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FERNAN…
Queridos alunos,
Introdução
O inconformismo atinge a sociedade como um todo, mormente se levarmos
em conta que os conflitos intersubjetivos resolvidos pelo Estado, muitas
vezes, em primeiro momento não atendem plena e integralmente os
interesses dessa mesma sociedade, motivo pelo qual o meio para reparar tal
falibilidade somente pode ser a impugnação do ato estatal. Essa impugnação,
em linhas gerais, após a primeira decisão oriunda do Estado-Juiz é o
instrumento tecnicamente chamado de recursos. É sobre esse tema, que
pretendemos dissertar.
No mais, os recursos ainda tendem a ser classificados pela doutrina por uma
simples questão didática, como corolário do próprio conceito de recursos. A
par das brilhantes e profundas classificações apresentadas na essencial obra
do Professor Araken de Assis, (Manual dos Recursos, RT, 2007, paginas 31/65),
optamos por uma didática mais simples, a fim de apresentar o aluno da
graduação conceitos mínimos para sua compreensão.
Assim temos:
Natureza Jurídica
Regra geral, os recursos podem ser
considerados como um ônus da parte
prejudicada pela decisão judicial que
se pretende recorrer. Assim, o recurso
não pode ser visto como uma nova
ação (pois não gera um outro
processo), mas como uma extensão
do próprio Direito de Ação, haja vista
que somente podem ser interpostos
recursos de “processos vivos”, isto é, daqueles que ainda não terminaram.
Espécies de recurso
Os recursos, regra geral, encontram-se descritos nas hipóteses previstas
junto ao artigo 496 do CPC. Assim, temos os seguintes recursos:
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determinado seu processamento,
pode ocorrer, em grau superior, que o
mesmo venha a ser considerado
intempestivo, carente de
legitimidade, de interesse etc. Essa
regra comporta uma exceção: No caso
do agravo de instrumento que é
interposto diretamente ao Tribunal
(art. 524 CPC). Sendo decisão
interlocutória, o recorrido teria, em
tese, interesse de agravar da decisão
positiva de admissibilidade feita em
instância inferior. Todavia, o sistema
recursal confere a este modo mais
célere para guerrear a decisão: as
contra-razões, argüindo em
preliminar o não-cabimento daquele recurso.
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recursais ou ainda o seu recolhimento em valor errôneo, sem
atender ao pedido de complementação pelo juiz (art. 511, § 2
CPC). Não se exige preparo nos agravos retidos (art. 522,
parágrafo único, CPC), embargos de declaração (art. 536, CPC),
bem como das demais pessoas isentas de preparo descritas junto
ao art. 511, § 1 CPC, como p. ex., o MP, a Fazenda Pública e os
beneficiários da gratuidade de justiça. Por fim, importante
asseverar ainda que o fato de não haver coincidência entre o
expediente forense e o de funcionamento das agências bancárias
não projeta o termo final do prazo concernente ao preparo para
o dia subseqüente ao do término do prazo recursal” (STF-Pleno:
RJ 305/103, cinco votos vencidos). Após essa decisão, as duas
turmas do STF passaram a decidir no mesmo sentido, por
votação unânime: STF-1ª Turma, AI 325.661-RJ-AgRg, rel. Min.
Ellen Gracie, j. 5.2.02, negaram provimento, v.u., DJU 15.3.02,
p. 37; STF-2ª Turma, AI 364.669-RS-AgRg, rel. Min. Carlos
Velloso, j. 30.4.02, negaram provimento, v.u., DJU 14.6.02, p.
151;
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julgado no órgão oficial: aqui, um caso interessante –
geralmente, em tribunais, há a sustentação oral e a prolação dos
votos, tudo na mesma audiência, o que levaria a pensar que as
partes já sairiam intimadas. Ocorre que, mesmo estando
presentes as partes e seus procuradores, estas dar-se-ão por
intimadas somente com a publicação do julgado, conforme art.
506 do CPC.
No que diz respeito às decisões monocráticas para a aferição da
tempestividade do recurso, a noção de publicação a ser considerada não é
apenas a de veiculação da decisão nos órgãos da imprensa oficial. Uma vez
tornada pública a decisão, por qualquer forma, ela se torna recorrível e
tempestivo é o recurso contra ela dirigido nessas circunstâncias, desde que
observado o respectivo prazo, contado da ciência inequívoca. A esse
respeito, inclusive, Theotônio Negrão com propriedade assevera que “A
interposição de recursos contra decisões monocráticas ou colegiadas
proferidas pelo STJ pode, a partir de agora, ser realizada antes da
publicação dessas decisões na imprensa oficial” (STJ-Corte Especial, ED no AI
522.249, rel. Min. José Delgado, j. 2.2.05, acolheram os embargos, v.u., DJU
16.5.05, p. 224). Também no STF, mais recentemente, ele foi objeto de
flexibilização: “Conforme entendimento predominante nessa colenda Corte,
o prazo para recorrer só começa a fluir com a publicação do acórdão no
órgão oficial, sendo prematuro o recurso que o antecede. Entendimento que
não se aplica no caso de decisão monocrática, a cujo inteiro teor as partes
têm acesso nos próprios autos, antes da respectiva publicação” (STF-Pleno,
ACOr 1.133-AgRg-AgRg, rel. Min. Carlos Britto, j. 16.6.05, deram provimento,
v.u., DJU 24.3.06, p. 7).
1) petição escrita;
2) identificação das partes;
3) motivação;
4) pedido de reforma ou de invalidação do
pronunciamento recorrido (Manual dos Recursos, RT,
2007, pag. 193); há ainda outros requisitos específicos,
tais como assinatura do advogado, formação do
instrumento com peças obrigatórias e legíveis etc. A
regularidade procedimental, na lição de Rodolfo de
Camargo Mancuso, incluiria, ainda, o preparo, a
motivação, o pedido de nova decisão e o contraditório.
Conforme as lições de Nelson Nery Jr., podemos dividir uma peça recursal
claramente em dois momentos: declaração expressa de insatisfação
(elemento volitivo) e os motivos desta insatisfação (elemento descritivo).
Uma peça, nessa ótica, deve trilhar os seguintes passos:
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atacado, dependendo se o erro incidir sobre os procedimentos do
magistrado ou sobre seus entendimentos subjetivos;
9) a pretensão recursal – pedido de reforma ou de invalidação do
pronunciamento recorrido.
a) Obstativo: a interposição de
qualquer recurso adia a formação da
coisa julgada formal;
b) Devolutivo: é a aptidão que tem o
recurso de devolver a matéria ao tribunal para submetê-lo a novo
julgamento. Em relação à decisão recorrida, todo recurso tem esse
efeito que pode ser próprio (p. ex., na apelação) ou impróprio, (p.
ex. quando o recurso depende de outros recursos para ser conhecido,
ex.: agravo retido);
c) Suspensivo: significa o poder que tem o recurso de impedir que a
decisão recorrida produza sua eficácia própria até que o recurso seja
devidamente julgado por quem de direito. Somente existe efeito
suspensivo se a lei previr tal possibilidade;
d) Ativo: possibilidade de o relator antecipar os efeitos da tutela
recursal, concedendo antes do julgamento pelo órgão colegiado a
pretensão recursal do recorrente;
e) Translativo: em determinados recursos, os Tribunais podem julgar
de ofício questões de ordem pública, independentemente de terem
sido alegadas pelas partes ou discutidas anteriormente (RESP-STJ
641.904/DF). (Art. 515, § 1 a § 3 CPC, art.516 CPC);
f) Substitutivo: consiste na substituição da decisão recorrida no que
tiver sido objeto de recurso, pela nova decisão proferida por quem
efetivamente julgou o recurso (art. 512 CPC).
Embargos de Declaração
Tendo ideia de que o presente ensaio é voltado para o Acadêmico de Direito,
passamos a proceder a análise de cada uma das espécies recursais,
explorando aquilo que entendemos ser relevante para o conhecimento
destes, sempre em consonância com a Doutrina e a Jurisprudência
dominantes.
1. Embargos de Declaração: tem seu cabimento delimitado junto às
hipóteses do art. 535 do CPC, em relação à obscuridade (defeito consistente
na difícil compreensão do texto da sentença e pode decorrer de simples
defeitos redacionais ou mesmo da má formulação de conceitos), omissão
(consiste em o juiz ou o tribunal se manifestar sobre os pontos omissos, sobre
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os quais deveriam ter se pronunciado) ou contradição (afirmação conflitante,
quer na fundamentação, quer entre esta e a decisão). Nesses casos, a
correção da sentença, em princípio, não levaria a uma verdadeira
modificação da sentença, mas apenas a um esclarecimento de seu conteúdo.
Excepcionalmente, os embargos de declaração possuem efeito modificativo,
quando o próprio juízo deixa de observar questão relevante deduzida, sendo
forçado a proferir uma nova decisão. P. Ex., no caso de omissão – se o juiz
deixou de resolver uma questão de ordem pública (coisa julgada), os
embargos podem ter efeito modificativo. Não obstante, tal recurso também
pode ser utilizado para efetivamente exercer o pré-questionamento da
matéria em relação ao Recurso Especial e/ou Extraordinário. (Súmula 98
STJ).
Apelação
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Embargos Infrigentes
Recurso que tem por finalidade provocar o reexame de acórdãos proferidos
em apelação e ação rescisória, no que houver divergência entre os juízes,
possibilitando não só a retratação dos que anteriormente votaram, mas
também a modificação da decisão pelo ingresso, quando for o caso, de outros
juízes no órgão julgador baseados na argumentação deduzida junto ao voto
vencido de um deles. Tem seu cabimento específico regido pelo artigo 530 do
CPC, nas hipóteses de acórdãos não-unânimes que houveram reformado, em
grau de apelação, a sentença de mérito ou julgado procedente ação
rescisória. Frise-se que, caso o desacordo seja apenas parcial, apenas em
relação a parte divergente do julgamento serão admissíveis os embargos
infringentes (parte final do art. 530 do CPC).
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julgamento do recurso (art. 532 do CPC). Se positivo o juízo de
admissibilidade, o recurso será processado e julgado.
TRECHOS DO REGIMENTO
INTERNO DO TJPE QUE
DISPÔEM SOBRE
OS EMBARGOS INFRINGENTES
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TRECHOS DO REGIMENTO
INTERNO DO TRF5ª REGIÃO
QUE DISPÕEM SOBRE
OS EMBARGOS INFRINGENTES
I – processar e julgar,
originariamente:
SEÇÃO II
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Agravo
O agravo retido pode ser oferecido tanto por escrito em petição simples
(decisão interlocutória proferida em regra no processo, como p. ex., em
audiência de conciliação (art. 277 e/ou 331 CPC) quanto oralmente
(hipótese obrigatória quando a decisão interlocutória tiver sido proferida
em audiência de instrução e julgamento, devendo, inclusive, os motivos
do recurso constarem do termo de audiência sob pena de preclusão – art.
522, parágrafo 3 CPC), ficando o seu julgamento condicionado ao
conhecimento da apelação. Assim, a presença dos pressupostos recursais
não será analisada pelo juízo de primeiro grau, uma vez que somente o
Tribunal poderá negar seu conhecimento no momento oportuno.
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Recurso cabível com a finalidade de
imediato reexame da decisão
interlocutória desfavorável ao
recorrente, nas hipóteses do art.
522 CPC, devendo ser interposto
diretamente junto ao Tribunal
competente para seu julgamento em
petição acompanhada, desde logo
das razões, a ser instruída com as
peças obrigatórias descritas no
artigo 525 do CPC: cópia da decisão
agravada, certidão de intimação
desta decisão e procurações
outorgadas aos advogados das partes, sob pena do não conhecimento do
recurso. Ainda que, na prática, exista uma singela discussão sobre o tema,
para fins de Exame de Ordem, a petição inicial não é considerada peça
obrigatória para conhecimento do recurso de Agravo de Instrumento.
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1.3.1. Agravo (de subida) contra decisão denegatória de seguimento de
Recurso Especial ou Extraordinário (art. 544 CPC): espécie de Recurso de
Agravo que tem a finalidade exclusiva junto ao exame da admissibilidade
do recurso extraordinário ou especial, com o possível “destrancamento”
do recurso em sede originária. Assim, inadmitido o recurso extraordinário
ou o recurso especial por problemas quanto ao juízo de admissibilidade, o
ato decisório em apreço desafia o recurso de agravo com o regime jurídico
próprio que lhe traça o art. 544 do Código de Processo Civil.
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