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Projeto de Pesquisa

Título: Espaços produtivos rurais do litoral sul da Lusitânia: villae e vici


durante os séculos III e IV d.C.

1- Problemática
O presente projeto de pesquisa é parte integrante do projeto de pesquisa coletivo,
intitulado “Império: teoria e prática imperialista romana” que vem sendo desenvolvido pela
equipe de pesquisadores formada por bolsistas de Iniciação Científica e mestrandos
vinculados ao PPGHC, sob a orientação da Profa. Dra. Norma Musco Mendes. Tem como
objetivo principal problematizar o estudo de impérios, não como fenômenos
eminentemente políticos, mas investigar a lógica de sua formação, reprodução e colapso.
Particularmente, esta pesquisa tem como objetivo analisar o comportamento da região sul
da província da Lusitânia, durante o século III e o século IV, quando se iniciou o processo
de crise e descaracterização de Roma como centro hegemônico. Este projeto coletivo vem
recebendo o auxílio do CNPq, através da concessão de bolsa de produtividade em pesquisa
e se torna possível diante do intercâmbio mantido com os especialistas portugueses i,
principalmente da Universidade de Coimbra que integram o Centro de Estudos
Arqueológicos das Universidades de Coimbra e Porto (CEAUCP), para o qual foi
recentemente convidada a ingressar, como membro colaborador.
O subprojeto de pesquisa intitulado a “Descaracterização do sistema econômico
imperial Romano, um estudo de caso: o litoral sul da Lusitânia” que vem sendo realizada
pela orientadora Prof. Dra. Norma Musco Mendes tem demonstrado que por volta do
século III d.C., perdera a sua forma unitária e mundial, entrando numa situação de colapso,
o qual significou para sempre o desligamento das duas partes que o compunham: Ocidente
e o Oriente e a formação dos reinos germânicos. No entanto, qualquer análise sobre o
Império Romano deve considerar as condições específicas de cada uma das províncias.
Logo, a fim de ampliar e aprofundar os nossos argumentos explicativos sobre o processo de
desagregação do Império Romano, sentimos a necessidade de ampliar o nosso corpus
documental e limitar o campo de investigação para um estudo de caso regional. Neste
sentido, recorremos ao diálogo entre a História e a Arqueologia. Ressalto que entendemos o
registro arqueológico como uma evidencia da praxis dos processos de interação social entre
a população nativa e os romanos. Ou melhor, nos permite desvelar como os homens

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internalizaram o impacto da conquista e passaram a apreender as novas estruturas do
mundo social (Jones, 1997, cap. 6). Desta forma, a cultura material é operacionalizada
como um produto da adaptação ecológica dos homens que interage com os sistemas
culturais e as formas históricas das relações sociais. Portanto, o diálogo entre a História e a
Arqueologia representa o cotejamento de dois tipos de discursos repletos de significados,
possibilitando a construção de novas problemáticas e a reavaliação das tradicionais
matrizes historiográficas.

Especificamente em relação ao objeto do presente plano de trabalho a equipe de


pesquisa obteve os seguintes resultados:
Os dados provenientes da interpretação dos vestígios arqueológicos nos levam a supor
que a Lusitânia Baixo Imperial, em detrimento do enfraquecimento do centro hegemônico,
apresentou prosperidade econômica, refletida no desenvolvimento das propriedades rurais
de tipo villa e demais centros produtivos, com destaque para os vici portuários. Observamos
também que há uma série de assentamentos produtivos aparentemente autônomos ao longo
da costa do atual Algarve e que não se caracterizam nem como villae nem como cidades.
Muitos destes assentamentos carecem de uma classificação tipológica, mas por suas
características é possível observar alguns deles como vici portuários: são estes os
assentamentos dedicados à pesca e fabrico de garum.
Os vestígios arqueológicos desta região nos apontam as contradições do sistema de
domínio imperial. Refiro-me ao fato de que as investigações registram um período de crise
na produção anfôrica e de preparados de peixe na Lusitânia, datado nos séculos II e III.
Possivelmente, esta situação estava interligada à invasão dos mauri e aos conflitos entre
Sétimo Severo e seus opositores da província da Bética, gerando o enfraquecimento das
atividades comerciais realizadas pela cidade de Cádis.ii
De acordo com Kulikowski (2004) e Arce (2009), após a invasão dos francos, em 260,
teve início nas Hispanias um século de paz e prosperidade, não havendo nada mais na
documentação textual que permita dizer o contrário.
Com Diocleciano, a Lusitânia passou a integrar a dioecesis hispaniarum que
compreendia seis províncias, dentre as quais a Mauritânia Tingitana.
Inscrições datadas entre os anos de 340/360, atestam que possivelmente, a Bética e a
Lusitânia foram promovidas para a condição de províncias consulares. Esta época também

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é marcada pelo desenvolvimento econômico e cultural das cidades da Lusitânia,
principalmente de Augusta Emérita que se tornou a residência do vicarius hispaniarum
(Arce, 2009, p..51) iii.
Existem indícios da inserção de Ossonoba nesta conjuntura. Carlos Fabião, (1997 a,
p.56) afirma que a reorganização administrativa do Baixo Império parece ter escolhido a
África como o território para os abastecimentos institucionais, pois as ânforas africanas,
transportando vários produtos, inclusive os preparados de peixe tornaram-se dominantes no
registro arqueológico de Roma e dos núcleos populacionais localizados nas fronteiras
germânicas. Isto deve ter diminuído a procura institucional pelos artigos peninsulares e
somado ao comprometimento dos circuitos comerciais que interligavam as áreas
mediterrâneas, talvez tenha aberto novos horizontes para um comércio orientado para os
mercados locais e regionais. Esta conjuntura pode ter possibilitado para Ossonoba o fim da
tutela comercial exercida pela província da Bética e a criação de novas redes e a ampliação
da interação comercial e cultural com o Norte da África. Ademais, diante do declínio
iniciado no século II da cidade de Balsa (Tavira)iv, Ossonoba tornou-se um centro
estratégico de controle das rotas comerciais entre o Mar Mediterrâneo e o Atlântico Norte
(Silva, 2009, p.21).
As evidências arqueológicas sugerem que podemos inserir o recrudescimento das
construções urbanas de Ossonoba neste contexto. Dos séculos III e IV é datado o
desenvolvimento de espaços produtivos urbanos e rurais, tais como: a remodelação de
suntuosas villae romanas nos arredores da cidade (Milreu, Loulé Velho, Cerro da Vila e
Marim Romano) e a multiplicação dos centros oleiros, cuja produção perdurou até o século
V d. C. (Martinhal, São João da Venda, Torre d´ Aires, Quinta do Lago, na região de Loulé
(Morais e Fabião, 2005, p. 127).
A ampliação dos centros oleiros, mencionados, estavam relacionados à produção de
ânforas para os produtos piscícolas e para o acondicionamento do vinho e do azeite. Este
aumento da produção de ânforas parece, também, corresponder a uma liberação do
comércio que permitiu a entrada direta nos circuitos comerciais marítimos de produtos que
anteriormente eram consumidos no local ou canalizados pelos grandes armadores e
diffusores, espécie de corretores entre os produtores e os comerciantes (Mantas, 1997, p.
303; Remesal, 2002, p.77). Possivelmente, tais mudanças foram acompanhadas pela

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emancipação da produção algarvia de recursos marinhos da tutela da província da Bética e
pode ser contextualizada nos distúrbios causados pelas invasões dos mauri e conflitos da
época de Sétimo Severo.
Por outro lado, esta transformação dos espaços produtivos devem ter sido
capitaneadas pela ordem dos decuriõesv. Com as transformações administrativas ocorridas
no Baixo Impériovi, pode-se supor que o governo destas cidades e o enriquecimento dos
espaços produtivos rurais, denominados de Villa, estava nas mãos daqueles que se
enquadrariam no perfil dos ex-altos dignitários oriundos da carreira militar que ascenderam
à posição dos possessoresvii regionais (Silva, 2009, p.24) que gozavam de isenção fiscal e
agiam como patronos em relação às outras camadas sociais. Detecta-se, uma mudança nas
relações sociais e de poder , a qual já representava os indícios da formação dos grandes
senhores locais.
As evidências arqueológicas nos possibilitam a percepção das mudanças no
urbanismo e nos espaços produtivos urbanos e rurais que testemunham o processo de
apropriação e resignificação dos padrões característicos da Humanitas descritas, por
exemplo, por Vitrúvio, Plínio, o jovem e Columella e a sua sobrevivência durante o século
IV. Tais evidências seriam impossíveis de acompanhar pela documentação textual, até o
momento disponível. Logo, nos parece possível traçar um paralelismo com as afirmações
de G. Woolf (2003, p. 247) referentes à internalização dos valores e padrões culturais
romanos na Gália, a partir de fins do século II d.C. No entanto, é preciso considerar que tais
padrões culturais não permaneceram congelados. Numa dinâmica dialética entre o global
(cultura romana) e o local (diversidade cultural regional), marcada pela contaminação, pela
mistura e pelo ajustamento, emergiu um sistema coerente de idéias e práticas capazes de
condicionar os comportamentos. No âmbito destes processos, aos quais denominamos de
Romanização, foram construídas identidades plurais, fragmentadas e flexíveis que
marcavam as relações de poder e atuavam como fator de desigualdade social. Referimo-nos
a identificação no espaço urbano e rural da importação de formas de culto e de crenças em
estilo romano-céltico. Portanto, este tipo de manifestação religiosa pode ser interpretado
como fruto do processo de diálogo entre os padrões culturais considerados romanos e a
alteridade celta. Constituindo-se num testemunho de “mestiçagem cultural” viii.

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Tais constatações nos levam a inferir a descaracterização do sistema econômico de
configuração internacional em torno do Mediterrâneo, o qual garantia as relações de
interdependência entre o centro as províncias e as periferias, tornando-se imprescindível
para a manutenção e reprodução do Império Romano ao longo do Alto Império.
Observamos que Roma, no Baixo Império, já não se configurava mais como um centro de
captação e acumulação de recursos materiais e humanos; Estas constatações nos auxiliam à
estruturar argumentos interpretativos sobre a dinâmica de desagregação do Império
Romano, visto que observamos a formação de novos centros econômicos e de poder com o
enfraquecimento do centro hegemônico original. No tocante ao Império Romano, este
processo foi marcado, por uma conjuntura de queda do nível de complexidade social, cujos
indicativos foram: diminuição do grau de divisão, troca e redistribuição de recursos, de
estratificação e diferenciação social; dificuldades crescentes da capacidade de
centralização, regulação e integração entre o Estado e os diversos grupos sociais, da
capacidade de investimentos nas covariáveis da complexidade que definem o conceito de
civilização, entendidas como legitimadoras de poder; ampliação do grau de fragmentação
política e contração do território submetido a uma única autoridade política. Tal
constatação contribui para o diálogo comparativo sobre os processos de colapso dos
Impérios, sem limitações espaciais e temporais.
Diante do exposto o presente plano de trabalho tem como objetivos:
1-Aprimoramento teórico e metodológico, principalmente, relacionado ao diálogo entre
a História e a Arqueologia;
2- Ampliação da análise da documentação de cultura material e epigráfica dos espaços
produtivos urbanos e rurais da época em estudo;
4- Análise da política econômica e fiscal dos Severos e do período de Diocleciano e
sua implicação na Lusitânia;
5- Estudar as redes de comércio locais e regionais existentes no período em estudo;
6- Pesquisar as transformações verificadas ao longo do Baixo Império na
administração municipal;
7- Contribuir para a formação de argumentos explicativos que nos levem a melhor
conceituar os processos de Romanização.
4- Documentação e Metodologia:

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Documentação de cultura material constituída pelos vestígios arqueológicos, cuja
descrição e análise se encontram detalhadas na bibliografia e veiculadas pela internet,
principalmente, no seguintes endereços: www.arqueotavira.com; http://ipa.min-
cultura.pthttp; www.csamento.uminho.pt; www.mnarqueologia.ipmuseus.pt
5- Gradualmente, os resultados serão sistematizados e apresentados nas reuniões da
equipe de pesquisadores, composta por alunos da graduação e mestrandos do PPGHC da
UFRJ, para se obter o diálogo e a reflexão crítica sobre a temática central do Projeto
Coletivo de Pesquisa, sob a orientação da Profa. Dra. Norma Musco Mendes,

6- Hipóteses:

1) A percepção arqueológica da mudança nos espaços produtivos urbanos e rurais


do litoral do Algarve, durante os séculos III e IV, sugerem o desenvolvimento da
investigação histórica voltada para relativizar as afirmações generalizadoras sobre o
abandono das cidades, os processos de ruralização, de retração econômica e de “queda” do
Império Romano; e

2) O processo de desagregação do domínio imperial romano no Ocidente


possibilitou a formação de novas redes econômicas em consonância com as potencialidades
locais e o despertar das identidades regionais.

7-Cronograma:

Atividades 1º Ano 2ºAno


Levantamento Bibliográfico x x
Levantamento das Imagens x x
Seleção, classificação e análise descritiva relacional. x
Cruzamento dos dados. x
Crítica e Interpretação dos resultados x
Síntese. x

8-Bibliografia:

6
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1
i Cabe uma menção especial aos professores Dr. José d´Encarnação, Dra. Conceição Lopes (Universidade de Coimbra); Dr. João Pedro Bernardes (Universidade do Algarve); Dr.
Carlos Fabião (Universidade de Lisboa) e Dr. Luís Fraga da Silva.

ii Durante o reinado de Marco Aurélio, tribos provenientes da Mauritânia atravessaram o estreito de Gibraltar e se dirigiram para a Bética. Ao longo da guerra civil que sucedeu o
assassinato de Cômodo, em 192, a região se uniu a Clodio Albino e, consequentemente, sofreu a vingança de Sétimo Severo.

iii Este momento de promoção coincide com a vitória de Constancio II sobre Magnencio e com o seu posicionamento político em obter alianças com os membros da aristocracia
pagã existentes nestas províncias.

iv Balsa foi uma cidade que apresentou grande desenvolvimento urbanístico e comercial no Algarve, ao longo do Alto Império. O seu declínio foi um processo complexo ligado à
interveniência de uma pluralidade de fatores econômicos, políticos, fiscais, demográficos, cuja analise pode ser encontrada em SILVA, L.F. da Balsa, cidade perdida., Tavira,
2007

v Cabe destacar a posição de Michael Kulikowski analisada na obra Late Roman Spain and its cities, capítulo 3 e 4, que defende a sobrevivência do poder das curias e de suas
respectivas magistrados, durante os séculos III e IV na Hispania.

vi Um bom resumo pode ser encontrado em ARCE, J. El ultimo siglo de la España Romana. Madrid: Aliança Editorial, 2009

vii Proprietários territoriais

viii S. Gruzinski (2001,pg.45) segue a hipóteses de que os elementos opostos das culturas em contato tendem a se excluir mutuamente, eles se enfrentam e se opo~em uns aos
outros; mas, ao mesmo tempo, tendem a se interpenetrar, a se conjugar e a se identificar. Este enfrentamento permite a emergência de uma cultura nova, mestiça, nascida da
interpenetração e a conjugação dos contrários.

Referências Bibliográficas

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