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Universidade politécnica - A Politécnica

Instituto Superior de Estudos Universitários de Nampula- ISEUNA

IMPULSO E QUANTIDADE DE MOVIMENTO

Horácio Eusébio Lourenço


Kleiton Bruno Da Lucinda Alberto
Pacífico Ernesto Mahassa Jath
Vicente Da Rita Marcos Wiriamo
Victor Ivas Zungupa
Yuran dos Santos Lourenço

Engenharia Civil - I Semestre

Nampula, 2023
Horácio Eusébio Lourenço
Kleiton Bruno Da Lucinda Alberto
Pacífico Ernesto Mahassa Jath
Vicente Da Rita Marcos Wiriamo
Victor Ivas Zungupa
Yuran dos Santos Lourenço

IMPULSO E QUANTIDADE DE MOVIMENTO

Trabalho de carácter avaliativo


na cadeira de Física I, lecionada
pelo Docente:

Lic. Abel Crisostomo Carlos

Nampula
2023
Índice
Introdução................................................................................................................................... 1
1. Impulso e Quantidade de Movimento .................................................................................... 2
1.1. Impulso de uma força ...................................................................................................... 2
1.2. Quantidade de Movimento ou Momento linear .............................................................. 3
1.2.1. Conservação da quantidade de Movimento ................................................................. 5
1.3. Força média no impulso .................................................................................................. 7
2. Colisões Mecânicas ............................................................................................................. 8
2.2. Colisões perfeitamente Inelásticas ...................................................................................... 8
2.3. Colisões Perfeitamente Elásticas ......................................................................................... 9
3. Conclusão ............................................................................................................................. 11
Referência Bibliográfica .......................................................................................................... 12

I
Introdução

O presente trabalho pretende descrever de forma sintética aspectos relacionados ao tema em


estudo, sendo este Impulso e Quantidade de Movimento. Estudamos, até agora, a existência
de várias grandezas físicas que se inter-relacionam. O trabalho apresenta como objetivo
conhecer a relação entre a força aplicada a um corpo com o intervalo de tempo de sua atuação
e seus efeitos. Veremos que as grandezas Impulso e Quantidade de Movimento são
dimensionalmente iguais e são extremamente importantes para entendermos melhor o nosso
dia-a-dia.

Em testes de colisão de veículos automóveis, é notável a importância do air bag na redução


dos danos que um impacto pode causar no corpo, sobretudo no rosto e na cabeça. Essa redução
se deve principalmente ao intervalo de tempo em que ocorre a deformação sofrida pelo air bag
no momento da colisão. Segundo a Física, há uma relação fundamental entre dois desses pares
de grandezas, força e tempo, que estão diretamente relacionadas a outro par, massa e
velocidade. O primeiro par é a base da definição de impulso; o segundo, trata-se da base que
define a quantidade de movimento, grandezas que guardam entre si uma relação simples, mas
de implicações excepcionais para a compreensão da natureza. Em uma colisão como as dos
testes de veículos automóveis, para a mesma variação de velocidade, quanto maior o tempo de
interação, menor a força média exercida entre corpos que colidem; assim, a deformação do air
bag, por resultar no aumento do tempo de interação da colisão, reduz drasticamente a força
média exercida pelo painel do carro no rosto do motorista e os danos provocados sobre ele. O
estudo dessas novas grandezas - impulso e quantidade de movimento.

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1. Impulso e Quantidade de Movimento

Para entender o significado físico das relações entre força, intervalo de tempo e o efeito por
elas produzido num corpo de determinada massa e velocidade, vamos retomar a segunda lei de
Newton, 𝐹⃗ R= 𝑚𝑎⃗, vejamos a figura a seguir:

A força resultante 𝐹⃗ R constante, exercida sobre o bloco de massa m, representado na figura, faz
a sua velocidade variar de 𝑣⃗0 a 𝑣⃗1, ou seja, o bloco adquire aceleração 𝑎⃗. Da definição de
⃗⃗
∆𝑣
aceleração 𝑎⃗ = , podemos obter:
∆𝑡
∆𝑣⃗⃗
𝐹⃗ R= 𝑚 ∙ ou por outra, 𝐹⃗ R∆𝑡 = 𝑚∆𝑣⃗
∆𝑡

Como ∆𝑡 = 𝑣⃗ − 𝑣⃗0, então, podemos dizer que:


𝑚∆𝑣⃗ = 𝑚(𝑣⃗ − 𝑣⃗) = 𝑚𝑣⃗ − 𝑚𝑣⃗0 , assim sendo, voltando a equação teremos:
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑅 ∆𝑡 = 𝑚𝑣⃗ − 𝑚𝑣⃗0
Analisando do ponto de vista da física, podemos concluir dessa expressão que a força resultante
multiplicada pelo intervalo de tempo (𝐹 ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑅 ∆𝑡) em que ela é exercida sobre o bloco de massa m
representa uma grandeza capaz de variar outro tipo de grandeza: o produto 𝑚𝑣⃗, isto significa
que, essa expressão nos permite definir outras duas grandezas físicas:

 O produto ⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑅 ∆𝑡 é, por definição, o impulso da força 𝐹⃗ sobre o corpo, que denominamos
𝐼⃗𝐹 ;
 O produto 𝑚𝑣⃗ é, por definição, a quantidade de movimento ou momento linear do
corpo, que denominamos 𝑝⃗.

1.1.Impulso de uma força


Dizemos que uma força produz um impulso em um corpo quando esta força provoca a
variação da quantidade de movimento do corpo. O impulso é tanto maior quanto maior for o
tempo de atuação desta força ou quanto maior for a intensidade desta força, e é denotada por:

𝐼⃗𝐹 = ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑅 ∆𝑡

Desta forma, destacamos que o vector 𝐼⃗𝐹 , possui as seguintes características:

a) O módulo: |𝐼⃗𝐹 | = |𝐹⃗𝑅 | ∙ ∆𝑡;


b) A direção: sendo esta a mesma da 𝐹⃗𝑅 ;
c) O sentido: o mesmo de 𝐹⃗𝑅 .
A unidade no Sistema Internacional de Unidades para o impulso é o newton segundo (N∙s ou
newton vezes segundo). Esta unidade, também pode ser escrita como o produto da unidade de

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massa, o quilograma, pela unidade de velocidade, o metro por segundo, demonstrando-se
facilmente que "quilograma metro por segundo" (kg.m/s) é equivalente a "newton segundo"
(N.s).

Suponhamos que uma força constante 𝐹⃗𝑅 age numa partícula, durante um intervalo de tempo
t, como demostra a figura a seguir.

Consideremos o esquema a seguir, em que uma partícula movimenta-se ao longo do eixo Ox


sob a ação da força 𝐹⃗𝑅 , constante. Tracemos o gráfico do valor algébrico de 𝐹⃗𝑅 em função do
tempo:
Se calcularmos a área sombreada do diagrama ao lado,
teremos: A = b∙h, que neste caso é A = t∙F, como já sabemos
que t∙F = I, podemos convenientemente concluir que a área
do diagrama é numericamente igual ao impulso da força
𝐴=𝐼

Até agora, observamos situações relativamente simples em que a força resultante (𝐹⃗𝑅 ) que
propõe a um corpo mostra-se constante, contudo, pode se dar o caso de situações mais
complexas, em que esta força resultante que actua sobre o corpo é variável. Neste caso, as
equações anteriormente propostas não serão mais aplicáveis, de tal modo que, deve-se
determinar o Impulso pela integração de 𝐹(𝑡) no tempo:

𝐼⃗𝐹 = ∫ 𝐹(𝑡)𝑑𝑡

1.2.Quantidade de Movimento ou Momento linear


Sabemos, por experiência cotidiana, que tudo o que se move tende a parar; por extensão,
pode-se supor que o Universo tende a se imobilizar com o tempo. Para muitos pensadores do
século XVII, como o filósofo, físico e matemático francês René Descartes (1596-1650),
essa imobilização do Universo seria incompatível com a perfeição divina; por isso, Descartes
se refere à ideia de quantidade de movimento. Na sua obra Princípios de Filosofia, publicada
em 1644, afirma: “Deus é a causa primária do movimento e ele sempre conserva a mesma
quantidade de movimento no Universo”.
Mais tarde, Newton, na sua obra Principia, publicada em 1687, complementa essa ideia com a
seguinte definição: “A quantidade de movimento é a medida desse movimento, que resulta da
velocidade e da quantidade de matéria em conjunto”. No entanto, quantidade se refere a algo
que pode ser medido ou contado, o que não ocorre com movimento. Não é possível medir
movimento, pois movimento é fenômeno, não é grandeza física.
Nos dias de hoje, a expressão quantidade de movimento é substituída pela expressão
momento linear (salientar que existe também outra expressão, o momento angular, que
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substitui quantidade de movimento angular), por se tratar de uma expressão usualmente
comum, a tendência e de usarmos mais a “quantidade de movimento”. Quanto a simbologia,
convém a utilização do símbolo 𝑝⃗ ao invés do 𝑄⃗⃗ para que não seja reforçada a ideia de
quantidade.
A unidade de quantidade de movimento é o produto da unidade de massa pela unidade de
velocidade, portanto, kg∙m/s (quilograma ∙ metro por segundo) no SI.
Essas unidades não têm nome específico porque se referem a grandezas auxiliares, isto é,
impulso e quantidade de movimento são grandezas que permitem a análise de situações e a
resolução de problemas de Física, mas individualmente têm pouco interesse, ao contrário do
que acontece com velocidade, força, energia e potência, por exemplo.

Assim sendo, consideremos uma partícula de massa “m” dotada de velocidade 𝑣⃗, como ilustra
a figura a seguir:

Como mencionado anteriormente, o produto 𝑚𝑣⃗ é, por definição, a quantidade de movimento


ou momento linear do corpo, e é assim, denotada por:
𝑝⃗ = 𝑚𝑣⃗
Assim sendo, podemos afirmar que o vector 𝑝⃗ possui as seguintes características:
a) O módulo: |𝑝⃗| = 𝑚 ∙ |𝑣⃗|;
b) A direção: sendo esta a mesma da 𝑣⃗;
c) O sentido: o mesmo de 𝑣⃗.
Na maioria dos casos a massa do corpo permanece constante, e nestes casos a variação da
quantidade de movimento pode ser calculada como o produto da massa pela variação de
velocidade, como ilustrado acima. Porém a fórmula mais geral, aplicável a qualquer situação,
deve incluir os casos em que há variação não apenas na velocidade como na massa.
Assim sendo, dessa definição podemos escrever:
𝑚𝑣⃗ = 𝑝⃗ : sendo esta a quantidade de movimento final do corpo;
𝑚𝑣
⃗⃗⃗⃗⃗0 = ⃗⃗⃗⃗⃗:
𝑝0 quantidade de movimento inicial do corpo.
Neste caso o impulso é dado pela quantidade de movimento final (𝑝⃗) subtraída da quantidade
de movimento inicial (𝑝 ⃗⃗⃗⃗⃗).
0 Representando essa nova grandeza na expressão
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑅 ∆𝑡 = 𝑚𝑣⃗ − 𝑚𝑣⃗0 , temos:
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑅 ∆𝑡 = 𝑝⃗ − ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑝0

Como o produto ⃗⃗⃗⃗⃗


𝐹𝑅 ∆𝑡 é o impulso da força resultante 𝐼⃗𝐹 , e a diferença 𝑝⃗ − ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑝0 é a variação de
quantidade de movimento ∆𝑝 corpo sob a ação do impulso da força resultante 𝐼⃗𝐹 , podemos
escrever:

𝐼⃗𝐹 = 𝑝⃗ − ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑝0 ou por outra 𝐼⃗𝐹 = ∆𝑝⃗

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Essa expressão permite enunciar a relação entre impulso e quantidade de movimento. Gaspar,
(2006:175) à enuncia da seguinte maneira:
“O impulso da força resultante exercido sobre um corpo durante determinado intervalo
de tempo é igual à variação da quantidade de movimento desse corpo nesse intervalo
de tempo”.
Esse enunciado costuma ser chamado de teorema do impulso, mas poderia ser apresentado
como o enunciado da segunda lei de Newton, pois a expressão que o sintetiza, 𝐼⃗𝐹 = ∆𝑝⃗, está
mais próxima da expressão original dessa lei do que a expressão ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑅 = 𝑚𝑎⃗, com a qual se
convencionou apresentá-la. Na verdade ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑅 = 𝑚𝑎⃗ e 𝐼⃗𝐹 = ∆𝑝⃗ são expressões equivalentes, o que
é relativamente simples de demostrar:
⃗⃗⃗⃗⃗
∆𝑣
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑅 = 𝑚𝑎⃗ ⇒ ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑅 = 𝑚 ∙ ⇒ ⃗⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗⃗ ⇒ ⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑅 ∙ ∆𝑡 = 𝑚∆𝑣 𝐼𝐹𝑅 = ∆𝑝
⃗⃗⃗⃗
∆𝑡
Quando se trata de um sistema, notamos que, o impulso resultante sobre um sistema, causado
pelas forças externas que actuam sobre o sistema, é igual à variação da quantidade de
movimento total do sistema, que é denotada por:
𝑡𝑓
𝐼⃗𝑒𝑥𝑡𝑟𝑒𝑠 = ∫ 𝐹⃗𝑒𝑥𝑡𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑡 = ∆𝑝⃗𝑠𝑖𝑠
𝑡𝑖

1.2.1. Conservação da quantidade de Movimento


Os Princípios de Conservação, em física, são extremamente importantes para melhor
compreensão dos fenômenos do dia-a-dia e ajudam muito na resolução de problemas
complexos.
Neste caso é necessário que saibamos o conceito de Sistema Isolado; sistema no qual a
resultante das forças externas que atuam sobre ele é nula. Antes de enunciarmos este princípio,
vejamos sua demonstração.

Partindo do teorema do impulso, temos: 𝐼⃗𝐹 = ∆𝑝⃗, podemos escrever ainda que:

𝐹𝑅 ∆𝑡 = ∆𝑝⃗, neste caso, sendo o sistema isolado sabemos que: 𝐹⃗𝑅 = ⃗0⃗, portanto, podemos
⃗⃗⃗⃗⃗
escrever que: ∆𝑝⃗ = ⃗⃗ 𝑝0 = ⃗⃗
0, ou por outra, 𝑝⃗ − ⃗⃗⃗⃗⃗ 0, ou ainda:
𝑝⃗ = ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑝0
Essa é a expressão matemática desse princípio cujo enunciado, em síntese, afirma que: Num
sistema isolado a quantidade de movimento total permanece constante.
A conservação da quantidade de movimento é um dos princípios fundamentais da física. Mesmo
quando há forças externas, o sistema pode ser considerado isolado desde que a resultante dessas
forças seja nula. Dessa forma, esse princípio pode ser também da seguinte forma:
Gaspar, (2006:175). “Se a resultante das forças externas exercidas em um sistema for nula, a
quantidade de movimento total desse sistema permanecerá constante”.

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Quando o tempo de interação é muito pequeno, o sistema pode ser considerado isolado, mesmo
que haja forças externas não equilibradas, como por exemplo numa mesa de sinuca quando as
tacadas são feitas, é possível observar várias colisões entre as bolas e entre as bolas e as tabelas
da mesa.
A rigor, nenhuma dessas colisões pode ser considerada em um sistema isolado, pois sempre há
forças externas de atrito entre as bolas e entre elas e a mesa (em pouco tempo, todas as bolas
ficam em repouso). No entanto, como o intervalo de tempo em que cada colisão ocorre é muito
pequeno, o impulso externo exercido por essas forças durante a colisão é desprezível, e sistemas
como esses podem ser considerados isolados “no tempo”.
Sobre sistemas isolados podemos notar que “Um sistema é um conjunto de corpos que age
exclusivamente entre si. Nada externo a esse sistema pode agir sobre ele. A rigor não existem sistemas
isolados, mesmo nas regiões mais remotas do espaço. Todo corpo ou sistema de corpos, por exemplo,
na superfície da Terra, está sujeito, no mínimo, à ação gravitacional terrestre e, portanto, a forças
externas. Mesmo que incluíssemos a Terra no sistema, haveria a força externa da Lua. Se incluíssemos
a Lua no sistema, haveria forças externas do Sol e dos planetas e assim por diante. No entanto, como
será visto a seguir, muitas vezes as forças externas se equilibram ou têm efeitos desprezíveis, por isso
a existência de sistemas isolados, na prática, é bastante frequente.” (Gaspar, 2006:176).

Assim como há situações em que as forças externas existem, mas não precisam ser consideradas
por serem ou terem efeitos desprezíveis, também há situações em que há forças externas cujos
efeitos devem ser considerados, porque, se não forem, podem nos levar a conclusões absurdas
na análise de situações físicas. O princípio da conservação da quantidade de movimento, no
entanto, não tem exceções, desde que aplicado a sistemas verdadeiramente isolados. Vejamos
a situação curiosa descrita na figura a seguir:

Sendo 𝑣0 = 2 m/s o módulo da velocidade do carrinho com o tijolo, qual será o módulo da
velocidade do carrinho (v) depois que o tijolo for retirado? Se aplicarmos a essa situação a
expressão do princípio da conservação da quantidade de movimento, p&5 p&0 , em módulo,
vamos obter:

(𝑚𝑐𝑎𝑟𝑟𝑖𝑛ℎ𝑜 + 𝑚𝑡𝑖𝑗𝑜𝑙𝑜 )𝑣0 = (𝑚𝑐𝑎𝑟𝑟𝑖𝑛ℎ𝑜 )𝑣 ⇒ (1 + 1)2 = 1𝑣 ⇒ 𝑣 = 4 𝑚/𝑠

Será possível esse resultado? Por que o carrinho dobraria a sua velocidade se nenhuma ação foi
exercida sobre ele? É claro que esse resultado é absurdo. Esse absurdo aparece devido à
aplicação incorreta do princípio da conservação da quantidade de movimento.
Nesse caso, é óbvia a presença da força externa, isto é, a força exercida pela pessoa que retira
o tijolo de cima do carrinho. Portanto, o sistema não é isolado e a quantidade de movimento
não se conserva, ou seja, 𝑝⃗0 não é igual a 𝑝⃗. Assim sendo, fica a questão qual seria a velocidade
do carrinho?

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Como nenhuma ação é exercida sobre ele, a velocidade deve continuar a mesma antes e depois
de o tijolo ser retirado.
Vale aqui a primeira lei de Newton, o princípio da inércia. Logo, em qualquer caso, o módulo
da velocidade do carrinho depois que o tijolo for retirado continuará sendo 𝑣 = 2 𝑚/𝑠.
Na prática, é provável que a velocidade do carrinho seja reduzida devido à força de atrito entre
o tijolo e o carrinho, que deve aparecer durante a retirada.

1.3.Força média no impulso


Pelo princípio da ação e reação, em uma colisão entre dois corpos o módulo das forças de
interação é sempre igual. Consideremos o gráfico a seguir:

Trata-se de uma típica variação da força com o tempo durante uma colisão. A área sob a curva
𝐹𝑥 versus t é a componente x do impulso 𝐼𝑥 ∙ 𝐹𝑚.𝑥 é a força média no intervalo de tempo ∆𝑡, a
área rectangular 𝐹𝑚.𝑥 ∙ ∆𝑡 é igual a área sob a curva 𝐹𝑥 versus t.

Como dito anteriormente, a força resultante 𝐹⃗𝑅 que actua sob uma partícula está relacionada a
taxas de variação da quantidade de movimento da partícula pela segunda lei de Newton.
⃗⃗⃗⃗⃗⃗
∆𝑝
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑅 = ∆𝑡 . Integrando no tempo os dois lados desta equação, podemos obter:

𝑡𝑓 ⃗𝑝
𝑡𝑓 𝑑
∫ 𝐹⃗𝑅 ∙ 𝑑𝑡 = ∫ 𝑑𝑡 = 𝑝⃗𝑓 − 𝑝⃗𝑖
𝑡𝑖 𝑡𝑖 𝑑𝑡

Por definição, a média de uma força 𝐹⃗ no intervalo ∆𝑡 = 𝑡𝑓 − 𝑡𝑖 é dada por:

1 𝑡𝑓 1
⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑚é𝑑 = ∫ 𝐹⃗𝑅 ∙ 𝑑𝑡 = ∙ 𝐼⃗
∆𝑡 𝑡𝑖 ∆𝑡

Ou por outra temos: 𝐼⃗ = ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗


𝐹𝑚é𝑑 ∙ ∆𝑡
Assim sendo, a força média é a força constante que imprime o mesmo impulso que a força real,
no intervalo de tempo ∆𝑡, como mostrado pelo retângulo no gráfico anteriormente mostrado. A
força resultante média pode ser calculada a partir da variação da quantidade de movimento, se
o tempo da colisão é conhecido. Este tempo pode, com frequência, ser estimado usando-se o
deslocamento de um dos corpos durante a colisão.

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2. Colisões Mecânicas
Choques mecânicos ou colisões mecânicas são resultados de interação entre corpos.
Podemos dividir essas interações em duas partes:
 Deformação: onde a energia cinética é convertida em energia potencial;
 Restituição: A energia potencial é transformada em energia cinética. Esta
transformação pode ser total, parcial ou até não existir.
Num jogo de bilhar, por exemplo, podemos observar um bom número de colisões mecânicas.
As bolas, lançadas umas contra as outras, interagem entre si, alterando as características de seus
movimentos iniciais.
Vejamos por outro ponto de perspectiva, seja um corpo de massa 𝑚1 com velocidade inicial 𝑣1
que se aproxima de um segundo corpo, de massa 𝑚2 que se move no mesmo sentido com
velocidade inicial 𝑣2 . Se 𝑣2 < 𝑣1 os corpos colidirão. Sejam 𝑣1𝑓 e 𝑣2𝑓 as velocidades após a
colisão. Os dois corpos podem ser considerados como um sistema isolado. A conservação da
quantidade de movimento fornece uma equação entre duas grandezas desconhecidas, 𝑣1𝑓 e 𝑣2𝑓 .

𝑚1 𝑣1𝑓 + 𝑚2 𝑣2𝑓 = 𝑚1 𝑣1𝑖 + 𝑚2 𝑣2𝑖

Para determinar 𝑣1𝑓 e 𝑣2𝑓 , uma segunda equação é necessária. Esta segunda equação depende
do tipo de colisão. Para estudarmos os diversos tipos de colisão, precisamos utilizar o conceito
de coeficiente de restituição:
𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑓𝑎𝑠𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑣′𝐵 − 𝑣′𝐴
𝑒=| | ⇒𝑒=| |
𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑝𝑟𝑜𝑥𝑖𝑚𝑎çã𝑜 𝑣𝐴 − 𝑣𝐵
Onde:
 𝑣′𝐴 = 𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝐴 𝑑𝑒𝑝𝑜𝑖𝑠 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑙𝑖𝑠ã𝑜.
 𝑣′𝐵 = 𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝐵 𝑑𝑒𝑝𝑜𝑖𝑠 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑙𝑖𝑠ã𝑜.
 𝑣𝐵 = 𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝐵 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑙𝑖𝑠ã𝑜.
 𝑣𝐴 = 𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝐴 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑙𝑖𝑠ã𝑜.
Assim sendo, teremos os seguintes casos:
1) Se 𝑒 = 0, teremos uma colisão perfeitamente inelástica (𝑣′𝐵 = 𝑣′𝐴 );
2) Se 𝑒 = 1, teremos uma colisão perfeitamente elástica;
3) Se 0 < 𝑒 < 1, teremos uma colisão parcialmente elástica;
4) Se 𝑒 > 1, teremos uma colisão superplástica (reações nucleares).

2.2. Colisões perfeitamente Inelásticas


Nas colisões perfeitamente inelásticas, os corpos possuem a mesma velocidade depois da
colisão, formando um único bloco depois do choque. A quantidade de movimento do sistema
se conserva, porém, durante a colisão, há deformação, com dissipação de energia. Neste caso,
a energia cinética não se conserva.
𝑒 = 0 ⇒ 𝑝⃗𝑖 = 𝑝⃗𝑓 ⇒ 𝐸𝑐𝑖 > 𝐸𝑐𝑓

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Tomemos como exemplo, uma colisão suave entre um vagão ferroviário em movimento e um
outro vagão inicialmente em repouso, na qual os dois os dois vagões engatam, trata-se uma
colisão perfeitamente inelástica. Para velocidades finais são iguais entre si e à velocidade do
centro de massa.
𝑣1𝑓 = 𝑣2𝑓 = 𝑣𝑐𝑚

Substituindo este resultado na equação anteriormente proposta obtemos:


(𝑚1 + 𝑚2 )𝑣𝑐𝑚 = 𝑚1 𝑣1𝑖 + 𝑚2 𝑣2𝑖
Pode por vezes ser útil expressar a energia cinética K de uma partícula em termos de sua
quantidade de movimento, 𝑝. Para uma massa 𝑚 que se move ao longo do eixo 𝑥 com
velocidade 𝑣, temos:
1 (𝑚𝑣)2
𝐸𝑐𝑖 = 𝑚𝑣 2 =
2 2𝑚
Como 𝑝 = 𝑚𝑣, podemos escrever:
𝑝2
𝐸𝑐𝑖 =
2𝑚
Isto pode ser aplicado a uma colisão perfeitamente inelástica, onde o corpo está inicialmente
em repouso. A quantidade de movimento do sistema é a do corpo projétil:
𝑃𝑠𝑖𝑠 = 𝑝1𝑖 = 𝑚1 𝑣1𝑖
A energia cinética inicial é:
2
𝑝𝑠𝑖𝑠
𝐸𝑐𝑖𝑖 =
2𝑚1
Após a colisão, os corpos se movem juntos, como uma massa única 𝑚1 + 𝑚2 , com velocidade
𝑣𝑐𝑚 . A quantidade de movimento é conservada, de modo que a quantidade de movimento final
seja igual a 𝑃𝑠𝑖𝑠 . Assim sendo, a energia cinética final é, então:
2
𝑃𝑠𝑖𝑠
𝐸𝑐𝑖𝑓 = (𝑐𝑜𝑙𝑖𝑠õ𝑒𝑠 𝑝𝑒𝑟𝑓𝑒𝑖𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑖𝑛𝑒𝑙á𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎𝑠)
2(𝑚1 + 𝑚2 )

2.3. Colisões Perfeitamente Elásticas


Em colisões elásticas, a energia cinética do sistema é a mesma antes e depois da colisão.
Colisões elásticas são ideias, ás vezes acontecendo de forma aproximada, mas nunca de forma
exata, no mundo macroscópico. Se uma bola largada sobre uma plataforma de concreto repica
de volta à sua altura original, então a colisão entre a bola e o concreto terá sido elástica. Esta
situação nunca foi observada. No nível microscópico, colisões elásticas são comuns. Por
exemplo, as colisões entre moléculas de ar às temperaturas encontradas na superfície da Terra
são quase sempre elásticas.
No caso do choque perfeitamente elástico, após a colisão os corpos movem-se separadamente.
A quantidade de movimento também se conserva assim como a energia cinética do sistema.
𝑒 = 1 ⇒ 𝑝⃗𝑖 = 𝑝⃗𝑓 ⇒ 𝐸𝑐𝑖 = 𝐸𝑐𝑓

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Tendo em conta o facto de que somente para colisões elásticas a energia cinética e a mesma,
antes e depois da colisão, podemos substituir na mesma equação anteriormente proposta:
𝑚1 𝑣1𝑓 + 𝑚2 𝑣2𝑓 = 𝑚1 𝑣1𝑖 + 𝑚2 𝑣2𝑖

Podemos obter:
1 2
1 2
1 2
1 2
𝑚1 𝑣1𝑓 + 𝑚2 𝑣2𝑓 = 𝑚1 𝑣1𝑖 + 𝑚2 𝑣2𝑖
2 2 2 2
Estas duas equações são suficientes para determinar as velocidades finais dos dois corpos, se
conhecemos as velocidades iniciais e as massas. No entanto, a natureza quadrática da segunda
equação complica a solução simultânea de ambas. Assim sendo, fazendo um rearranjo a
equação fica:
2 2 2 2
𝑚2 (𝑣2𝑓 − 𝑣2𝑖 ) = 𝑚1 (𝑣1𝑖 − 𝑣1𝑓 )
2 2
Desenvolvendo a diferença de quadrados (𝑣2𝑓 − 𝑣2𝑖 ) = (𝑣2𝑓 − 𝑣2𝑖 )(𝑣2𝑓 + 𝑣2𝑖 ) e
2 2
(𝑣1𝑓 − 𝑣1𝑖 ) = (𝑣1𝑓 − 𝑣1𝑖 )(𝑣1𝑓 + 𝑣1𝑖 ) obtemos:

𝑚2 (𝑣2𝑓 − 𝑣2𝑖 )(𝑣2𝑓 + 𝑣2𝑖 ) = 𝑚1 (𝑣1𝑓 − 𝑣1𝑖 )(𝑣1𝑓 + 𝑣1𝑖 )

Rearranjando a equação da conservação da quantidade de movimento obtemos que:

𝑚2 (𝑣2𝑓 − 𝑣2𝑖 ) = 𝑚1 (𝑣1𝑖 − 𝑣1𝑓 )

Para o caso de se querer obter apenas os valores das velocidades temos:


𝑣2𝑓 + 𝑣2𝑖 = 𝑣1𝑓 + 𝑣1𝑖 ⇒ 𝑣1𝑖 − 𝑣2𝑖 = 𝑣2𝑓 − 𝑣1𝑓

Onde 𝑣1𝑖 − 𝑣2𝑖 é a rapidez de aproximação das partículas antes da colisão e 𝑣2𝑓 − 𝑣1𝑓 é a
rapidez de separação após a colisão. Em colisões elásticas, a rapidez de separação é igual à
rapidez de aproximação.
Resumo Geral das Colisões
Tipos e Ec 𝑝
Elástica 1 Ecf = Eci 𝑝⃗𝑖 = 𝑝⃗𝑓
Parcialmente elástica 0<e<1 Ecf < Eci 𝑝⃗𝑖 = 𝑝⃗𝑓
Inelástica 0 Ecf < Eci 𝑝⃗𝑖 = 𝑝⃗𝑓

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3. Conclusão
Esperamos que este material possa contribuir com os conhecimento de Física do Ensino
Superior, para o ensino do tema em questão. Que venha a enriquecer as conhecimento e
colaborar para o ensino desta disciplina de Física I, de maneira contextualizada e
interdisciplinar.

A aplicação do presente material poderá levar a uma aprendizagem mais significativa em


relação aos conteúdos de física. Contribuindo para que os estudantes estabeleçam relações dos
conceitos físicos a situações vivenciadas ou presentes em seu cotidiano.

A teoria aliada a prática facilitará o compreensão deste conteúdo, faz com que o estudo deta
matéria se torne-se mais dinâmica e participativa.

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Referência Bibliográfica

Tipller P. A., Física v.1. 4ª Edição. Livros Técnicos e Científicos Editora.

Máximo, A.; Alvarenga, B. Física, volume único, ISBN 85-286- 3018-2. Editora Scipione

Gaspar A. (2013). Física. Editora Ática. São Paulo – 2a edição

Unidade VII: Impulso, Quantidade de Mov. e Colisões.

<http://www.fisicafacil.net.

Lemes M. R., Sbruzzi L. Fernando. Impulso e quantidade de movimento.

<http://www.vestibular1.com.br.

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