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METROLOGIA-2003 – Metrologia para a Vida

Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM)


Setembro 01 a 05-09, 2003, Recife, Pernambuco - BRASIL

COMPARAÇAO DAS MEDIÇOES DE ATIVIDADE DO 67Ga E 123I EM


SERVIÇOS DE MEDICINA NUCLEAR BRASILEIROS

J. A. dos Santos1 , A. Iwahara2 , A E. de Oliveira2 , M. A. L. da Silva1 , L. Tauhata2 , R. T. Lopes1


1
Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia (COPPE)/Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), Caixa Postal 68509, CEP 21945-970, Rio de Janeiro, Brasil
2
Laboratório Nacional de Metrologia das Radiações Ionizantes (LNMRI)/Instituto de Radioproteção e Dosimetria
(IRD)/Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Av. Salvador Allende, s/no , Recreio dos Bandeirantes,
CEP 22780-160, Rio de Janeiro, Brasil

RESUMO: Desde 1998 o Laboratório Nacional de intervalos de tempo muito longo entre as calibrações,
Metrologia das Radiações Ionizantes (LNMRI), do Instituto levando a interpretações errôneas das suas medições.
de Radioproteção e Dosimetria, da Comissão Nacional de A fim de investigar o desempenho em qualidade das
Energia Nuclear (IRD/CNEN), vem conduzindo um medições de rotina dos SMN, o Laboratório Nacional de
programa de comparação para medições de atividades de Metrologia das Radiações Ionizantes (LNMRI) vem
radiofármacos aplicados a pacientes no setor de Medicina conduzindo um programa de comparação para medições de
Nuclear com a finalidade de avaliar a qualidade dessas atividades de radiofármacos [1,2].
medições. Neste trabalho serão apresentados os resultados
O 123 I e o 67 Ga são dois radionuclídeos amplamente usados
das três rodadas de comparação realizadas com os
nos SMN e, por essa razão foram os escolhidos para este
radionuclídeos 67 Ga e 123 I, estabelecendo, a rastreabilidade
trabalho. Foi realizada uma avaliação de desempenho do
metrológica dos calibradores de radionuclídeos utilizados
SMN, utilizando o valor do LNMRI como referência por ter
pelos participantes. Os resultados foram analisados sob o
sido padronizado por meio de um Sistema de Medição
ponto de vista de conformidade com as normas da
Absoluto e confirmado com o valor da atividade do National
Autoridade Regulatória e mostram que estas comparações
Institute of Standards & Technology (NIST).
são necessárias para melhorar a qualidade das medições de
atividade de radiofármacos, identificar falhas nos
equipamentos e procedimentos técnicos utilizados pelos
serviços de medicina nuclear do país. 2. MATERIAIS E MÉTODOS
Foram realizadas três rodadas de comparação com cada
Palavras chave: comparação, calibrador de radionuclídeo, radiofármaco, sendo que as duas primeiras com frasco de
radiofármacos. penicilina contendo 5 mL de solução e a terceira com
seringa plástica contendo 3 mL de solução.
1. INTRODUÇÃO A medição da atividade foi dividida em dois estágios:
Os Serviços de Medicina Nuclear (SMN) no Brasil utilizam No LNMRI: a solução contendo o radiofármaco foi medida
em sua rotina calibradores de radionuclídeos (comumente no calibrador de radionuclídeo Capintec CRC-15R calibrado
chamados de curiômetros) para medir a atividade de e confirmada por uma Câmara de Ionização, tipo poço,
soluções contendo radiofármacos. Estas soluções são modelo IG12, da Centronic. Este valor forneceu o valor de
administradas a pacientes com o propósito de obter o referência Xref da atividade. A incerteza desse valor depende
diagnóstico de doenças ou sua terapia; porém, para a do radionuclídeo medido.
realização de um exame otimizado, a atividade destes
radiofármacos deve ser determinada o mais corretamente No SMN:
possível. a) foram anotadas a data da medição, o fabricante e o
modelo do calibrador de radionuclídeo;
Os calibradores de radionuclídeos tem a vantagem de b) foi medida a radiação de fundo do calibrador de
realizar medições rápidas e exatas, porém, a literatura radionuclídeo antes da solução;
mostra que uma considerável percentagem destes aparelhos c) a solução foi medida três vezes;
usados em hospitais são mal calibrados ou tem tido d) foi medida a radiação de fundo do calibrador de
radionuclídeo após a solução;
e) foram anotados os dados da última calibração do O desempenho dos SMN participantes torna-se melhor à
calibrador de radionuclídeo. medida que o valor de E aproxima-se de zero; o desvio
normalizado E classifica o desempenho em bom e fora de
Para os itens “b”, “c” e “d” foram anotadas a hora e o controle como mostra a Tabela 2.
minuto das medições.

Tabela 2. Limites adotados do Desvio Normalizado E.


3. AS COMPARAÇÕES
Desvio normalizado E Desempenho
Cada participante recebeu um código individual. A fim de -1 < E< 1 Bom
comparar os resultados, as medições das atividades nos -1 ≥ E ≥ 1 Fora de controle
SMN foram corrigidas para a data das medições no LNMRI.
A meia-vida adotada para o 67 Ga foi de 3,2612 ± 0,0006 dias Para determinação do valor de referência, as amostras foram
[3] e para o 123 I foi de 13,21 ± 0,03 horas [4]. medidas no LNMRI, numa câmara de ionização tipo poço
Centronic previamente calibrada com soluções padronizadas
utilizando técnicas e sistemas disponíveis no LNMRI. Isto
4. AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO inclui a contagem em coincidência 4πβ-γ e contagem em
O desempenho dos SMN foi avaliado em função de dois cintilação líquida. A incerteza dos valores de referência foi
parâmetros: a Razão R, que permite associação ao órgão de 1% para o 67 Ga; 1,6% para 123 I; 0,7% para 99mTc e 0,9%
regulatório [5] e o Desvio Normalizado E, associado à para o 201 Tl.
qualidade metrológica de cada SMN[6].

A Razão R é obtida pelo quociente do valor médio X das 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO


três medições pelo valor de referência Xref, ou seja:
Os resultados e o desempenho da comparação do 67 Ga são
apresentados na Tabela 4 e os resultados do 123 I na Tabela 5;
X
R= (1) devido a problemas operacionais vê-se que nem todos os
X ref SMN participaram das três rodadas de comparação. A
Tabela 6 mostra os resultados das intercomparações, o
número de SMN participantes e o número de relatórios
Este parâmetro classifica o desempenho dos SMN em gerados.
conforme à norma e não conforme à norma [5], de acordo
com os limites apresentados na Tabela 1.
5.1 Resultados para o 67 Ga

Tabela 1. Limites adotados para a Razão R. O valor médio da razão calculado da Tabela 4 para a
primeira rodada é igual a 0,97 ± 0,25 (25%); para a segunda
Razão R Desempenho rodada é igual a 1,02 ± 0,12 (12%) e para a terceira rodada
igual a 1,00 ± 0,13 (13%). Isto mostra que, em média, os
0,90 ≤ R ≤ 1,10 Conforme à norma SMN estão medindo corretamente o radiofármaco 67 Ga,
0,90 > R > 1,10 Não conforme à norma apesar de serem encontrados individualmente valores com
desvios de até 50%, 45% e 47% em relação à média para a
primeira, segunda e terceira rodadas, respectivamente.
Quanto mais próximo de 1 o valor de R, melhor o
desempenho alcançado pelo SMN. A Figura 1 mostra o desempenho dos SMN na primeira
rodada de comparação em relação à Razão R; observa-se
O Desvio Normalizado E, é calculado pela expressão que 59% dos SMN estão conforme a norma. Em termos do
Desvio Normalizado E, a Figura 2 mostra que 31% dos
X − X ref resultados estão na classificação bom.
E= E <1 (2)
Para a segunda rodada de comparação, a Figura 3 mostra
k u ( X ) + u ( X ref )
2 2
que 68% dos resultados estão conforme a norma e, em
termos do Desvio Normalizado E a Figura 4 mostra que
onde u( X ) é a incerteza padrão das medidas dos SMN, 45% estão na classificação bom.
u( X ref ) é a incerteza padrão do valor de referência Xref, e k A Figura 5 apresenta os resultados da terceira rodada e
é o fator de cobertura. Como estamos comparando resultado mostra que, em relação à Razão R, 71% estão conforme a
de um Serviço de Medicina Nuclear com o valor de norma e a Figura 6 mostra que 47% estão na classificação
referência de um laboratório de metrologia, assumimos que bom.
k = 2 num nível de confiança de aproximadamente 95% é
um critério adequado.
Tabela 4. Resultados da comparação de 67Ga.

Código Calibrador de Primeira rodada Segunda rodada Terceira rodada


dos SMN radionuclídeo Razão Desvio Razão Desvio Razão Desvio
A Capintec CRC-12 1,02 1,19 1,02 0,77 1,03 1,35
– – 1,02 1,07 1,03 1,61
B Victoreen 34-061 1,22 4,58 1,20 5,41 1,24 3,97
– – 1,20 3,29 1,20 4,27
C Vexcal 0,98 -0,27 0,97 -1,04 0,97 -1,15
– – 0,98 -1,36 0,97 -1,17
D Capintec CRC-7 1,02 0,72 1,01 1,10 1,03 1,84
– – 1,02 0,68 1,04 1,35
E Capintec CRC-7 1,02 0,78 1,01 0,58 1,00 0,25
– – 1,01 0,60 1,00 0,21
F Atomlab 100 0,10 0,26 0,97 -1,48 0,96 -1,63
– – 0,97 -1,48 0,97 -1,73
G Atomlab 100 0,98 -1,26 0,96 -2,13 0,95 -2,31
– – 0,96 -2,05 0,95 -2,33
H Victoreen 34-061 – – 1,06 2,20 1,09 4,51
0,99 -0,31 1,02 0,64 1,07 2,00
I Victoreen CAL/RAD 0,98 – 1,04 2,10 1,02 1,07
– -0,37 1,05 1,15 1,02 0,62
J Capintec CRC-10BC 1,00 0,07 1,00 0,22 1,025 1,24
K Capintec CRC-127R 1,01 0,61 1,00 0,42 0,83 -8,56
– – 1,01 0,14 0,83 -8,55
L Victoreen CAL/RAD 0,89 -2,37 0,91 -4,05 – –
– – 0,90 -1,52 – –
M Victoreen 34-061 1,21 5,60 1,16 6,92 1,17 2,63
– – 1,15 4,80 1,15 7,72
N Atomlab 100 0,97 -1,39 0,96 -2,17 0,96 -1,90
– – 0,96 -2,23 0,96 -1,89
O Victoreen CAL/RAD 1,18 4,83 1,18 2,48 1,21 5,13
P Victoreen CAL/RAD 1,06 1,29 – – – –
Q Victoreen RAD/CAL II 1,18 7,54 – – – –
R Vexcal 0,42 -28,75 0,69 – 0,66 -9,94
– – 0,85 -6,38 0,80 -16,22
S Victoreen 34-061 1,04 1,04 – -14,36 – –
T Victoreen 34-061 1,14 6,41 1,11 5,08 1,13 2,58
– – 1,13 2,52 1,11 1,75
U Atomlab 200 0,88 -5,71 0,91 -4,53 0,90 -4,64
– – 0,91 -4,61 0,90 -4,72
V Victoreen 34-061 0,62 -7,51 1,02 1,17 1,01 0,52
W Capintec CRC-5 0,98 -1,13 0,99 0,11 1,00 0,56
– – 1,00 -0,41 1,01 -0,14
X Victoreen 34-061 1,40 6,91 1,07 1,87 1,10 1,65
Y Victoreen CAL/RAD 0,56 -7,34 0,55 -12,74 0,54 -21,63
Z Victoreen 34-061 1,18 7,81 1,15 5,31 1,17 6,84
– – 1,13 4,49 1,14 3,60
AA Vexcal 0,96 -1,17 0,93 -2,51 0,92 -3,70
AB Capintec CRC-127R 1,00 -0,01 1,00 -0,34 1,00 -0,15
– – 0,99 -0,19 1,00 0,03
AC Capintec CRC-5R 0,94 -3,10 0,95 -2,19 0,98 -1,18
0,98 -0,36 0,96 -2,30 0,985 -0,72
AD Vexcal – – 1,13 6,73 1,07 3,52
– – 1,14 6,59 1,07 3,63
AE Victoreen CAL/RAD 1,14 2,03 – – – –
AF Victoreen 1,10 4,50 – – – –
AG Victoreen RAD/CAL II – – 1,17 7,19 0,85 -6,31
– – 1,19 3,22 0,87 -5,51
AI Capintec Actividigit 2 – – 0,99 -1,91 0,98 -1,94
– – 0,96 -0,53 0,96 -0,80
AJ Victoreen RAD/CAL II – – 1,22 2,83 1,25 10,48
Tabela 5. Resultados da comparação de 123I

Código Calibrador de Primeira rodada Segunda rodada Terceira rodada


dos SMN radionuclídeo Razão Desvio Razão Desvio Razão Desvio
A Capintec CRC-12 – – 1,02 0,61 1,40 12,36
– – 1,02 0,62 1,40 12,36
B Victoreen 34-061 1,31 9,19 1,34 9,52 1,65 9,92
C Vexcal 1,18 5,58 1,20 6,17 1,56 17,25
D Capintec CRC-7 – – 0,98 -0,31 1,39 12,50
– – 0,99 -0,50 1,40 12,21
E Capintec CRC-7 – – 0,95 -1,38 1,31 9,80
– – 0,96 -1,46 1,31 9,69
F Atomlab 100 0,85 -4,62 0,87 -4,06 1,15 4,58
G Atomlab 100 0,96 -1,28 0,98 -4,66 1,32 4,53
– – 0,85 -0,53 1,14 10,05
J Capintec CRC-10BC 0,95 -1,51 0,97 -0,74 1,35 10,88
– – 0,98 -0,80 1,35 10,89
K Capintec CRC-127R 1,01 0,39 1,06 1,45 1,14 4,10
– – 1,05 1,71 1,13 4,38
L Victoreen CAL/RAD 0,95 -1,46 0,99 -0,36 – –
M Victoreen 34-061 1,28 6,37 1,33 10,23 1,33 10,13
U Atomlab 200 – – 0,84 -5,02 1,20 6,77
– – 0,84 -4,89 1,20 6,74
W Capintec CRC-5 0,93 -2,07 0,97 -1,01 1,31 10,82
– – 0,97 -1,07 1,31 10,69
X Victoreen 34-061 – – 1,50 15,78 1,52 18,20
Z Victoreen 34-061 – – 1,29 9,07 1,26 9,03
AB Capintec CRC-127R – – 0,97 -0,85 1,35 12,29
– – 0,97 -0,96 1,36 12,18
AC Capintec CRC-5R – – 1,01 -0,83 1,44 15,24
– – 0,97 0,30 1,39 13,55
AD Vexcal – – 1,17 5,37 1,50 17,47
AE Victoreen CAL/RAD – – 1,26 8,21 1,33 11,41
AG Victoreen RAD/CAL II – – 1,24 7,09 0,93 -2,35

Tabela 6. Números referentes às rodadas de comparação.

R E
Radionuclídeo Número de Número de
SMN resultados
participantes Conforme (%) Não conforme (%) Bom (%) Fora de controle (%)
67
Ga (primeira rodada) 27 32 59 41 31 69
67 30 53
Ga (segunda rodada) 68 32 45 55
67 30 51
Ga (terceira rodada) 71 29 47 53
123
I (primeira rodada) 9 9 55 45 11 89
123
I (segunda rodada) 18 30 56 44 40 60
123
I (terceira rodada) 18 29 3 97 14 86
41% 33%

67%
59%
Conforme Não conforme Conforme Não conforme

Figura 1. Desempenho dos SMN em relação à Razão R na Figura 5. Desempenho dos SMN em relação a Razão R na
primeira rodada de comparação com o 67Ga.
terceira rodada de comparação com o 67Ga.

30 25
Bom Fora de controle Bom Fora de controle
Número de SMN (%)

Número de SMN (%)


25 20
20 15
15 10
10 5
5
0
0 –3 –2 –1 0 1 2 3
–3 –2 –1 0 1 2 3 1
Desvio1normalizado E Desvio normalizado E

Figura 2. Desempenho dos SMN em relação ao Desvio Figura 6. Desempenho dos SMN em relação ao Desvio
Normalizado E na primeira rodada de comparação c om o 67Ga. Normalizado E na terceira rodada de comparação com o 67Ga.

5.2. Resultados para o 123 I


O valor médio da razão calculado da Tabela 5 para a
32% primeira rodada é igual a 1,05 ± 0,17 (16%) e para a
segunda rodada é igual a 1,05 ± 0,16 (16%). Isto mostra
que, em média, os SMN estão medindo corretamente o 123 I,
mas são encontrados individualmente valores com desvios
de até 25% e 43% para a primeira e segunda rodada,
68% respectivamente. Na terceira rodada, o valor médio é igual
Conforme Não conforme
a 1,32 ± 0,15 (11%), o que demonstra uma tendência dos
SMN a superestimar o valor verdadeiro da atividade nas
Figura 3. Desempenho dos SMN em relação à Razão R na medições do 123 I em seringa.
segunda rodada de comparação com o 67Ga. A Figura 7 apresenta o desempenho dos SMN na primeira
rodada de comparação em relação à Razão R; observa-se
que 56% dos Serviços estão conforme a norma. Em termos
do Desvio Normalizado E, a Figura 8 mostra que apenas
25 11% dos resultados estão na classificação bom.
Bom Fora de controle
Número de SMN (%)

20 Para a segunda rodada de comparação, a Figura 9 mostra


15 que 56% dos resultados estão conforme a norma e, em
10 termos do desvio padrão normalizado a Figura 10 mostra
5 que 40% estão na classificação bom.
0 –3 –2 –1 0 1 2 3 A Figura 11 apresenta os resultados da terceira rodada e
1 mostra que, em relação à razão apenas 3% estão conforme
Desvio normalizado E
a norma; a Figura 12 mostra que 14% estão na
classificação bom.
Figura 4. Desempenho dos SMN em relação ao Desvio
Normalizado E na segunda rodada de comparação com o 67Ga.
44% 3%

56% 97%
Conforme Não conforme Conforme Não conforme

Figura 7. Desempenho dos SMN em relação à Razão R na Figura 11. Desempenho dos SMN em relação à Razão R na
primeira rodada de comparação com o 123I. terceira rodada de comparação com o 123I.

Bom Fora de controle Bom Fora de controle


35 80
Número de SMN (%)

30

Número de SMN (%)


70
25 60
20 50
15 40
10 30
20
5 10
0 0
–3 –2 –1 0 1 2 3 –3 –2 –1 0 1 2 3
1 1
Desvio normalizado E Desvio normalizado E

Figura 8. Desempenho dos SMN em relação ao Desvio Figura 12. Desempenho dos SMN em relação ao Desvio
Normalizado E na primeira rodada de comparação com o 123I. Normalizado E na terceira rodada de comparação com o 123I.

44% 6. CONCLUSÕES
A Figura 13 apresenta todos os resultados gerados nas seis
comparações que não estavam conforme à norma CNEN;
desses resultados, vemos que 70% são provenientes de
curiômetros que utilizam o detector Geiger-Müller em sua
fabricação. Este detector é muito dependente do
56% posicionamento da fonte e apresenta baixa repetitividade
Conforme Não conforme nas medições, principalmente para atividades baixas
(poucas dezenas de MBq), ou seja não realiza medidas
Figura 9. Desempenho dos SMN em relação à Razão R na com exatidão, daí o seu baixo desempenho nas
segunda rodada de comparação com o 123I. comparação.
Por outro lado, os curiômetros que utilizam a câmara de
ionização em sua fabricação obtiveram um melhor
35 desempenho. Uma recomendação do LNMRI é que todos
Bom Fora de controle
Número de SMN (%)

30 os SMN que utilizam equipamentos baseados em detetores


25 Geiger-Müller devem ser substituídos por detetores que
20
15 utilizam câmaras de ionização em sua fabricação.
10
5 Os SMN que realizam calibrações rotineiramente foram os
0 que obtiveram os melhores resultados. Recomenda-se,
–3 –2 –1 0 1 2 3 então, um maior cuidado nos procedimentos de trabalho
1
Desvio normalizado E pois, em alguns casos, a má realização das medições foi o
que gerou um mau resultado. Aos Serviços cujos
resultados estão fora dos limites de ± 10%, foi
Figura 10. Desempenho dos SMN em relação ao Desvio recomendada uma recalibração do calibrador de
Normalizado E na segunda rodada de comparação com o 123I. radionuclídeo e participações em novas rodadas de
comparação.
O baixo desempenho dos SMN nas medições realizadas
com seringa deve-se a dois fatores: primeiro, eles não
utilizam a metodologia correta, ou seja, vários SMN não [5] CNEN - National Commission on Nuclear Energy,
faziam uso do suporte para seringa. Segundo, os SMN não Requirements of Radiation Protection and Safety for
utilizam um fator de correção nas medições com seringas. Nuclear Medicine Services (in Portuguese), Norma
Nem todos os fabricantes de calibradores de radionuclídeos NN-3.05, Rio de Janeiro, 1996.
fornecem o fator de correção no manual do equipamento,
[6] Beissner, K., On a Measure of Consistency in
mas, mesmo os SMN que possuem o fator não o utilizam.
Comparison Measurements, Metrologia 39, p.59-63,
Recomenda-se a realização de uma nova pesquisa para
2002.
determinação deste fator para cada radionuclídeo e
equipamento.
Os modelos citados neste trabalho não implicam uma _______________________________________________
recomendação pelo LNMRI, nem que estes equipamentos
são os melhores disponíveis para sua finalidade, mas Autores:
somente que para estes radionuclídeos nestas rodadas M.Sc., Joyra Amaral dos Santos, COPPE/UFRJ, Caixa
obtiveram tais desempenhos. Postal 68509, CEP 21945-970, Rio de Janeiro, Brasil,
(21)3411-8183, (5521)2442-1605, joyra@ird.gov.br.
D.Sc., Akira Iwahara, IRD/CNEN, Av. Salvador Allende,
30% s/n o , Recreio dos Bandeirantes, CEP 22780-160, Rio de
Janeiro, Brasil, (21)3411-8179, (5521)2442-1605,
iwahara@ird.gov.br.
70% M.Sc., Antônio Eduardo de Oliveira, IRD/CNEN, Av.
Salvador Allende, s/no , Recreio dos Bandeirantes, CEP
Geiger-Müeller Câmara de ionização 22780-160, Rio de Janeiro, Brasil, (21)3411-8178,
(5521)2442-1605, aedu@ird.gov.br.
Figura 13. Resultados globais classificados como não conforme à M.Sc., Mônica Aguiar Leobino da Silva, COPPE/UFRJ,
Norma CNEN discriminados por tipo de detector. Nota-se que Caixa Postal 68509, CEP 21945-970, Rio de Janeiro,
70% dos resultados deve-se a detectores tipo Geiger-Müeller.
Brasil,(21)3411-8183,(5521)2442-1605,
leobino@ird.gov.br.
Conclui-se que novas rodadas de comparação devem ser
realizadas, não só com novos radiofármacos, mas também D.Sc., Luiz Tauhata, IRD/CNEN, Av. Salvador Allende,
com os mesmos que já vem sendo utilizados, e em todo o s/n o , Recreio dos Bandeirantes, CEP 22780-160, Rio de
território nacional a fim de melhorar o desempenho dos Janeiro, Brasil, (21)3411-8175, (5521)2442-1605,
SMN nas comparação para que aprimorem suas medições tauhata@ird.gov.br.
e, consequentemente, o atendimento aos pacientes.
D.Sc., Ricardo Tadeu Lopes, COPPE/UFRJ, Caixa Postal
68509, CEP 21945-970, Rio de Janeiro, Brasil,(21)2562-
AGRADECIMENTOS 7308, ricardo@lin.ufrj.br.
Os autores gostariam de agradecer ao IPEN e IEN pelo
fornecimento das amostras, aos SMN pela participação
voluntária neste exercício e a Estela M. B. de Oliveira e
Maria A. R. di Prinzio pela preparação das amostras.

REFERÊNCIAS
[1] Iwahara, A. et al, “Performance of Dose Calibrators in
Brazilian Hospitals for Activity Measurements”,
Applied Radiation and Isotopes, 56/1-2, p. 361-367,
Pergamon, 2002.
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[2] Iwahara, A. et al, “Intercomparison of I and 99mTc
Activity Measurements in Brazilian Nuclear Medicine
Services”, Applied Radiation and Isotopes, 54, p. 489-
496, Pergamon, 2001.
[3] Schötzig, U., Schrader, H., Halbwertszeiten und
photonen-emissionswahrscheinlichkeiten von häufig
verwendeten radionukliden. Physikalisch Technische
Bundesanstalt/ PTB-Ra-16/4, 1993.
[4] Lagoutine, F., “Table de Radionucleides”, Laboratoire
Primaire des Rayonnements Ionisants, Janvier, 1982.

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