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capítulo

14
Impulso e quantidade
de movimento

Insurance Institute for Highway Safety/Associated Press/Glow Images

Paulo
E m testes de impacto como o da fotografia acima é visível a

M
anzi/Arquivo da e
importância do air bag na redução dos danos que uma co-
lisão pode causar no corpo, sobretudo no rosto e na cabeça.
Esta redução se deve principalmente ao intervalo de tempo em

ditor
que ocorre a deformação sofrida pelo air bag no momento da a
colisão. Segundo a Física, há uma relação fundamental entre dois
pares de grandezas, força e tempo, que estão diretamente rela-
cionadas a outro par, massa e velocidade. O primeiro par é o núcleo
da definição de impulso; o segundo, o núcleo da definição de quantida-
de de movimento, grandezas que guardam entre si uma relação simples,
mas de implicações extraordinárias para a compreensão da natureza.
♦ Na fotografia, teste
Em uma colisão como esta, para a mesma variação de velocidade, quanto maior de impacto frontal
o tempo de interação, menor a força média exercida entre os corpos que colidem; de um carro com um
assim, a deformação do air bag, por resultar no aumento do tempo de interação obstáculo realizado em
laboratório. No detalhe,
da colisão, reduz drasticamente a força média exercida pelo painel do carro no rosto representação (sem escala
do motorista e os danos provocados sobre ele. e em cores fantasia) do
efeito do impacto no
O estudo dessas novas grandezas — impulso e quantidade de movimento — motorista.
é o assunto deste capítulo.

205
1. Introdução
Sabemos, com base em nossa experiência diária, que empurrar um corpo
não é apenas exercer força sobre ele, mas exercer força durante certo intervalo de
tempo. Quanto maior o intervalo de tempo em que determinada força é exercida
sobre um corpo, maior será o efeito que ela produzirá em relação à velocidade
desse corpo. Veja a figura 14.1.

Martin Rose/Bongarts/Getty Images


Martin Rose/Bongarts/Getty Images

♦ Figura 14.1. Atletas em uma competição de bobsleigh — esporte de inverno em que equipes de atletas descem uma pista
num trenó em alta velocidade. Fotografias tiradas em Winterberg, Alemanha, em março de 2015.

Em um trecho plano e horizontal, os atletas empurram o trenó durante certo


tempo: a velocidade inicial adquirida, um dos fatores determinantes da vitória,
depende da intensidade média da força desenvolvida pelos atletas e do tempo em
que eles conseguem exercê-la antes de pular para dentro do trenó e começar a
descer pela pista sob ação exclusiva da gravidade.
Na figura 14.2, o goleiro muda a trajetória da bola, portanto muda a veloci-
dade dela, exercendo força sobre a bola durante um curto intervalo de tempo.
Mike Powell/Allsport/Getty Images

♦ Figura 14.2.
Atuação de
um goleiro.

Para entender o significado físico das relações entre força, intervalo de tem-
po e o efeito por elas produzido num corpo de determinada massa e velocidade,
r r
vamos retomar a segunda lei de Newton, FR 5 ma . Observe a figura 14.3.
Banco de imagens/
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FR& m v0& m v& ♦ Figura 14.3. Representação


(sem escala e em cores fantasia)
r
da atuação de uma força FR
Dt em um corpo de massa m.

206 U N I DAD E 4 – L E IS D E cO NSE rvAçãO


r
A força resultante FR , constante, exercida sobre o bloco de massa m, representa-
r r
do na figura, faz a velocidade do blocorvariar de v 0 a v , ou seja, ele adquire aceleração
r r
a . Da definição de aceleração a 5 Dv , temos:
Dt
r r
FR 5 m ? Dv
Dt
ou:
r r
FR Δt 5 m Δv
r r r
Como Δv 5 v 2 v 0 , então:
r r r r r
m Δv 5 m (v 2 v 0 ) 5 mv 2 mv 0
Voltando à expressão em destaque, temos:
r r r
FR Δt 5 mv 2 mv 0

Do ponto de vista da Física, podemos concluir da expressão aqui apresentada que


r
a força resultante multiplicada pelo intervalo de tempo (FR Δt) em que ela é exercida
sobre o bloco de massa m representa uma grandeza capaz de variar outro tipo de
r
grandeza: o produto mv . Em outras palavras, essa expressão nos permite definir duas
novas grandezas físicas:
r r
• O produto F Δt é, por definição, o impulso da força F sobre o corpo, que denominamos
r
I F . Portanto:
r r
I F 5 FΔt

• O produto mvr é, por definição,


r
a quantidade de movimento ou momento linear
do corpo, que denominamos p :
r r
p 5 mv

Quantidade de movimento ou momento linear?


Sabemos, de nossa experiência cotidiana, que tudo o que se move tende a parar; por
extensão, pode-se supor que o Universo tende a se imobilizar com o tempo. Para muitos
pensadores do século XVII, como o filósofo, físico e matemático francês René Descartes (1596-
-1650), essa imobilização do Universo seria incompatível com a perfeição divina; por isso,
Descartes refere-se à ideia de quantidade de movimento. Em sua obra Princípios de Filosofia,
publicada em 1644, afirma: “Deus é a causa primária do movimento e ele sempre conserva a
mesma quantidade de movimento no Universo”. Mais tarde, Newton, em sua obra Principia,
publicada em 1687, complementa essa ideia com a seguinte definição: “A quantidade de
movimento é a medida desse movimento, que resulta da velocidade e da quantidade de matéria
em conjunto”.
Contudo, quantidade se refere a algo que pode ser medido ou contado, o que não ocor-
re com movimento. Não é possível “medir movimento”, pois movimento é fenômeno e não
grandeza física.
Hoje em dia, a expressão “quantidade de movimento” é substituída pela expressão
“momento linear” (há outra expressão, “momento angular”, que substitui “quantidade de
movimento angular”, assunto não tratado nesta coleção). No entanto, como essa expressão
está fortemente arraigada entre nós — na Física do Ensino Médio, pelo
r menos —, continuamos
r
a utilizá-la. Quanto ao símbolo, porém, preferimos p em vez de Q para não reforçar a ideia
errônea de quantidade.

cAp í t U LO 14 – I m p U L SO E q UAN t I DAD E D E m OvI m E N tO 207


A partir da definição de quantidade de movimento podemos escrever:
r r
mv 5 p : quantidade de movimento final do corpo;
r r
mv 0 5 p 0: quantidade de movimento inicial do corpo.
r r r
Representando esta nova grandeza na expressão FR Δt 5 mv 2 mv 0 , temos:
r r r
FR Δt 5 p 2 p0 . r
r
Como o produto FR Δt é o impulso da força resultante I FR , podemos escrever:

r r r
I F 5 p 2 p0
R

r r r
A diferença p 2 p0 é a variação de quantidade de movimento Δp do corpo sob
r
a ação do impulso da força resultante I FR . Logo:

r r
I F 5 Δp
R

Tal expressão permite enunciar a relação entre impulso e quantidade de


movimento:

O impulso da força resultante exercido sobre um corpo durante determi-


nado intervalo de tempo é igual à variação da quantidade de movimento desse
corpo nesse intervalo de tempo.

Esse enunciado costuma ser chamado de teorema do impulso, entretanto


poderia ser apresentado como o enunciado da segunda lei de Newton, pois a ex-
r r
pressão que o sintetiza, I FR 5 Δ p , está mais próxima da expressão original dessa lei
r r
do que a expressão FR 5 ma , com a qual se convencionou apresentá-la. Na verda-
r r r r
de, FR 5 ma e I F 5 Δp são expressões equivalentes, o que é fácil demonstrar:
R

r r r r r r r r
FR 5 ma ⇒ FR 5 m ? Dv ⇒ FR ? Δt 5 m ? Δv ⇒ I F 5 Δp
Dt R

A unidade de impulso é o produto da unidade de força pela unidade de tempo,


portanto N ? s (newton ? segundo) no SI.
A unidade de quantidade de movimento é o produto da unidade de massa pela
unidade de velocidade, portanto kg ? m/s (quilograma ? metro por segundo) no SI.
É fácil ver que ambas as unidades são equivalentes, pois:
N ? s 5 (kg ? m/s2) ? s 5 kg ? m/s
Essas unidades não têm nome específico porque se referem a grandezas
auxiliares — impulso e quantidade de movimento são grandezas que permitem a
análise de situações e a resolução de problemas de Física, mas individualmente
têm pouco interesse, ao contrário do que acontece com velocidade, força, energia
e potência, por exemplo.
Observação: A notação vetorial foi mantida em todas as expressões para
ressaltar o caráter vetorial do impulso e da quantidade de movimento. No entanto,
quando todas as grandezas vetoriais envolvidas tiverem a mesma direção, pode-
remos associar a essa direção um eixo orientado como referencial e operar alge-
bricamente por meio dos módulos dessas grandezas acrescidos do sinal corres-
pondente ao referencial adotado.

208 U N I DAD E 4 – L E IS D E cO NSE rvAçãO


ExErcíciO rEsOlvidO
1. A figura abaixo representa (sem escala e em cores fan- c) Como o plano é horizontal e não há atrito, a força
r
tasia) um bloco de massa 0,50 kg deslizando sobre um F é a força resultante exercida sobre o bloco.
r
plano horizontal sem atrito com velocidade de módu- Assim, o impulso da força F é o impulso da força
lo v0 5 2,0 m/s. No instante t0 5 0, passa a ser exerci- resultante. Portanto, em módulo, temos:
r
da sobre esse bloco uma força horizontal F, de módu- IF 5 IF 5 2,0 N ? s
R
lo F 5 1,0 N, na mesma direção e sentido da velocidade. Como todos os vetores têm a mesma direção e
sentido e p0 5 1,0 kg ? m/s, podemos determinar
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F& F& r
v0& v& o módulo de p , quantidade de movimento no ins-
tante t 5 2,0 s, pela expressão:
t0 = 0 t = 2,0 s
IF 5 p 2 p0 ⇒ 2,0 5 p 2 1,0 ⇒ p 5 3,0 kg ? m/s
R
Sabendo que essa força é exercida até o instante
d) Como p 5 mv, obtemos o módulo da velocidade
t 5 2,0 s, determine, em módulo:
r neste instante:
a) o impulso da força F no intervalo de tempo de 0 s a
2,0 s. 3,0 5 0,50v ⇒ v 5 6,0 m/s
b) a quantidade de movimento inicial do bloco (t 5 0). Observações:
c) a quantidade de movimento do bloco no instante 1a) Nesse caso, por se tratar de uma situação muito
t 5 2,0 s. simples, não foi explicitado o referencial, mas o
d) a velocidade no instante t 5 2,0 s. sentido positivo — para a direita — está implícito.
resolução: 2a) É possível obter o módulo da velocidade do bloco
a) Sendo F 5 1,0 N e Δt 5 t 2 t0 5 2,0 2 0 5 2,0 s, o no instante t 5 2,0 s obtendo sua aceleração por
r
módulo do impulso da força F (IF) é: meio da segunda lei de Newton e, em seguida,
IF 5 F Δt ⇒ IF 5 1,0 ? 2,0 ⇒ aplicar a função da velocidade do MRUV (verifi-
⇒ IF 5 2,0 N ? s que!) — esta alternativa se deve à equivalência
b) Sendo m 5 0,50 kg e v0 5 2,0 m/s, temos: entre a segunda lei de Newton e a relação entre
p0 5 mv0 ⇒ p0 5 0,50 ? 2,0 ⇒ o impulso e a quantidade de movimento (teorema
⇒ p0 5 1,0 kg ? m/s do impulso).

Atenção: não escreva no livro.

ExErcíciOs
As respostas completas dos exercícios encontram-se no Manual do Professor.
r
1. Você aplica uma força F a determinado corpo duran- que essa força deixa de ser exercida no instante
te certo intervalo de tempo Δt, mas esse corpo não t 5 1,5 s, determine, em módulo:
se desloca. Houve impulso? Explique sua resposta. a) o impulso dessa força. IF 5 18 N ? s
Sim.
2. Uma força de atrito pode exercer impulso em um b) a variação de quantidade de movimento do bloco.
Δp 5 18 kg ? m/s
corpo? Dê exemplos. Sim. c) a velocidade do bloco no instante t 5 1,5 s.
v 5 14 m/s
3. A quantidade de movimento de um corpo depende 5. O trenó das competições de bobsleigh para quatro
do referencial? Dê exemplos. Sim. competidores tem massa 230 kg (reveja a figura
4. Um bloco de massa m 5 2,0 kg está sobre um plano 14.1). Sabe-se que, em média, os atletas correm
horizontal sem atrito e tem, no instante t 5 0, velo- durante 6,0 s em trajetória horizontal e retilínea an-
cidade paralela ao plano de módulo v0 5 5,0 m/s. tes de pular dentro do trenó, quando ele tem velo-
Nesse instante, passa a ser exercida sobre o bloco cidade de cerca de 40 km/h. Em tais condições, qual
uma força resultante constante de módulo F 5 12 N é o módulo da força resultante, suposta constante,
na mesma direção e sentido da velocidade. Sabendo exercida sobre o trenó nesse trajeto? FR 5 420 N

cAp í t U LO 14 – I m p U L SO E q UAN t I DAD E D E m OvI m E N tO 209


2. Impulso de força variável:
determinação gráfica
Frequentemente, na interação entre dois corpos, o módulo da força varia com o
r
tempo. Neste caso, a determinação do módulo do impulso da força F no intervalo de
tempo Δt pode ser feita pelo cálculo da “área sob a curva” (A) no gráfico força 3 tempo
nesse intervalo de tempo.

Ilustrações técnicas:
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F

A
♦ Figura 14.4. A “área sob a
t
curva” no gráfico F 3 t resulta
no impulso.

No gráfico da figura 14.4, a unidade da “área sob a curva” A é N ? s, que resulta do


produto da unidade de força (N) pela unidade de tempo (s).

IF 5 A

Essa expressão é válida apenas para forças de módulo variável, pois a direção deve
manter-se constante. A direção do impulso é a direção da força. O sentido depende do
r
sinal da “área sob a curva”. Veja, por exemplo, o gráfico da figura 14.5. A força F muda
de sentido, em relação a determinado referencial, no instante t0. Daí em diante o módu-
lo do impulso calculado pela “área sob a curva” resulta precedido de sinal negativo.

t0 t (s)
0
♦ Figura 14.5. A “área sob a curva”
acima do eixo do tempo resulta em
impulso de sinal positivo, enquanto
abaixo do eixo do tempo o impulso
é negativo.

ExErcíciO rEsOlvidO
r
2. O módulo da força F varia com o tempo de acordo
F (N)
com o gráfico a seguir. Sabe-se que essa força tem 20

direção constante e é resultante das forças exercidas


sobre um corpo de massa 5,0 kg, que está em repou- 10
so no instante t 5 0. Calcule o módulo da velocidade
desse corpo nos instantes: t (s)
0 4,0 8,0 10
a) t 5 8,0 s.
b) t 5 10 s.
–10

210 U N I DAD E 4 – L E IS D E cO NSE rvAçãO


r r
resolução: Sendo v0 a velocidade no instante t 5 0, v8 a
De início, vamos dividir o gráfico em duas regiões: a do velocidade no instante t 5 8,0 s e IF 5 120 N ? s,
trapézio correspondente ao intervalo de 0 s a 8,0 s, temos, em módulo:
em que a força é exercida no sentido do eixo das abs- IF 5 mv8 2 mv0 ⇒ 120 5 5,0v8 2 5,0 ? 0 ⇒
cissas, e a do triângulo, correspondente ao interva- ⇒ 120 5 5,0v8 ⇒ v8 5 24 m/s
lo de 8,0 s a 10 s, em que a força é exercida no senti-
do oposto ao eixo das abscissas. b) Para determinar a velocidade no instante t 5 10 s,
vamos definir o módulo do impulso no intervalo
Ilustrações técnicas:
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F (N) de 8,0 s a 10 s por meio da “área sob a curva” nes-


20
se intervalo:
2,0(210)
10
IF 5 Atriângulo ⇒ IF 5 ⇒ IF 5 210 N ? s
Atrapézio 2
Da relação entre impulso e quantidade de movi-
10 t (s)
0 4,0 8,0 mento nesse intervalo, temos:
Atriângulo r r r
IF 5 p10 2 p8
–10
Como IF 5 210 N ? s, obtemos v10, módulo da ve-
r
a) Calculando o módulo do impulso da força F pela locidade no instante t 5 10 s:
“área sob a curva” no intervalo de 0 s a 8,0 s, temos: IF 5 mv10 2 mv8 ⇒ 210 5 5,0v10 2 5,0v8 ⇒
IF 5 Atrapézio ⇒ IF 5 (8,0 1 4,0)20 ⇒ IF 5 120 N ? s ⇒ 210 5 5,0v10 2 5,0 ? 24 ⇒
2
Da relação entre impulso e quantidade de movi- ⇒ 110 5 5,0v10 ⇒ v10 5 22 m/s
mento no intervalo de 0 s a 8,0 s, temos: Observação: O objetivo principal deste exercício é
r r r
IF 5 p8 2 p0 evidenciar a utilidade dessa ferramenta matemática
r
Como F é força resultante e o corpo estava em — a “área sob a curva” — e a natureza abstrata des-
repouso no instante t 5 0, concluímos que todos sa “área” que, além de não ser medida em metros
os vetores têm a mesma direção e sentido. quadrados, pode ter resultados negativos.

Atenção: não escreva no livro.

ExErcíciOs
r
6. O gráfico abaixo representa o módulo da força resul- 7. Uma força resultante F , cujo módulo varia com o
r
tante F em função do tempo. tempo de acordo com o gráfico abaixo, é exercida
sobre um corpo de massa m 5 2,0 kg, em repouso
F (N) no instante t 5 0.

150
F (N)
8,0

100 6,0

4,0
50
2,0
t (s)
t (s) 0 5,0 10 15 20 25 30 35
0 10 20 30 –2,0

–50 –4,0

Determine o módulo da velocidade desse corpo nos


Determine o módulo do impulso no intervalo: instantes:
a) de 0 s a 10 s; b) de 10 s a 20 s; c) de 20 s a 30 s. a) t 5 20 s; v 5 40 m/s b) t 5 35 s. v 5 25 m/s
IF 5 1 300 N ? s IF 5 500 N ? s IF 5 2250 N ? s

cAp í t U LO 14 – I m p U L SO E q UAN t I DAD E D E m OvI m E N tO 211


3. Força média no impulso
Pelo princípio da ação e reação, em uma colisão entre dois corpos o módulo
das forças de interação exercidas em cada um deles é sempre igual, embora possam
variar durante o tempo da interação.
O gráfico da figura 14.6, que descreve o módulo de uma das forças de interação,
Ilustrações técnicas:
no intervalo de tempo Δt em que ela ocorre, representado pelo perfil cor-de-rosa
Banco de imagens/Arquivo da editora
da curva, mostra que essa força tem módulo variável.
F
Supõe-se, neste caso, uma situação em que os corpos se mantêm inteiros
antes e depois da interação — trata-se de colisão inelástica ou elástica, como ve-
remos mais adiante.
A Como no Ensino Médio não dispomos de recursos matemáticos para obter o
F.
A’ módulo de forças variáveis, podemos descrever matematicamente essas interações
por meio do módulo médio F (F barra) da força exercida entre os corpos durante a
t
interação.
Assim, sendo o módulo do impulso de uma força dado pela “área sob a curva”
(A) desse gráfico, define-se o módulo médio F, da força exercida entre os corpos
♦ Figura 14.6. Gráfico das
forças de interação
que interagem na colisão, como aquele cujo gráfico tem a mesma “área sob a cur-
versus Δt. va” (A’ 5 A) do gráfico real (veja o perfil azul do gráfico da figura 14.6).

ExErcíciOs rEsOlvidOs
3. Uma bola de massa m 5 0,20 kg choca-se perpen- Sendo a massa da bola m 5 0,20 kg e os módulos da
dicularmente contra uma parede e volta na mesma velocidade da bola v0 5 5,0 m/s, ao atingir a parede,
direção em sentido contrário. Ao atingir a parede, o e v 5 4,0 m/s, ao destacar-se da parede na volta,
módulo da velocidade da bola é 5,0 m/s; ao desta- os módulos das correspondentes quantidades de
car-se da parede na volta, é de 4,0 m/s. Determine: movimento da bola são:
a) o módulo do impulso exercido pela parede sobre p0 5 mv0 ⇒ p0 5 0,20 ? 5,0 ⇒ p0 5 1,0 kg ? m/s
a bola. p 5 mv ⇒ p 5 0,20 ? 4,0 ⇒ p 5 0,80 kg ? m/s
r r
b) o módulo médio da força F que a parede exerce Sendo IF o impulso da força exercida pela parede, da
sobre a bola, supondo que o tempo de interação expressão IF 5 p 2 p0 (em módulo — todos os veto-
entre a parede e a bola seja de 0,020 s. res têm a mesma direção) e atribuindo os sinais de
acordo com o referencial indicado na figura, temos:
c) o gráfico F 3 tempo durante a interação bo-
IF 5 p 2 (2p0) ⇒ IF 5 p 1 p0 ⇒ IF 5 0,80 1 1,0 ⇒
la-parede.
⇒ IF 5 1,8 N ? s
r
resolução: b) Sendo Δt 5 0,020 s e F a força exercida pela parede,
a) Representamos (sem escala e em cores fantasia) considerando F o módulo médio dessa força, temos:
nas figuras abaixo os instantes em que a bola se r r
IF 5 F Δt ⇒ IF 5 F Δt ⇒ 1,8 5 0,020 F ⇒
choca contra a parede (a) e em que ela abandona
1,8
⇒F5 ⇒ F 5 90 N
a parede na volta (b). 0,020
a b c) Como o módulo médio da força é F 5 90 N, o grá-
fico é uma reta paralela ao eixo t, no intervalo de
+ + 0 s a 0,020 s:
Paulo Manzi/Arquivo da editora

F . (N)

v0& v&
p0& p& 90 A’
t (s)
0 0,020

212 U N I DAD E 4 – L E IS D E cO NSE rvAçãO


as ilustrações desta página

Observação: Neste item é possível esboçar também Veja a figura: estão representadas seM
escala e eM cores Fantasia.

o gráfico mais próximo da realidade (correspondente


r

Ilustrações: Paulo Manzi/Arquivo da editora


à área A, em rosa, mostrada anteriormente), mas não IF
R

o fizemos porque seria necessário optar por um valor


1
para o pico da curva, o que nos pareceu inconveniente,
pois não haveria como justificar essa escolha. r r
v0 p0

4. Um pacote fechado de cereal, de massa 2,0 kg, cai


verticalmente de 3,2 m de altura e se achata, sem
arrebentar, no chão. r
Sendo IF o impulso da força resultante exercida so-
R
bre o pacote, podemos escrever em módulo (todos
os vetores têm a mesma direção) e com os sinais de
acordo com o referencial da figura acima:
IF 5 p 2 (2p0) ⇒ IF 5 0 1 p0 ⇒ IF 5 mv0 ⇒
R R R
⇒ IF 5 2,0 ? 8,0 ⇒ IF 5 16 N ? s
R R

b) Sendo Δt 5 0,20 s, podemos determinar o valor


ur
médio do módulo da força resultante F R :
r r r 
IF 5 FR ? Δt ⇒ IF 5 IF ? Δt ⇒ 16 5 0,20 FR ⇒
R
 R R

⇒ FR 5 80 N
c) Durante o intervalo de tempo em que ocorre o
Admitindo que o tempo de interação entre o pacote r
impacto da força resultante FR , são exercidas duas
e o chão seja 0,20 s: r
forças sobre o pacote: a reação normal, N , variável,
a) determine o módulo do impulso resultante exer- r
exercida pelo chão, e o peso P , de módulo P 5 20 N.
cido sobre o pacote.
Veja a figura abaixo (as forças têm a mesma linha
b) determine o módulo médio da força resultante
de ação, mas foram representadas separadamen-
exercida sobre o pacote.
te para facilitar o entendimento):
c) determine o módulo médio da força de reação
exercida pelo chão sobre o pacote. r
N
d) se o pacote caísse num monte de palha, o que 1 r
FR
aconteceria com o módulo da força resultante
média exercida sobre ele?
(Adote g 5 10 m/s2 e despreze a resistência do ar.) r
P

resolução:
a) Lembrando o movimento de queda livre e aplicando
Considerando os módulos médios da força resul-
a equação v2 5 v20 2 2g (y 2 y0), conhecida como
tante e da força normal e o módulo do peso, de
“equação” de Torricelli, obtemos o módulo da velo-
acordo com o referencial adotado, podemos
cidade com que o pacote atinge o chão (y 5 0):
escrever:
v2 5 02 2 2 ? 10(0 2 3,2) ⇒ v2 5 64 ⇒ v 5 8,0 m/s
r 
Chamando essa velocidade de v0 , velocidade do FR 5 N 2 P ⇒ 80 5 N 2 20 ⇒ N 5 100 N
pacote no início de sua interação com o chão, a d) Um monte de palha, ou qualquer coisa que amor-
quantidade de movimento inicial do pacote ao teça a queda do pacote, reduz o módulo médio da
r r
atingir o chão é p0 5 mv0. Como o pacote para ao força resultante exercida para freá-lo. Isso acon-
término da interação, sua velocidade final é nula tece porque o intervalo de tempo Δt em que ocor-
e, consequentemente, o módulo de sua quanti- re a interação aumenta. Para exemplificar, vamos
dade de movimento no final da interação é p 5 0. supor que o pacote caia no monte de palha da

cAp í t U LO 14 – I m p U L SO E q UAN t I DAD E D E m OvI m E N tO 213


mesma altura e que esse intervalo de tempo seja rista e os passageiros de um carro em uma coli-
de 0,80 s. Teremos, então: são, como afirmamos na abertura deste capítulo.
r r
IF 5 FR Δt ⇒ IF 5 FR Δt ⇒ 16 5 0,80 FR ⇒

Reprodução/<http://www/nating.com.br>
R R

⇒ FR 5 20 N

Note que agora o módulo médio da força resul-


tante exercida sobre o pacote é quatro vezes
menor do que o resultado obtido no item b. É por
esta razão que uma pessoa, quando cai de deter-
minada altura num colchão ou numa rede, não se
machuca (veja a fotografia ao lado). O colchão ou
a rede aumentam o intervalo de tempo da intera-
ção e reduzem a força resultante média exercida
sobre a pessoa, necessária para frear sua queda. ♦ Ao cair de determinada altura em uma rede de
Por esta mesma razão o air bag protege o moto- proteção a pessoa não se machuca.
Fonte: <www.space-travel.com/>.
Acesso em: 22 abr. 2016/
Arquivo da editora

a
1 v0&
4. Conservação da
p0&
quantidade de movimento
3 2 Vamos supor que um asteroide de massa m percor-
r
ra uma região distante do espaço com velocidade v 0 em
v1& relação a determinado referencial e que nenhuma força
externa seja exercida sobre ele (figura 14.7.a). O asteroide
p1&
1 é, portanto, um sistema isolado cuja quantidade de
movimento é:
r r
p0 5 mv
0

b Em determinado instante, por algum processo in-


terno, o asteroide explode em três fragmentos de massas
m1, m2 e m3, que passam a se deslocar com velocidades
v3& r r r
v 1, v 2, v 3 (figura 14.7b). Como não há forças externas, o
3
p3& conjunto desses três fragmentos continua sendo o mes-
mo sistema isolado cuja quantidade de movimento é:
r r r r
♦ Figura 14.7. Representação 2 p 5 m1v 1 1 m2v 21 m3v 3
(sem escala e em cores
v2&
fantasia) de um asteroide
partido em três p2&
fragmentos.

SiStema iSolado
A rigor não existem sistemas isolados, mesmo nas regiões mais remotas do espaço. Todo corpo ou sistema de cor-
pos, por exemplo, na superfície da Terra, está sujeito, no mínimo, à ação gravitacional terrestre e, portanto, a forças exter-
nas. Ainda que incluíssemos a Terra no sistema, haveria a força externa da Lua. Se incluíssemos a Lua no sistema, haveria
forças externas do Sol e dos planetas, e assim por diante.
No entanto, como será visto a seguir, muitas vezes as forças externas se equilibram ou têm efeitos desprezíveis, por
isso a existência de sistemas isolados, na prática, é bastante frequente.

214 U N I DAD E 4 – L E IS D E cO NSE rvAçãO


Pelo princípio da conservação da quantidade de movimento, pode-se afirmar
r
que a quantidade de movimento inicial do asteroide ( p0 ) é igual à soma das quan-
tidades de movimento de seus fragmentos, ou seja:

r r
p 5 p0

Esta é a expressão matemática desse princípio, cujo enunciado, em síntese,


afirma que:

Num sistema isolado, a quantidade de movimento total permanece constante.

Embora a conservação da quantidade de movimento seja um dos princípios


fundamentais da Física, é possível deduzi-la a partir da terceira lei de Newton.
Mesmo quando há forças externas, o sistema pode ser considerado isolado
desde que a resultante dessas forças seja nula. Desse modo, o princípio da conserva-
ção da quantidade de movimento pode ser enunciado também da seguinte maneira:

Se a resultante das forças externas exercidas em um sistema for nula, a Gwengoat/Getty Images

quantidade de movimento total desse sistema permanecerá constante.

Quando o tempo de interação é muito pequeno, o sistema pode ser conside-


rado isolado, ainda que haja forças externas não equilibradas.
Na figura 14.8, é possível observar várias colisões entre as bolas e entre as
bolas e as tabelas da mesa de bilhar. A rigor, nenhuma dessas colisões pode ser
considerada em um sistema isolado, pois sempre há forças externas de atrito
entre as bolas e entre elas e a mesa (em pouco tempo, todas as bolas ficam em
repouso). No entanto, como o intervalo de tempo em que cada colisão ocorre é ♦ Figura 14.8. Em um jogo
muito pequeno, o impulso externo exercido por essas forças durante a colisão é de bilhar, as colisões
não são sistemas isolados;
desprezível, e sistemas como esses podem ser considerados isolados “no tempo”.
entretanto, podem ser
Assim como há situações em que as forças externas existem, mas não pre- considerados isolados
cisam ser consideradas por serem ou terem efeitos desprezíveis, também há “no tempo”.

situações em que há forças externas cujos efeitos devem ser considerados,


porque, se não o forem, podem nos levar a conclusões absurdas na análise de
situações físicas.

Paulo Manzi/Arquivo da editora


Vejamos uma situação intrigante, observando a figura 14.9.
Sendo v0 5 2 m/s o módulo da velocidade do carrinho com
v0& v& = ?
o tijolo, qual será o módulo da velocidade do carrinho (v) depois
que o tijolo for retirado? Se aplicarmos a esta situação a expres-
são do princípio da conservação da quantidade de movimento,
r r ♦ Figura 14.9. Representação (sem escala e em
p 5 p0 , em módulo, vamos obter: cores fantasia) do sistema “carrinho 1 tijolo”.
(mcarrinho 1 mtijolo)v0 5 (mcarrinho)v ⇒ (1 1 1)2 5 1 v ⇒ v 5 4 m/s
Será possível este resultado? Por que o carrinho dobraria sua velocidade se
nenhuma ação foi exercida sobre ele?
É claro que tal resultado é absurdo. Ele aparece devido à aplicação incorreta
do princípio da conservação da quantidade de movimento. Neste caso, é óbvia a
presença da força externa — a força exercida pela pessoa que retira o tijolo de cima
do carrinho. Portanto, o sistema carrinho-tijolo não é isolado e a quantidade de
r r
movimento não se conserva, ou seja, p0 não é igual a p .

cAp í t U LO 14 – I m p U L SO E q UAN t I DAD E D E m OvI m E N tO 215


Qual seria, então, a velocidade do carrinho?
Como nenhuma ação é exercida sobre ele, a velocidade deve continuar
a mesma antes e depois de o tijolo ser retirado. Vale aqui a primeira lei de Newton:
o princípio da inércia. Logo, em qualquer caso, o módulo da velocidade do carrinho
depois que o tijolo for retirado continuará sendo v 5 2 m/s.
Na prática, é provável que a velocidade do carrinho seja reduzida devido
à força de atrito entre o tijolo e o carrinho, que deve aparecer durante a retirada.

as ilustrações desta página


estão representadas seM
escala e eM cores Fantasia.

ExErcíciOs rEsOlvidOs
5. A mola da figura abaixo está comprimida por dois Observação: Pela indicação da figura fica claro que a
blocos, A e B, de massas mA 5 2,0 kg e mB 5 3,0 kg, mola não se desloca e se mantém em repouso depois
sobre um plano horizontal sem atrito, presa por um que os blocos se soltam. No entanto, ela faz parte do
fio. Quando o fio se rompe, o sistema é solto. Verifi- sistema e, se fosse lançada em algum sentido ou ficas-
ca-se que o bloco B adquire velocidade de módulo se presa a um dos blocos, também deveria ser incluída
vB 5 4,0 m/s. Determine o módulo da velocidade na soma das quantidades de movimento final.
adquirida pelo bloco A. 6. A figura a seguir representa esquematicamente um
+ pêndulo balístico, dispositivo experimental usado
Ilustrações técnicas: Banco de imagens/Arquivo da editora

antigamente para determinar a velocidade de projé-


teis. Um projétil de massa mp 5 20 g é disparado
A B horizontalmente contra um bloco de madeira de
massa mb 5 5,0 kg suspenso, em repouso. Após o
+ impacto, o projétil se aloja no bloco e ambos sobem
uma altura h 5 20 cm. Qual é o módulo da velocida-
de do projétil ao atingir o bloco? (Adote g 5 10 m/s2.)
vA& vB&
A B

resolução: α

Como a resultante das forças externas ao sistema


blocos-mola é nula, pois não há atrito e os pesos de
A e B são equilibrados pelas forças normais exercidas
pelo plano, pode-se aplicar o princípio da conservação
da quantidade de movimento. A quantidade de movi-
r B
mento do sistema antes de a mola ser solta ( p0 ) é
h
igual à quantidade de movimento do sistema depois vP&
r A
de a mola ser solta ( p ). Então, temos:
r r ♦ Pêndulo balístico: a altura h é medida indiretamente por
p0 5 p
r meio do ângulo α.
Antes de a mola ser solta, p 5 0. Depois que a mola
r resolução:
é solta, o bloco A adquire velocidade vA e o bloco B
r
adquire velocidade vB . Logo, como todos os vetores Inicialmente vamos determinar o módulo da veloci-
têm a mesma direção, de acordo com o referencial dade do conjunto bloco-projétil logo após o impacto.
indicado na figura, em módulo e sinal, temos: Aplicando o princípio da conservação da energia me-
p 5 mA(2vA) 1 mBvB ⇒ 0 5 2mAvA 1 mBvB ⇒ cânica em relação aos pontos A e B da trajetória do
⇒ 0 5 2,0(2vA) 1 3,0 ? 4,0 ⇒ 2,0vA 5 12 ⇒ pêndulo, temos:
⇒ vA 5 6,0 m/s EC 1 E p 5 EC 1 E p (I)
A gA B gB

216 U N I DAD E 4 – L E IS D E cO NSE rvAçãO


Em relação ao ponto A, ECA 5 1 ? (mp 1 mb)v2, sen- Observações:
2 1a) Note que, no movimento do pêndulo, só é possível
do mp a massa do projétil, mb a massa do bloco e v o
considerar a conservação da energia mecânica váli-
módulo da velocidade do conjunto bloco-projétil logo
da depois de a bala penetrar no bloco; no impacto, ela
após o impacto.
não se conserva. Neste caso, a energia mecânica
Adotando como nível de referência o ponto A, temos (cinética) do projétil ao atingir o bloco é de 2 500 J e
E p 5 0. Em relação ao ponto B, EC 5 0, pois o con- a energia mecânica adquirida depois pelo conjunto
gA B

junto para ao atingir o ponto B, e E p 5 (mp 1 mb)gh, bloco-projétil é de 10 J. Há, portanto, uma perda de
gB

sendo h 5 20 cm 5 0,20 m. energia mecânica de 2 490 J, o que representa


Então, voltando à expressão (I), temos: 99,6% da energia mecânica do projétil (verifique!).
1 ? (m 1 m )v2 1 0 5 0 1 (m 1 m )gh ⇒ 2 ) O produto (0,020 1 5,0)2,00 é igual a 10 porque
a
p b p b
2 adotamos dois algarismos significativos — o resul-
⇒ 1 ? (mp 1 mb)v2 5 (mp 1 mb)gh ⇒ tado 10,04 seria incompatível com os dados do
2
enunciado. Note que, por este mesmo critério, toda
⇒v5 2gh ⇒ v 5 2 ? 10 ? 0,20 ⇒ a energia mecânica seria perdida, pois o resultado
⇒ v 5 2,0 m/s 2 490 J deveria ser expresso como 2 500 J, o que
Aplicando o princípio da conservação da quantidade corresponderia à perda total da energia. Embora
seja uma aproximação aceitável para uma perda de
de movimento ao sistema projétil-bloco imediata-
99,6%, nesta situação ela seria insatisfatória para
mente antes e após o último impacto, da expressão
r r a descrição do fenômeno observado, pois o 0,4%
p0 5 p , obtemos:
desprezado é que nos permite determinar a velo-
mpvp 5 (mp 1 mb)v ⇒ cidade do projétil. Em casos como este, como fize-
⇒ 0,020vp 5 (0,020 1 5,0)2,00 ⇒ mos aqui, é conveniente adotar pelo menos mais
⇒ 0,020vp 5 10 ⇒ vp 5 500 m/s um algarismo significativo.

Atenção: não escreva no livro.

ExErcíciOs As respostas completas dos exercícios conceituais contidos nesta sequência encontram-se no
Manual do Professor.
8. Dois copos de vidro idênticos caem da mesma altura, 11. Um astronauta no espaço está separado de sua nave.
batem no piso de uma sala do mesmo jeito e param Como ele pode se aproximar dela? Justifique sua res-
logo em seguida, mas só um deles se quebra; o outro posta. Livrando-se de algum objeto ou equipamento e
atirando-o no sentido contrário ao que pretende se mover.
não. Que hipóteses você pode levantar em relação

Reprodução/NASA
ao piso da sala e ao tempo de interação desses cho-
ques para explicar essa diferença? Justifique sua
resposta.

9. Uma bola de massa 100 g atinge o solo verticalmente


com velocidade de módulo 5,0 m/s e volta, na mes-
ma direção, com velocidade de módulo 2,0 m/s. Sa-
bendo que o tempo de interação entre a bola e o solo
é de 0,050 s, determine o módulo da força resultante
média exercida sobre a bola. FR 5 14 N

10. Na situação do carrinho e do tijolo, descrita na pá- ♦ Astronauta em atividade extraveicular durante a missão
gina 215, se, em vez de retirar o tijolo, ele fosse co- espacial STS-41-B em fevereiro de 1984.

locado, seria possível aplicar o princípio da conser- 12. Um barco a vela pode se mover com o vento produ-
vação da quantidade de movimento? Justifique sua zido por um ventilador colocado no próprio barco?
resposta. Sim. E se o barco não for a vela? Justifique sua resposta.
Sim; sim.

cAp í t U LO 14 – I m p U L SO E q UAN t I DAD E D E m OvI m E N tO 217


13. Um barco em repouso está encostado livremente 15. Um projétil de massa mp 5 20 g atinge horizontal-
num ancoradouro, como visto na figura abaixo. Um mente um bloco de madeira de massa mb 5 3,0 kg,
homem caminha em direção à proa, como mostra a em repouso sobre um plano horizontal sem atrito, e
figura. Ele vai atingir o ancoradouro? Explique sua nele se aloja. Após o choque, ambos passam a
resposta. Não. se movimentar com uma velocidade de módulo
as ilustrações desta página
4,0 m/s. Determine o módulo da velocidade do pro-
Paulo Manzi/Arquivo da editora

estão representadas seM


escala e eM cores Fantasia.
jétil ao atingir o bloco. v 5 600 m/s

16. A figura abaixo representa uma colisão de dois blocos


de massas mA 5 2,0 kg e mB 5 3,0 kg sobre um plano
horizontal sem atrito. Determine a velocidade comum
após a colisão e a energia cinética dissipada.
14. A gravura mostra um canhão muito usado em navios v 5 5,2 m/s; ED 5 242 J

Ilustrações técnicas:
Banco de imagens/ Arquivo da editora
vA = 10 m/s vB = 2,0 m/s
franceses desde o fim da Era das Grandes Navegações
vA& vB&
até as Guerras Napoleônicas. Segundo algumas fon- A B

tes*, ele tinha 620 kg e lançava balas esféricas de fer-


ro de massa 16 kg com velocidade inicial de 450 m/s. v&
A B
Se o disparo fosse feito na horizontal, qual seria a
velocidade inicial de recuo desse canhão?
vC 5 212 m/s 17. Um projétil de massa mp 5 30 g atinge um pêndulo
Reprodução/Wikipedia/Wikimedia Commons

balístico de massa mb 5 6,0 kg com velocidade de


módulo vp 5 400 m/s e nele se aloja, conforme a
figura abaixo. Qual é a altura máxima h que o pêndu-
lo atinge após o choque? (Adote g 5 10 m/s2.) 20 cm

vp&
* BOUDrIOt, Jean; BErtI, Hubert. L’Artillerie de mer: marine française
1650-1850. paris: Éditions Ancre, 1992.

5. Colisões
Ali Ender Birer/Shutterstock

colisões são choques entre corpos quaisquer: bolas de bilhar, automóveis


ou partículas subatômicas. A figura 14.10 exibe, por exemplo, as colisões em um
pêndulo conhecido como pêndulo de Newton.
Em qualquer tipo de colisão, num sistema isolado, a quantidade de movi-
mento total sempre se conserva, porém a energia cinética total do sistema
pode variar. Esta variação de energia cinética é uma das formas de clas-
♦ Figura 14.10. Colisões em sificar as colisões, que podem ser:
um pêndulo de Newton.
• perfeitamente inelásticas, quando os corpos se agrupam, como um único pro-
jétil alojando-se num bloco de madeira. Nessas colisões a perda de energia ci-
nética é a máxima possível;
• inelásticas, quando os corpos não se agrupam depois do choque, mas há perda
de energia cinética no sistema;
• elásticas, quando os corpos não se agrupam depois do choque e não há perda de
energia cinética no sistema.

218 U N I DAD E 4 – L E IS D E cO NSE rvAçãO


Em situações reais, no mundo macroscópico, as colisões são inelásticas, pois
sempre há perda de energia cinética. Todavia quando essa perda for desprezível,
algumas colisões podem ser consideradas elásticas.
No mundo das partículas subatômicas, no entanto, as colisões são, quase
sempre, elásticas ou até “superelásticas”.
Enquanto o estudo das colisões perfeitamente inelásticas pode ser realizado
apenas com o auxílio do princípio da conservação da quantidade de movimento,
nas demais colisões isso não é possível. Veja a figura 14.11.

Banco de imagens/Arquivo da editora


a antes b choque a depois b
vA& vB& v’A& v’B&

♦ Figura 14.11. As esferas mantêm-se separadas antes e depois do choque.


Representação sem escala e em cores fantasia.

O estudo de um choque inelástico ou elástico de duas esferas, A e B, implica


a determinação das velocidades vA e vB de cada esfera depois do choque. Há, por-
tanto, duas incógnitas a determinar, o que exige ao menos mais uma equação, além
daquela originada da aplicação do princípio da conservação da quantidade de mo-
vimento. Essa segunda equação pode ser obtida com o auxílio da variação da ener-
gia cinética ou por um novo conceito, definido a partir dessa variação, o de coefi-
ciente de restituição (e).
Na colisão entre dois corpos, o coeficiente de restituição* é definido pela razão
entre a diferença dos módulos das velocidades desses corpos “antes do choque”,
acrescidos dos sinais correspondentes ao referencial adotado.
Assim, na situação apresentada na figura, sendo essas diferenças vB 2 vA e
vA 2 vB , respectivamente, a diferença de velocidades das esferas depois do choque
e a diferença de velocidades das esferas antes do choque, o coeficiente de restitui-
ção, por definição, pode ser expresso pela razão:

v ⬘B ⫺ vA⬘
e5
vA ⫺ vB

ConexõeS: aS ColiSõeS no mundo SubatômiCo


O estudo das colisões é de grande interesse na Física moderna. Com o auxílio de feixes de partículas de alta ener-
gia, lançados com projéteis em direção a alvos que contêm átomos, núcleos ou outras partículas a serem exploradas, são
produzidas colisões cujos rastros fornecem pistas para detectar a estrutura dessas partículas. Quanto maior a energia
desses feixes, mais profundamente eles penetram na estrutura subatômica da matéria e mais significativas são essas
colisões.
As colisões no mundo subatômico têm-se mostrado bem diferentes daquelas de nosso mundo macroscópico. Além
de serem quase sempre elásticas, o que inexiste em nossa experiência cotidiana, há colisões que poderiam ser chamadas
de superelásticas, pois nelas a energia cinética do sistema aumenta, o que é explicado pela conversão de energia cinética
da massa de uma ou mais partículas que participam da colisão.

*O coeficiente de restituição é um número puro, pois é razão de unidades iguais e é sempre positivo.

cAp í t U LO 14 – I m p U L SO E q UAN t I DAD E D E m OvI m E N tO 219


as ilustrações desta página
estão representadas seM
escala e eM cores Fantasia.

ExErcíciOs rEsOlvidOs
7. Na figura abaixo está representada uma colisão fron- Neste caso, a esfera A para e a esfera B continua
tal de duas esferas, A e B, sobre um plano horizontal. o movimento no mesmo sentido com velocidade
vA& vB& maior do que a de antes do choque.
A B
Observação: Sempre vamos supor que, depois
da colisão, os corpos se movimentam no sentido
A esfera A tem massa mA 5 2,0 kg e velocidade
positivo do referencial. Dessa forma, os sinais
vA 5 4,0 m/s; esfera B tem massa mB 5 4,0 kg e ve-
obtidos para as velocidades indicam o sentido do
locidade vB 5 1,0 m/s. Determine a velocidade de
movimento de acordo com o referencial adotado.
cada esfera após o choque, supondo que a colisão seja:
8. Na situação representada na figura abaixo, o bloco 1
a) inelástica, de coeficiente de restituição e 5 0,50.
percorre uma pista horizontal com velocidade
b) elástica.
v1 5 10 m/s e se choca frontalmente com o bloco 2, em
resolução: repouso no ponto A. Depois do choque, o bloco 2 sobe
1 pela rampa até atingir o ponto B, onde para e volta.
vA& vB&
A B

Ilustrações: técnicas:
Banco de imagens/
Arquivo da editora
2
B
1 v1& 2
a) De acordo com o referencial indicado na figura aci-
ma e admitindo o sistema isolado, do princípio da A

conservação da quantidade de movimento, p0 5 p, Os blocos são idênticos; na pista e na rampa, o atrito


expresso em módulo, temos: é desprezível; e as colisões são elásticas.
mAvA 1 mBvB ⇒ a) Determine a velocidade de cada bloco depois da
⇒ 2,0 ? 4,0 1 4,0 ? 1,0 5 2,0v’A 1 4,0v’B ⇒ primeira colisão.
⇒ 2,0v’A 1 4,0v’B 5 12 (I) b) Descreva o que ocorre com cada bloco depois
vB⬘ ⫺ vA⬘ dessa colisão.
Sendo e 5 0,50 5 , temos:
vA ⫺ vB resolução:
v⬘ ⫺ vA⬘ a)
0,50 5 B ⇒v’B 2 v’A 5 1,5 (II)
vA ⫺ vB 1
v1&
De (I) e (II), obtemos: 1 2

v’A 5 1,0 m/s e v’B 5 2,5 m/s A

De acordo com o referencial adotado, como as De acordo com o referencial indicado na figura acima
velocidades resultaram positivas, conclui-se que e admitindo o sistema isolado, do princípio da conser-
ambas as esferas continuam se movendo no vação da quantidade de movimento, p0 5 p, temos:
mesmo sentido. m1v1 1 m2v2 5 m1v’1 1 m2v’2
b) Neste caso, a equação (I) continua válida, pois re- Como os blocos são idênticos, as massas são iguais.
sulta das condições iniciais da colisão, que não se Sendo v1 5 10 m/s e v2 5 0, podemos escrever:
alteram. Contudo, como a colisão agora é elástica, mv1 5 mv’1 1 mv’2 ⇒ 10 5 v’1 1v’2 (I)
o coeficiente de restituição passa a ser e 5 1. Logo, Sendo a colisão elástica, o coeficiente de restituição
v⬘ ⫺ vA⬘ v⬘ ⫺ vA⬘
da expressão e 5 B , temos: é e 5 1. Da expressão e 5 B , temos:
vA ⫺ vB vA ⫺ vB
vB⬘ ⫺ vA⬘ v2⬘ ⫺v1⬘ v⬘ ⫺ v1⬘
15 ⇒ v’B 2v’A 5 3,0 m/s (III) e5 ⇒15 2 ⇒ v’22v’1 5 10 m/s (II)
vA ⫺ vB v2 ⫺ v1 10 ⫺ 0
De (I) e (III), obtemos: De (I) e (II), obtemos:
v’A 5 0 m/s e v’B 5 30,0 m/s v’1 5 0 m/s e v’2 5 10 m/s

220 U N I DAD E 4 – L E IS D E cO NSE rvAçãO


Observações: A figura a seguir ilustra esta descrição.

Ilustrações técnicas: Banco de imagens/Arquivo da editora


1a) Houve uma troca de velocidades: o bloco 1 para e
o bloco 2 fica com a velocidade inicial do bloco 1.
Esta é uma propriedade característica das co- v1&
1 2
lisões frontais, elásticas, de corpos idênticos.
2a) Logo depois da colisão, o bloco 2 sobe pela ram- antes da 1a colisão
pa até parar no ponto B e volta, quando se choca

2
com o bloco 1 que permaneceu parado em A em 2
2

consequência da colisão inicial. Como não há atri-


to entre o bloco e a rampa, não há perda de ener- 1

gia enquanto ele se movimenta sobre ela. Por


depois da 1a colisão e antes da 2a colisão
isso, a velocidade do bloco 2 ao atingir o bloco 1 é
a mesma velocidade resultante da colisão inicial,
em sentido oposto; portanto, v2 5 210 m/s.
2v1&
b) Ocorre, então, uma segunda colisão, idêntica à 1 2

primeira — o bloco 2 para e o bloco 1 adquire a ve-


antes da 2a colisão
locidade do bloco 2, v1 5 210 m/s.

as ilustrações desta página


estão representadas seM
escala e eM cores Fantasia.

Atenção: não escreva no livro.

ExErcíciOs
Veja as respostas dos exercícios 18, 19 e 20 no Manual do Professor.
18. A figura abaixo representa a colisão frontal de duas a) inelástica, cujo coeficiente de restituição é
esferas, A e B, de massas mA 5 0,20 kg e mB 5 0,10 kg, e 5 0,50;
com velocidades de módulos vA 5 12 m/s e b) elástica.
vB 5 8,0 m/s, sobre um plano horizontal.
20. Na situação representada na figura abaixo, o bloco 1
r
vA& vB&
percorre uma pista horizontal com velocidade v 1 e se
A B choca frontalmente com o bloco 2, em repouso no
ponto A. Depois do choque, o bloco 2 sobe pela ram-
pa até atingir o ponto B, a 0,20 m de altura em relação
Determine a velocidade de cada esfera depois de
à horizontal, onde para e volta.
uma colisão:
a) inelástica, cujo coeficiente de restituição é
2

h 5 0,20 m

e 5 0,50;
B

b) elástica.
v1&
19. A figura a seguir representa a colisão frontal de duas 1 2

esferas, A e B, de massas mA 5 0,20 kg e A


mB 5 0,10 kg, com velocidade de módulos
Os blocos são idênticos e deslizam sobre pistas
vA 5 12 m/s e vB 5 8,0 m/s, sobre um plano horizontal.
onde o atrito é desprezível e as colisões são
elásticas.
vA& vB&
A B
a) Determine a velocidade de cada bloco depois da
primeira colisão.
Determine a velocidade de cada esfera depois de b) Descreva o que ocorre com cada bloco depois
uma colisão: dessa colisão.

cAp í t U LO 14 – I m p U L SO E q UAN t I DAD E D E m OvI m E N tO 221


AtividAde práticA Atenção: não escreva no livro.

O pêndulO dE nEwtOn, a simEtria


E a Física mOdErna

Chad Baker/Stone/Getty Images


A imagem ao lado mostra um pêndulo múlti-
plo, também chamado de pêndulo de Newton.
Trata-se de um dispositivo muito curioso que de-
monstra com bastante propriedade o princípio da
conservação da quantidade de movimento. De iní-
cio, levanta-se e solta-se uma esfera de uma das
pontas — quando ocorre o choque da esfera que cai
com a primeira esfera da fileira que ficou em repou-
so, o impulso se transmite por todas as esferas e a
última sobe do lado oposto. Se não houvesse perda
de energia, essa esfera atingiria a mesma altura da
♦ Pêndulo de Newton.
que provocou o choque inicial, voltaria para se cho-
car e o movimento continuaria indefinidamente.
Não é difícil adquirir um desses pêndulos por um preço bastante razoável pela internet ou em lojas de deco-
ração ou de comércio popular. O objetivo desta atividade com este tipo de pêndulo é fazer com ele um pouco mais
do que o que habitualmente se faz e discutir em grupo o que se percebe. O foco será a observação e a discussão
do assunto apresentado e, para isso, um dos integrantes do grupo deve primeiro elevar duas esferas, depois três,
e depois deve soltá-las para que colidam com as esferas em repouso e observar o que ocorre depois do choque.
Em seguida, procurem responder às questões abaixo:
I. O resultado obtido está de acordo com o princípio da conservação da quantidade de movimento?
II. Seria possível outro resultado que também estivesse de acordo com este princípio?
III. Em caso afirmativo, por que só este resultado ocorreria?
Como a última questão é a mais difícil, procuramos encaminhá-la com
esta breve apresentação do teorema de Emmy Noether (fotografia ao
Pi
ct
lado), uma das principais ferramentas teóricas da Física moderna, or
i
al
Pa
formulado e demonstrado em 1915 pela matemática alemã. ra
de
/H
u

Por meio do resultado, percebe-se que há simetria entre


lto
nA
rch

o que acontece depois com o que acontece antes. Segun-


ive
/G

do esse teorema, cada simetria analisada na Física (e há


etty
Imag

muitas outras além da apresentada nesta atividade) está


e s

relacionada a uma lei de conservação. Neste caso, tais


simetrias se relacionam à conservação da quantidade
de movimento. Em outras palavras, a conservação da
quantidade de movimento envolve a simetria entre o que
ocorre antes e o que ocorre depois da interação.
À primeira vista, esse teorema poderia ser útil apenas
para justificar alguns resultados experimentais intrigantes,
mas suas consequências têm sido exaustivamente aplicadas
pelos físicos teóricos, sobretudo no estudo das partículas elemen-
tares, que consiste em boa parte, na busca e na compreensão de sime-
♦ Emmy Noether (1882-1935),
trias e leis de conservação a elas associadas. matemática alemã. Fotografia de 1930.

222 U N I DAD E 4 – L E Is D E co NsE rvAção


Questões do enem e de Vestibulares Atenção: não escreva no livro.

tEstEs d) a energia potencial gravitacional, representada na


etapa II, seja totalmente convertida em energia
1. (Enem) Os carrinhos de brinquedo podem ser de vários
potencial elástica, representada na etapa IV.
tipos. Dentre eles, há os movidos a corda, em que uma
e) a energia potencial gravitacional, representada na
mola em seu interior é comprimida quando a criança
etapa I, seja totalmente convertida em energia
puxa o carrinho para trás. Ao ser solto, o carrinho entra
potencial elástica, representada na etapa III.
em movimento enquanto a mola volta à sua forma
inicial. O processo de conversão de energia que ocor- 3. (Enem) No nosso dia a dia, deparamo-nos com muitas
re no carrinho descrito também é verificado em: tarefas pequenas e problemas que demandam pouca
a) um dínamo. energia para serem resolvidos e, por isso, não consi-
b) um freio de automóvel. deramos a eficiência energética de nossas ações. No
c) um motor a combustão. global, isso significa desperdiçar muito calor que po-
d) uma usina hidroelétrica. deria ainda ser usado como fonte de energia para
X e) uma atiradeira (estilingue). outros processos. Em ambientes industriais, esse
reaproveitamento é feito por um processo chamado
2. (Enem) Uma das modalidades presentes nas Olim-
de cogeração. A figura a seguir ilustra um exemplo de
píadas é o salto com vara. As etapas de um dos saltos
cogeração na produção de energia elétrica.
de um atleta estão representadas na figura:
COGERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
Ilustrações: Banco de imagens/Arquivo da editora

Etapa I Etapa II
Energia
Turbina e Gases de
elétrica Vapor
gerador exaustão
secundária

Atleta corre com a vara. Atleta apoia a vara no chão.


Recuperação
de calor
Etapa III Etapa IV

Energia
elétrica Gerador
primária a diesel
Atleta atinge certa altura. Atleta cai em um colchão.

Desprezando-se as forças dissipativas (resistência


do ar e atrito), para que o salto atinja a maior altura
Entrada de
possível, ou seja, o máximo de energia seja conser- combustível
vada, é necessário que: Adaptado de: HINRICHS, R. A.; KLEINBACH, M. Energia e meio ambiente.
São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
a) a energia cinética, representada na etapa I, seja
totalmente convertida em energia potencial elás- Em relação ao processo secundário de aproveitamen-
tica representada na etapa IV. to de energia ilustrado na figura, a perda global de ener-
b) a energia cinética, representada na etapa II, seja gia é reduzida por meio da transformação de energia:
totalmente convertida em energia potencial gra- X a) térmica em mecânica.
vitacional, representada na etapa IV. b) mecânica em térmica.
X c) a energia cinética, representada na etapa I, seja c) química em térmica.
totalmente convertida em energia potencial gra- d) química em mecânica.
vitacional, representada na etapa III. e) elétrica em luminosa.

cap í t u lo 14 – I m p u l so e q uan t I dad e d e m ovI m e n to 223


4. (Enem) Usando pressões extremamente altas, equiva- truir uma série de palhetas, montadas sobre um eixo,
lentes às encontradas nas profundezas da Terra ou em que seriam postas em movimento pela agitação das
um planeta gigante, cientistas criaram um novo cristal partículas ao seu redor. Como o movimento ocorreria
capaz de armazenar quantidades enormes de energia. igualmente em ambos os sentidos de rotação, o cien-
Utilizando-se um aparato chamado bigorna de diaman- tista concebeu um segundo elemento, um dente de
te, um cristal de difluoreto de xenônio (XeF2) foi pres- engrenagem assimétrico. Assim, em escala muito
sionado, gerando um novo cristal com estrutura super- pequena, este tipo de motor poderia executar trabalho,
compacta e enorme quantidade de energia acumulada. por exemplo, puxando um pequeno peso para cima. O
Adaptado de: Inovação tecnológica. Disponível em: esquema, que já foi testado, é mostrado a seguir.
<www.inovacaotecnologica.com.br>. Acesso em: 7 jul. 2010.

Embora as condições citadas sejam diferentes do


Eixo
cotidiano, o processo de acumulação de energia des-
crito é análogo ao da energia:
a) armazenada em um carrinho de montanha-russa
Engrenagem
durante o trajeto. Palhetas
b) armazenada na água do reservatório de uma usi-
na hidrelétrica. Peso

c) liberada na queima de um palito de fósforo. Adaptado de: Inovação tecnológica. Disponível em:
<www.inovacaotecnologica.com.br>. Acesso em: 22 jul. 2010.
d) gerada nos reatores das usinas nucleares.
A explicação para a necessidade do uso da engrena-
X e) acumulada em uma mola comprimida.
gem com trava é:
5. (Fuvest-SP) Um gavião avista, abaixo dele, um melro
a) O travamento do motor, para que ele não se solte
e, para apanhá-lo, passa a voar verticalmente, con-
aleatoriamente.
seguindo agarrá-lo. Imediatamente antes do instan-
b) A seleção da velocidade, controlada pela pressão
te em que o gavião, de massa MG 5 300 g, agarra o
nos dentes da engrenagem.
melro, de massa MM 5 100 g, as velocidades do gavião
c) O controle do sentido da velocidade tangencial,
e do melro são, respectivamente, VG 5 80 km/h na
permitindo, inclusive, uma fácil leitura do seu valor.
direção vertical, para baixo, e VM 5 24 km/h na direção
X d) A determinação do movimento, devido ao caráter
horizontal, para a direita, como ilustra a figura a seguir.
vG
aleatório, cuja tendência é o equilíbrio.
Ilustrações técnicas: Banco de imagens/Arquivo da editora

e) A escolha do ângulo a ser girado, sendo possível,


inclusive, medi-lo pelo número de dentes da en-
grenagem.
7. (Uerj) Uma pessoa empurrou um carro por
r
uma dis-
tância de 26 m, aplicando uma força F de mesma
vM direção e sentido do deslocamento desse carro. O
α
gráfico abaixo representa a variação da intensidade
r
de F , em newtons, em função do deslocamento d,
u em metros.
F (N)
Imediatamente após a caça, o vetor velocidade u do
gavião, que voa segurando o melro, forma um ângu-
lo α com o plano horizontal tal que tan α é aproxima-
damente igual a:
d (m)
a) 20 X b) 10 c) 3 d) 0,3 e) 0,1
0 8 26
6. (Enem) Partículas suspensas em um fluido apresentam
contínua movimentação aleatória, chamado movimen- Desprezando o atrito, o trabalho total, em joules, rea-
r
to browniano, causado pelos choques das partículas lizado por F , equivale a:
que compõem o fluido. A ideia de um inventor era cons- a) 117 b) 130 c) 143 X d) 156

224 U N I DAD E 4 – L E Is D E co NsE rvAção


8. (Uerj) Um homem arrasta uma cadeira sobre um piso é comprimida por 3,0 cm. A que altura chegará a bo-
plano, percorrendo em linha reta uma distância de 1 m. linha se a mola for comprimida por 6,0 cm? (Consi-
Durante todo o percurso, a força que ele exerce sobre dere g 5 10,0 m/s².)
a cadeira possui intensidade igual a 4 N e direção de a) 3,0 m X c) 6,0 m e) 9,0 m
60¡ em relação ao piso. b) 4,5 m d) 7,5 m
O gráfico que melhor representa o trabalho T, reali- 11. (Vunesp-SP) Uma pessoa, com 80 kg de massa, gas-
zado por essa força ao longo de todo o deslocamen- ta para realizar determinada atividade física a mesma
to d, está indicado em: quantidade de energia que gastaria se subisse diver-
a) T (J) c) T (J) sos degraus de uma escada, equivalente a uma dis-

Ilustrações técnicas: Banco de imagens/Arquivo da editora


2 2
tância de 450 m na vertical, com velocidade constan-
te, num local onde g 5 10 m/s². A tabela a seguir
mostra a quantidade de energia, em joules, contida
0 1 d (m) 0 1 d (m)
em porções de massas iguais de alguns alimentos.
b) T (J) X d) T (J)
2 Alimento Energia por porção (kJ)
2
Espaguete 360
Pizza de muçarela 960
0 1 d (m) 0 1 d (m) chocolate 2 160
Batata frita 1 000

9. (Fuvest-SP) Um esqueitista treina em uma pista cujo castanha-de-caju 2 400

perfil está representado na figura abaixo. O trecho Considerando que o rendimento mecânico do corpo
horizontal AB está a uma altura h 5 2,4 m em relação humano seja da ordem de 25%, ou seja, que um quar-
ao trecho, também horizontal, CD. O esqueitista per- to da energia química ingerida na forma de alimentos
corre a pista no sentido de A para D. No trecho AB, ele seja utilizada para realizar um trabalho mecânico
está com velocidade constante, de módulo v 5 4 m/s; externo por meio da contração e expansão de mús-
em seguida, desce a rampa BC, percorre o trecho CD, culos, para repor exatamente a quantidade de ener-
o mais baixo da pista, e sobe a outra rampa até atingir gia gasta por essa pessoa em sua atividade física,
uma altura máxima H, em relação a CD. A velocidade ela deverá ingerir 4 porções de:
do esqueitista no trecho CD e a altura máxima H são, X a) castanha-de-caju d) pizza de muçarela
respectivamente, iguais a: b) batata frita e) espaguete
(Adote g 5 10 m/s²; desconsidere os efeitos dissi- c) chocolate
pativos e os movimentos do esqueitista em relação 12. (Ufam) Uma mesa de 10 kg é arrastada em linha reta
ao esqueite.) numa superfície horizontal sob a influência de uma
força, cuja intensidade varia com a posição da forma
A B indicada na figura a seguir. O trabalho (em joules)
H
exercido pela força quando a mesa se desloca da ori-
h
gem até o ponto x 5 10 m vale:
F (N)
C D
15

a) 5 m/s e 2,4 m. d) 8 m/s e 2,4 m. 10


b) 7 m/s e 2,4 m. X e) 8 m/s e 3,2 m.
c) 7 m/s e 3,2 m. 5

10. (PUC-RJ) Uma arma de mola, para atirar bolinhas de


0
brinquedo verticalmente para cima, arremessa uma 0 2 4 6 8 10 x (m)

bolinha de 20,0 g a uma altura de 1,5 m quando a mola a) 30 b) 40 X c) 45 d) 50 e) 55

cap í t u lo 14 – I m p u l so e q uan t I dad e d e m ovI m e n to 225


13. (Unama) Em um dos setores de produção de uma
indústria, um bloco em repouso e de peso 6,0 N vai
oceano rio
ser elevado, verticalmente, a uma plataforma que se
encontra a 9,8 m acima. Utilizando-se um cabo que
pode suportar, no máximo, uma força de tração de
30,0 N, e adotando g 5 10 m/s2, qual o tempo mínimo
em que essa operação pode ser realizada?
IV 2 Maré vazante
X a) 0,7 s b) 2,2 s c) 0,5 s d) 1,4 s
14. (UFRN) A produção de energia proveniente de maré, As duas situações que permitem a geração de ener-
“sistema maré-motriz” (no qual se utiliza o fluxo das gia elétrica são:
marés para movimentar uma turbina reversível capaz a) I e IV. b) I e III. c) II e III. X d) II e IV.

de converter em energia elétrica a energia potencial 15. (Ufam) Uma rã com 50 g de massa está parada sobre
gravitacional da água), constitui-se numa alternativa um pedaço de tábua com 1,00 m de comprimento e
de produção de energia de baixo impacto ambiental. 1,00 kg de massa, flutuando em repouso na superfí-
Um sistema desse tipo encontra-se em funciona- cie de um lago de águas paradas. Em dado instante,
mento na localidade de La Rance, França, desde a rã salta com o vetor velocidade de seu centro de
1966, com capacidade instalada de 240 megawatts. massa formando um ângulo de 60o com a tábua, que
As figuras abaixo mostram, esquematicamente, um recua com velocidade de 10 cm/s.
corte transversal da barragem de um sistema maré- Podemos afirmar que o módulo do vetor velocidade
-motriz, em quatro situações distintas, evidencian- da rã ao saltar vale:
do os níveis da água, nos dois lados da represa a) 0,1 m/s v&

(oceano e rio), em função da maré. b) 2,3 m/s


60¡
c) 2,0 m/s
Ilustrações: Paulo Manzi/Arquivo da editora

X d) 4,0 m/s
oceano rio
e) 40 m/s

prOblEmas
16. (PUC-RJ) Um objeto, de massa m 5 2,0 kg, é acelerado
até atingir a velocidade v 5 6,0 m/s sobre um plano
I 2 Maré baixa horizontal sem atrito. Ele se prepara para fazer a ma-
nobra de passar pelo aro (loop) de raio R 5 2,0 m. A
oceano rio região após o aro possui um coeficiente de atrito
cinético igual a 0,30. Considere g 5 10 m/s² e
despreze a resistência do ar.

g
Banco de imagens/
Arquivo da editora

II 2 Maré enchente v

oceano rio
a) O objeto acima conseguirá realizar o loop? Justi-
fique sua resposta. a) Não. Veja a resposta no
Manual do Professor.
b) Calcule a velocidade inicial mínima que o objeto deve
possuir de modo que faça o loop com segurança.
v 5 10,0 m/s
c) Dado um objeto que tenha a velocidade mínima
calculada no item b, qual seria a distância que ele
III 2 Maré alta percorreria após passar pelo aro? d 5 17 m

226 U N I DAD E 4 – L E IS D E CO NSE RVAÇÃO


17. (Unesp) Um tubo de massa M contendo uma gota de
éter de massa desprezível é suspenso por meio de vi vf
v⫽0
um fio leve, de comprimento L, conforme ilustrado na
figura. No local, despreza-se a resistência do ar sobre
os movimentos e adota-se para o módulo da acele- Antes da colisão Depois da colisão

ração da gravidade o valor g . Calcule o módulo da a) Colisão inelástica, porque os corpos se mantêm
juntos após a colisão.
velocidade horizontal mínima com que a rolha de A figura acima ilustra as situações descritas no texto.
massa m deve sair do tubo aquecido para que ele Considere que a massa do patinador é igual a 60 kg
atinja a altura de seu ponto de suspensão. M 2gL e a da patinadora é igual a 40 kg e que, para executar
m
Ilustrações: Paulo Manzi/Arquivo da editora

a acrobacia planejada, após a colisão eles deveriam


atingir uma velocidade de 5,0 m/s. Considere ainda
que o atrito entre os patins e a pista de patinação é
desprezível. Diante do exposto:
L = 0,20 m a) Identifique qual o tipo de colisão que ocorre entre
o casal de patinadores e justifique sua resposta.
M
b) A partir do cálculo da velocidade do casal após a
m colisão, explique se é ou não possível a realização
da acrobacia planejada por eles.
Vapós 5 4 m/s. Não será possível.
20. (Unicamp-SP) O lixo espacial é composto por partes
18. (UFBA) de naves espaciais e satélites fora de operação aban-
40 donados em órbita ao redor da Terra. Esses objetos
Força (N)

podem colidir com satélites, além de pôr em risco


20
astronautas em atividades extraveiculares.
Considere que, durante um reparo na estação espa-
0
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 cial, um astronauta substitui um painel solar, de
Intervalo de tempo da colisão (s)
massa mp 5 80 kg, cuja estrutura foi danificada. O
O gráfico mostra aproximadamente a força, em fun- astronauta estava inicialmente em repouso em re-
ção do tempo, que uma parede vertical exerce sobre lação à estação e, ao abandonar o painel no espaço,
uma bola de borracha de massa 30 g que se movi- lança-o com uma velocidade vp 5 0,15 m/s.
menta horizontalmente, desde o instante em que a a) Sabendo que a massa do astronauta é ma 5 60 kg,
bola toca na parede até o instante em que se sepa- calcule sua velocidade de recuo. v 5 0,2 m/s
ram. Considerando a colisão perfeitamente elástica, b) O gráfico no espaço de resposta mostra, de forma
calcule, a partir da análise do gráfico, o impulso que
simplificada, o módulo da força aplicada pelo as-
a parede transmite à bola e, com esse valor, deter-
tronauta sobre o painel em função do tempo du-
mine a velocidade inicial da bola. vi 5 23 m/s
rante o lançamento. Sabendo que a variação de
19. (UFRN) Durante a preparação para uma competição momento linear é igual ao impulso, cujo módulo
de patinação no gelo, um casal de patinadores pre- pode ser obtido pela área do gráfico, calcule a for-
tendia realizar uma acrobacia que exigia uma colisão ça máxima Fm‡x.. Fmáx. 5 20 N
entre eles. Para tanto, eles resolveram executar a
F
Ilustrações técnicas: Banco de
imagens/Arquivo da editora

seguinte sequência de movimentos: inicialmente, o Fm‡x.


patinador ficaria em repouso, enquanto sua com-
panheira se deslocaria em linha reta, em sua direção,
com velocidade constante igual 10 m/s e, em um
dado instante, ela colidiria com ele, que a tomaria
nos braços e os dois passariam a se deslocar juntos
t (s)
com determinada velocidade, como previsto pela lei
de conservação da quantidade de movimento. 0 0,3 0,6 0,9

CAP Í T U LO 14 – I M P U L SO E Q UAN T I DAD E D E M OVI M E N TO 227


cOnExõEs

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articular/Bettma

Steve Bower/Shutterstock/Glow Images


p

uma máquina quE mudOu O mundO: a máquina a vapOr


ção le
Co

Observe a imagem acima. Você sabe do que se trata? É a fotografia de uma lo-
comotiva a vapor do século XIX. Esta foi uma das maiores inovações nos meios de
transporte da História. Por esse motivo ela é símbolo de uma importante inovação
♦ Retrato de James Watt, de
Carl Frederik von Breda, tecnológica que desencadeou uma série de mudanças econômicas e sociais na Eu-
(1759-1818). Gravura. ropa dos séculos XVIII e XIX, alterando os rumos da História mundial a partir de então.
Coleção particular. National
Portrait Gallery, Londres, Estamos falando da máquina a vapor, invenção que deu impulso à Revolução Industrial.
Inglaterra. As primeiras máquinas térmicas surgiram no fim do século XVII, mas elas só
se tornaram economicamente viáveis pouco mais de sessenta anos depois, graças,
as iMagens desta página não estão
representadas eM proporção. sobretudo, a alguns dispositivos criados pelo engenheiro e mecânico escocês James
Watt (1736-1819). Foi por seu notável trabalho que a unidade de potência do SI,
razão entre energia (ou trabalho) e tempo, recebeu seu nome, como vimos no
♦ Uma das máquinas a vapor
construída por Watt. Capítulo 11.
Nascido em Greenock, na Escócia, filho de um
Jean-Loup Chamet/SPL/Latinstock

próspero carpinteiro que produzia equipamentos para


navios, educando-se em casa por causa de sua saúde
frágil, Watt familiarizou-se com o uso de máquinas
térmicas e ferramentas, o que, mais tarde, depois de
um estágio em Londres, possibilitou seu ingresso na
Universidade de Glasgow. Lá começou a se dedicar ao
estudo das máquinas a vapor com a primitiva máqui-
na do ferreiro inglês Thomas Newcomen (1663-1729),
inventada em 1712 e utilizada em aulas práticas na
universidade.

228 U N I DAD E 4 – L E Is D E co NsE rvAção


Science, Industry Business Library/New York Public Library/Science Photo Library
História, GEOGraFia E sOciOlOGia

O estudo das máquinas a vapor será realizado no Volume 2,


nos capítulos de Termodinâmica, porém é possível destacarmos
como sua invenção foi importante para o desenvolvimento, a
princípio, da Inglaterra, e, posteriormente, de toda a Europa. Isso
porque, com a máquina a vapor, surge uma nova e mais eficien-
te fonte de energia para a produção de alimentos e outros bens.
Este aumento de produção em larga escala leva ao surgimento
da grande indústria, caracterizando a denominada revolução
industrial.
As primitivas máquinas a vapor de Newcomen, ineficientes
e dispendiosas, só compensavam no bombeamento de água das
minas de carvão. A incipiente indústria têxtil britânica da época
experimentava progressos com a invenção dos teares, mas tais
máquinas pesadas eram acionadas por lentas rodas-d’água
numa região carente de cursos de água. A máquina a vapor de ♦ Máquina a vapor patenteada por Thomas
Newcomen, utilizada para retirar água de minas
Watt surgiu, portanto, num momento crítico — certamente pou-
de carvão. Gravura publicada no livro History and
cas invenções foram tão oportunas e causaram tanto impacto Progress of the Steam Engine, Inglaterra, 1830.
na história da humanidade como esta.
The Art Archive/Alamy/Other Images
A invenção da máquina a vapor alterou até mesmo a es-
trutura social europeia: por um lado, passou a empregar inúme-
ras pessoas em fábricas (incluindo mulheres e crianças) (veja a
fotografia ao lado); por outro, gerou um grande número de de-
sempregados em outros setores em que a mão de obra poderia
ser substituída por máquinas.
Matthew Boulton (1728-1809), empresário inglês e sócio
de Watt na fabricação e comercialização de máquinas a vapor,
que de rico se tornou milionário, sabia o que dizia ao apresentar
a invenção aos clientes: “Vendo, senhor, o que o mundo deseja
ter: energia!”.

♦ Operários ingleses do século XIX trabalhando em tear.


Interior do Coronation-Albion Towel Mill. Inglaterra, 1911.

Atenção: não escreva no livro.


ampliando o ConheCimento
1. Por que a máquina a vapor trouxe uma grande transformação na produção de alimentos e bens? Antes de
sua invenção, que fontes de energia eram utilizadas para produzir alimentos e bens como tecidos?
Veja a resposta no Manual do Professor.
2. Por que a invenção da locomotiva a vapor foi importante para o desenvolvimento da Europa?
Veja a resposta no Manual do Professor.
3. Uma das principais consequências da invenção da máquina a vapor foi a industrialização da Europa, o que,
por extensão, afetou outros países do mundo, que também se industrializaram, ainda que tardiamente.
Pesquise e responda:
a) Por que a Revolução Industrial gerou um grande número de desempregados?
Resposta pessoal.
b) Como eram as condições de trabalho nas indústrias europeias nessa época (ambiente de trabalho, carga
horária, etc.)? Que importância era dada aos direitos trabalhistas nesse momento da História?
Resposta pessoal.
4. Qual é o significado da frase de Matthew Boulton? Ela se aplicaria aos dias atuais? Justifique sua resposta.
Veja a resposta no Manual do Professor.

cap í t u lo 14 – I m p u l so e q uan t I dad e d e m ovI m e n to 229

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