Você está na página 1de 18

19/05/2018 RESUMÃO SOBRE RECURSOS: APELAÇÃO, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e INFRINGENTES, AGRAVOS | Profa.

FERNAN…

RESUMÃO SOBRE RECURSOS: APELAÇÃO,


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e INFRINGENTES,
AGRAVOS
Profa. Fernanda Resende 14:30:00

Queridos alunos,

Atendendo a pedidos, segue abaixo um RESUMÃO de todas as


matérias estudadas por nós em sala de aula durante esta I
UNIDADE. Lembro que um resumo não dispensa a leitura de
um bom livro, cujas indicações vocês podem encontrar aqui
mesmo em nosso blog no link BIBLIOGRAFIA.

Teoria Geral, Pressupostos e Efeitos

Introdução
O inconformismo atinge a sociedade como um todo, mormente se levarmos
em conta que os conflitos intersubjetivos resolvidos pelo Estado, muitas
vezes, em primeiro momento não atendem plena e integralmente os
interesses dessa mesma sociedade, motivo pelo qual o meio para reparar tal
falibilidade somente pode ser a impugnação do ato estatal. Essa impugnação,
em linhas gerais, após a primeira decisão oriunda do Estado-Juiz é o
instrumento tecnicamente chamado de recursos. É sobre esse tema, que
pretendemos dissertar.

Conceito de recurso e sua classificação no Processo


Civil
A questão conceitual nunca é de simples deslinde, haja vista que o Direito,
como ciência viva, é submetido a seguidas tentativas de interpretação,
aperfeiçoamento e evolução por vários doutrinadores. Optamos por uma
idéia mais simples, na medida em que, dessa base conceitual, podemos
evoluir para os demais elementos de Teoria Geral que serão apresentados ao
longo desse ensaio.

Nesse contexto, o célebre professor


Moacyr Amaral Santos preceitua: “Em
princípio, todos os atos do juiz podem
ser impugnados, até mesmo simples
despachos de expediente. Quando o
ato impugnado é uma decisão final
(sentença, acórdão) ou decisão
interlocutória, à impugnação se dá o
nome de recurso. Por meio do
recurso, a parte vencida, apontando e demonstrando o vício da decisão,
provoca o reexame da matéria decidida, visando obter sua reforma ou
modificação. Competente para o reexame, regra geral, será o órgão
judiciário hierarquicamente superior ao que proferiu a decisão recorrida,
admitindo-se que o seja, entretanto, em dadas hipóteses, o próprio juiz que
a proferiu. Recurso é, pois, o poder de provocar o reexame de uma decisão,
pela mesma autoridade judiciária, ou por outra hierarquicamente superior,
visando a obter a sua reforma ou modificação”. (Primeiras linhas de direito
processual civil. 20. ed. 3. v. São Paulo: Saraiva, 2001, pág. 79/80)
Não menos didático, Pontes de Miranda, peremptório, assevera: “Nem
sempre as resoluções judiciais – sentenças, decisões ou despachos – são
isentas de faltas ou defeitos quanto ao fundo ou sem infração das regras
jurídicas processuais concernentes à forma, ao procedimento. Desinteressar-
se-ia o Estado da realização do seu direito material e formal, se não desse
http://www.fernandaresende.com.br/2014/03/resumao-sobre-recursos-i-unidade.html 1/18
19/05/2018 RESUMÃO SOBRE RECURSOS: APELAÇÃO, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e INFRINGENTES, AGRAVOS | Profa. FERNAN…
ensejo à correção de tais resoluções defeituosas, ou confiaria demasiado na
probabilidade de acerto do juiz singular, ou do tribunal de inferior instância.
Afastando esse perigo e aquele descaso, o Estado admite, de regra, o
recurso, que implica reexame do caso, em todos os seus elementos ou só em
alguns deles. Em sentido lato, recorrer significa comunicar vontade de que o
feito ou parte do feito, continue conhecido, não se tendo, portanto, como
definitiva a cognição incompleta ou completa, que se operara. Não supõe
devolução necessária à superior instância. Há recursos no mesmo plano
funcional da organização judiciária”. Comentários ao Código de Processo
Civil. 7. t. São Paulo: Forense, 1975.

Em resumo dos termos expostos, recurso pode ser delimitado como a


faculdade própria da parte vencida – porque aquele que tem sua pretensão
acolhida totalmente carece de interesse de agir para recorrer – de impugnar
voluntariamente a decisão do Estado-juiz no que lhe foi contrária, a fim de
provocar nova apreciação pelo mesmo órgão julgador ou por outro que a lei
designar, objetivando a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a
integração do julgado.

No mais, os recursos ainda tendem a ser classificados pela doutrina por uma
simples questão didática, como corolário do próprio conceito de recursos. A
par das brilhantes e profundas classificações apresentadas na essencial obra
do Professor Araken de Assis, (Manual dos Recursos, RT, 2007, paginas 31/65),
optamos por uma didática mais simples, a fim de apresentar o aluno da
graduação conceitos mínimos para sua compreensão.

Assim temos:

§ a) Classificação dos recursos quanto ao fim almejado por quem


recorre, que os divide entre de reforma, quando têm o fito de
obter resposta judicial mais favorável; de invalidação, quando
intentam anular ou cassar o provimento judicial; e de
esclarecimento ou integração, quando o objetivo é suprir
omissão, contradição ou obscuridade na decisão;
§ b) Quanto ao órgão jurisdicional que decidirá a demanda,
podendo ser os recursos devolutivos ou reiterativos, quando a
decisão é devolvida pelo juiz da causa a outro juiz; não
devolutivos ou iterativos, quando apreciados pelo mesmo juiz
que prolatou a decisão atacada; ou mistos, quando permitem as
duas soluções já expostas;
§ c) Quanto à margem do processo, segmentando os recursos entre
suspensivos, que impedem o início da execução; e não
suspensivos, que permitem a execução provisória.

Natureza Jurídica
Regra geral, os recursos podem ser
considerados como um ônus da parte
prejudicada pela decisão judicial que
se pretende recorrer. Assim, o recurso
não pode ser visto como uma nova
ação (pois não gera um outro
processo), mas como uma extensão
do próprio Direito de Ação, haja vista
que somente podem ser interpostos
recursos de “processos vivos”, isto é, daqueles que ainda não terminaram.

Em nosso ordenamento jurídico, salvo melhor juízo, as decisões proferidas


em processos findos são impugnáveis por meio de ações autônomas, como a
ação rescisória e a ação anulatória, ou ainda em casos excepcionalíssimos,
por meio de ação declaratória de inexistência jurídica e pelo mandado de
segurança, que tecnicamente não são consideradas recursos.

Espécies de recurso
Os recursos, regra geral, encontram-se descritos nas hipóteses previstas
junto ao artigo 496 do CPC. Assim, temos os seguintes recursos:

§ a) Apelação (Art. 285-a, 296 e 513 e segs. do CPC);


§ b) Agravo retido (522 e segs. do CPC), de Instrumento (524 e segs.
do CPC), contra decisão denegatória de seguimento de Recurso
Especial ou Extraordinário (544 e segs. do CPC) e regimental ou
interno (557, § 1º do CPC e Regimento Interno dos Tribunais);

http://www.fernandaresende.com.br/2014/03/resumao-sobre-recursos-i-unidade.html 2/18
19/05/2018 RESUMÃO SOBRE RECURSOS: APELAÇÃO, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e INFRINGENTES, AGRAVOS | Profa. FERNAN…

§ c) Embargos Infringentes (art. 530 e segs do CPC);


§ d) Embargos de Declaração (art. 535 e segs. do CPC);
§ e) Recurso Ordinário (Art. 539 e segs. do CPC, art. 102, II e 105, II,
ambos da Constituição Federal);
§ f) Recurso Especial (STJ) – art. 541 e segs. do CPC e art. 105, III da
CF / Recurso Especial Retido (art. 542, § 3º do CPC);
§ g) Recurso Extraordinário (STF) – art. 541 e segs. do CPC e art. 102,
III da CF / Recurso Extraordinário Retido (art. 542, § 3º do CPC);
§ h) Embargos de Divergência do STF e STJ. (art. 546 do CPC).

Importante, ainda, deixar consignado que, apesar de eventual divergência


doutrinária, optamos por nos posicionar conjuntamente à doutrina
majoritária e apontar que, apesar de sua existência junto ao Código de
Processo Civil, o Recurso Adesivo não é considerado recurso, uma vez que
não se encontra previsto nas disposições do artigo 496 do CPC, consistindo
numa verdadeira adesão a oportunidade recursal. Sua possibilidade surge
somente quando existir a sucumbência parcial ou recíproca, não tendo uma
das partes recorrido dentro de seu prazo, aderindo ao recurso da parte
contrária no prazo das contra-razões (art. 500 do CPC). O recurso adesivo
tem os mesmos pressupostos gerais dos recursos em geral, sendo seus
pressupostos específicos previstos junto ao art. 500 do CPC e, desde que
exista sucumbência recíproca, ou seja, que as partes contrárias sejam ao
mesmo tempo vencedoras e vencidas em parte, considerada a sentença ou
acórdão como um todo.

Da mesma forma, o popular  recurso de ofício, também conhecido


comoreexame necessário  também não pode ser considerado propriamente
um recurso, uma vez que não depende de qualquer ato voluntário, mas do
interesse público revelado no processo, quando a sentença houver sido
proferida de modo contrário a União, Estados, Municípios, DF, Autarquias e
fundações de direito público. Tecnicamente não existe recurso, mas uma
remessa feita pelo juízo a instância superior em virtude do previsto na lei
(475 CPC).

Por fim, é importante, ainda, declinar que Leis Processuais Extravagantes,


respeitadas a Competência Legislativa da União (art. 22, I da CF-88), podem
criar outros recursos, além dos declinados junto ao art. 496 do CPC, como é
o caso  dos Embargos Infringentes contra as sentenças proferidas em
execuções fiscais em causas de alçada (Art. 34 da Lei 6830 de 22/09/1980)
e o  Recurso Inominado contra as sentenças civis proferido nos Juizados
Especiais Cíveis Estaduais e Federais (art. 41, caput, da Lei 9099/95 e art.
5, da Lei 10259/01). Estes casos específicos serão tratados objetivamente
junto aos temas pertinentes à matéria, nos demais manuais acadêmicos.

Princípios do sistema recursal


De forma geral, os princípios são regras não-escritas que decorrem ou de
outras regras escritas, ou de um conjunto de regras, ou do sistema jurídico
como um todo, orientando não apenas a aplicação do direito positivo, mas
também a própria elaboração de outras regras, que a eles devem guardar
obediência e hierarquia. Os princípios recursais devem ser analisados em
conjunto com normas dos recursos em geral, suprindo e orientando a
ausência de regras expressas.

Nesse campo, a Doutrina tem sido vasta em reconhecer um grande número


de princípios pelos mais diversos autores. Baseado nos ensinamentos do I.
professor Nelson Nery Junior, (“apud” Princípios fundamentais – Teoria geral
dos recursos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p. 34.), os princípios
fundamentais dos recursos civis são:

§ a) Princípio do duplo grau de jurisdição; princípio do duplo grau


de jurisdição voluntário; princípio do duplo grau de jurisdição
mínimo; princípio do controle hierárquico:  Consiste no
principio segundo o qual uma matéria deve ser decidida, ao
menos, por duas vezes, por dois órgãos diferentes do Poder
Judiciário. Esse princípio hoje se encontra mitigado quando da
análise da Súmula Impeditiva de Recursos (art. 518, § 1 do CPC)
e da própria Súmula Vinculante do STF em matéria constitucional
(art. 103-A da CF-88);
§ b) Princípio da taxatividade:  somente existem os recursos
previstos em lei federal, não podendo as normas processuais
criadoras dos recursos ser interpretadas de maneira extensiva;
http://www.fernandaresende.com.br/2014/03/resumao-sobre-recursos-i-unidade.html 3/18
19/05/2018 RESUMÃO SOBRE RECURSOS: APELAÇÃO, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e INFRINGENTES, AGRAVOS | Profa. FERNAN…

§ c) Princípio da singularidade; princípio da unirrecorribilidade;


princípio da unicidade:  consiste na regra de que, contra uma
decisão judicial, somente pode caber um recurso, ou, ao menos,
um por vez. Possui como exceção a regra, a possibilidade do
Acórdão proferido por um Tribunal violar em sua decisão, ao
mesmo tempo, matéria de ordem constitucional de repercussão
geral e matéria de ordem infra-constitucional, quando, então,
caberá, ao mesmo tempo, Recurso Especial para o STJ e Recurso
Extraordinário para o STF);
§ d) Princípio da fungibilidade; princípio do recurso indiferente;
princípio da permutabilidade dos recursos; princípio da
conversibilidade dos recursos:  princípio que admite o
recebimento de um recurso como se fosse outro, baseado na
ausência de erro grosseiro, com a efetiva demonstração pelo
recorrente da existência de divergência doutrinária e
jurisprudencial a respeito de qual seja o recurso cabível no caso
especifico, bem como na observância do prazo menor entre os
recursos fungíveis;
§ e) Princípio da dialeticidade:  consiste no ônus do recorrente
motivar seu recurso no ato da interposição, sendo obrigatória a
dedução das razões recursais para fixação dos limites da
irresignação da parte sucumbente, bem como pela parte
contrária ter direito de contraditar o recurso nos exatos limites
do deduzido no pedido de reforma do julgado);
§ f) Princípio da voluntariedade:  todo recurso deve ser um ato
voluntário da parte prejudicada;
§ g) Princípio da irrecorribilidade em separado das
interlocutórias:todas as decisões interlocutórias podem ser
impugnadas via recurso de Agravo;
§ h) Princípio da complementaridade: é vedada a interposição de
recurso em uma ocasião e das respectivas razões em outra,
ainda que dentro do prazo recursal, bem como eventual
retificação ou complementaridade ulterior das razões. Daí dizer-
se, no entender de Barbosa Moreira, que há preclusão
consumativa quanto à dedução das razões, se essas já não
vieram acompanhando a petição de interposição do recurso.
Dessa forma, interposto o recurso antes do prazo, é impossível à
parte recorrente completá-lo, ainda que dentro do mesmo
prazo;
§ i) Princípio da proibição da “reformatio in pejus / non
reformatio in pejus”; princípio da devolutividade plena;
princípio da devolutividade plena dos recursos, princípio do
“tantum devolutum quantum appellatum”; princípio do efeito
devolutivo; princípio de defesa da coisa julgada
parcial:consiste no princípio de que o recorrente nunca poderá
ver a sua situação piorada quando do julgamento do recurso.
Possui somente uma exceção a regra: Quando o órgão julgador
“ad quem” tiver a necessidade de decidir matéria de ordem
pública, que pode resolver a causa de maneira diversa/contrária
a decisão anterior – como por exemplo, ausência de condições da
ação, ausência de pressupostos processuais, nulidades
insanáveis, prescrição etc.;
§ j) Princípio da consumação: a prática de qualquer ato processual
produz imediatamente a consumação como efeito, de modo que
realizado o ato não mais será possível praticá-lo novamente ou
acrescentar elementos.
Juízo de admissibilidade e juízo de mérito

Sendo o recurso uma extensão da ação, o órgão julgador deve também


examinar as condições de admissibilidade desses atos processuais, devendo
os recursos se adequarem às condições exigidas por lei e demais pressupostos
processuais. Assim, as condições de admissibilidade dos recursos devem ser
lógica e temporalmente examinadas antes do juízo de mérito, haja vista que,
sendo apreciadas negativamente, irão impedir que o órgão julgador se
manifeste sobre o pedido propriamente dito.
Importante salientar que o juízo de admissibilidade realizado em primeira
instância (decisão interlocutória) é necessariamente repetido em segunda e
não se vincula àquele. Assim, mesmo tendo o recurso sido conhecido e

http://www.fernandaresende.com.br/2014/03/resumao-sobre-recursos-i-unidade.html 4/18
19/05/2018 RESUMÃO SOBRE RECURSOS: APELAÇÃO, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e INFRINGENTES, AGRAVOS | Profa. FERNAN…
determinado seu processamento,
pode ocorrer, em grau superior, que o
mesmo venha a ser considerado
intempestivo, carente de
legitimidade, de interesse etc. Essa
regra comporta uma exceção: No caso
do agravo de instrumento que é
interposto diretamente ao Tribunal
(art. 524 CPC). Sendo decisão
interlocutória, o recorrido teria, em
tese, interesse de agravar da decisão
positiva de admissibilidade feita em
instância inferior. Todavia, o sistema
recursal confere a este modo mais
célere para guerrear a decisão: as
contra-razões, argüindo em
preliminar o não-cabimento daquele recurso.

Nesse contexto, podemos concluir que, para o Recurso ser admitido e


processado normalmente, deve ele preencher prévios requisitos legais,
nominados como pressupostos subjetivos e objetivos. Apenas após ultrapassar
esta fase, é que o Recurso poderá ser analisado em seu mérito, isto é,
poderá ser julgado conforme a pretensão do recorrente e sua
fundamentação.

1. O Juízo de Admissibilidade dos Recursos. Requisitos Intrínsecos


Conforme lição de Nelson Nery Jr e de Barbosa Moreira, os pressupostos
intrínsecos são aqueles tidos como requisitos relativos à própria existência do
poder de recorrer. Para serem aferidos, em síntese, leva-se em conta o
conteúdo e a forma da decisão impugnada, de tal modo que, pra proferir-se
juízo de admissibilidade, toma-se o ato judicial impugnado no momento e da
maneira como foi prolatado. São eles:

§ a) Cabimento: pelo Princípio da Taxatividade, o recurso deve ser


cabível, ou seja, previsto em lei (art. 496 do CPC). Completando
o cabimento, deve haver também a adequação (Princípio da
Singularidade), isto é, o recurso além de previsto deve ser
adequado à determinada decisão. Sob esse requisito, avalia-se a
aptidão do ato para sofrer impugnação, bem como a propriedade
do recurso a ser interposto;
§ b) Legitimação para recorrer: no Processo Civil, são partes com
legitimidade para recorrer: as partes, o terceiro prejudicado e o
Ministério Público (art. 499 CPC), quer como parte, quer como
fiscal da lei;
§ c) Interesse em recorrer:  o interesse em impugnar os atos
decisórios surge ao recorrente quando este pretender uma
situação mais favorável daquela existente na decisão prolatada,
resultando da conjugação de dois fatores autônomos, porém
complementares, que podem ser resumidos na análise do
binômio necessidade x utilidade:  por necessidade, entende-se
que a decisão somente poderá ser mudada por meio da
utilização do recurso;  por utilidade, entende-se o próprio
prejuízo da parte vencida ou de terceiro, ao ver uma decisão
desfavorável às suas pretensões (sucumbência processual), sendo
o interesse do recorrente preponderante para o resultado de
situação mais favorável do que aquela existente.
2. O Juízo de Admissibilidade dos Recursos. Requisitos Extrínsecos:  os
pressupostos extrínsecos respeitam os fatores externos à decisão judicial que
se pretende impugnar. Nesse sentido, para serem aferidos, não são
relevantes os dados que compõem o conteúdo da decisão recorrida, mas os
fatos a esta supervenientes. Deles fazem parte:

§ a) Preparo: o preparo no sistema processual


civil é imediato (art. 511, CPC),
consistindo no recolhimento prévio das
despesas relativas ao processamento do
recurso. O valor é fixado por lei de
organização judiciária para cada recurso
e, regra geral, emprega-se um percentual
ad valorem. A falta de preparo leva a
pena de deserção, que nada mais é do que
o não conhecimento do recurso pela
ausência de pagamento das custas

http://www.fernandaresende.com.br/2014/03/resumao-sobre-recursos-i-unidade.html 5/18
19/05/2018 RESUMÃO SOBRE RECURSOS: APELAÇÃO, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e INFRINGENTES, AGRAVOS | Profa. FERNAN…
recursais ou ainda o seu recolhimento em valor errôneo, sem
atender ao pedido de complementação pelo juiz (art. 511, § 2
CPC). Não se exige preparo nos agravos retidos (art. 522,
parágrafo único, CPC), embargos de declaração (art. 536, CPC),
bem como das demais pessoas isentas de preparo descritas junto
ao art. 511, § 1 CPC, como p. ex., o MP, a Fazenda Pública e os
beneficiários da gratuidade de justiça. Por fim, importante
asseverar ainda que o fato de não haver coincidência entre o
expediente forense e o de funcionamento das agências bancárias
não projeta o termo final do prazo concernente ao preparo para
o dia subseqüente ao do término do prazo recursal” (STF-Pleno:
RJ 305/103, cinco votos vencidos). Após essa decisão, as duas
turmas do STF passaram a decidir no mesmo sentido, por
votação unânime: STF-1ª Turma, AI 325.661-RJ-AgRg, rel. Min.
Ellen Gracie, j. 5.2.02, negaram provimento, v.u., DJU 15.3.02,
p. 37; STF-2ª Turma, AI 364.669-RS-AgRg, rel. Min. Carlos
Velloso, j. 30.4.02, negaram provimento, v.u., DJU 14.6.02, p.
151;

§ b) Inexistência de Fato Impeditivo ou Extintivo:  existem fatos


prévios e ulteriores à interposição que extinguem o poder de
recorrer e impedem o exame do recurso. Assim, temos como
fatos extintivos:

1) Renúncia ao poder de recorrer (art. 502 CPC):


podendo ser qualificada como um negócio jurídico
unilateral e independente de aceitação da outra parte,
consiste na declaração de vontade do legitimado a
recorrer no sentido de abdicar desse “poder de
recorrer”, tornando o ato processual irrecorrível. Assim,
sendo o recurso um ato necessariamente voluntário, é
um direito que pode ser renunciado a qualquer tempo,
mesmo antes de prolatada a decisão, somente não
havendo possibilidade de renunciar ao direito de se
impugnar decisão que agrida a ordem pública ou
maculada de nulidade absoluta;
2) Aquiescência à decisão (Art. 503 CPC): Cuidando-se de
negócio jurídico unilateral não receptício (tal qual a
renuncia), pode ser definido, em linhas gerais, como
sendo um ato pelo qual alguém aceita de maneira tácita
ou expressa, mas sempre espontânea, no todo ou em
parte, a decisão proferida; e como fato impeditivo
aDesistência (Art. 501 CPC):  Consiste na revogação da
interposição do recurso, operando-se, por conseguinte,
imediatamente os efeitos do trânsito em julgado da
decisão recorrida.

§ c) Tempestividade: prevê a Lei um determinado prazo para cada


recurso. A maioria dos recursos possui um prazo de 15 dias (art.
508 CPC), ressalvada a hipótese de Embargos de Declaração (5
dias) ou Agravo (10 dias). O prazo para interposição dos recursos
é prazo próprio, fatal e improrrogável, ressalvada as hipóteses
do art. 507 do CPC, tais como falecimento da parte, do
advogado ou ainda algum motivo de força maior que suspenda o
curso do processo. A tempestividade está intimamente ligada à
preclusão temporal. Daí se concluir que, extrapolando os prazos,
o recurso não chegará a ser conhecido.

Os prazos recursais começam a fluir, regra geral, sempre da intimação do ato


judicial que se pretende recorrer, podendo se dar:

§i)  na própria audiência, quando o ato é produzido na hora, na


presença das partes, regularmente intimadas para a realização
daquela audiência;
§ii) quando o ato não puder ser proferido na própria audiência, com a
intimação das partes via imprensa oficial ou oficial de justiça
(nos casos de necessidade de intimação pessoal, como MP,
defensor público etc.);
§iii)  no caso de sentença estenotipada (colhida pelo regime de
estenotipia), o prazo para recurso começa a fluir a partir da
intimação de sua transcrição – RT 649/352, RT619/151,
RT607/112, RT603/147; d) com a publicação da súmula do

http://www.fernandaresende.com.br/2014/03/resumao-sobre-recursos-i-unidade.html 6/18
19/05/2018 RESUMÃO SOBRE RECURSOS: APELAÇÃO, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e INFRINGENTES, AGRAVOS | Profa. FERNAN…
julgado no órgão oficial: aqui, um caso interessante –
geralmente, em tribunais, há a sustentação oral e a prolação dos
votos, tudo na mesma audiência, o que levaria a pensar que as
partes já sairiam intimadas. Ocorre que, mesmo estando
presentes as partes e seus procuradores, estas dar-se-ão por
intimadas somente com a publicação do julgado, conforme art.
506 do CPC.
No que diz respeito às decisões monocráticas para a aferição da
tempestividade do recurso, a noção de publicação a ser considerada não é
apenas a de veiculação da decisão nos órgãos da imprensa oficial. Uma vez
tornada pública a decisão, por qualquer forma, ela se torna recorrível e
tempestivo é o recurso contra ela dirigido nessas circunstâncias, desde que
observado o respectivo prazo, contado da ciência inequívoca. A esse
respeito, inclusive, Theotônio Negrão com propriedade assevera que “A
interposição de recursos contra decisões monocráticas ou colegiadas
proferidas pelo STJ pode, a partir de agora, ser realizada antes da
publicação dessas decisões na imprensa oficial” (STJ-Corte Especial, ED no AI
522.249, rel. Min. José Delgado, j. 2.2.05, acolheram os embargos, v.u., DJU
16.5.05, p. 224). Também no STF, mais recentemente, ele foi objeto de
flexibilização: “Conforme entendimento predominante nessa colenda Corte,
o prazo para recorrer só começa a fluir com a publicação do acórdão no
órgão oficial, sendo prematuro o recurso que o antecede. Entendimento que
não se aplica no caso de decisão monocrática, a cujo inteiro teor as partes
têm acesso nos próprios autos, antes da respectiva publicação” (STF-Pleno,
ACOr 1.133-AgRg-AgRg, rel. Min. Carlos Britto, j. 16.6.05, deram provimento,
v.u., DJU 24.3.06, p. 7).

§ d) Regularidade Formal ou Procedimental:  vige na moderna


doutrina o princípio da instrumentalidade das formas, avalizando
que o processo como um todo não deve se apegar às formas e
sim à finalidade que a lei quer ver cumprida. Todavia, não
podemos confundir a “liberdade das formas” com a regularidade
formal, uma vez que cada recurso tem requisitos jurídicos
mínimos para ser processado e julgado. Assim, a regularidade
formal decorre da imposição legal da forma rígida ao ato de
recorrer, enumerando Araken de Assis quatro requisitos
genéricos de regularidade de forma:

1) petição escrita;
2) identificação das partes;
3) motivação;
4)  pedido de reforma ou de invalidação do
pronunciamento recorrido (Manual dos Recursos, RT,
2007, pag. 193); há ainda outros requisitos específicos,
tais como assinatura do advogado, formação do
instrumento com peças obrigatórias e legíveis etc. A
regularidade procedimental, na lição de Rodolfo de
Camargo Mancuso, incluiria, ainda, o preparo, a
motivação, o pedido de nova decisão e o contraditório. 

Conforme as lições de Nelson Nery Jr., podemos dividir uma peça recursal
claramente em dois momentos: declaração expressa de insatisfação
(elemento volitivo) e os motivos desta insatisfação (elemento descritivo).
Uma peça, nessa ótica, deve trilhar os seguintes passos:

1)  endereçamento correto – fixa a competência correta para o


processamento do recurso;
2) informações gerais: número dos autos e as partes;
3)  nomeação e qualificação das partes – caracterizador de
legitimidade;
4)  declaração expressa de insatisfação com a decisão recorrida –
caracterizador de interesse;
5)  pontuação sobre a tempestividade e preparo, onde se fizer
necessário;
6) descrição dos fatos, ressaltando os elementos da decisão recorrida
– segundo caracterizador de interesse;
7)  fundamentos preliminares do recurso – questionamento sobre a
vigência do dispositivo legal, sua constitucionalidade, competência do
órgão julgador, prazos processuais, reafirmação de eventuais agravos
retidos, entre outros elementos de ordem pública;
8)  fundamentos de mérito do recurso – atacando a própria decisão
recorrida, em seu cerne, atingindo ou a incoerência legal do julgador,
ou demonstrando que a adequação dada ao caso poderia ter sido outra
ou, ainda, comprovando a patente ilegalidade do entendimento

http://www.fernandaresende.com.br/2014/03/resumao-sobre-recursos-i-unidade.html 7/18
19/05/2018 RESUMÃO SOBRE RECURSOS: APELAÇÃO, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e INFRINGENTES, AGRAVOS | Profa. FERNAN…
atacado, dependendo se o erro incidir sobre os procedimentos do
magistrado ou sobre seus entendimentos subjetivos;
9)  a pretensão recursal – pedido de reforma ou de invalidação do
pronunciamento recorrido.

Por fim, importante se faz, ainda, analisar a questão de regularidade formal,


quando da interposição de recursos por sistema de transmissão de dados fac-
símile (fax), sendo esta permitida pela Lei 9800/99 (art. 2º), bastando seja
regularmente transmitido ao juízo ou Tribunal de destino, devendo o
recorrente protocolar o original, diretamente no local da interposição do
recurso em até 5 dias após esse ato. Da mesma forma, a lei de
informatização dos processos judiciais (11419/06) permite a interposição de
Recursos, via internet, desde que exista efetiva adoção do sistema de
autenticação de documento eletrônico e de assinatura eletrônica pelas
chaves públicas (protocolo TCP/IP), conforme atualmente existente junto ao
STJ, STF e TRT. Nesse caso, não se faz necessário o envio do original no prazo
mencionado.
3. Juízo de Mérito:  analisados os requisitos intrínsecos e extrínsecos dos
recursos e aprovada a admissibilidade recursal (conhecimento/admissão do
recurso), passa-se a análise do próprio conteúdo da impugnação à decisão
recorrida. Ao se examinar o mérito recursal, verifica o órgão julgador se a
impugnação formulada é ou não procedente e, portanto, se lhe deve ser
dada ou não provimento, para reformar ou anular, conforme o caso a decisão
recorrida.

Efeitos dos Recursos

Ainda que inúmeras sejam as


considerações doutrinárias acerca dos
efeitos dos recursos, esses tendem a
evitar a preclusão ou o trânsito em
julgado da decisão. Regra geral, os
efeitos se dividem em:

a) Obstativo:  a interposição de
qualquer recurso adia a formação da
coisa julgada formal;
b) Devolutivo: é a aptidão que tem o
recurso de devolver a matéria ao tribunal para submetê-lo a novo
julgamento. Em relação à decisão recorrida, todo recurso tem esse
efeito que pode ser próprio (p. ex., na apelação) ou impróprio, (p.
ex. quando o recurso depende de outros recursos para ser conhecido,
ex.: agravo retido);
c) Suspensivo: significa o poder que tem o recurso de impedir que a
decisão recorrida produza sua eficácia própria até que o recurso seja
devidamente julgado por quem de direito. Somente existe efeito
suspensivo se a lei previr tal possibilidade;
d) Ativo:  possibilidade de o relator antecipar os efeitos da tutela
recursal, concedendo antes do julgamento pelo órgão colegiado a
pretensão recursal do recorrente;
e) Translativo: em determinados recursos, os Tribunais podem julgar
de ofício questões de ordem pública, independentemente de terem
sido alegadas pelas partes ou discutidas anteriormente (RESP-STJ
641.904/DF). (Art. 515, § 1 a § 3 CPC, art.516 CPC);
f) Substitutivo: consiste na substituição da decisão recorrida no que
tiver sido objeto de recurso, pela nova decisão proferida por quem
efetivamente julgou o recurso (art. 512 CPC). 

 
Embargos de Declaração
Tendo ideia de que o presente ensaio é voltado para o Acadêmico de Direito,
passamos a proceder a análise de cada uma das espécies recursais,
explorando aquilo que entendemos ser relevante para o conhecimento
destes, sempre em consonância com a Doutrina e a Jurisprudência
dominantes.
1. Embargos de Declaração:  tem seu cabimento delimitado junto às
hipóteses do art. 535 do CPC, em relação à obscuridade (defeito consistente
na difícil compreensão do texto da sentença e pode decorrer de simples
defeitos redacionais ou mesmo da má formulação de conceitos), omissão
(consiste em o juiz ou o tribunal se manifestar sobre os pontos omissos, sobre
http://www.fernandaresende.com.br/2014/03/resumao-sobre-recursos-i-unidade.html 8/18
19/05/2018 RESUMÃO SOBRE RECURSOS: APELAÇÃO, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e INFRINGENTES, AGRAVOS | Profa. FERNAN…
os quais deveriam ter se pronunciado) ou contradição (afirmação conflitante,
quer na fundamentação, quer entre esta e a decisão). Nesses casos, a
correção da sentença, em princípio, não levaria a uma verdadeira
modificação da sentença, mas apenas a um esclarecimento de seu conteúdo.
Excepcionalmente, os embargos de declaração possuem efeito modificativo,
quando o próprio juízo deixa de observar questão relevante deduzida, sendo
forçado a proferir uma nova decisão. P. Ex., no caso de omissão – se o juiz
deixou de resolver uma questão de ordem pública (coisa julgada), os
embargos podem ter efeito modificativo. Não obstante, tal recurso também
pode ser utilizado para efetivamente exercer o pré-questionamento da
matéria em relação ao Recurso Especial e/ou Extraordinário. (Súmula 98
STJ).

O recurso deve ser interposto no prazo de até 05 dias, contados da


publicação da sentença ou do acórdão, não estando sujeito a preparo ou
resposta da parte contrária, uma vez que são dirigidos diretamente ao juiz
ou ao relator que prolatou a decisão objeto do recurso. O recebimento deste
recurso interrompe o prazo para interposição dos demais, i.e., após a
decisão dos embargos, os prazos para os demais recursos recomeçam em sua
integralidade. (No caso do Juizado Especial Cível, quando interposto de
sentença, o efeito não é de interrupção, mas de suspensão do prazo para
interposição dos demais recursos.) Caso o recurso seja manifestamente
protelatório, poderá o embargante ser condenado ao pagamento de uma
multa de 1% sobre o valor da causa, chegando até o limite de 10% em caso de
reiteração. Frise-se que a lei não prevê nem proíbe a possibilidade de
embargos de declaração contra embargos de declaração; não admite,
contudo, tal repetição, quando discutir a mesma matéria já discutida nos
primeiros ou que poderia ter sido apresentado desde logo, situação esta que
sujeita o recorrente a multa acima descrita. 

Apelação

1. Conceito:  espécie de recurso cabível para atacar o decidido em


sentença judicial, com o objetivo de anulá-la ou reformá-la. A
apelação pode ser total ou parcial segundo a extensão da matéria
devolvida ao conhecimento do tribunal, asseverando que o Tribunal
resta limitado à vontade do apelante em impugnar a sentença, sendo
proibida, portanto, a “reformatio in peius” (o tribunal não pode, em
regra, proferir decisão mais desfavorável ao recorrente, sob o ponto
de vista prático, daquela contra a qual se interpôs o recurso).
Ficam também sujeitas ao Tribunal “questões” (pontos controvertidos
de fato e de direito), das quais ainda não houve decisão, devolvendo-
se o ponto ao exame do segundo grau por força natural do efeito
devolutivo da apelação (Art. 516 CPC). Assim, interposto o recurso
ficam transferidas ao exame do Tribunal as eventuais questões
decididas, de ordem pública, cujo respeito ainda não se operou a
preclusão. Frise-se, desde logo, que as questões de fato não
propostas no juízo inferior, poderão ser suscitadas na apelação de a
parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior (art.
517 CPC).

Quanto aos efeitos da apelação,


regra geral, o recurso será
recebido tanto no efeito
devolutivo quanto no efeito
suspensivo, exceção feita às
hipóteses do art. 520 do CPC e
algumas leis especiais (p. ex.
sentença que concede o despejo –
Lei do Inquilinato nº 8245/91).
Nesses casos específicos, admite-
se a execução provisória do
julgado, conforme disposto junto ao art. 475-O CPC. Vale deixar
consignado que os efeitos da apelação são disciplinados em lei, não
cabendo arbítrio do juiz.

http://www.fernandaresende.com.br/2014/03/resumao-sobre-recursos-i-unidade.html 9/18
19/05/2018 RESUMÃO SOBRE RECURSOS: APELAÇÃO, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e INFRINGENTES, AGRAVOS | Profa. FERNAN…

A interposição do recurso será feita por petição dirigida ao juiz, com


os requisitos do art. 514 do CPC, devendo ser apresentado de uma só
vez perante o protocolo um conjunto único formado pela petição de
interposição e pelas razões recursais e o preparo. O prazo para
interpor e apresentar resposta é de 15 dias (art. 508 CPC). Caso o
recurso seja intempestivo ou houver falta de algum dos outros
pressupostos de admissibilidade recursal, o juiz rejeitará o recurso,
negando-lhe seguimento. Dessa decisão cabe agravo de instrumento
(art. 522 cc/ art. 524 CPC).
Frise-se, outrossim, que a Lei nº 11276/06 criou a Súmula impeditiva
de Recursos, ao determinar, junto ao art. 518, § 1º do CPC, a
possibilidade de o juiz não receber o recurso de apelação, quando a
sentença estiver em conformidade com sumula do STJ e do STF.
Apesar da redação do artigo e dos questionamentos de
inconstitucionalidade da norma por violação ao devido processo legal
e ao duplo grau de jurisdição, a melhor doutrina defende ser a norma
de eficácia válida, porém considera ser a admissão ou não da
apelação uma faculdade do juiz, cabendo desta decisão Agravo de
Instrumento (Art. 522 cc/ art. 524 CPC), sob o fundamento de que a
sentença não se encontra em conformidade com a Súmula dos
mencionados tribunais ou ainda que esta súmula utilizada pelo juiz
não se aplica as peculiaridades do caso concreto julgado.
Por fim, a apelação apresenta ainda três situações importantes que
vêm sendo exploradas nos exames de ordem, cujos artigos devem ser
observados:
§ a) Artigo 296 do CPC: apelação cabível, quando do
indeferimento da petição inicial e que prevê a
possibilidade do exercício do juízo de retratação no prazo
de 48 horas, podendo o juiz reformar sua própria decisão.
Caso isso não ocorra, o mesmo remete o processo ao
Tribunal para julgamento;
§ b) Artigo 285-A do CPC: hipótese legal que autoriza o juiz a
dispensar a citação do réu e proferir imediatamente a
sentença de mérito, quando a matéria controvertida nos
autos versar sobre questão somente de direito e já existir
no juízo sentença proferida em caso semelhante. Nessa
hipótese, permite-se que o autor interponha recurso de
apelação no devido prazo legal (15 dias), sendo facultado
o exercício do juízo de retratação pelo julgador no prazo
de 5 dias. Caso o juiz se retrate, o mesmo determinará a
citação do réu para apresentar contestação (art. 285-A§ 1
CPC). Caso o juiz não se retrate, o mesmo determinará a
citação do réu para apresentar Contrarrazões de Recurso
de Apelação e remeterá o processo ao Tribunal para seu
efetivo julgamento;
§ c) Artigo 515, parágrafo 3.º do CPC: nos casos da extinção
do processo sem julgamento do mérito previstos no art.
267 do CPC, o Tribunal poderá, desde logo, proferir o
julgamento do mérito da demanda, se a causa versar
sobre questão exclusivamente de direito e estiver em
condições de imediato julgamento, i.e., não necessite de
produção de prova. Se presente essa necessidade, deverá
o Tribunal remeter o processo ao primeiro grau para que
seja produzida a prova faltante e julgada a demanda pelo
seu mérito.
1 Generalidades: a apelação é o recurso ordinário cabível contra
as sentenças em primeiro grau de jurisdição. Nos termos do art.
162, § 1º, sentença é o ato do juiz que põe fim ao processo, com
ou sem julgamento de mérito. Para fins de apelação, portanto, a
sentença é o ato terminativo do processo, independentemente de
seu conteúdo, seja a sentença enquadrável nas hipóteses do art.
267 ou nas hipóteses do art. 269.

http://www.fernandaresende.com.br/2014/03/resumao-sobre-recursos-i-unidade.html 10/18
19/05/2018 RESUMÃO SOBRE RECURSOS: APELAÇÃO, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e INFRINGENTES, AGRAVOS | Profa. FERNAN…

2. Prazo. 15 dias da intimação da sentença ou, se proferida em


audiência, contados da data da realização desta, posto que, as
partes saem intimadas do ato.

3. Efeitos da Apelação: nesta espécie de recurso, o qual tem


sido caracterizado como o mais abrangente de todos os recursos
previstos, é permitida a rediscussão de todas as questões
discutidas em primeiro grau, tanto as de fato quanto de direito,
promovendo novo exame da causa, excluindo-se, apenas,
questões decididas antes da sentença, em relação às quais tenha
se operado o efeito preclusivo.

A apelação devolverá (daí o efeito devolutivo) ao tribunal o exame


das questões anteriores à sentença, ainda que não decididas. Tais
questões, entendidas estas como os pontos controvertidos de fato
e de direito, que não tenham sido decididas, porque, se foram,
contra a decisão que as resolveu no curso da demanda caberia o
recurso de agravo. Se este que era o cabível não foi manejado
gerou a preclusão.

ATENÇÃO: casos não previstos em leis extravagantes, tampouco,


expressamente determinados no Código que a apelação não terá
efeito suspensivo, a regra é de que seja ela recebida no duplo
efeito.

4. Processamento e Forma: a apelação será ser interposta por


meio de petição escrita dirigida ao juiz que proferiu a sentença (“a
quo”). Tal petição deverá conter: os nomes e qualificação das
partes, os fundamentos de fato e de direito e o pedido de nova
decisão. É costume forense oferecer em peças separadas a
petição dirigida ao juiz (petição de interposição do recurso de
apelação) das razões nas quais estão contidos os fundamentos de
fato e de direito e o pedido de nova decisão. Essa prática pode ser
utilizada, desde que se forme um conjunto único apresentado de
uma só vez. Quando houver a interposição da apelação perante o
juízo “a quo”, é plenamente aceitável que se redija uma peça onde
se dá a notícia da insatisfação com a sentença proferida,
interpondo o recurso de apelação e em página seguinte se redijam
as razões, que serão direcionadas ao juízo “ad quem”. Tudo se
apresentando em peça formalmente una. Interposta a apelação,
se tempestiva (veja que o julgador de primeiro grau faz um prévio
juízo de admissibilidade), o juiz a receberá declarando os seus
efeitos e dará vista ao apelado para responder.

5. Preparo: envolve custas judiciais e despesas com o


encaminhamento do recurso de apelação, denominadas de porte
de remessa e de retorno, que deverão ser recolhidas em guia
própria e ser comprovado já com a interposição da apelação.

ATENÇÃO: Evidente que, salvo nos casos de partes que são


beneficiárias da justiça gratuita ou estão, por lei (MP, Fazenda
Nacional) dispensadas de preparo, a sua falta levará ao
indeferimento da apelação, dessa decisão cabendo agravo de
instrumento. Se a parte alegar e demonstrar justo motivo para não
ter feito o preparo, o juiz pode relevar a pena de deserção. Esta
última decisão é irrecorrível, cabendo, todavia, ao tribunal o
exame de sua legitimidade. A deserção é a pena ou sanção civil
http://www.fernandaresende.com.br/2014/03/resumao-sobre-recursos-i-unidade.html 11/18
19/05/2018 RESUMÃO SOBRE RECURSOS: APELAÇÃO, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e INFRINGENTES, AGRAVOS | Profa. FERNAN…

aplicada àquele obrigado a realizar o pagamento integral do


preparo supra ou se realizado, o fez parcialmente, sem ter
complementado em tempo hábil, tampouco provou o impedimento
justo do não recolhimento. A deserção implica no não
conhecimento do recurso.

5.1 Pedido da Apelação: considerando o recurso de apelação


como o mais amplo de todos, como já afirmado outrora, bem
como, sabendo-se que ele devolverá, na medida da pretensão do
recorrente (apelante) as questões para reexame integral pelo
tribunal (“ad quem”) mister se faz a distinção entre o que se
pretende e a elaboração do pedido do recurso, ao final da petição
recursal. Sob este prisma, temos que avaliar qual o objeto do
recurso. Se para invalidar ou anular sentença dada em
decorrência de inobservância do procedimento pelo julgador,
haverá erro de procedimento, o que a doutrina denomina de “error
in procedendo”, motivo pelo qual ao tribunal é dado o reexame da
questão e em se anulando a sentença, remeterá os autos ao
primeiro grau para regularização do defeito. Com exclusão de
casos em que o próprio Tribunal não puder sanar o vício e
adentrar no mérito da questão. A outra hipótese é a que
chamamos de erro de julgamento, também conhecida como “error
in judicando”, onde o eventual erro do julgado reside na má
aplicação do direito sobre o fato, o julgamento de fato.

5.2. Resposta do Apelado e Prazo: o prazo para responder sob


a forma de contrarrazões é também de quinze dias, a ausência
destas não se constitui em óbice para o encaminhamento do
recurso para o órgão “ad quem”.

5.3 Processamento no Tribunal: no tribunal, o processo é


remetido ao relator sorteado, passando, em seguida, ao revisor
que o coloca pauta para julgamento. No tribunal, caberá ao relator
a providência relativa à preparação do processo para julgamento
da Câmara. Na sessão de julgamento, votam três
desembargadores: o relator, o revisor e, o terceiro o
desembargador. A parte que pretender realizar sustentação oral
poderá requerer, e o fará antes da votação, no prazo de 15
minutos (art. 554).

Embargos Infrigentes
Recurso que tem por finalidade provocar o reexame de acórdãos proferidos
em apelação e ação rescisória, no que houver divergência entre os juízes,
possibilitando não só a retratação dos que anteriormente votaram, mas
também a modificação da decisão pelo ingresso, quando for o caso, de outros
juízes no órgão julgador baseados na argumentação deduzida junto ao voto
vencido de um deles. Tem seu cabimento específico regido pelo artigo 530 do
CPC, nas hipóteses de acórdãos não-unânimes que houveram reformado, em
grau de apelação, a sentença de mérito ou julgado procedente ação
rescisória. Frise-se que, caso o desacordo seja apenas parcial, apenas em
relação a parte divergente do julgamento serão admissíveis os embargos
infringentes (parte final do art. 530 do CPC).

Tendo prazo de interposição de 15 dias (art. 508 CPC), os EI são processados


nos próprios autos da causa e são dirigidos ao relator do acórdão embargado,
acompanhado nos Estados onde se exige preparo, do respectivo comprovante
do pagamento das custas, sob pena de deserção. Após abrirem-se vistas ao
embargado para contrarrazões, no mesmo prazo de 15 dias, compete ao
relator apreciar a admissibilidade do recurso (art. 531 do CPC). Sendo
negativo esse juízo de admissibilidade, desta decisão caberá recurso de
agravo interno, no prazo de cinco dias, para o órgão competente para o

http://www.fernandaresende.com.br/2014/03/resumao-sobre-recursos-i-unidade.html 12/18
19/05/2018 RESUMÃO SOBRE RECURSOS: APELAÇÃO, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e INFRINGENTES, AGRAVOS | Profa. FERNAN…
julgamento do recurso (art. 532 do CPC). Se positivo o juízo de
admissibilidade, o recurso será processado e julgado. 

TRECHOS DO REGIMENTO
INTERNO DO TJPE QUE
DISPÔEM SOBRE
OS EMBARGOS INFRINGENTES

Art. 22. Compete à Corte Especial:


s) os embargos infringentes contra acórdão da Corte Especial, da
Seção Criminal, de Grupo de Câmaras Cíveis e do Grupo de Câmaras
de Direito Público, e o agravo contra decisão do relator do acórdão
embargado denegatória de admissibilidade aos infringentes.

Art. 24. Compete aos 1º e 2º Grupos de Câmaras Cíveis, conforme o


caso, processar e julgar:

III - os embargos infringentes contra acórdão de Câmara Cível e o


recurso contra decisão do relator do acórdão embargado em sede de
juízo primário de admissibilidade do recurso;

Art. 24-A. Compete ao Grupo de Câmaras de Direito Público


processar e julgar:

III - os embargos infringentes contra acórdão de Câmara de Direito


Público e o recurso contra decisão do relator do acórdão embargado
em sede de juízo primário de admissibilidade dos infringentes;

CAPÍTULO IX - DOS EMBARGOS INFRINGENTES

Art. 163. Os embargos infringentes, na área cível, e os embargos


infringentes e de nulidade, na área criminal, processados nos próprios
autos, serão endereçados ao relator do acórdão embargado e
dispensam preparo.

Parágrafo único. Se, na data da respectiva conclusão, o relator do


acórdão embargado estiver desconvocado do exercício no Tribunal, ou
dele afastado por qualquer motivo, inclusive nas licenças médicas por
prazo superior a sessenta dias, os autos serão encaminhados ao
Desembargador até então substituído pelo magistrado afinal
desconvocado, ou, conforme o caso, ao seu substituto ou sucessor no
acervo do órgão prolator do acórdão.

Art. 164. Na área cível, uma vez interpostos os embargos,


independentemente de conclusão dos autos abrir-se-á vista ao
recorrido para contrarrazões, também no prazo de quinze dias; após,
através de decisão monocrática o relator do acórdão embargado
apreciará a admissibilidade do recurso.

§ 1º Admitidos os embargos infringentes, observar-se-á o seguinte:

I - a decisão do relator do acórdão embargado, pela admissibilidade


dos infringentes, não vinculará o órgão fracionário competente para o
respectivo julgamento e, por isso mesmo, não se expõe a recurso de
natureza impugnatória;

II - quando o acórdão for oriundo de Câmara Cível ímpar, a


distribuição do recurso será livre no acervo do 2º Grupo de Câmaras
Cíveis;

http://www.fernandaresende.com.br/2014/03/resumao-sobre-recursos-i-unidade.html 13/18
19/05/2018 RESUMÃO SOBRE RECURSOS: APELAÇÃO, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e INFRINGENTES, AGRAVOS | Profa. FERNAN…

III - quando o acórdão for oriundo de Câmara Cível par, a distribuição


do recurso será livre no acervo do 1º Grupo de Câmaras Cíveis;

IV - quando o acórdão for oriundo de Câmara de Direito Público, à


distribuição livre no acervo do Grupo de Câmaras de Direito Público
não concorrerá o relator do acórdão embargado;

V - quando o acórdão for oriundo da Corte Especial, de Grupo de


Câmaras Cíveis ou do Grupo de Câmaras de Direito Público, à
distribuição livre no acervo da Corte Especial não concorrerá o relator
do acórdão embargado;

VI - o relator do acórdão embargado, quando estiver integrando a


composição do órgão fracionário na sessão de julgamento do recurso,
dela participará com voto;

VII - a vedação à atuação do relator do acórdão embargado na


relatoria do recurso, ainda que como substituto do novo relator
sorteado, não se estende à sua atuação como revisor.

§ 2º Da decisão que não admitir os embargos caberá o agravo


previsto em lei (CPC, art. 532).

§ 3º caso não haja retratação expressa e fundamentada pelo relator


do acórdão embargado ou seu substituto, para o julgamento do agravo
observar-se-á o seguinte:

I - quando o acórdão for oriundo de Câmara Cível, o agravo será


apresentado em mesa pelo relator do acórdão embargado, ou seu
substituto, na medida do possível na primeira sessão do Grupo de
Câmaras Cíveis por ele não integrado seguinte à conclusão dos autos,
de cujo julgamento participará com voto; da sessão de julgamento do
agravo não participará o integrante mais moderno da composição do
órgão fracionário ou, se na ocasião essa composição estiver integrada
por magistrado convocado, o mais moderno dentre os substitutos;

II - quando o acórdão for oriundo de Câmara de Direito Público, o


agravo será apresentado em mesa pelo relator do acórdão
embargado, ou seu substituto, na medida do possível na primeira
sessão do Grupo de Câmaras de Direito Público seguinte à conclusão
dos autos, de cujo julgamento participará com voto;

III - quando o acórdão for oriundo da Corte Especial, de Grupo de


Câmaras Cíveis ou do Grupo de Câmaras de Direito Público, o agravo
será apresentado em mesa pelo relator do acórdão embargado, ou
seu substituto, na medida do possível na primeira sessão da Corte
Especial seguinte à conclusão dos autos, de cujo julgamento
participará com voto; se o relator do acórdão embargado não integrar
a composição da Corte Especial,da sessão de julgamento do agravo
não participará seu integrante mais moderno ou, se na ocasião essa
composição estiver integrada por Desembargador convocado, o mais
moderno dentre os substitutos.

Art. 165. Na área criminal, e no que couber, aplicar-se-á o disposto no


art. 164 aos embargos infringentes e de nulidade,
ressalvado,especificamente, o seguinte:

§ 1º não haverá abertura de vista para manifestação do recorrido, pelo


que, uma vez interpostos os embargos, no dia útil subsequente os
autos serão conclusos ao relator do acórdão embargado, para
imediato exercício do juízo de admissibilidade do recurso.

§ 2º Admitidos os embargos infringentes e de nulidade, observar-se-á


o seguinte:

I - quando o acórdão for oriundo de Câmara Criminal, à distribuição


livre no acervo da Seção Criminal não concorrerá o relator do acórdão
embargado;

http://www.fernandaresende.com.br/2014/03/resumao-sobre-recursos-i-unidade.html 14/18
19/05/2018 RESUMÃO SOBRE RECURSOS: APELAÇÃO, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e INFRINGENTES, AGRAVOS | Profa. FERNAN…

II - quando o acórdão for oriundo da Corte Especial ou da Seção


Criminal, à distribuição livre no acervo da Corte Especial não
concorrerá o relator do acórdão embargado;

III - distribuído o recurso a novo relator, independentemente de


conclusão os autos serão imediatamente encaminhados à
Procuradoria Geral de Justiça para a oferta de parecer, em cinco dias;
esgotado esse prazo, caberá à Diretoria Criminal a adoção de
medidas tendentes ao efetivo retorno dos autos, com ou sem opinativo
ministerial, e sua consequente súbita conclusão ao novo relator.

§ 3º Para o julgamento do agravo previsto na legislação processual


civil, cabível por aplicação subsidiária contra a decisão que não admitir
os embargos, observar-se-á, especificamente, o seguinte:

I - quando o acórdão for oriundo de Câmara Criminal, o agravo será


apresentado em mesa pelo relator do acórdão embargado, ou seu
substituto, na medida do possível na primeira sessão da Seção
Criminal subsequente à conclusão dos autos;

II - quando o acórdão for oriundo da Corte Especial ou da Seção


Criminal, o agravo será apresentado em mesa pelo relator do acórdão
embargado, ou seu substituto, na medida do possível na primeira
sessão da Corte Especial seguinte à conclusão dos autos.

Art. 166. (REVOGADO)


Art. 167. (REVOGADO)
Art. 168. (REVOGADO)

TRECHOS DO REGIMENTO
INTERNO DO TRF5ª REGIÃO
QUE DISPÕEM SOBRE
OS EMBARGOS INFRINGENTES

Art. 6o. Compete ao Plenário:

I – processar e julgar,
originariamente:

h) os embargos infringentes interpostos de suas próprias decisões e


das Turmas;

Art. 29. Ressalvado o disposto no inciso VIII, do art. 28, deste


Regimento Interno, há revisão nos seguintes processos:

V – embargos infringentes em matéria cível;

Art. 61. Admitidos os embargos infringentes, far-se-á distribuição a


novo relator.

Parágrafo único. Se a decisão embargada for da Turma, a distribuição


de que trata este artigo não recairá sobre os Desembargadores
Federais que hajam participado do julgamento.

SEÇÃO II

DOS EMBARGOS INFRINGENTES EM MATÉRIA CÍVEL

Art. 201. Cabem, no prazo de quinze dias, embargos infringentes,


quando não for unânime o acórdão que houver reformado, em grau de
apelação, inclusive por remessa necessária, a sentença de mérito, ou
houver julgado procedente ação rescisória.

http://www.fernandaresende.com.br/2014/03/resumao-sobre-recursos-i-unidade.html 15/18
19/05/2018 RESUMÃO SOBRE RECURSOS: APELAÇÃO, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e INFRINGENTES, AGRAVOS | Profa. FERNAN…

§ 1.º Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria


objeto da divergência.

§ 2.º O voto vencido que não especificar a divergência, ou de que haja


apenas notícia na proclamação, será tido como integralmente
divergente.

§ 3.º Das decisões proferidas em apelação em mandado de


segurança, em mandado de injunção ou em habeas data não cabem
embargos infringentes.

Art. 202. Interpostos os embargos, abrir-se-á vista ao recorrido para


contrarrazões; após, o Relator do acórdão embargado apreciará a
admissibilidade do recurso.

Art. 203. Da decisão que não admitir os embargos, caberá agravo


interno para o colegiado competente para o julgamento daqueles.

Art. 204. Admitidos os embargos, far-se-á o sorteio do Relator, que


recairá, quando possível, em Desembargador Federal que não haja
participado do julgamento da apelação ou da ação rescisória, o qual,
lançando relatório, os encaminhará, se for o caso, ao Revisor, que
pedirá dia para julgamento.

Agravo

1. Cabimento: é admitido para todas as decisões interlocutórias (art. 162,


parágrafo 2.º do CPC), i.e., que solucionam um ponto divergente de fato
ou de direito no curso do processo, sem extingui-lo. Dependendo da
decisão, admite-se uma modalidade específica de agravo. Assim, temos
em primeiro plano o Agravo Retido e o Agravo de Instrumento, cujo prazo
para regular interposição é de 10 dias.

1.1. Agravo Retido:  como regra, tem cabimento de todas as decisões


interlocutórias, destacando-se aquelas proferidas na audiência de
instrução e julgamento, bem como das decisões interlocutórias
posteriores à sentença, ressalvada a hipótese da decisão que não admite
(não recebe) o recurso de apelação, da decisão relativa aos efeitos em
que a apelação é recebida ou, ainda, das decisões interlocutórias
passíveis de causar a parte uma lesão grave ou de difícil reparação,
hipóteses em que admite recurso de Agravo de Instrumento – (art. 522
CPC). Tem por finalidade evitar a preclusão da decisão interlocutória,
permitindo-se sua posterior discussão quando da interposição do recurso
da sentença. Não tem preparo.

O agravo retido pode ser oferecido tanto por escrito em petição simples
(decisão interlocutória proferida em regra no processo, como p. ex., em
audiência de conciliação (art. 277 e/ou 331 CPC) quanto oralmente
(hipótese obrigatória quando a decisão interlocutória tiver sido proferida
em audiência de instrução e julgamento, devendo, inclusive, os motivos
do recurso constarem do termo de audiência sob pena de preclusão – art.
522, parágrafo 3 CPC), ficando o seu julgamento condicionado ao
conhecimento da apelação. Assim, a presença dos pressupostos recursais
não será analisada pelo juízo de primeiro grau, uma vez que somente o
Tribunal poderá negar seu conhecimento no momento oportuno.

Assim, interposto regularmente em primeiro grau, o recurso somente será


conhecido e julgado pelo Tribunal se houver expresso pedido do
interessado nas razões ou contrarrazões de apelação. Assim, pode-se
dizer que o julgamento desse recurso está condicionado ao conhecimento
da apelação bem como ao expresso pedido de julgamento do agravo retido
como matéria preliminar ao julgamento da apelação. Caso não haja este
requerimento específico, presume-se que o recorrente perdeu o interesse
no julgamento do agravo.

1.2. Agravo de Instrumento

http://www.fernandaresende.com.br/2014/03/resumao-sobre-recursos-i-unidade.html 16/18
19/05/2018 RESUMÃO SOBRE RECURSOS: APELAÇÃO, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e INFRINGENTES, AGRAVOS | Profa. FERNAN…
Recurso cabível com a finalidade de
imediato reexame da decisão
interlocutória desfavorável ao
recorrente, nas hipóteses do art.
522 CPC, devendo ser interposto
diretamente junto ao Tribunal
competente para seu julgamento em
petição acompanhada, desde logo
das razões, a ser instruída com as
peças obrigatórias descritas no
artigo 525 do CPC: cópia da decisão
agravada, certidão de intimação
desta decisão e procurações
outorgadas aos advogados das partes, sob pena do não conhecimento do
recurso. Ainda que, na prática, exista uma singela discussão sobre o tema,
para fins de Exame de Ordem, a petição inicial não é considerada peça
obrigatória para conhecimento do recurso de Agravo de Instrumento.

Nos Estados onde se exige preparo, a petição se fará acompanhar do


comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de remessa
e retorno, quando devidos, conforme tabela que será publicada pelos
próprios Tribunais.

Após a regular interposição do recurso, o agravante terá o prazo de 3 dias


para comunicar ao juízo de primeiro grau a interposição do recurso,
juntando a cópia da petição e a relação dos documentos de instrução (art.
526 CPC). Frise-se que esta providência é indispensável para que o
advogado da parte contrária prepare sua resposta, bem como para que o
juízo de primeiro grau possa exercer o juízo de retratação. O não
cumprimento do disposto neste artigo, desde que arguido e provado pelo
agravado importa na inadmissibilidade do agravo (Art. 526, § único CPC).
Assim, o cumprimento destas disposições passou a ser obrigatório sob
pena do não conhecimento do recurso.

Reformada a decisão pelo juízo monocrático, sendo a mesma comunicada


ao Tribunal, o agravo interposto não será julgado diante da efetiva falta
de interesse do recorrente, podendo, todavia, a parte prejudicada
recorrer desta decisão, através de novo recurso de agravo de
instrumento.
Assim que recebido, o agravo de instrumento será distribuído, cabendo ao
Relator do recurso tomar diversas providências, como p. ex.:

§ a) Negar seguimento liminarmente ao recurso de agravo de


instrumento  nos casos do art. 557 do CPC, i.e., quando o
recurso for manifestamente inadmissível, improcedente,
prejudicado ou em confronto com Súmula ou com
jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do STF ou
de Tribunal Superior. Contra essa decisão caberá agravo legal
no prazo de 5 dias (art. 557, parágrafo 1.º do CPC);
§ b) Converter o agravo de instrumento em agravo retido, salvo
quando se tratar de provisão jurisdicional de urgência ou
houver perigo de lesão grave ou de difícil e incerta reparação;
§ c) Atribuir efeito suspensivo ao recurso (Art. 527, II c.c. Art. 558
CPC) ou deferir em antecipação de tutela total ou
parcialmente a pretensão recursal comunicando ao juiz sua
decisão – (Art. 527, II c.c. Art. 273 CPC);
§ d) Requisitar informações ao juiz da causa;
§ e) Determinar a intimação do agravado, através de ofício dirigido
a seu advogado para apresentação de contrarrazões;
§ f) Determinar a intimação do Ministério Público, se for o caso,
para apresentação de regular parecer. Importante: de regra,
importante asseverar que nas hipóteses acima listadas – itens
b e c – apesar de se constituírem em decisão monocrática do
relator, essas hipóteses não admitem a interposição de agravo
regimental, mas somente pedido de reconsideração
endereçado ao próprio relator. (art. 527, § único CPC).
1.3. Outras Espécies De Agravo: outras espécies de recurso de Agravo se
encontram inseridos no sistema processual, sendo disciplinados de forma
específica e com procedimentos próprios. Assim, para fins exclusivos de
Exame de Ordem, podemos ainda destacar:

http://www.fernandaresende.com.br/2014/03/resumao-sobre-recursos-i-unidade.html 17/18
19/05/2018 RESUMÃO SOBRE RECURSOS: APELAÇÃO, EMBARGOS DE DECLARAÇÃO e INFRINGENTES, AGRAVOS | Profa. FERNAN…
1.3.1. Agravo (de subida) contra decisão denegatória de seguimento de
Recurso Especial ou Extraordinário (art. 544 CPC): espécie de Recurso de
Agravo que tem a finalidade exclusiva junto ao exame da admissibilidade
do recurso extraordinário ou especial, com o possível “destrancamento”
do recurso em sede originária. Assim, inadmitido o recurso extraordinário
ou o recurso especial por problemas quanto ao juízo de admissibilidade, o
ato decisório em apreço desafia o recurso de agravo com o regime jurídico
próprio que lhe traça o art. 544 do Código de Processo Civil.

Dispõe a lei que esse agravo é interponível no prazo de 10 (dez) dias,


perante o tribunal recorrido para o tribunal superior, i.e., o recurso será
interposto no mesmo Tribunal que negou seguimento ao Recurso Especial
e/ou Extraordinário, mas somente será julgado pelo respectivo Tribunal
Superior (STJ/STF). A análise do juízo de admissibilidade como do mérito
do recurso é exclusiva dos tribunais superiores.

Este agravo independe de preparo.

Acolhido o agravo, o tribunal superior passa, de maneira incontinente, a


julgar o próprio Recurso Especial ou Extraordinário denegado. Caso o
recurso seja indeferido ou não conhecido pelo relator, cabe agravo
interno (regimental) para uma das turmas no prazo de cinco dias (art.
545, do CPC).

1.3.2. Agravo Simples (Interno) e Agravo Regimental:  subsiste a


modalidade de agravo sem qualquer adjetivação (Agravo Simples/ Interno)
quando o recurso interposto deve ser apreciado imediatamente nos
mesmos autos em que a decisão recorrida foi proferida, sendo
desnecessária a formação do instrumento. Tem cabimento, regra geral,
das decisões monocráticas do relator (relator decide sozinho). Esse
recurso deve ser interposto no prazo de 5 dias, contando-se o início do
prazo a partir da publicação do indeferimento do agravo no órgão oficial,
sendo as hipóteses mais comuns de cabimento:

§ a)  Da decisão do relator que julga de plano o conflito de


competência (Art. 120, parágrafo único do CPC);
§ b)  Da decisão do relator que não admite os embargos
infringentes (art. 532 CPC);
§ c)  Das decisões do ministro relator que não admitir ou negar
provimento a agravo de instrumento interposto contra decisão
que negou seguimento a RESP ou RE, ou mesmo que tenha
reformado monocraticamente o acórdão recorrido (art. 545
CPC);
§ d)  Das decisões do relator que, em qualquer modalidade de
recurso, quando não o admite, o julga improcedente ou
prejudicado em razão de confronto com súmula ou
jurisprudência dominante do tribunal (art. 557, parágrafo 1°,
CPC).
O agravo regimental, por sua vez,
encontra-se previsto junto ao
Regimento Interno dos Tribunais,
sendo visível junto ao STF (Art. 317
RISTF) para, no prazo de 5 dias,
impugnar decisão monocrática do
presidente do tribunal, da Turma
Julgadora ou do relator do
processo, sempre que a decisão
resultar prejuízo a parte, bem
como junto ao STJ (art. 258 RISTJ), a fim se possibilitar um reexame pelo
órgão colegiado da decisão monocrática de seus ministros. De regra,
importante asseverar que este recurso se assemelha a um pedido de
reconsideração dirigido ao próprio órgão colegiado do respectivo Tribunal
Superior contra ato monocrático do magistrado que integra o Tribunal.
Não pode ser considerado tecnicamente recurso, na medida em que os
Tribunais não possuem competência para legislar acerca de matéria
processual ou procedimental, sendo estas de competência exclusiva da
União (Art. 22, I da CF-88).

http://www.fernandaresende.com.br/2014/03/resumao-sobre-recursos-i-unidade.html 18/18

Você também pode gostar