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Este exercício destinasse a idéia de tentar capturar através deste vídeo, o movimento em
existente em cada segundo de tempo, às vezes lento, às vezes acelerado, ele é
onipresente, acreditamos que para que fosse possível capturar a inércia total,
necessitaríamos do vazio completo, o qual sabemos não existir nas condições
atmosféricas a que vivemos.
A idéia deste trabalho surgiu através da influência fílmica e conceitual criada pelo
cineasta russo Andrei Tarkovski. Sempre me impressionou muito a forma com que
criava as suas narrativas e a maneira com que capturava e criava o fluxo de tempo em
suas cenas, um ritmo muito particular que resulta numa diegese muito poética e ao
mesmo tempo realista, mais condizente com a nossa capacidade de observação e
absorção sensorial. Em seu livro Esculpir o Tempo, ele discorre sobre este conceito e
como funciona seu processo criativo:
Vejo então que a minha tarefa profissional é criar o meu fluxo de tempo pessoal, e
transmitir na tomada [no take] a percepção que tenho do seu movimento - do
movimento arrastado e sonolento ao rápido e tempestuoso - que cada pessoa sentirá a
seu modo. Juntar, fazer a montagem é algo que perturba a passagem do tempo,
interrompe-a, e, simultaneamente, dá-lhe algo de novo. A distorção do tempo pode ser
uma maneira de dar expressão rítmica. Esculpir o tempo! [...] Creio que um diretor
[um realizador] que monta os seus filmes facilmente e de várias maneiras é
superficial. (TARKOVSKI, A., pp. 136-144)
A criação da obra audiovisual que compõe este trabalho, tenta expor exatamente a idéia
de que por mais que cada um absorva de uma maneira pessoal esta dimensão do
movimento em relação ao tempo, o movimento é constante, seja através da força da
gravidade ou da movimentação dos átomos é ele que faz pulsar e dar o ritmo a vida, e o
mais importante, ele está impregnado de beleza, música e poesia.