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40 Koans
40 Koans
1º Koan:
Mal comeces a pensar se 'tem' ou 'não tem' és um
homem morto.
2º Koan:
Aquele que passa a Porta sem porta marchará de mão
dadas com toda a linhagem de Patriarcas, olhando
com o mesmo olho e ouvindo com o mesmo ouvido.
3º Koan:
Batendo duas mãos uma na outra temos um som.
Qual é o som de uma única mão?
4º Koan:
Quem pensa que entendeu se questiona.
Quem pensa que não entendeu questiona os outros.
Quem entendeu não diz nada.
E quem não entendeu também não diz nada!
5º Koan:
Antes de os teus pais terem nascido, qual era a tua
natureza original?
6º Koan:
Qual é o som do silêncio?
7º Koan:
A própria mente desencaminha a mente; acautela-te
contra a mente.
8º Koan:
Não use o arco e flecha de outrem.
Não cavalgue o cavalo de outra pessoa.
Não discuta as falhas de outro.
Não se meta nos negócios de uma outra pessoa.
9º Koan:
Um Mestre oferece um melão a um discípulo, e
pergunta: — Que te parece o melão? Tem bom gosto?
— Sim, sim! Muito bom gosto! – responde o discípulo.
O Mestre, então, faz outra pergunta: — O que tem
bom gosto: o melão ou a língua?
10º Koan:
Como se pratica a esgrima sem espada?
11º Koan:
Quem é você?
12º Koan:
Suba uma escada de 99 de graus até o último degrau.
Agora, suba mais um degrau...
13º Koan:
Qual era o seu rosto original – aquele que você
possuía antes de nascer?
14º Koan:
Todos os fenômenos são impermanentes. Tudo que
nasce deve finalmente morrer. O que nasce e o que
morre?
15º Koan:
Não siga o passado; não se perca no futuro. O
passado não existe mais; o futuro ainda não chegou.
Observando profundamente a vida como ela é, aqui e
agora, é que permanecemos equilibrados e livres.
16º Koan:
Um cão tem uma natureza de Buddha? Se você disser
que sim, eu vou bater em você. Se você disser não, eu
vou bater em você. Vá e descubra a resposta. E,
qualquer que seja a sua resposta, eu vou bater em
você!
17º Koan:
Um homem, viajando em um campo, encontrou um
tigre. Ele correu, com o tigre em seu encalço.
Aproximando-se de um precipício, tomou as raízes
expostas de uma vinha selvagem em suas mãos, e
pendurou-se precipitadamente abaixo, na beira do
abismo. O tigre o farejava acima. Tremendo, o
homem olhou para baixo e viu, no fundo do precipício,
outro tigre a esperá-lo. Apenas a vinha o sustinha.
Mas, ao olhar para a planta, viu dois ratos, um negro
e outro branco, roendo aos poucos sua raiz. Neste
momento, seus olhos perceberam um belo morango
vicejando perto. Segurando a vinha com uma mão, ele
pegou o morango com a outra e o comeu. — Que
delícia! — ele disse.
18º Koan:
Nan-In, um Mestre japonês durante a Era Meiji, 1
19º Koan:
Um grande shogun japonês, chamado Nobunaga,
decidiu atacar o inimigo, embora ele tivesse apenas
um décimo do número de homens que seu oponente.
Mesmo assim, ele sabia que poderia ganhar, mas seus
soldados tinham dúvidas. No caminho para a batalha,
ele parou em um templo Shintó, e disse aos seus
homens:
— Após eu visitar o relicário eu jogarei uma moeda.
Se a cara sair, iremos vencer; se sair a coroa, iremos
com certeza perder. O destino nos tem em suas mãos.
Nobunaga entrou no templo e ofereceu uma prece
silenciosa. Então, saiu e jogou a moeda. A cara
apareceu. Seus soldados ficaram tão entusiasmados
para lutar, que acabaram ganhando a batalha
facilmente.
Após a batalha, seu segundo em comando comentou
orgulhoso:
— Ninguém pode mudar a mão do destino!
— Realmente não — disse Nobunaga, mostrando-lhe
reservadamente a moeda, que tinha sido duplicada,
possuindo a cara impressa nos dois lados.
20º Koan:
Um orgulhoso guerreiro, chamado Nobushige, foi até
o Mestre Hakuin, e perguntou-lhe: — Se existe um
paraíso e um inferno, onde estão?
— Quem é você? — perguntou Hakuin.
— Eu sou um samurai! — o guerreiro exclamou.
— Você? Um guerreiro? — riu-se Hakuin. — Que
espécie de governante teria tal guarda? Sua
aparência é a de um mendigo!
Nobushige ficou tão raivoso que começou a
desembainhar sua espada, mas Hakuin continuou:
— Então, você tem uma espada! Sua arma
provavelmente está tão cega que não cortará minha
cabeça...
O samurai desembainhou a espada e avançou pronto
para matar, gritando de ódio. Neste momento,
Hakuin anunciou:
— Acaba de se abrir o Portal do Inferno!
Ao ouvir estas palavras, e percebendo a sabedoria do
Mestre, o samurai embainhou sua espada, e fez-lhe
uma profunda reverência.
— Acaba de se abrir o Portal do Paraíso — disse
suavemente o Mestre Hakuin.
21º Koan:
Um homem queria ficar rico e, todos os dias, pedia a
Deus que atendesse às suas súplicas. Em um dia de
inverno, ao voltar da oração, avistou, presa no gelo
do caminho, uma polpuda carteira de dinheiro. No
mesmo instante, julgou-se atendido. Mas, como a
carteira resistisse aos seus esforços para retirá-la,
urinou em cima dela, a fim de derreter o gelo que a
retinha. E, foi então que despertou na cama toda
molhada!
22º Koan:
Mestre Tokuan (cujo nome significa pepino) estava
morrendo. Um discípulo se aproximou, e perguntou-
lhe qual era o seu testamento. Takuan respondeu que
não tinha testamento. Mas o discípulo insistiu:
— Não tendes nada? Nada para dizer?
— A vida não passa de um sonho — disse o Mestre
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Tokuan.
E expirou.
23º Koan:
Um renomado Mestre Zen dizia que seu maior
ensinamento era este: Buddha é a sua Mente. De tão
impressionado com a profundidade implicada neste
axioma, um monge decidiu deixar o monastério e se
retirar em um local afastado para meditar nesta peça
de sabedoria. Ele viveu vinte anos como eremita
refletindo no grande ensinamento.
Um dia, ele encontrou outro monge, que viajava na
floresta próxima à sua ermida. Logo, o monge
eremita soube que o viajante também havia estudado
com o mesmo Mestre Zen.
— Por favor, diga-me: você conhece o grande
ensinamento do Mestre — perguntou ansioso o monge
eremita.
Os olhos do monge viajante brilharam. E disse: — Ah!
O Mestre foi muito claro sobre isto. Ele disse que seu
maior ensinamento era: Buddha não é a sua mente.
24º Koan:
Certa vez, o Mestre taoísta Chuang Tzu sonhou que
era uma borboleta, voando alegremente aqui e ali. No
sonho, ele não tinha mais a mínima consciência de sua
individualidade como pessoa. Ele era realmente uma
borboleta. Repentinamente, ele acordou, e se
descobriu deitado em sua cama, uma pessoa
novamente.
Mas, então, ele pensou para si mesmo:
'Antes, fui um homem que sonhava ser uma borboleta
ou, agora, sou uma borboleta que sonha ser um
homem?'
25º Koan:
O primeiro-ministro da Dinastia Tang era um herói
nacional pelo seu sucesso tanto como homem de
Estado quanto como líder militar. Mas, a despeito de
sua fama, poder e riqueza, ele se considerava um
humilde e devoto buddhista. Freqüentemente ele
visitava seu Mestre Zen favorito para estudar com ele,
e eles pareciam se dar muito bem. O fato de ser era
primeiro-ministro aparentemente não tinha efeito em
sua relação, que parecia ser simplesmente a de um
reverendo Mestre e seu respeitoso estudante.
Um dia, durante sua visita usual, o primeiro-ministro
perguntou ao Mestre: — Mestre, o que é o egoísmo, de
acordo com o Buddhismo?
O rosto do Mestre ficou vermelho, e num tom de voz
extremamente desdenhoso e insultuoso, gritou em
resposta:
— Que tipo de pergunta estúpida é esta?
Tal resposta, tão inesperada, chocou tanto o primeiro-
ministro, que, imediatamente, arrogante e com raiva,
retorquiu:
— Como ousa me tratar assim?
Neste momento, o Mestre Zen sorriu e disse: — Isto,
Excelência, é egoísmo!
26º Koan:
O Certa vez Chuang Tzu e um amigo caminhavam à
margem de um rio.
— Veja os peixes nadando na corrente — disse Chuang
Tzu. — Eles estão realmente felizes...
— Você não é um peixe — replicou arrogantemente seu
amigo. — Então, você não pode saber se eles estão
felizes!
— Você não é Chuang Tzu — disse Chuang Tzu. —
Então, como você pode afirmar que eu não sei que os
peixes estão felizes?
27º Koan:
Após dez anos de aprendizagem, Tenno atingiu o
título de Mestre Zen. Em um dia chuvoso, ele foi
visitar o famoso Mestre Nan-In. Quando ele entrou no
mosteiro, o Mestre, imediatamente, recebeu-o com
uma questão:
— Você deixou seus tamancos e seu guarda-chuva no
alpendre?
— Sim, Mestre — respondeu Tenno.
— Então, diga-me — continuou o Mestre: — Você
colocou seu guarda-chuva à esquerda de seu calçado
ou à direita?
Tenno não soube responder, percebendo, afinal, que
ainda não havia alcançado a plena atenção. Ele,
então, se tornou aprendiz do Mestre Nan-In, e estudou
sob sua orientação por mais dez anos.
28º Koan:
Um monge pôs-se a caminho de uma longa
peregrinação para encontrar Buddha. Ele levou
muitos anos em sua busca até alcançar a terra onde se
dizia que vivia o Senhor Buddha. Ao cruzar o sagrado
rio que cortava este país, o monge olhava em torno,
enquanto o barqueiro conduzia o bote. Ele percebeu
algo flutuando que vinha em sua direção. Quando o
objeto chegou mais perto, ele viu que era um cadáver
– e que o morto era ele mesmo! O monge perdeu todo
o controle e deu um grito de dor à visão de si mesmo,
rígido e sem vida, flutuando suavemente na corrente
do grande rio. Neste instante percebeu que ali estava
começando sua busca pela liberação... E, então, ele
soube, definitivamente, que sua busca por Buddha
havia terminado. 3
29º Koan:
O amanhã não é real. É uma ilusão. A única realidade
é o agora. O verdadeiro sofrimento é viver ignorando
este 'Dharma'.
30º Koan:
O Santo Dharma – o Primeiro Princípio – é um vasto
vazio, sem nada santo dentro dele.
31º Koan:
Dois peregrinos estavam perdidas no deserto.
Estavam morrendo de inanição e sede. Finalmente,
avistaram um alto muro. Do outro lado, podiam ouvir
o som de quedas d'água e de pássaros cantando.
Acima, podiam ver os galhos de uma árvore frutífera
atravessando e pendendo sobre o muro. Seus frutos
pareciam deliciosos. Um dos homens subiu o muro e
desapareceu no outro lado. O outro, em vez disso,
saciou sua fome com as frutas que sobressaíam da
árvore, ali mesmo, e retornou ao deserto para ajudar
outros perdidos a encontrar o caminho para o oásis.
32º Koan:
Dois monges estavam lavando suas tigelas no rio
quando perceberam um escorpião que estava se
afogando. Um dos monges, imediatamente, pegou-o e
o colocou na margem. No processo, ele foi picado. Ele
voltou para terminar de lavar sua tigela, e,
novamente, o escorpião caiu no rio. O monge salvou o
escorpião, e novamente foi picado. O outro monge,
então, perguntou:
— Amigo, por que você continua a salvar o escorpião
quando você sabe que sua natureza é agir com
agressividade, picando-o?
— Porque — respondeu o monge — agir com
compaixão é a minha natureza.
33º Koan:
O monge perguntou ao Mestre:
— Como posso sair do 'Samsara'?
O Mestre respondeu:
— Quem te colocou nele? 4
34º Koan:
O pensamento lógico não pode ser usado para obter a
Compreensão; apenas com a sensibilidade da não-
mente alcança-se a Verdade. 5
35º Koan:
Quando estiver com fome, coma. Quando estiver
cansado, durma.
36º Koan:
Buscar o Estado Búddhico apenas fazendo meditação
é matar o Buddha.
37º Koan:
Terminaste a refeição? Então, vai lavar tuas tigelas!
38º Koan:
Não façais nada violento; praticai somente o aquilo
que é justo e equilibrado.
39º Koan:
O 'Samsara' é como um caroço de manga, que
plantamos para comer o fruto. Quando a grande
árvore cresce e dá frutos, as pessoas os comem, para,
em seguida, plantar os caroços. E dos caroços nascem
grandes mangueiras, que, novamente, dão frutos.
Deste modo, a mangueira não tem fim. E assim, da
mesma forma, nascemos aqui, morremos ali...
Nascemos... Morremos... Nascemos... Morremos... Isto
é 'Samsara'.
40º Koan:
Não é o mesmo nome, o mesmo espírito e o mesmo
corpo que nascem depois da morte. Este nome, este
espírito e este corpo criam a ação. Pela ação ou
Karma, nascem outro nome, outro espírito e outro
corpo.
Koan Vegetariano
Humildemente, vou dar minha contribuição com um
pequeno diálogo koânico sobre o vegetarianismo.
O Católico: — Você é vegetariano?
O Ateu: — Sim; sou.
O Católico: — Como você sabe, eu sou católico. Na
Bíblia, não há qualquer passagem que recomende o
vegetarianismo. O próprio Jesus comia peixe.
O Ateu: — Comia? Tem certeza? Bem, cada um come o
que quer. Mas, quem sou eu para julgar Jesus! Jesus é
Jesus; eu sou eu. E nós dois somos um.
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Notas: