudo, Apresenta-se em seguida os
capítulos dos resultados e discussões, a conclusão e as recomendações, as referências bibliográficas
usadas para a efectivação do presente estudo.

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Delfina Isabel Nhunzane 1
Análise do contributo socio-económico da produção e comercialização das hortícolas no distrito de Vilankulo na
localidade sede no período de 2010 - 2014

1.2. Problema
De acordo com JUSCELINO (2001:63) A ocorrência de pragas e doenças constitui uma das
principais causas das perdas nas hortícolas. Onde as doenças mais comuns nas hortícolas são
causadas por fungos, bactérias, vírus e deficiência nutricional que cria um mau desenvolvimento
das plantas, amarelecimento das folhas, murchamento e morte das plantas. A falta ou excesso de
água, excesso de calor ou frio podem ser responsáveis por esses sintomas.

Um dos principais desafios para a redução da pobreza em Moçambique, no contexto do pilar do


desenvolvimento económico e social, é a modernização e expansão da actividade agrícola. Com o
objectivo de aumentar o rendimento e garantir a segurança alimentar possibilitando a melhoria das
condições de vida e bem-estar, há necessidade de desenvolver novas técnicas agrícolas
nomeadamente uso de instrumento modernizado, (PARPA II, 2006: 3).

A ocorrência de pragas e doenças, a falta de contentores de frio para conservação das hortícolas, as
péssimas condições das vias de acesso para escoar a produção da zona rural para o mercado, a
insuficiência de recurso financeiros para aquisição dos insumos da produção, fraco conhecimento
de técnicas de produção e assistência técnica deficiente constituem problemas que afectam com
certa severidade o sector da agricultura no distrito de Vilankulo na localidade sede para a produção
das hortícolas.

A produção de hortícolas no distrito de Vilankulo tem como principais características o grande


número de unidades de produção e de comercialização e a sazonalidade da sua produção (refere-se
a variação na produção ao longo dos meses do ano) fazendo com que a produção e a oferta
concentrem-se em determinados meses do ano, afectando deste modo os preços recebidos pelos
produtores, os custos de transporte, armazenagem.

Deste modo, torna-se pertinente questionar: Qual é o contributo social e económico da produção e
comercialização das hortícolas produzidas no distrito de Vilankulo na localidade sede?

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Análise do contributo socio-económico da produção e comercialização das hortícolas no distrito de Vilankulo na
localidade sede no período de 2010 - 2014

1.3. Justificativa

Apesar do fraco desenvolvimento da agricultura em Moçambique, o país possui um grande


potencial para a médio e longos prazos desenvolver uma agricultura que assegura um crescimento
sustentável. É necessário que sejam adoptadas deliberadamente estratégias que visam a
transformação da economia familiar de subsistência e de baixo rendimento para uma agricultura
mais integrada, orientada para criação de emprego, auto-suficiência alimentar, produção de matéria-
prima para indústria nacional e exportação (SITOE; 2005: 21).

De acordo com o MINISTERIO DA AGRICULTURA (MINAG, 2010:15), agricultura


desempenha um papel importante no âmbito do combate à pobreza, na geração de emprego rural e
contribui para a segurança alimentar familiar e nacional, além de contribuir na redução da pobreza
essencialmente rural, representando em termos económicos, 20% do PIB e 80% das exportações.
Além disso, a nível do país cerca de dois terços da força de trabalho encontra-se neste sector,
ocupando cerca de 90% das mulheres activas e 70% dos homens activos

O interesse pelo estudo deveu-se ao facto da actividade agrícola constituir uma das estratégias do
governo no combate e na redução da pobreza absoluta em Moçambique, e o distrito de Vilankulo
tendo uma influência de entrada em grandes quantidades de hortícolas provenientes de vários
pontos do pais bem como da África do sul, tornou pertinente perceber a aceitação das hortícolas
produzidas a nível local nos mercados do distrito e nível externo (distritos circunvizinhos) uma vez
que o preço estabelecido no mercado é o mesmo e por vezes as hortícolas produzidas a nível
externo são vendidos a preços relativamente baixos, procurar saber se a produção das hortícolas tem
um impacto positivo ou não ao nível social e económico dos praticantes desta actividade.

O presente trabalho pretende contribuir para uma melhor compreensão da situação dos produtores
de hortícolas na localidade sede do distrito de Vilankulo, dos comerciantes de hortícolas que
abastecem os mercados do distrito, identificando como reagem na geração de renda, emprego e na
melhoria das condições de vida dos agricultores.

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Análise do contributo socio-económico da produção e comercialização das hortícolas no distrito de Vilankulo na
localidade sede no período de 2010 - 2014

1.4. Objectivos

1.4.1. Objectivo geral

 Analisar o contributo sócio-económico da produção e comercialização das hortícolas no


distrito de Vilankulo na localidade sede no período de 2010 – 2014.

1.4.2. Objectivos Específicos

 Identificar os produtores de hortícolas no distrito de Vilankulo na localidade sede.

 Descrever as principais hortícolas produzidas e comercializadas no distrito de Vilankulo na


localidade sede;

 Caracterizar os factores que condicionam para produção e comercialização das hortícolas no


distrito de Vilankulo na localidade sede;

 Comparar os rendimentos obtidos pelos produtores durante os anos de 2010 à 2014;

 Avaliar o impacto da produção e comercialização das hortícolas na geração de renda, emprego e


na melhoria das condições de vida dos agricultores.

1.5. Hipóteses

H0: A produção e comercialização das hortícolas não contribuem para geração de renda,
emprego e para a melhoria das condições de vida dos agricultores do distrito de Vilankulo na
localidade sede;

Ha: A produção e comercialização das hortícolas contribuem para geração de renda, emprego e
para melhoria das condições de vida dos agricultores do distrito de Vilankulo na localidade da
sede.

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localidade sede no período de 2010 - 2014

CAPITULO II: REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Base Conceptual

Produção
De acordo com JOSÉ (2005: 1), produção é o aumento da utilidade de bens e/ou serviços,
considerando como factores de produção, a natureza, o trabalho e capital, além da tecnologia.

Comercialização
A Comercialização compreende o conjunto de actividades realizadas por instituições que se acham
empenhadas na transferência de bens e serviços desde o ponto de produção inicial até que eles
atinjam o consumidor final (PIZA & WELSH, 2009:1).

Indicador social
Segundo VALDECIR (2012:17), indicador social é um recurso metodológico, empiricamente
referido, que informa algo sobre um aspecto da realidade social ou sobre mudanças que estão se
processando na mesma.

Indicador económico
Segundo MENDES et al.(s/d:27), os indicadores económicos são grandezas de carácter económico,
expresso em valor numérico, cuja principal utilidade consiste na aferição dos níveis de
desenvolvimento de países, regiões, empresas, permitindo também como é evidente, efectuar
comparações.

2.2. Características do sector familiar e privado em Moçambique


No sector familiar o agregado é a unidade de produção e de consumo. Os produtores usam uma
tecnologia simples e o trabalho é manual (enxada, catana, machado e outros), as vezes a tracção
animal. Para certas actividades usam pouco ou nenhum insumo, que deve ser comprado como
fertilizantes, pesticidas, sementes melhoradas. Os produtores dispõem de recursos financeiros muito
limitados e a maior parte da produção de hortícolas é normalmente destinada ao auto sustento
MUCAVELE (1989:6).

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localidade sede no período de 2010 - 2014

De acordo com o mesmo autor no sector privado, o complexo de produção não é constituído apenas
pelo agregado familiar, pois há contratação de mão-de-obra, quer em regime sazonal quer em
regime permanente. Há maior uso de tecnologia moderna, onde o trabalho envolve uso de
maquinaria particularmente nas operações de lavoura e gradagem. Há maior utilização de insumos,
como sementes melhoradas, pesticidas e adubos. o tamanho da exploração é relativamente maior, se
comparado com o sector familiar e, o sistema visa fundamentalmente fornecer o mercado, e
envolve poucas actividades económicas (culturas de rendimento e criação de animais domésticos),
quer dizer, há maior especialização das suas actividades.

CARRILHO et al. (s/d:8) apresenta a seguinte classificação: Sector privado é sector empresarial
agrícola ou sector de grande escala, com áreas maiores de 10 hectares e é orientado para o mercado.
Enquanto que Agricultura familiar comercial é a agricultura com forte e regular interacção com o
mercado e usa mais frequentemente e regularmente mão-de-obra remunerada.
Uma outra categorização é dada por FAEF (2001) citado por Ibraimo (2005:6), esta classificação
leva em consideração o tamanho das áreas e agrupa em 3 categorias:
 Pequenos agricultores, são aqueles que exploram 0, 25-3 ha;
 Médios agricultores, exploram áreas de 3 a 20 ha;
 Grandes agricultores, exploram mais de 20 ha.

2.3. Produção e comercialização de hortícolas


2.3.1. Produção de hortícolas

Segundo OLIVEIRA & BENTO (2005: 1), a produção de hortícolas constitui uma das fontes de
renda para o sector familiar. No entanto as culturas estão sujeitas as grandes variações devido as
mudanças climáticas que tem se verificado nos últimos anos, prejudicando principalmente o sector
familiar porque a produção de hortícolas é praticada maioritariamente pelo sector familiar, onde a
mesma esta cada vez mais crescente, sendo responsável por uma grande parcela da produção
agrícola. Mas há um reconhecimento geral a respeito da falta de informações sobre a realidade
sócio económica da agricultura familiar assim como das reais dificuldades enfrentadas pelos
agricultores familiares.

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De acordo com BEVILACQUA (2006:2), uma horta define-se como um lugar onde se praticam
culturas hortícolas; o termo horticultura vem do latim hortus, que significa jardim; as plantas
hortícolas são aquelas que podem ser cultivadas em hortas de pequeno porte. São de fácil cultivo
além de trazerem um enorme prazer para as pessoas que as cultivam pois podem ser usados para
alimentação dos seres humanos;

A hortícola refere-se ao grupo de plantas que apresentam em sua maioria as seguintes


características: consistência tenra, não lenhosa; ciclo biológico curto; exigência de tratos culturais
intensivos; cultivos em áreas menores em relação às grandes culturas e utilização na alimentação
humana, sem exigir prévio preparo industrial (BEVILACQUA, 2006:2).

As hortícolas são mais adaptadas em ambientes frescos e húmidos. No mundo a sua produção
representa 20% do total da produção agrícola e Sua produção comercial é estimada em mais de 15
biliões de dólares. Pelo seu alto valor comercial, que alcançam no mercado, são explorações
bastante compensadoras (ALMEIDA, 2006: 3).

2.3.1.1. Solo
O solo é um dos elementos necessário para a produção de hortícola, pois o preparo é uma das
operações mais importantes para o sucesso do cultivo das hortícolas, porem a manutenção de um
solo sadio, vivo e equilibrado é que garantirá o desenvolvimento das plantas saudáveis, capazes de
suportar as adversidades de factores climáticos desfavoráveis tais como ataques de pragas e
doenças, entre outros (MARTINS, 2001: 29).

Um solo é classificado como de textura arenosa quando mais de 85% das partículas estão na
fracção areia; textura argilosa quando mais de 35% das partículas estão na fracção argila; textura
barrenta ou franca (média), quando ocorre equilíbrio entre as fracções. O Solo arenoso é aquele que
é fácil de se trabalhar, bem arejado, a água infiltra rapidamente e armazena baixa quantidade de
água enquanto que o solo argiloso é mais pesado e difícil de se trabalhar, resistindo às ferramentas;
a água infiltra mais lentamente, porém apresenta melhor capacidade de armazenamento de água
(MARTIN, 2001: 37).

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De acordo com o mesmo autor as hortícolas desenvolvem-se melhor em solos franco-arenosos e


franco-argiloso profundos, leve, rico em matéria orgânica, fértil bem drenado e com boa
disponibilidade de nitrogénio.

O grau de acidez de um solo é medido pela concentração de iões hidrogénio (H+) na solução do
solo e é normalmente expresso pelo símbolo pH (p = potencial; H = Hidrogénio). A escala de pH
vai de 0 a 14, sendo 7 o ponto médio, onde se diz que o pH é neutro. Acima de 7 se diz que o solo
tem reacção alcalina ou básica, e abaixo de 7 que o solo tem reacção ácida. A maioria das hortícolas
se desenvolve melhor em valores de pH variando de 5,5 a 6,8 o que significa que as hortícolas se
desenvolvem bem em solo que tem a reacção ácida (MARTIN, 2001: 38).

2.3.1.2. Clima
As hortícolas possuem diferentes exigências climáticas, especialmente com relação à temperatura,
luz e humidade, encontrando melhores condições de desenvolvimento e produção quando o clima é
ameno, com chuvas leves e pouco frequentes. As temperaturas elevadas favorecem o florescimento
e aceleram a maturação. As baixas temperaturas retardam o crescimento, a frutificação e a
maturação, podendo também induzir o florescimento indesejável (MARTIN, 2001: 27).

As diferentes exigências das espécies em temperatura é que vão definir as épocas adequadas de
plantio. As temperaturas ideais para a produção de hortícolas de espécie tuberosa e herbácea variam
de 15 ºC a 23ºC,enquanto que as espécies de fruto as temperaturas variam de 18 a 30ºC. A luz solar
é um dos factores climáticos mais importantes para a vida vegetal, pois é aquele que promove o
processo da fotossíntese. O aumento da intensidade luminosa provoca o aumento da actividade
fotossintética da planta e consequente aumento da produção de hidratos de carbono, elevando o teor
de matéria seca nos vegetais. A deficiência luminosa provoca um maior alongamento celular,
resultando no estiolamento da planta, aumento em altura e extensão da parte aérea, caule, folhas,
sem elevação do teor de matéria seca (MARTINS, 2001: 29).

Outro factor climático importante é a humidade, uma vez que a água é imprescindível à vida
vegetal e constitui mais de 90% do peso da maioria das hortícolas. O grau de humidade do ar
influencia na perda de água das plantas por meio da transpiração e o teor de humidade do solo
influencia a absorção de água e nutrientes pelas plantas. A humidade do solo pode ser controlada
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por meio da irrigação, sendo esta uma prática imprescindível ao cultivo de hortícola. O alto teor de
humidade do ar afecta o estado fitossanitário das hortícolas, pois favorece o ataque de fungos e
bactérias patogénicas, a baixa humidade do ar, por outro lado, oferece condições adequadas para a
proliferação de ácaros, a humidade ideal está em torno de 45 a 50% (MARTIN, 2001: 28).

2.3.1.3. Sementeira

SHIRAKE (2001: 32), diz que sementeira é o processo que consiste em lançar a semente para que
estas germinem e se desenvolvam em planta ou é a acção e o efeito de semear (atirar e espalhar
semente na terra para germinar).

A Construção dos canteiros para sementeiras, deve ser feito com as seguintes dimensões: largura
entre 0,80 e 1,20m; altura de 20 a 25cm e comprimento variável de acordo com a dimensão do
terreno, normalmente não superior a 10m, em hortas para auto consumo. Distância entre canteiros
(caminhos): 30 a 40cm. Os caminhos bem como as entrelinhas das plantas, devem ser mantidos e
protegidos com cobertura morta para controlo do mato, manutenção da humidade e do equilíbrio
térmico do solo (SHIRAKE, 2001: 32).

Sementeira no canteiro aberto ou sementeira directa


Conforme HORTICULTURA… (1985: 14) existem hortícolas que são lançadas directamente no
local definitivo como é o caso da cultura da cenoura, pois geralmente não suporta bem o
transplante.

Alfobre
É uma cama feita a parte onde se colocam as sementes por um determinado tempo, quando as
sementes se transformam em mudas, essas são transplantadas para o local definitivo canteiros ou
covas (HORTICULTURA…. 1985:14).
Transplante
De acordo com SHIRAKE (2001: 32), transplante consiste na retirada das mudas do alfobre e
replantio das mesmas para o local definitivo (em canteiros ou covas). Deve ser feito quando as
mudas estiverem com 4 a 6 folhas definitivas ou com o tamanho entre 4 a 5cm, para que o

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pegamento seja bom e não haja retardamento no seu crescimento; o objectivo do transplante é de
dar a cada planta mais espaço, assim as plantas podem desenvolver melhor as suas raízes e folhas.

Propagação vegetativa
Conforme SHIRAKE (2001: 33), algumas hortícolas são propagadas pelo plantio de partes
vegetativas diversas (propagação assexuada), procedentes da planta - matriz e não por sementes,
Como exemplos, cebola e a couve. A propagação pode ser feita por sementes ou vegetativamente;
sendo que a propagação vegetativa tem como vantagem há redução no ciclo cultural, antecipando a
colheita e tem como desvantagem o acúmulo de vírus e outros patógenos, responsáveis pela perda
de vigor e de produtividade.

Na cultura da couve e da cebola, a propagação vegetativa é feita a partir de rebentos ou perfilho


que são brotos laterais que surgem nas plantas adultas ou ao redor delas chamadas de mudas,
quando a propagação se dá pelas partes vegetativas, a escolha das matrizes é importante, pois o
sucesso da cultura dependerá destas plantas. Assim sendo, escolhe-se as plantas matrizes com as
melhores características da espécie ou variedade (SHIRAKE, 2001: 33).

2.3.1.4. Irrigação
Segundo WALDEMIR, & WASHINTON (2006:20), o desenvolvimento das hortícolas é
influenciado pela humidade do solo, onde a deficiência de água e um dos factores limitante para
obtenção de elevada produtividade e boa qualidade; A falta dela retarda o crescimento, piora a
qualidade do produto, acelera a maturação e diminui a produtividade. O excesso da água favorece a
erosão e a lixiviação dos nutrientes; assim a suplementação das necessidades hídricas das plantas
por meio de irrigação e essencial para o sucesso da produção da maioria das hortícolas. Em
Moçambique a área total Equipada com o sistema de Regadio e de 118.119ha onde área
actualmente Irrigada e 40.063ha;onde % de aproveitamento da área equipada para rega é de 33,9%
(IRRIGACÃO EM MOÇAMBIQUE, 2006:7).

2.3.1.5. Adubação

A adubação de hortícolas deve ser feita visando suprir, praticamente, todas as necessidades
nutricionais da planta pelo menos em macro nutrientes e esta pode ser mineral ou orgânica.

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Adubação mineral
São sais muito solúveis, simples ou formulados, que apresentam um ou mais nutrientes,
normalmente em concentrações bem maiores quando comparados aos orgânicos. O uso destes
adubos é proibido em agricultura orgânica porque altera as condições químicas e biológicas do
solo; os efeitos sobre processos de absorção e metabolismos das plantas, com estímulos à proteólise
(quebra das proteínas) acumulando substâncias simples na seiva (aminoácidos, glicose, etc.) e
tornando-as mais susceptíveis ao ataque de pragas e doenças. Em síntese, a regra de utilização é de
150 a 250g da fórmula 4-14-8 ou 4-16-8 por m². Deve-se considerar as exigências nutricionais das
espécies, os grandes espaçamentos, a duração do clima, o nível de produtividade esperado e as
indicações de real estado de fertilizante do solo (ADÃO, 2001: 44).

Adubação orgânica
São produtos de origem vegetal ou animal que quando, aplicados ao solo em quantidades e em
épocas de maneira adequada, proporcionam melhorias das suas propriedades físicas, químicas e
biológicas, fornecendo às raízes nutrientes suficientes para produzir colheitas compensadoras, com
produtos de boa qualidade, sem causar danos ao solo, à planta ou ao ambiente, o adubo orgânico é
de maior importância para o cultivo das hortícolas pelo fornecimento de nutrientes, a matéria
orgânica torna o solo muito solto mas ligado, conferindo-lhe maior capacidade de retenção de água
e nutriente, favorecendo a sobrevivência de minhocas, fungos e bactérias benéficas, também
reduzem a necessidade de aplicar fósforo (P) e potássio (K). Fornecem um leque de nutrientes para
as culturas e podem ser preparados num período de 2,5 – 3 meses (SHANKARA et al, 2006: 19).

2.3.1.6. Tractos culturais

BEVILACQUA (2001:54-55), as hortícolas exigem tractos culturais intensivos e diários, com vista
a proporcionar às plantas melhores condições para seu desenvolvimento e produção, é necessária a
execução de diversos tratos culturais, essas operações devem ser executadas na época certa e com
todo cuidado; contudo as hortícolas exigem os seguintes tractos culturais.

Cobertura morta - consiste em cobrir o solo com vários tipos de materiais, que podem ser capim
cortado, serragem, palha de trigo ou de milho, casca de amendoim ou de girassol, ou bagacinho de
cana. É utilizada para proteger o solo do sol forte e das chuvas, reter a humidade natural do solo,
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manter a temperatura do solo mais amena, e manter os nutrientes mais disponíveis ao acrescentá-los
ao solo pela decomposição da matéria orgânica imitando a natureza, a cobertura do solo deve ser
feita, principalmente após a sementeira e logo depois do transplante caso contrario poderá afectar o
crescimento normal delas.

Controle do mato (capinas) - operação que pode ser feita manualmente, ou com o auxílio de
enxada ou do sacho, utilizada para manter a cultura “no limpo”, isto é, sem plantas daninhas (que
são todas aquelas plantas diferentes das que foram plantadas). Deve-se retira-las de modo evitar a
competição com água, luz e nutrientes.

Afofamento do solo - é a chamada escarificação do solo. Consiste em romper a crosta superficial


que tende a se formar, especialmente em solo argiloso, dificultando o desenvolvimento das plantas.
É feita com ancinho (rastelinho) ou com o sacho, de preferência com o solo um pouco húmido. As
hortícolas de raízes necessitam de uma escarificação com maior frequência do que as folhosas.

Raleação ou desbaste - consiste na eliminação das plantas menos desenvolvidas para deixar
espaço adequado entre as plantas restantes, permitindo que elas cresçam bem. São feitas quando as
plantas têm mais de 5cm de altura, naquelas hortícolas de sementeira directa, tanto nas covas como
nos canteiros.

Desbrota - utilizada para eliminar o excesso de brotos e galhos para arejar a planta, a luz poder
penetrar com maior facilidade e também eliminar o excesso de frutos, para haver um melhor
desenvolvimento dos que restaram. É utilizada na couve, no tomate. Essa operação é feita quando a
planta já está um pouco desenvolvida e pode ser usada como fonte de mudas que dão origem a
novas plantas adultas, como é o caso da couve.

Amontoa - em certas culturas é necessário chegar terra ao pé da planta, após certo grau de
desenvolvimento, para que as raízes ou tubérculos fiquem enterrados (como é o caso cenoura.).

Estaqueamento - é feito para algumas hortícolas que necessitam de suporte para evitar o seu
crescimento em contacto com a terra, ou protecção contra ventos ou excesso de produção, como é o
caso de tomate, pimenta.

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2.3.1.7. Pragas e doenças

Segundo SHIRAKI (2001: 62), umas das principais causas das perdas nas hortícolas é a ocorrência
de pragas e doenças que é o resultado de um desequilíbrio nutricional das plantas; que é provocada
pela falta ou excesso de água, que provoca estresse na planta e consequentemente há uma alteração
no seu metabolismo; Uso de variedades não adaptadas à região; Uso de defensivos agrícolas
(insecticidas, fungicidas, herbicidas) que alteram o metabolismo da planta e provocam um acúmulo
dos compostos orgânicos simples, pois estes organismos só conseguem se alimentar de substâncias
orgânicas simples porque não possuem enzimas que degradam substâncias orgânicas complexas.
Para o controlo das doenças recomenda-se a aplicação preventiva pois, a maioria delas são muito
difíceis de serem tratadas e para o controlo das pragas deve-se usar insecticidas, caso os níveis de
infestação justifiquem o seu controle.

As pragas mais comuns que atacam nas hortícolas são insectos, ácaros, nematóides, e as doenças
mais comuns nas hortícolas são causados por fungos, bactérias e vírus.

2.3.1.7.1. Pragas
São causadas por vários tipos de organismos, visíveis ou não a olho nu, tais como: insectos ácaros,
nematóides.

2.3.1.7.2. Insectos

Pulgões - são insectos sugadores, com 3 a 5mm, que se alojam nos brotos das plantas, roubando-
lhes toda a seiva. Em geral são verdes, mas algumas espécies possuem coloração que vai do vinho
ao preto. Eles se reproduzem rapidamente, causando o atrofiamento das folhas e brotos. Entretanto,
é fácil combatê-los, esmagando-os manualmente ou aplicando-se a calda de fumo, outro método é
através de inimigos naturais, os chamados predadores, como, por exemplo, as joaninhas que comem
os pulgões. Encontramos na couve, repolho, tomate, pimenta.

Formigas - as formigas cortadeiras (saúvas e quenquéns) são as principais pragas numa horta. São
insectos de coloração marrom que causam danos às plantas, cortando suas folhas, como controle
pode-se utilizar pão embebido em vinagre, ou preventivamente plantar o gergelim em volta da
horta.
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Ácaros - são pequenos aracnídeos (“parentes” das aranhas) que se alojam na parte inferior das
folhas, onde tecem uma teia muito fina, que dá impressão de uma sombra prateada. As folhas
atacadas enrolam-se, chegando a secar. Para combater os ácaros utiliza-se uma solução de fumo em
corda com sabão. Encontramos em tomate, pimentão.

Nematóides - são vermes microscópicos, incolores esbranquiçados. Em geral, nota-se a presença de


nematóides quando a planta repentinamente murcha, sem nenhuma causa aparente, esses vermes
alimentam-se de raízes em decomposição, mas podem atacar tecidos vivos como raízes, caules e
folhas, sugando-lhes a seiva. Se o solo estiver contaminado por estas pragas, o seu controle pode
ser feito com o plantio do cravo-de-defunto ou tagetes (Tagetes patula) que possui componentes
com a propriedade de impedir a reprodução dos nematóides, ou então preparando uma solução de
alho com sabão a ser jogada no solo. Algumas plantas são muito sensíveis ao nematóide, como a
cenoura, a salsa, o pimentão

2.3.1.8. Doenças

De acordo com SHIRAKI (2001:64), as doenças São causadas por microrganismos, observáveis
somente com o auxílio de um microscópio,a melhor forma de combater as doenças é a prevenção,
pois, a maioria delas são muito difíceis de serem tratadas.

Ferrugem - são manchas na parte inferior das folhas, causadas por fungos, que variam de coloração
do pardo ao laranja avermelhado. Em geral aparecem em locais onde a temperatura é amena, mas,
com alta humidade. Para prevenir a ferrugem, evite regas excessivas e proporcione um bom
arejamento das plantas. Para combatê-las utilize calda bordalesa.

Míldio - é causado por fungos; a identificação do míldio é feita através de manchas irregulares
pardas na parte superior das folhas e de uma película branca acinzentada em sua face inferior, a alta
humidade e o fato das plantas serem colocadas bastante próximas umas das outras, favorece a
ocorrência dessa doença, que também ataca os ramos e brotos novos. Para controlar o míldio,
espace as mudas, de modo a favorecer a ventilação e evite o excesso de humidade. Para combatê-lo,
pode-se utilizar alho + sabão + óleo mineral + água.

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2.4. Classificação das Plantas Hortícolas

De acordo com HELEN (2001:4), as plantas hortícolas são classificadas quanto a sua maneira de
consumo, e de acordo com essa situação temos as seguintes espécies hortícolas:

2.4.1. Tuberosas – são as espécies vegetais hortícolas que crescem na parte de baixo do solo. São
espécies vegetais desse grupo: a cebola, a cenoura e várias outras espécies hortícolas;

Cebola
De acordo CACIANA (s/d: 6), a cebola (Allium cepa L.) é originária da Ásia Central de seguida foi
trazida para as Américas pelos primeiros colonizadores europeus para a região do Rio Grande do
Sul, daí disseminando-se para África; a planta de cebola pertence à família Alliaceae, género
Alliume espécie Allium cepa L.

A cebola é uma planta herbácea de ciclo anual para produção de bulbos (150 a 220 dias da
sementeira a colheita) e bianual para produção de sementes (130-180 dias), e cresce bem na estação
fria e é tolerante à seca (RESENDE et al., 2002:1).

O pH do solo para o cultivo da cebola deve estar em torno de 6,0 – 6,8 e as temperaturas entre 15°C
e 20°C, (COSTA, s/d: 31).

Segundo EMBRAPA (2005:2), a produção mundial de cebola em 2007 foi de 55.153.027 t/ ha ano;
é uma actividade praticada principalmente por pequenos agricultores. Em Moçambique, a
sementeira é feita entre os meses de Março a Abril e a colheita em Agosto a Setembro. Quando
feita na época chuvosa e muito quente é prejudicial, por causa das perdas de semente devido ao
excesso de humidade no solo que é prejudicial na formação do bolbo, É excelente fonte de
vitaminas A, B, e principalmente C, possuindo compostos sulfurosos que dão odor ao produto e têm
função bacteriostática.

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Cenoura
De acordo com HORTICLTURA… (2007: 26), A cenoura (Daucus carota sativus) é uma hortícola
da família Apiaceae, do grupo das raízes tuberosas, as cenouras cultivadas amais de mil anos atrás
eram roxas onde as de cor laranja surgiram na Holanda durante o século XVII e são as mais
conhecidas.

Cenoura é uma das hortaliças mais populares do mundo. Onde a produção mundial da cenoura para
o ano de 2004, estimava-se em 24milhões de toneladas, distribuídos por uma superfície de cerca de
1,1 milhões de hectares (HORTICULTURA…, 2007: 43).

O pH do solo para o cultivo da cenoura deve estar em torno de 6,0 a 6,5 a elevação exagerada do
pH pode causar reduções na produção, diminuindo a disponibilidade de micro nutrientes, tais como:
Boro (B), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês (Mn) e Zinco (Zn) e as temperaturas entre 16°C e
22°C porque a cenoura cresce melhor (HORTICULTURA…,2007: 19).

Em Moçambique, a sementeira é feita entre os meses de Abril a Junho para o plantio do inverno e
de Setembro a Fevereiro para o cultivo do verão. Cenoura é colhida entre 85-120 dias depois do
semeio. Entre as hortícolas cujas partes comestíveis são as raízes, a cenoura é a de maior valor
económico, destaca-se pelo valor nutritivo, sendo uma das principais fontes de pro-vitamina A
(beta-caroteno), C e E (EMBRAPA, 2005:22).

2.4.2. Herbáceas – são as espécies vegetais hortícolas que crescem na parte de cima do solo. São
espécies vegetais deste grupo: alface, repolho, couve e outras espécies hortícolas;

Alface
A alface (Lactuca sativa) é uma das hortícolas mais conhecidas e mais cultivadas no mundo, e que
tem um grande número de cultivares. É originária da Ásia Ocidental, de acordo com os dados da
FAO, a produção mundial de alface em 2004 estimava-se em 22 milhões de toneladas distribuídas
por uma superfície de 1 milhão de hectares (HORTICULTURA…, 2007: 22).

Conforme HORTICULTURA… (2007: 22), a temperatura ideal para cultivar alface se situa entre
10°C e 24°C, embora existam cultivares que toleram temperaturas mais altas e outros que toleram
temperaturas mais baixas. A faixa de pH ideal para o solo é de 6 a 7.
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A cultura do alface pode ser plantada durante o ano todo preferindo período de frio. A colheita
pode ser feita entre 55 e 130 dias depois da sementeira, dependendo do cultivar plantado e das
condições de cultivo. Em muitos dos cultivares, a planta normalmente pode rebrotar após o corte
da cabeça, podendo proporcionar assim uma nova colheita após algumas semanas. Para isso, corte a
planta cerca de 2,5 cm acima do solo, permitindo que fique um pequeno pedaço do caule, onde
surgirão os novos brotos. E rica em vitamina A, E, C.

Repolho
Repolho (Brassica oleracea var. capitata L.), é originária do sul da Europa e regiões mediterrâneas;
repolho é uma planta bienal típica e desenvolve-se melhor em clima temperado (climas frescos e
húmidos), Em 2003 a produção desta brássica foi de 65 443 toneladas e a superfície cultivada de 2
417 hectares (HORTICULTURA….,s/d:35).

O repolho é exigente em humidade do solo durante todo o ciclo vegetativo, especialmente durante a
adaptação das posturas e na fase de formação da cabeça e também não suporta a excessiva
humidade do solo, porque diminui o acesso de oxigénio às raízes, diminuindo consideravelmente a
actividade da planta, repolho ocupa um dos primeiros lugares entre as hortícolas, empobrecendo o
solo consideravelmente. A produção de 30 toneladas de repolho pode extrair do solo cerca de 120
kg de nitrogénio, 20 kg de fósforo, 100 kg de potássio e 85 kg de cálcio (JERÓNIMO, 2001: 7-10).

Conforme HORTICULTURA…. (2007:22) A temperatura ideal para cultivar repolho se situa entre
4,5C e 24°C. A faixa de pH ideal para o solo é de 6 - 7,5.

Em Moçambique a época de sementeira do repolho é feita nos meses de Março a Maio e nas zonas
montanhosas Fevereiro a Junho e a colheita pode ser feita entre 90-120 dias. A cultura é rico em
Vitamina C (vit. C), cálcio (Ca), A e K (JERÓNIMO, 2001:15).

Couve
A couve Brassica oleracea acephala é originária do norte do mediterrâneo e no oeste da Europa,
De acordo com os dados da FAO, a produção mundial de couves para o ano de 2004 estimava-se
em 68,2 milhões de toneladas, distribuídas por uma superfície de 3,2 milhões de hectares
(HORTICULTURA…., 2007:27).

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A temperatura ideal para produção de couve deve ser de 15-18ºC e a faixa do pH ideal para o solo
deve ser de 6,5-7,5.

A sementeira é feita nos meses de marco a Agosto e o seu ciclo vária de 90-180. É rica em vitamina
C e provitamina A, o consumo das couves é importante porque previne a incidência de certos tipos
de cancro, devido à presença nas plantas de glucosinolatos metabolitos secundários que para além
de determinarem o aroma característico destas plantas, previnem a iniciação daquela doença (JOÃO
MOREIRA, 2014:1).

2.4.3. Frutos – são espécies vegetais que a parte aproveitada para o consumo é o fruto. São
espécies vegetais deste grupo: pimentas, tomates e outras espécies hortícolas.

Tomate
O tomate (Lycopersicum esculentum Mill) é originário da América do Sul, tomateiro é uma planta
normalmente cultivada como anual, embora a sua duração vegetativa em condições climáticas
muito favoráveis se possa prolongar por vários anos.

De acordo com NAIKA et al. (2006: 6), tomate é uma cultura comercial importante para pequenos
agricultores e agricultores comerciais de escala média, proporcionando altos rendimentos, a cultura
de tomate tem boas, perspectivas económicas e a área cultivada está a aumentar cada dia. Em 2001,
a produção mundial do tomate atingiu um nível de, aproximadamente 105 milhões de toneladas de
frutos frescos produzidos numa área estimada em 3,9 milhões de hectares.

A temperatura ideal para cultivar tomateiro se situa entre 15C- 28°C, A faixa de pH ideal para o
solo deve ser de 5,5 – 6,8 (NAIKA et al.,2006:10).

Em Moçambique há uma preferência por variedades de tomate com baixo teor de água, porque este
pode ser armazenado por períodos muito longos a sua sementeira é feita nos meses de Fevereiro a
Agosto e a colheita 89 a 99 dias apois a sementeira, tomate é rico em vitaminas A, B e C (RIBEIRO
& RULKENS, 1999:81).

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Pimento
HORTICULTURA…. (2007:35), Pimento pertence ao grupo da espécie Capsicum annuum, é
originário da América do Sul e Central. Existe pimenta do tipo doce, ou seja, são pimentas que não
têm capsaicina e outros capsaicinoides nos frutos, que são as substâncias que produzem a sensação
de ardência.

Segundo HORTICULTURA… (2007:38) , os frutos do pimento podem ser colhidos ainda verdes
ou podem ser colhidos quando estão maduros. A produção mundial do pimento em 2004 foi de
47637 toneladas e a área cultivada foi 1695 hectares.

A temperatura ideal para cultivar pimenta se situa entre 16C0- 35°C, A faixa de pH ideal = 5 – 5,7
(MELO, s/d: 38).

Em Moçambique a sementeira é feita nos meses de Setembro - Fevereiro nas zonas alta e Março -
Julho nas zonas baixas e a colheita 90 a 110 dias após a sementeira prolongando-se por três a cinco
meses, pimento é rica em vitaminas C e E (MELO, s/d: 48).

2.5. Importância das Hortícolas

De acordo com NAKAYAMA (2001:8-9), as hortícolas possuem a seguinte importância:

 É de extrema importância para a saúde humana o consumo de produtos originados das


espécies vegetais hortícolas. Esses produtos se destacam como alimentos reguladores do organismo
humano, pois eles são fontes de sais minerais, vitaminas e demais nutrientes que fazem com que o
corpo humano funcione de forma plena e perfeita.

 O consumo de alimentos gerados pelas espécies vegetais hortícolas ajudam a combater


inúmeros problemas de saúde, pois esses produtos devido as suas inúmeras propriedades medicinais
auxiliam no combate de infecções, na prevenção de doenças, na cicatrização de ferimentos.

 O consumo desses produtos chegam a funcionar como anticancerígenos, como no caso do


tomate, que apresenta uma substancia chamada licopeno (espécie de pigmento vermelho) que
apresenta propriedades que combatem as células cancerígenas;

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 São geradoras de rendas;

 São geração de emprego rural e

 Contribui para a segurança alimentar familiar.

2.6. Comercialização das hortícolas

De acordo com o MINISTERIO DA INDUSTRIA E COMERCIO (MIC, 2013: 16), a


comercialização agrícola é caracterizada como um processo contínuo organizado da canalização da
produção agrícola ao longo de um canal ou sistema de comercialização, onde o produto sofre
transformações, diferenciações e agregações de valor. Entretanto, comercialização agrícola é
constituída pelas seguintes componentes da cadeia de valor produção, colheita, escoamento,
armazenamento, processamento, distribuição e consumo.

A comercialização agrícola desempenha um papel extremamente importante na economia nacional,


constituindo uma das principais fontes geradora de rendimentos da população nas zonas rurais,
onde a maioria da população tem as suas condições de vida assentes na agricultura; é igualmente
um dos principais factores impulsionadores do aproveitamento dos produtos agrícola das cinturas
verdes urbanas e também um factor de ligação entre o camponês e o mercado em termos de
relacionamento económicos entre as zonas rurais e urbanas; é um instrumento indutor da
produtividade Agrícola (MIC, 2013:16).

Mercado
Segundo BARROS (2007:2), mercado é o local em que operam as forças da oferta e demanda,
através de vendedores e compradores, de tal forma que ocorra a transferência de propriedade da
mercadoria através de operações de compra e venda. O termo “local” usado na definição acima é
um tanto abstracto de modo a acomodar os diferentes tipos de mercados existentes; Deste modo,
mercado pode se referir um local específico como o mercado do produtor, mercado grossista e
mercado retalhista.

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De acordo com MARQUES & AGUIAR, (2003:2), mercado do produtor é aquele em que os
produtores oferecem sua produção aos intermediários.mercado grossista refere-se aquele segmento
do mercado onde as transacções mais volumosas têm lugar; nesse nível ocorrem fundamentalmente
transacções entre intermediários grossista e retalhista, sendo pequena a participação do produtor e
consumidores.
E o mercado retalhista é aquele onde os consumidores adquirem suas mercadorias. Os vendedores
são chamados retalhista que, colocando a mercadoria no momento, na forma e no lugar desejados
pelos consumidores, constituem o último elo da cadeia de intermediários envolvidos na
comercialização (MARQUES & AGUIAR, 2003:2).

Conforme MARTIN (2006: 89), a comercialização de hortícolas é uma actividade importante onde
Se for bem planeada, dará rendimentos, e se não for efectuada adequadamente, poderá dar origem a
grandes perdas. Portanto, deve-se adoptar os melhores métodos de comercialização para obter bons
rendimentos das actividades comerciais. Os produtores das hortícolas, no geral preocupam-se na
maior parte do tempo com os aspectos relacionados à produção (escolha das espécies e cultivares,
sementeira, irrigação), visando obter o máximo de produtividade. No momento da colheita, todo o
esforço dedicado à produção pode tornar-se um pesadelo, por conta da inabilidade ou inaptidão de
muitos em comercializar sua mercadoria.

No mercado, os produtos são vendidos por atacado ou em pequenas quantidades (venda a retalho).
A rede comercial constitui uma das ferramentas fundamentais na cadeia de valor da
comercialização agrícola, que estabelece a ligação entre as zonas de produção e o mercado, sendo a
sua expansão uma das prioridades do governo. As lojas rurais desempenham um papel fundamental
para desenvolvimento sócio-económico do país (Moçambique), porque assumem uma grande
importância na comercialização dos excedentes agrícolas. A realização de feira agrícola contribui
para a expansão da comercialização dos excedentes agrícolas; para além de constituírem uma
oportunidade de negócio, elas constituem uma alternativa a fraca abertura da rede comercial (MIC,
2013:8).

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Segundo MARJA (2006:94), os preços das hortícolas são determinados pela oferta e a procura dos
produtos; Pode ser necessário que se entre em negociações para se efectuar uma venda. O momento
da venda das hortícolas depende de dois factores importantes a ser considerados pelo agricultor:

O primeiro factor refere-se ao momento mais oportuno de venda a fim de ganhar a maior
quantidade de dinheiro possível, quer dizer, geralmente, quando os preços são altos.

O segundo factor refere-se à redução de riscos, visto que, geralmente, os preços das hortícolas
frescas seguem um padrão regular. Além disso, a natureza dos produtos e a sua dificuldade de
armazenamento não permitem muita autonomia para tomar decisões em relação a escolha do
momento, a não ser que o produto seja processado, isto pode implicar o risco do agricultor vender
na época da colheita, recebendo preços baixos pelos seus produtos.

Devido a esses factores recomenda-se que os agricultores procurem obter os melhores preços
possíveis dos compradores potenciais, como por exemplo dos exportadores, processadores; isto
pode implicar muita negociação, recomenda-se levá-las a cabo com suficiente antecipação à altura
dos produtos estarem prontos para serem colhidos. Em alguns casos, os agricultores podem efectuar
a venda dos seus produtos antes do plantio da cultura. Isto é característico das hortícolas frescas
destinadas a serem processadas por grandes empresas processadoras.

2.7. Impacto da produção e comercialização das hortícolas na geração de renda, emprego e


para melhoria das condições de vida

2.7.1. Geração de Renda

Segundo os economistas CLASSICOS, renda é a remuneração paga aos factores produtivos (terra,
trabalho, capital) pela sua participação no processo produtivo. Os agricultores familiares têm
grande potencial para fornecer hortícolas de qualidade para a população, gerando assim renda e
qualidade de vida no ambiente rural; admite a integração dos agricultores familiares ao mercado,
por meio das feiras livres. A renda derivada dessa comercialização promove a aquisição de
produtos básicos, que por não produzirem precisam ser adquiridos, como é o caso de material de

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limpeza, açúcar, o sal, vestuário além de produtos que trazem maior comodidade e conforto ao dia a
dia das famílias (RIBEIRO, 2007:25).

Segundo LOVATO (2006:151), o cultivo de hortícola gera renda chegando a complementar 70% da
receita salarial familiar, além de contribuir para o abastecimento das cidades vizinhas,
proporcionam uma maior segurança alimentar e nutricional da população, aém disso as hortícolas
apresentam altas produtividades possibilitando a geração de renda em pequenas áreas de produção,
contribuindo para inclusão social de famílias carentes.

2.7.2. Geração de emprego


De acordo com EMBRAPA (2011:10), na geração de emprego as hortícolas tem se destacado
importante na agricultura familiar, estima-se que a área cultivada seja de 808 mil hectares, com uma
produção de 23 a 25 milhões de toneladas, gerando cerca de 2,4 milhões de empregos directos,
neste sentido, a agricultura familiar colabora na fixação do homem no campo, uma vez que gera por
hectare 3 a 6 empregos directos e o mesmo número de indirectos e serve como um meio de
subsistência, o que por sua vez pode garantir a sustentabilidade e promover desenvolvimento local.
A mão-de-obra terciarizada é pouco utilizada pelos agricultores uma vez que optam por utilizar
somente a mão-de-obra familiar. Uma das possíveis causas para a geração de ocupação agrícola
reside na manutenção e nos momentos críticos de plantio e colheita (NORDER, 2006:280).

2.7.3. Melhoria das condições de vida

Segundo FRANCISCO (2010:65), todo o homem tem direito a condições de vida adequado e bem-
estar de si próprio e sua família, incluindo acesso a educação, comunicação, habitação, transporte,
alimentação, assistência médica, acesso ao emprego, a produção de hortícola pode melhorar a
economia familiar, o que melhora os níveis de segurança alimentar apesar das condições adversas
em que é praticada, ela desempenha um papel notório na segurança alimentar, principalmente das
famílias rurais, reflectindo-se no melhoramento da dieta alimentar e da nutrição.

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CAPITULO III: METODOLOGIA

3.1. Descrição da área de estudo

3.1.1. Localização, Superfície e População

O distrito de Vilankulo localiza-se a Norte da província de Inhambane e faz limite a Norte com o
distrito de Inhassoro, a Sul com o distrito de Massinga, a Oeste com o distrito de Mabote e
Funhalouro e a Este com Oceano Indico. Possui uma superfície de 5867km2, MINISTERIO DA
ADMINISTRACAO ESTATAL (MAE 2005:2).

3.1.2. Clima e Solos

O clima do distrito é dominado por zonas do tipo tropical seco, no interior, e húmido, à medida que
se caminha para a costa, com duas estações a quente ou chuvosa que vai de Outubro a Março e a
fresca ou seca de Abril a Setembro.

A zona litoral, com solos acidentados e permeáveis, é favorável para a agricultura e pecuária,
apresentando temperaturas médias entre os 180C e os 330C.

A precipitação média anual na época das chuvas (Outubro a Março) é de 1500mm, com maior
incidência nos meses de Fevereiro e Março, em que chegam a ocorrer inundações.

A zona interior do distrito apresenta solos franco-arenosos e areno-argilosos e uma precipitação


média anual de 1000 a 1200mm, com temperaturas elevadas, que provocam deficiência de água
(MAE, 2005:2).

3.1.3. Divisão administrativa

O distrito tem dois postos administrativos: Vilankulo - Sede e Mapinhane que, por sua vez, estão
subdivididos em 4 Localidades, para além da Vila de Vilankulo, onde o distrito tem a sua Sede.
Este distrito engloba, ainda, as ilhas de Benguera e Magaruque, com 34km2 e 9km2 (MAE,
2005:11).

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Tabela 1: Organização administrativa

Posto Administrativo Localidades

Sede Vila de Vilankulo

Vilankulo

Quewene

Mapinhane Mapinhane

Belane

Muabsa

Fonte: Perfil do distrito, MAE (2005)

3.2. Amostra.

De acordo com GIL (2008: 89), as pesquisas sociais abrangem um universo de elementos tão
grande que se torna impossível considerá-los em sua totalidade.Por essa razão, torna-se necessário
trabalhar com uma amostra, ou seja, com uma pequena parte dos elementos que compõem o
universo.

Decorrente dos objectivos desta pesquisa, tomamos em conta a amostragem probabilística


estratificada porque caracteriza-se pela selecção de uma amostra de cada subgrupo da população
considerada; o fundamento para delimitar os subgrupos ou estratos pode ser encontrado em
propriedades como sexo, idade ou classe social, Entretanto, para esta pesquisa tomou-se em
consideração uma amostra de 96 agricultores, aceitando deste modo que este tamanho é
representativo para a população que pratica o cultivo de hortícola (GIL, 2008:91).

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3.2.1. Definição do tamanho da amostra:

Para o cálculo do tamanho da amostra usou-se os dados fornecidos pelos SERVIÇOS DISTRITAIS
DE ACTIVIDADES ECONOMICAS (SDAE) referentes ao número total de agricultores assistidos
no período de 2010-2014, sendo 2225 agricultores subdivididos em 875 do sexo masculino que
corresponde a 39% e 1350 do sexo feminino que corresponde a 61%. Determinou-se a amostra
1
baseando-se na forma da primeira aproximação da amostra 𝑛0 = 𝐸 2 Onde, o erro (E0) tolerável foi
0

de 10% (0,1).

1 1 1
𝑛0 = 2 = 0,12 = 0,01 = 100
𝐸0

𝑁x𝑛𝑜 2225x100
𝑛= = = 95,69~ 96
𝑁 + 𝑛𝑜 2225 + 100

Após o cálculo obteve-se n0 = 100, em seguida determinou-se o tamanho da amostra com a seguinte
𝑁x𝑛
fórmula 𝑛 = 𝑁+𝑛0 e obteve-se 95,69~ 96 que corresponde ao total da população entrevistado na
0

localidade sede.

Onde:

n0= primeira aproximação da amostra;

n = tamanho da amostra;

E0=erro tolerável;

N= número total da população da amostra.

3.2.2. Técnicas de Colecta de Dados

Para a colecta de dados da pesquisa usou-se a técnica de entrevista semi- estruturada que de acordo
com CRISTINA et al. (2004: 8), é aquela cujo investigador tem uma lista de questões ou tópicos
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para serem preenchidos ou respondidos, como se fosse um guia. A entrevista tem relativa
flexibilidade, as questões não precisam seguir a ordem prevista no guia e poderão ser formuladas
novas questões no decorrer da entrevista. Mas, em geral, a entrevista seguirá o que se encontra
planejado. A principal vantagem da entrevista semi-estruturada é que é flexível;

É na base destes conceitos que optamos por uma entrevista semi-estruturada para os agricultares da
localidade Sede. A razão da escolha desta técnica de recolha de dados deveu-se ao facto de fornecer
informações relacionadas com o tema da pesquisa e permitindo assim responder os objectivos com
maior precisão; permitiu-nos uma maior flexibilidade ao longo da entrevista o que significa que foi
possível esclarecer o significado das perguntas e adaptar-se mais facilmente às pessoas e às
circunstâncias em que se desenvolvia a entrevista e também esta técnica permitiu-nos ter acesso a
informações qualitativas nomeadamente nível de bem-estar dos agricultores de hortícolas desde o
acesso a educação, comunicação, habitação melhorada, transporte e alimentação.

3.2.3. Consulta bibliográfica e documental

Consulta bibliográfica permite maior interpretação do problema e parte de principio de que o estudo
de caso pode ser considerado representativo de muitos outros casos semelhantes, a principal
vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma
gama de fenómenos muito mais amplo do que aquele que poderia pesquisar directamente (GIL,
2008:50).

Para melhor conhecimento do tema em estudo foi realizada a consulta bibliográfica em diversos
manuais de modo a obter informações para análise dos dados quantitativos dos agricultores,
posteriormente consultou-se a documentação fornecida pelo SDAE.

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3.2.4. Análise e interpretação dos dados

Na análise e interpretação dos dados usou-se o método qualitativo e quantitativo.

O método qualitativo é aquele que não emprega um instrumento estatístico como base na análise de
um problema, não pretendendo medir ou numerar categorias (RICHARDSON, 1989:29), ou é
aquele que trabalha predominantemente com dados qualitativos, isto é, a informação colectada pelo
pesquisador não é expressa em números, ou então os números e as conclusões neles baseados
representam um papel menor na análise. Os dados qualitativos incluem também informações não
expressas em palavras, tais como pinturas, fotografias, desenhos, filmes, vídeo e até mesmo trilhas
sonoras (TESCH, 1990:9).

Entretanto o método qualitativo ajudou a perceber qual é o nível de bem-estar dos agricultores de
hortícolas desde o acesso a educação, comunicação, habitação melhorada, transporte e alimentação.

Enquanto o método quantitativo, segundo RICHARDSON (1989: 7), caracteriza-se pelo emprego
da quantificação, tanto nas modalidades de colecta de informações, quanto no tratamento destas
através de técnicas estatísticas, desde as mais simples até as mais complexas. Conforme foi
mencionado, o método quantitativo possui como diferencial a intenção de garantir a precisão dos
trabalhos realizados, conduzindo a um resultando com poucas chances de distorções.

De acordo com o mesmo autor, este método é frequentemente aplicado nos estudos descritivos
(aqueles que procuram descobrir e classificar a relação entre variáveis), os quais propõem
investigar “o que é”, ou seja, a descobrir as características de um fenómeno como tal. Deste modo,
o método quantitativo permitiu-nos obter informações e dados referentes aos rendimentos obtidos
no período em estudo, e os preços das hortícolas através do inquérito.

3.2.5. Limitações do trabalho

O trabalho apresentou as seguintes limitações: a falta de registo de dados das quantidades em


toneladas produzidas em cada época por parte dos agricultores das hortícolas no período de 2010-
2014,dificultando o cálculo da renda. A fraca colectânea de artigos bibliográficos relacionados com
o tema, no panorama Moçambicano. Dificuldade de prestar entrevista por se realizar no período em
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localidade sede no período de 2010 - 2014

que os produtores encontravam-se a praticar as suas actividades, interrompendo constantemente. A


desconfiança dos entrevistados, em relação a pesquisa uma vez que, ao apresentar e explicar o
propósito, alguns membros mostravam-se pouco interessado e não queria prestar declarações,
alegando que estavam cansados daqueles procedimentos de recolha de informação porque não lhes
traziam benefícios.

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CAPITULO IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo, procura-se apresentar os resultados e a sua discussão à volta da produção e da


comercialização de hortícola, mas antes importa a descrição dos resultados concernente as
quantidades produzidas e ofertadas no período em estudo, os preços das hortícolas e as renda dos
agricultores em cada época durante todo o período em estudo.

4.1. Identificação dos produtores de hortícolas na localidade sede do distrito de Vilankulo

De acordo com o SDAE (2014), na localidade sede do distrito de Vilankulo existem 2225
agricultores dos quais 61% são mulheres e 39% são homens. Estes agricultores realizam suas
actividades nas seguintes zonas: na baixa de Wamutxitxe (50congresso), baixa de Pambarra
(Pambarra), baixa de Mungonze (Mungonze), baixa de Nhamalonzda e baixa de NHamulewe
(bairro do aeroporto), baixa de Pewane e baixa de Macurro (bairro19 de Outubro) e baixa de
Macassa (bairro do alto macassa).

Os agricultores que praticam o cultivo das hortícolas na Vila sede do distrito são na sua maioria
agricultores que vivem perto das baixas ao longo das margens do rio Govuro e das lagoas existentes
ao nível local. Entretanto, a sua distribuição espacial está dependente de diversos factores
destacando-se a proximidade aos mercados, os hábitos alimentares dos produtores e a renda dos
consumidores. A tecnologia de produção em uso é maioritariamente manual. A rega quando não
seja manual recorre-se a rega por aspersão sendo raras a utilização dos outros tipos rega.

4.1.1. Objectivos dos produtores de hortícolas situados na localidade sede do distrito de


Vilankulo

 Incrementar a renda familiar: a disponibilidade de hortícolas nos mercados ao nível do distrito


de Vilankulo rege-se por aquilo que são os determinantes da oferta e da procura reflectidos ao
longo da cadeia de valor, que tem o seu início no segmento de insumos e término nos mercados.
A alocação das hortícolas nos mercados garante o rendimento aos produtores;

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localidade sede no período de 2010 - 2014

 Aumentar a produção e produtividades através do uso de sementes melhoradas: do


levantamento de campo efectuado junto aos produtores das principais áreas de produção
constatou-se que haja a necessidade de mão-de-obra qualificada e garantir a transferência de
tecnologias pelas redes de extensão pública e das organizações não-governamentais;

 Aumentar a qualidade da sua produção para poder vender a um preço competitivo: os


produtores locais pretendem produzir tendo como visão alcançar os mercados do distrito. O
enfoque será dado as hortícolas que tenham o acesso garantido ao mercado e que respondam
positivamente as condições de acondicionamento e de conservação que a cadeia de valor
apresenta;

 Garantir o acesso à escola, meio de comunicação e saúde aos seus membros bem como ter
habitação melhorada e meio de transporte para escoamento da produção;

 Garantir a segurança alimentar: as hortícolas produzidas terão como destino não só o


autoconsumo das famílias, concorrendo assim para a segurança alimentar e nutricional das
famílias beneficiárias, mas também a venda como fonte alternativa de geração de renda.

4.2. As principais hortícolas produzidas e comercializadas na localidade sede do distrito de


Vilankulo

Na localidade sede do distrito de Vilankulo são produzidas diversas hortícolas tais como: o tomate,
alface, couve, pimento, repolho, cebola e cenoura. De acordo com os entrevistados as principais
hortícolas produzidas no período de 2010 a 2014 são: tomate, couve, repolho, pimento, cebola,
alface e cenoura. Dentre as quais tomate, couve e repolho são produtos da primeira necessidade,
deste modo sendo os mais comercializados juntamente com alface, pimento e a cebola. De acordo
com os agricultores entrevistados, há uso de sementes certificadas por parte dos agricultores locais
e escolha de variedades com baixo teor de água. Tomate é a hortícola mais produzida e
comercializada nos principais mercados da vila sede do distrito de Vilankulo, o que denota a partida
o grau de importância que esta cultura detém na dieta alimentar das famílias ao nível local.

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Tabela 2. Culturas produzidas

Zonas de Produção Culturas

Alface Tomate Cebola Cenoura Couve Repolho Pimento

Pambarra X X X X X X X

Mungonze X X X X X X

Bairro 19 de Outubro X X X X X X

Bairro Alto macassa X X X X X

Bairro do Aeroporto X X X X X X

Bairro 50congresso X X X X X X X

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados colectados

Tomate, alface, cebola, couve e repolho são produzidos pelos agricultores das distintas zonas de
produção, o que pode indicar a existência de condições agro-ecológicas para a produção destas
hortícolas. Algumas hortícolas são produzidas em menor escala como é o caso de cenoura e
pimento com uma percentagem média de canteiros correspondente a 0.68 e 6.78 respectivamente
porque são culturas com baixa aceitação junto dos produtores, a falta de mercado e a falta de
semente para a sua produção. A produção de hortícolas na localidade sede do distrito de Vilankulo
é colocada à disposição dos mercados locais, não é suficiente para cobrir as necessidades dos
consumidores locais, de tal forma que se recorra a Maputo, e até a África do Sul.

Segundo o SDAE (2015), o volume da produção de hortícolas tem conhecido a nível distrital uma
tendência de crescimento, passando de 517,5 toneladas na campanha agrícola 2010 para os cerca de
678,5 toneladas na campanha de 2014.

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4.3. Factores que condicionam a produção e comercialização das hortícolas no distrito de


Vilankulo na localidade sede

4.3.1. Factores que condicionam a produção de hortícolas

Clima: o clima do distrito é dominado por zonas do tipo tropical seco, no interior, e húmido, à
medida que se caminha para a costa, com duas estações: a quente ou chuvosa que vai de Outubro a
Março e a fresca ou seca de Abril a Setembro. A zona litoral com solos acidentados e permeáveis, é
favorável para a agricultura e pecuária, apresentando temperaturas médias entre os 18 0C e os 330C.
A precipitação média anual na época das chuvas (Outubro a Março) é de 1500mm, com maior
incidência nos meses de Fevereiro e Março, em que chegam a ocorrer inundações. A zona interior
do distrito apresenta solos franco-arenosos e areno-argilosos e uma precipitação média anual de
1000 a 1200mm, com temperaturas elevadas, que provocam deficiência de água (MAE, 2005:2).

As hortícolas possuem diferentes exigências climáticas, especialmente com relação à temperatura,


luz e humidade, encontrando melhores condições de desenvolvimento e produção quando o clima é
ameno, com chuvas leves e pouco frequentes. As temperaturas elevadas favorecem o florescimento
e aceleram a maturação. As baixas temperaturas retardam o crescimento, a frutificação e a
maturação, podendo também induzir o florescimento indesejável (MARTIN, 2001: 27).

Hidrografia: a bacia hidrográfica do distrito é composto por inúmeras lagoas e o rio Govuro com
maior caudal e de regime periódico.

Acesso a sementes: a falta de sementes é reportada em todas as áreas de produção, constituindo


portanto um grande desafio para estes produtores garantirem a produção em quantidade e
qualidade. As sementes mais procuradas são as de tomate, couve, cebola, alface e repolho.
Na localidade sede de Vilankulo existem 2 (duas) lojas de venda de insumos instrumentos e
equipamentos agrícolas, nomeadamente, Mercado rural e Machado e filhos Lda.

Conhecimento tecnológico: do levantamento de campo efectuado junto aos produtores das


principais áreas de produção, constatou-se a falta de mão-de-obra qualificada e que a transferência

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de tecnologias é garantida pelas redes de extensão pública e das organizações não-governamentais,


no entanto as mesmas não satisfazem a procura.
Os resultados da fraca assistência aos produtores reflectem-se na produção do pimento e da
cenoura, este último em menor escala. Estas duas culturas são no entender dos produtores as suas
normas técnicas de produção de difícil adopção.

Acesso a mercados: a colocação da produção nos mercados constitui um desafio enfrentado por
grande parte dos agricultores de hortícolas, sobretudo na cultura de pimento, cenoura e repolho
influenciando a baixa oferta destes produtos nos principais mercados locais.

4.3.2. Factores que condicionam a comercialização de hortícolas

Sazonalidade da produção: A disponibilidade de produtos ao longo de todo o ano não é constante,


variando consoante a época de colheita e do tipo de hortícolas fornecidas pelos produtores, de tal
forma que em hortícolas específicas às necessidades do mercado são supridas por produtos
importados da vizinha África do sul.

Baixa qualidade dos produtos: o mau acondicionamento do produto (sem sistemas de frio)
durante o transporte dos campos de produção da localidade sede do distrito constitui o principal
factor, aliado às condições de estrada menos boas em quase todo troço do trajecto.

Volumes e diversidade de produto: a produção de hortícolas é colocada à disposição do grossista


e do consumidor final, não é suficiente para cobrir as necessidades dos consumidores locais, de tal
forma que se recorra a outros locais circunvizinhos.

Custos de transporte: o custo está relacionado em primeiro lugar com a distância percorrida pelo
produto e em segundo as perdas originadas pelo mau acondicionamento do produto.

Capital: pimento, repolho e cenoura, são produtos que os vendedores encontram dificuldades de
comercializar por falta de recursos financeiros para os adquirir.

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No cômputo geral, todos entrevistados foram unânimes em afirmar que os baixos volumes de
produção e a sazonalidade da produção são factores que têm limitado a disponibilidade de produto
no mercado.

4.4. Comparação dos rendimentos obtidos pelos produtores durante os anos de 2010 à 2014

Tabela 3. Rendimentos obtidos pelos produtores durante os anos de 2010 à 2014

Ano 2010 2011 2012 2013 2014


Renda Media Anual/Agricultor 67286. 36 68019.75 73681.46 76331.85 86210.16
Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados colectados

Os números da tabela acima mostram os rendimentos obtidos pelos produtores de hortícolas


durante todos anos em análise. Os dados mostram que o rendimento médio mínimo anual registou-
se em 2010 e o rendimento médio máximo anual registou-se em 2014 com valores correspondentes
a 67 286. 36 e 86 210.16 meticais respectivamente. O baixo nível do rendimento no período de
2010 a 2011 deveu-se a seguintes factores: poucos clientes consumidores finais e muitos
compradores intermediários reduzindo as possibilidades de maiores ganhos financeiros para os
produtores, uso de semente não certificada (susceptível a pragas e doenças) e deficiente assistência
técnica ao produtor, o aumento do rendimento médio máximo anual registado em 2014 deveu-se
pelo facto de ao longo do período em estudo haver melhorias dos factores que influenciaram nos
baixos rendimentos durante os primeiros anos . O coeficiente de Pearson foi de 0.95 que explica
que houve uma relação directa positiva entre o rendimento médio anual por agricultor e o período
da execução das actividades.

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Gráfico 1: Evolução da renda média anual por agricultor no período de 2010 a 2014

95000
Renda Media/Agricultor (em

86210.16
80000
73681.46 76331.85
68019.75
65000 67286.36
meticais)

Renda Media
Anual/Agricultor
50000

35000

20000
2010 2011 2012 2013 2014
Anos
Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados colectados

O gráfico acima mostra a evolução do rendimento médio anual dos agricultores da vila sede do
distrito de Vilankulo durante o período de 2010 a 2014. Porém, os dados mostram claramente uma
tendência crescente do rendimento médio anual por agricultor durante todo período em estudo. A
menor taxa média da evolução da renda média anual por agricultor registou-se no período de 2010-
2011 com o valor de 1.09% devido ao uso de semente não certificada, o fraco conhecimento de
técnicas de produção, a fraca assistência técnica ao produtor e fraco controlo de pragas e doenças; e
a maior taxa média da evolução da renda média anual por agricultor registou-se no período de
2013-2014 com o valor de 12.94%, a evolução da renda média anual deveu-se ao facto de ao longo
do período em estudo haver melhorias dos factores que influenciaram nos baixos rendimentos
durante os primeiros anos. A taxa de crescimento geométrico de todo o período foi de 5.09%
mostrando que neste período o rendimento teve uma tendência positiva de crescimento.

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Análise do contributo socio-económico da produção e comercialização das hortícolas no distrito de Vilankulo na
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4.5. Impacto da produção e comercialização das hortícolas.

Concernente ao impacto da produção assim como da comercialização das hortícolas na localidade


sede do distrito de Vilankulo os entrevistados afirmaram que através da prática desta actividade
conseguem garantir a segurança alimentar e incrementar o rendimento familiar, suprindo assim as
suas necessidades. Como afirma LOVATO (2006:151), as hortícolas desempenham um papel
importante na dieta humana visto que são fontes de sais minerais, vitaminas e demais nutrientes que
fazem com que o corpo humano funcione de forma plena e perfeita. Também são geradoras de
renda visto que, o cultivo de hortícolas chegam a complementar 70% da receita salarial familiar,
além de contribuir para o abastecimento das cidades vizinhas, proporcionando uma maior segurança
alimentar e nutricional da população.

Segundo os dados colectados, com base nos rendimentos obtidos, os produtores conseguem
matricular os seus filhos e comprar o material escolar necessário. Dos produtores entrevistados
92.7% conseguiram ingressar 356 filhos nas escolas, das quais 3 estão a frequentar o ensino
superior. Dos 96 produtores entrevistados 57.3% criaram postos de emprego dos quais 9.4% fixos e
47.9% sazonais. A agricultura familiar colabora na fixação do homem no campo, uma vez que gera
por hectare 3 a 6 empregos directos e o mesmo número de indirectos e serve como um meio de
subsistência, o que por sua vez pode garantir a sustentabilidade e promover desenvolvimento local.

De acordo com CALIMA (2013:13), as hortícolas produzidas pelos agricultores locais não são só
para o auto-consumo das famílias mas também concorrem para a segurança alimentar e nutricional
das famílias beneficiárias e como fonte alternativa de geração de renda.

Na cadeia de comercialização os produtores locais participam activamente no fornecimento de


hortícolas aos intermediários e consumidores finais localizados na localidade sede do Distrito. Os
consumidores são os habitantes locais, o hospital local, os hotéis, pensões e restaurantes.

Os altos custos de semente, altos custos para escoamento da produção, falta de tecnologias de
conservação dos produtos, falta de capacidade para controlo de pragas e doenças, fraco
conhecimento de técnicas de produção, falta de semente certificada, assistência técnica deficiente
são constrangimentos durante a produção e comercialização das hortícolas ao nível local. Apesar
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Análise do contributo socio-económico da produção e comercialização das hortícolas no distrito de Vilankulo na
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desses constrangimentos que se registam durante a produção e comercialização das hortícolas na


localidade sede do distrito, produtores foram unânimes em afirmarem que com base no rendimento
proveniente das suas actividades conseguem suprir as necessidades básicas dos seus agregados
familiares e constitui uma oportunidade pois 11 produtores já compraram motorizadas e mais de 29
compraram bicicletas.

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CAPITULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1. Conclusões

Os resultados da pesquisa intitulada “Análise do contributo socio-económico da produção e


comercialização das hortícolas no distrito de Vilankulo na localidade sede no período
compreendido entre 2010 a 2014 foi possível chegar as seguintes conclusões:

Os produtores das hortícolas na localidade sede do distrito de Vilankulo realizam suas actividades
nas seguintes zonas: na baixa de Wamutxitxe (50congresso), baixa de Pambarra (Pambarra), baixa
de Mungonze (Mungonze), baixa de Nhamalonzda e baixa de NHamulewe (bairro do aeroporto),
baixa de Pewane e baixa de Macurro (bairro19 de Outubro) e baixa de Macassa (bairro do alto
macassa). A maior parte desses produtores se encontram na baixa de Wamutxitxe, Nhamalonzda,
NHamulewe e Pewane.

Na localidade sede do distrito de Vilankulo são produzidas diversas hortícolas tais como: tomate,
alface, couve, pimento, repolho, cebola, cenoura. Tomate, repolho, couve e alface são as hortícolas
mais produzidas e comercializadas. As hortícolas possuem o potencial de melhorar a
sustentabilidade económica das comunidades residentes na localidade sede do distrito de Vilankulo,
que são produtos com certa procura regular nos principais mercados locais, as quantidades
produzidas ao nível local não são suficiente para satisfazer a demanda local, principalmente na
época quente, recorrendo as hortícolas importada da vizinha África do sul.

Existe factores que condicionam a produção e comercialização das hortícolas no distrito de


Vilankulo na localidade sede tais como o acesso a semente de qualidade, acesso ao mercado para
abastecer, os baixos volumes de produção e a sazonalidade da produção são factores que têm
limitado a disponibilidade de produto no mercado. Os altos custos de semente, altos custos para
escoamento da produção, falta de tecnologias de conservação dos produtos, insuficiência de
capacidade para controlo de pragas e doenças, fraco conhecimento de técnicas de produção,
assistência técnica deficiente são tidos como constrangimentos durante a produção e
comercialização das hortícolas ao nível local.

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Delfina Isabel Nhunzane 39
Análise do contributo socio-económico da produção e comercialização das hortícolas no distrito de Vilankulo na
localidade sede no período de 2010 - 2014

No que se refere ao âmbito económico, os produtores tem acumulado rendimentos médios anuais
que variam entre 67 286.37 a 86 210.10 meticais por agricultor, equivalendo uma taxa de
crescimento geométrico de 5.09% em todo o período, o que quer dizer que nestes rendimentos
tiveram uma tendência positiva de crescimento. Com base no rendimento proveniente das suas
actividades os produtores das hortícolas conseguem suprir as necessidades básicas dos seus
agregados familiares e constitui uma oportunidade pois alguns até chegam a adquirir motorizadas e
bicicletas.
No âmbito social as actividades desenvolvidas pelos produtores de hortícolas tem contribuído na
educação escolar em diferentes níveis de ensino dos seus filhos tendo em média 4 filhos que cada
agricultor consegue colocar na escola, contribui no auto-emprego, as hortícolas produzidas também
desempenham um papel importante na dieta humana visto que são fontes de sais minerais, vitaminas
e demais nutrientes que fazem com que o corpo humano funcione de forma plena e perfeita.

Desta feita é aceite a hipótese pela qual: “A produção e comercialização das hortícolas contribuem
para geração de renda, emprego e para melhoria das condições de vida dos produtores de hortícolas
no distrito de Vilankulo na localidade sede”.

5.2. Recomendações
 Aos produtores recomenda-se que se empenhem na produção de hortícolas durante a época
quente, de modo que as hortícolas nacionais estejam disponíveis ao longo de todo ano,
reduzindo desta forma, a importação de hortícolas provenientes da RSA.

 Aos produtores recomenda-se a produção por contracto visto que esta abordagem tem-se
mostrado uma via alternativa de melhoria do acesso aos mercados por parte dos pequenos,
médios e grandes produtores no mundo actual. Adicionalmente, a produção por contracto tem
contribuído consideravelmente para a melhoria da competitividade destes produtores, no
entanto é que apenas produzem em função das necessidades do mercado em termos de
variedades, produtos, períodos, padrões de qualidade e finalidade. Estes ganhos são possíveis
porque estes produtores se ligam a grandes companhias de processamento de hortícolas e a
supermercados, a cadeia de valor fluirá com alguma eficiência;

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Análise do contributo socio-económico da produção e comercialização das hortícolas no distrito de Vilankulo na
localidade sede no período de 2010 - 2014

 Recomenda-se aos produtores de hortícolas a produzirem relatórios para facilitar o controlo das
suas actividades;
 Recomenda-se às ONGs e ao governo distrital que invistam na abertura das casas agrárias, visto
que não existe, ao nível local, entidades capazes de fornecer insumos de produção no nível
desejável.

 Os extensionistas devem procurar mecanismos para persuadir os produtores de hortícolas ao


nível locais no sentido de abertura de feiras agrícolas.

 Os extensionistas devem participar activamente nos trabalhos realizados pelos produtores de


hortícolas de forma a conhecer melhor os problemas existentes e posteriormente procurar as
suas soluções;

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Análise do contributo socio-económico da produção e comercialização das hortícolas no distrito de Vilankulo na
localidade sede no período de 2010 - 2014

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ABRAMO, P.(1979) Pesquisa em ciências sociais:projecto e panejamento. São Paulo;

ADÃO. L ,M,( 2001) Nutrição mineral, calegem e adubação da hortaliças, Brasil;

Almeida, D.(2006) Manual de Culturas Hortícolas. Lisboa;

ALMEIDA,L.M & RIBEIRO,N.R.(s/d) teoria dos factores de produção: algumas considerações


criticas, Brasil;

ANDER – EGG, Ezequiel.(1978) Introducción a lãs técnicas de investigación social: para


trabajadores sociales. 7. ed. Buenos Aires: Humanitas;

ASTI VERA, Arnaldo. (1979). Metodologia da pesquisa científica. 5. ed. Porto Alegre: Globo;

BARROS, G.S.A.C. (2007). Economia da comercialização agrícola. São Paulo;

BENTO, C.A & OLIVEIRA, A.P (2005). Avaliação sócio económica da produção orgânica do
projecto cinturão Verde. Município de João Pessoa;

BEVILACQUA, H. E. (2001). Classificação das hortaliças. Brasil;

BEVILACQUA, HELEN (2001), tratos culturais, Basil;

BRANDÃO, A. A. (2012) produção e comercialização de hortaliça em feiras livres na micro


região de Januária (Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Ciências Agrárias,
concentração em Agro ecologia, do Instituto de Ciências Agrárias: Universidade Federal de Minas
Gerais) Brasil;

COSTA, C(s/d) Produção de Hortaliças;

DALFOVO, M.S; LANA,R.A; SILVEIRA, A.(2008) Métodos quantitativos e qualitativos: um


resgate teórico. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada, Blumenau, v.2, n.4, p.01-13, Sem II.;

De Melo, Paulo (s/d),cultura do pimentão e da pimenta, Brasil;


________________________________________________________________________________
Delfina Isabel Nhunzane 42
Análise do contributo socio-económico da produção e comercialização das hortícolas no distrito de Vilankulo na
localidade sede no período de 2010 - 2014

FERREIRA, J.(2009). As bases da agricultura biológica – Tomo I Produção vegetal. EDIBIO


Edições;

FRANCISCO, A. A. (2010). O impacto da política araria em Moçambique. Maputo. Moçambique;

JERONIMO, (2001) couve/repolho: Secção de Produção Vegetal da Faculdade de Agronomia e


Engenharia Florestal – UEM; Moçambique;

LOVATO, P. E. & SCHIMIDT, W. (Orgs.). Agro ecologia e sustentabilidade no

MANUAL DE AGRICULTURA BIOLOGICA (2006). Terras de Bouro;

MANUAL DE BOAS PRATICAS. (2000). A alface. direcção Regional da Agricultura de entre


Douro e Minho;

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. 5. ed.São Paulo:
Atlas, 2002;

MARTINS, Adão (2001), Planeamento da horta. Brasil;

MENSURE. (2008). Análise de dados. Maputo Moçambique; meio rural: experiências e reflexões
de agentes de desenvolvimento local. Chapecó: Argos;

Ministério da Administração Estatal, Perfil do Distrito de Vilankulo - Inhambane , 2005;

MINISTERIO DA AGRICULTURA DO DESENVOLVIMENTO RURAL E DA PESCA. (2007).


Manual de horticultura. Portugal;

MINISTERIO DA AGRICULTURA: DIRECÃO NACIONAL DE SERVIÇOS AGRARIO.


Avaliação preliminar da campanha agrícola 2009-2010, (2010) Maputo;

MINISTÉRIO DA INDUSTRIA E COMERCIO (2013), Plano Integrado da Comercialização


Agrícola 2013-2020. Mocambique;

MOREIRA, J. F. Couve-tronchuda a rainha da ceia de Natal . 11 Janeiro Sábado 2014; pp 25;

________________________________________________________________________________
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Análise do contributo socio-económico da produção e comercialização das hortícolas no distrito de Vilankulo na
localidade sede no período de 2010 - 2014

Naika, S. Jeude, J. Goffau, M. Hilmi, M. DAM (2006). Cultura do tomate produção,


processamento e comercialização, Wageningen;

NAKAYAMA, V. L. (2001). A importância das hortaliças na alimentação humana, Brasil ;

NORDER, L. A. C. (2006) Políticas de assentamento e localidade: os desafios da reconstituição


do trabalho rural no Brasi;

PIZA, C.T. & WELSH. (1968). Introdução à Análise da Comercialização. Série Apostila n.º 10,
Piracicaba-SP;

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1989;

ROHR, P.V. (2007) comparação entre os factores que influencia o produtor na comercialização de
Arroz dos municípios de camaquã viamão. Porto alegre;

SHIRAKI.J, N. (2001) Identificação e controle das pragas e doenças, Brasil;

SILVA, J. H. (2009). Importância da horticultura para segurança alimentar de Cabo Verde:


(Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Agronómica). Instituto Superior de
Agronomia: Universidade Técnica de Lisboa;

SITOE, T. A. (2005) .Agricultura Familiar Em Moçambique: Estratégias De Desenvolvimento


Sustentável, Maputo;

TUCKMAN, B. (2000). Manual de Investigação em Educação. 2ª Edição. Lisboa;

WALDEMIR, A. M. &WASHINTON, L. S.(2011). Sistema de irrigação para hortaliças, 2aedicao


Brasil;

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APÊNDICES E ANEXO

I
Apêndice 1

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Escola Superior de Desenvolvimento Rural (ESUDER)

Guião de inquérito por via de entrevista semi-estruturada destinado ao produtor e ao


comerciante das hortícolas no distrito de Vilankulo na localidade sede.

As respostas que serão obtidas a partir desta entrevistas serão utilizadas para elaboração de um
projecto de pesquisa académica; para a obtenção do grau académico de licenciatura em Economia
Agrária no Departamento de Sociologia Rural, Escola Superior de Desenvolvimento Rural – UEM.
o projecto tem como objectivo analisar o contributo sócio-económico da produção e
comercialização de hortícola no distrito de Vilankulo na localidade sede no período de 2010-
2014.as informações disponibilizadas pelos entrevistados através das respostas desta entrevista são
confidenciais e serão utilizadas apenas para responder os objectivos do projecto académico.
Ressaltar que este projecto apenas tem fins académicos e não irá trazer prejuízos para os seus
entrevistados.

Data ___ de ______ de 2015

Identificação:

1. Nome___________________________________________________________

2. Idade_________

3. Localização da actividade? _______

4. Sexo. M____ F_____

Secção A: produção

1. A quanto tempo dedica-se a produção de hortícolas?

2. Qual é área da produção?

II
3. Possui trabalhadores? E quantos são?

4. Está ligado a uma associação?

5. Quais são os insumos utilizados na produção?

6. Onde é que adquire os insumos para a produção?

5. Quais são as hortícolas que produz? E qual é a principal?

10. Que tipo de defensivos usa para combater pragas e doenças?

11. Usa sistema de rega? Se sim, que tipo?

12. E com o uso deste sistema a produção aumentou ou baixou?

13. Quais são as quantidades produzidas?

14. Quais são os custos da produção?

15. Qual é o destino da produção?

16. Por quanto tempo consome da produção?

17. Quais são os principais problemas enfrentados na produção de hortícolas?

Secção B: Comercialização

1. Onde obtêm as hortícolas comercializadas?


2. Onde vende?
3. A quem vende?
4. Quem marca o preço?
5. Qual é o preço de cada hortícola?
6. Quais são as quantidades vendidas em cada época?
7. Qual é a hortícola mais vendida?
8. Por quanto tempo fornecer as hortícolas ao mercado?
9. Qual é a renda obtida em cada época?

III
10. O rendimento obtido dá para sustentar a família? Se sim, é suficiente para teracesso à
assistência médica e medicamentosa e custear os estudos para os seus filhos?
11. Qual é o meio de transporte que conseguiu adquirir com a prática desta actividade?
12. Que tipo de meio de comunicação conseguiu adquirir?
13. Será que conseguiu construir alguma habitação melhorada?
14. Deste que começou com a produção e a comercialização de hortícolas tem registado alguma
melhoria na sua vida? Se sim diga de que tipo?
15. Quais são os principais problemas enfrentados na comercialização de hortícolas?

Secção C: Incentivos

1. Beneficia-se de um de algum apoio? Se sim, quem dá esse apoio?


2. De que natureza é? Para que finalidade? Em que condições?

IV
Guião de inquérito por via de entrevista semi–estruturada destinado ao Técnico do Serviço
Distrital das Actividades Económicas (SDAE) no distrito de Vilankulo na localidade sede.

As respostas que serão obtidas a partir desta entrevistas serão utilizadas para elaboração de um
projecto de pesquisa académica; para a obtenção do grau académico de licenciatura em Economia
Agrária no Departamento de Sociologia Rural, Escola Superior de Desenvolvimento Rural – UEM.
O projecto tem como objectivo analisar o contributo sócio-económico da produção e
comercialização de hortícola no distrito de Vilankulo na localidade sede no período de 2010-2014.
As informações disponibilizadas pelos entrevistados através das respostas desta entrevista são
confidenciais e serão utilizadas apenas para responder os objectivos do projecto académico
Ressaltar que este projecto apenas tem fins académicos e não irá trazer prejuízos para os seus
entrevistados.

Data ___ de______ de 2015

Identificação:
1. Nome___________________________________________________________

2. Função_________

3. Sexo. M____ F _____

Secção A: produção

1. Quantos produtores de hortícola a localidade Vilankulo sede possuem?

2. Quantas povoações a localidade sede possui e quantos agricultores possui em cada povoação?

3. Como estão organizados os produtores?

4. Quantas associações a localidade sede possui e como estão distribuídas por povoação?

5. Qual é a área de produção de hortícolas na localidade de vilankulos sede e nas povoações?

6. Qual é a quantidade produzida de cada tipo de hortícola em cada época do período de 2010 –
2014?

V
7. Quantos sistemas de rega possuem a localidade de Vilankulo sede?

8. Quantos extensionistas possui a localidade de Vilankulo sede e como estão distribuídos por
povoações?

Secção B: Comercialização

1. Qual é o preço de cada hortícola?

2. Quantas feiras agrícolas foram organizadas no período de 2010 – 2014 na localidade de


Vilankulo sede. E qual é o objectivo?

Secção C: Responsabilidade

1. Qual é a responsabilidade do SDAE com os produtores de hortícolas?


2. Que tipo de apoio o SDAE tem dado aos produtores de hortícolas?

VI
Apêndice 2
Tabela 1: Rendimentos obtidos em cada hortícola no período de 2010 a 2014

Rendimento (em
meticais)
Hortícolas 2010 2011 2012 2013 2014
Alface 42400 135500 286200 668800 703450
Tomate 112800 226250 607950 1022588 1181625
Couve 25200 42800 106000 259500 288000
Cebola 17100 36720 88560 247020 287250
Repolho 399500 733975 2160000 4284000 4837350
Pimento 113900 165900 264600 823200 912000
Cenoura 19250 19250 23400 22750 66500
Rendimento Total 730150 1360395 3536710 7327858 8276175

Tabela 2: Rendimentos médios obtidos pelos produtores durante o ano de 2010

Hortícolas No. de agricultores Rendimento Rend. Medio / agricultor


Alface 11 42400 3854.545455
Tomate 11 112800 10254.54545
Couve 11 25200 2290.909091
Cebola 11 17100 1554.545455
Repolho 11 399500 36318.18182
Pimento 11 123900 11263.63636
Cenoura 11 19250 1750
TOTAL 67286.36364

VII
Tabela 3: Rendimentos médios obtidos pelos produtores durante o ano de 2011

No. de Rend. Médio /


Hortícolas agricult. Rendimento agricultor
Alface 20 135500 6775
Tomate 20 226250 11312.5
Couve 20 42800 2140
Cebola 20 36720 1836
Repolho 20 733975 36698.75
Pimento 20 165900 8295
Cenoura 20 19250 962.5
TOTAL 68019.75

Tabela 4: Rendimentos médios obtidos pelos produtores durante o ano de 2012

Rend. Médio /
Hortícolas Produtores Rendimento agricultor
Alface 48 286200 5962.5
Tomate 48 607950 12665.625
Couve 48 106000 2208.333333
Cebola 48 88560 1845
Repolho 48 2160000 45000
Pimento 48 264600 5512.5
Cenoura 48 23400 487.5
TOTAL 73681.45833

VIII
Tabela 5: Rendimentos médios obtidos pelos produtores durante o ano de 2013

No. de Rend. Medio /


Hortícolas agricult. Rendimento agricultor
Alface 96 668800 6966.666667
Tomate 96 1022587.5 10651.95313
Couve 96 259500 2703.125
Cebola 96 247020 2573.125
Repolho 96 4284000 44625
Pimento 96 823200 8575
Cenoura 96 22750 236.9791667
TOTAL 76331.84896

Tabela 6: Rendimentos médios obtidos pelos produtores durante o ano de 2014

Hortícolas No. de agric. Rendimento Rend. Médio / agricultor


Alface 96 703450 7327.604167
Tomate 96 1181625 12308.59375
Couve 96 288000 3000
Cebola 96 287250 2992.1875
Repolho 96 4837350 50389.0625
Pimento 96 912000 9500
Cenoura 96 66500 692.7083333
Total 86210.15625

IX
Anexo 1

Mapa do distrito de Vilankulo

Fonte: PEDD (2011)

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