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MÁQUINAS
UNIDADE I
DINÂMICA DE MECANISMOS
Autoria
Samuel José Casarin
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................................................4
UNIDADE I
DINÂMICA DE MECANISMOS...............................................................................................................................................5
CAPÍTULO 1
FUNDAMENTOS DE DINÂMICA NA ENGENHARIA............................................................................................. 5
CAPÍTULO 2
MÉTODOS MATEMÁTICOS DE ANÁLISE-SOLUÇÃO DE SISTEMAS DINÂMICOS............................... 14
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................................23
INTRODUÇÃO
Seguindo o estabelecido por Hibeller (2011, p. 1), a mecânica é uma área da física
que trata do estado de repouso e de movimentos de corpos sujeitos à ação de forças,
sendo subdividido em três áreas: mecânica dos corpos rígidos, mecânica dos corpos
deformáveis e mecânica dos fluidos.
A mecânica dos corpos rígidos, por sua vez, divide-se em duas outras áreas: estática e
dinâmica. A estática trata do equilíbrio dos corpos, seja daqueles que estão em repouso
ou em movimento com velocidade constante, a dinâmica se preocupa com o movimento
acelerado dos corpos.
Assim, nesta disciplina, será dado destaque aos fundamentos de dinâmica, a análise
dinâmica dos movimentos das máquinas e seus elementos, a importância do
balanceamento estático e dinâmico de mecanismos. Estudaremos também a dinâmica
de motores e de cames, além do importante estudo/análise de vibrações em máquinas.
Objetivos
» Conhecer e entender os fundamentos de dinâmica que regem as máquinas.
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DINÂMICA DE
MECANISMOS
UNIDADE I
Capítulo 1
FUNDAMENTOS DE DINÂMICA NA ENGENHARIA
é Isaac Newton (1643-1727), pois foi a partir de suas teorias que a Dinâmica teve
que a velocidade estava diretamente relacionada à força que agia de modo contínuo
conhecidos como as “Leis de Newton”. Essas leis tornaram possível a compreensão das
interações entre os corpos e a origem dos movimentos. Vamos ver brevemente as três
tende a permanecer em movimento, desde que nenhuma força atue sobre ele.
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UNIDADE i | Dinâmica de Mecanismos
F=m.a
Onde:
F = força resultante de todas as que atuam sobre o corpo. É dada em [N] no SI.
m = massa do corpo sobre o qual as forças atuam. A massa é dada em [kg] no SI.
a = aceleração do corpo sob a ação das forças. A aceleração é dada em [m/s2] no SI.
De uma forma mais “elegante” podemos reescrever a equação da segunda lei de Newton
assim, na forma diferencial:
F = m.(d2x/dt2)
Sempre que um corpo exerce uma força sobre outro, o segundo reage, exercendo no
primeiro uma força de mesma intensidade e direção, porém em sentido contrário.
Portanto, é a partir do estudo das forças atuantes sobre um corpo que é possível fazer
uma análise dinâmica.
» força peso;
» força elástica;
» força gravitacional;
» força de atrito;
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Dinâmica de Mecanismos | UNIDADE i
» força centrípeta;
» força magnética;
Quando analisamos um sistema mecânico, a parte que trata de Dinâmica das Máquinas
(conforme indica a figura 1) envolve a existência de movimento e a existência de força.
Por sua vez um corpo rígido é aquele cujas mudanças de forma são desprezíveis quando
comparadas com as dimensões totais do corpo ou com as mudanças na posição do
corpo como um todo.
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UNIDADE i | Dinâmica de Mecanismos
» Formule o problema e:
» Desenvolva a solução:
› determine as conclusões.
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Dinâmica de Mecanismos | UNIDADE i
Onde:
Onde:
v = ds/dt.
Fazendo a análise acima, ponto a ponto no gráfico da figura 2a, obtemos a curva do
gráfico da figura 2b. De forma análoga ao raciocínio anterior, nesse caso, na tangente à
curva em um dado instante de tempo t obtemos a taxa de variação que é a aceleração
(a), tal que a = dv/dt. Fazendo a mesma análise anterior, ponto a ponto no gráfico
da figura 2b, obtemos a curva do gráfico da figura 2c que representa a variação da
aceleração com o tempo.
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UNIDADE i | Dinâmica de Mecanismos
(a)
(b)
(c)
A partir da curva do gráfico da figura 2b, a área sob a curva (v x t) durante o intervalo
de tempo dt é (vdt), que é igual ao deslocamento ds. Dessa forma, o deslocamento
de uma partícula durante o intervalo de tempo entre t1 e t2 corresponde a área sob a
curva e é dada por:
s2 t2
∫ s1
ds =∫ v.dt ou s2 − s1 =∆s
t1
Assim:
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Dinâmica de Mecanismos | UNIDADE i
v2 t2
∫ v1
dv =∫ a.dt ou v2 − v1 =∆v
t1
Assim:
Por sua vez, quando a velocidade (v) é representada graficamente como v = f(s),
figura 3, a taxa de variação da curva em qualquer ponto A é (dv/ds). Da similaridade
de triângulos, podemos estabelecer a seguinte relação:
CB dv dv
= → CB = v. = a
v ds ds
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UNIDADE i | Dinâmica de Mecanismos
Um cursor montado entre molas (figura 4) se move em uma guia horizontal com atrito
desprezível e possui uma velocidade vo na direção “s” quando cruza o ponto médio
onde s = 0 e t = 0. As duas molas juntas exercem uma força de retardo ao movimento
do cursor, a qual fornece uma aceleração proporcional ao deslocamento, mas oposta
em sentido e igual a (a = -k2s), onde k é uma constante. Quais são as expressões para
se calcular o deslocamento (s) e a velocidade (v) do cursor como função do tempo (t)?
Solução:
a = - k2s
∫ v.dv = ∫ −k 2 .s.ds
v2 k 2 .s 2
=
− + C1
2 2
Sendo que C1 = constante de integração
v02
Quando s = 0 → C1 =
2
Logo:
v2 k 2 .s 2 v02
=
− +
2 2 2
=v v02 − k 2 s 2
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Dinâmica de Mecanismos | UNIDADE i
Logo:
1 ds
∫ dt =∫ .ds =∫
v v0 − k 2 s 2
2
1 ks
sen −1 = t + C2
k v0
Sabendo da condição de que t = 0 quando s = 0, obtemos C2 = 0 e chegamos a primeira
equação de s = f(t):
v0
s= .senkt
k
Sabendo também que v = ds/dt, chegamos à segunda equação que relaciona v = f(t),
ou seja:
v = v0 .coskt
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Capítulo 2
MÉTODOS MATEMÁTICOS DE ANÁLISE-SOLUÇÃO DE
SISTEMAS DINÂMICOS
» Sistema não linear: trata-se de um sistema que não permite aplicar o princípio
da superposição.
Onde:
t é variável temporal,
x = (x1, x2, ..., xm) = são as variáveis de posição, também definidas de variáveis de estado,
f = (f1, f2, ..., fm) é o vetor que representa o campo de direções, também definidas de
variação espacial.
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Dinâmica de Mecanismos | UNIDADE i
dx
Lembrando sempre que: x =
dt
Vejamos um exemplo:
x
Dado um sistema que obedece a relação:
= x r.x. 1 −
K
Sendo que x = x(t), então, determinar x(t) significa encontrar uma função x que satisfaça
a equação diferencial acima e também a uma condição inicial especificada x(0) = x0,
onde x é a variável dependente que representa o tamanho populacional. Além disso,
t é uma variável que evolui livremente, isto é, independente. Já, r e K são a taxa de
crescimento e capacidade de carga, respectivamente, as quais representam parâmetros
que influenciam a equação. Nesse modelo, não há dependência temporal em r e K e
seus valores permanecem constantes (Salustiano Jr., 2019).
Os sistemas mecânicos, que são aqueles que trataremos aqui, como já foi visto em
outros capítulos, podem ser translacionais ou rotacionais, nos quais são analisadas as
variáveis velocidade (visto que o sistema é dinâmico) e força.
dQ d ( mv ) dv
F
= = = m. = m.a
dt dt dt
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dQ
F = → dQ =Fdt → Q =∫ Fdt
dt
A energia envolvida (U) é a energia cinética, Ec, tal que:
1 2
U
= Ec
= mv
2
Graficamente temo (figura 5):
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Da Lei de Hooke:
1 1 1
F = Kx → x = F →U = .F 2 = K .x 2
K 2K 2
Temos que:
1
F = C.v → U = C.v 2
2
Potência (P):
F2
P F=
= v2
.v C.=
C
Lembrando que C = constante de amortecimento.
Onde:
h = momento angular;
I = momento de inércia;
ω = velocidade angular.
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dh dω
T
= = I . = I .α
dt dt
Onde α é a aceleração angular.
1
Da figura 8, temos que: U = I .ω 2
2
Uma mola quando solicitada por uma rotação devido a uma velocidade angular (ω)
segue o seguinte modelo (figura 9):
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Dinâmica de Mecanismos | UNIDADE i
dθ
ω = → dθ =ω.dt → θ =∫ω dt
dt
Assim:
1 1
T= K .θ → θ= T → U= K .θ 2
K 2
Temos que:
1
T = C.ω → U = C.ω 2
2
Essa mesma análise realizada para sistemas mecânicos (massa, mola e amortecedor)
pode ser feita para sistemas elétricos, sistemas fluidos, sistemas magnéticos e sistemas
térmicos, de tal forma que:
» Sistemas elétricos (tensão e corrente elétrica):
› indutância: armazena energia no campo magnético;
› capacitância: armazena energia no campo elétrico;
› resistência: dissipação de energia elétrica.
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UNIDADE i | Dinâmica de Mecanismos
› reservatório de fluido;
› tanque pressurizado;
› relutância magnética;
O passo inicial é identificar as forças e os torques (caso existam) que atuam sobre
o objeto. O passo seguinte é reduzir esse sistema de forças e torques a um ponto
preliminarmente escolhido. Em se tratando de uma partícula, o ponto óbvio é a própria
partícula; em se tratando de um sistema de partículas ou corpo, esse ponto poderá ser o
centro de massa, um ponto fixo no referencial, ou ainda, algum outro ponto que torne
conveniente naquele caso específico. Pode-se adotar um sistema de vetores.
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UNIDADE i | Dinâmica de Mecanismos
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REFERÊNCIAS
HIBELLER, R. C. Estática – mecânica para a engenharia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.
MELO, F. Q.; CARNEIRO, J. Física I: Cinemática e Dinâmica das Cames. Universidade do Minho, Portugal,
2008.
MERIAN, J. L.; KRAIGE, L. G. Mecânica: Dinâmica. 5ª Edição. Rio de Janeiro-RJ, LTC, 2004.
Figuras
Figura 1. Divisões da Mecânica. Disponível em http://www.um.pro.br/acionamentos/index.
php?c=sistemamecanico. Acesso em: 10/8/2023.
Figura 2. Relações gráficas: (a) s x t; (b) v x t; (c) a x t. Adaptado de Merian e Kraige, 2004. (p. 14).
Figura 4. Cursor em uma guia horizontal com duas molas. Adaptado de Merian e Kraige, 2004 (p. 17).
Figura 7. Sistema de dissipação por amortecimento e gráfico de energia. Elaborada pelo autor, 2023.
Figura 9. Mola rotacional e seu gráfico de energia. Elaborada pelo autor, 2023.
Figura 10. Modelo de dissipação rotacional e gráfico de energia. Elaborada pelo autor, 2023.
Figura 11. Corpo rígido de massa M sujeito a forças externas. Elaborada pelo autor, 2023.
Figura 12. (a) Diagrama de corpo livre; (b) Sistema de força-binário equivalente, (c) Diagrama cinético.
Adaptado de Merian e Kraige, 2004 (p. 285).
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Referências
Figura 13. Movimentos planos de um corpo rígido. Adaptado de Merian e Kraige, 2004 (p. 220).
Figura 14. Corpo rígido rotacionando em torno de um ponto fixo. Elaborada pelo autor, 2023.
Figura 15. Regra do sinal para torque (T). Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/
fisica/torque-ou-momento-de-uma-forca.htm#:~:text=Quando%20aplicada%20a%20corpos%20
sujeitos,%C3%A2ngulo%20entre%20o%20bra%C3%A7o%20de. Acesso em: 9/9/2023.
Figura 16. Relação de torque disponível e velocidade de rotação para diferentes fontes. Khan Academy.
Disponível em: https://pt.khanacademy.org/science/physics/torque-angular-momentum/torque-tutorial/a/
torque#:~:text=Torque%20e%20energia%20t%C3%AAm%20as,apenas%20para%20um%20sistema%20
rotativo. Acesso em: 11/9/2023.
Figura 17. Esquema força, velocidade para definição de potência. Elaborada pelo autor, 2023.
Figura 19. Eixo-rotor com desbalanceamento dinâmico. Nigro, F. E. B. Disponível em: https://edisciplinas.
usp.br/pluginfile.php/5242164/mod_resource/content/1/Balanceamento.pdf. Acesso em: 14/9/2023.
Figura 21. Geração e propagação de ondas de pressão em um pistão. Adaptado de Brunetti (2012).
Figura 22. Sistema com um grau de liberdade (modelagem). Disponível em: https://www.maxwell.vrac.
puc-rio.br/26288/a_introducao.html. Acesso em: 30/8/2023.
Figura 23. Diagrama de Corpo Livre para modelagem do sistema mola-amortecedor. Elaborada pelo
autor, 2023.
Figura 24. Resposta de um sistema não amortecido (C = 0). Elaborada pelo autor, 2023.
Figura 25. Resposta livre de um sistema amortecido (C ‡ 0). Nicoletti, R. (p. 9/18). Disponível em: https://
edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7515665/mod_resource/content/1/SEM172_AULA3_Vibracao_Livre_
Amortecida.pdf. Acesso em: 30/8/2023.
Figura 26. Sistema com múltiplos graus de liberdade. Adaptada de Brunetti, 2012 (p. 254).
Figura 27. Diagrama de Corpo Livre do sistema com múltiplos graus de liberdade. Adaptada de Brunetti
(2012, p.254).
Figura 29. Biela e seu Centro de Gravidade (CG). Disponível em: http://www.autoentusiastasclassic.com.
br/2010/09/relacao-rl-uma-analise-grafica.html. Acesso em: 29/9/2023.
Figura 30. Volante de motor. (a) acoplado ao motor; (b) volante isolado. Disponível em: https://www.
auto-doc.pt/info/volante-do-motor-do-carro-tipos-funcoes-sintomas. Acesso em: 3/10/2023.
Figura 31. Came em comando de válvula em motor 4 tempos. Disponível em: https://www.liferiders.com.
br/2015/06/01/funcionamento-do-motor-4-tempos/. Acesso em: 2/10/2023.
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Referências
Figura 32. Came com mola de encosto. Melo e Carneiro, 2008 (p.21). Disponível em: https://repositorium.
sdum.uminho.pt/bitstream/1822/16931/1/Cinem%C3%A1tica%20e%20Din%C3%A2mica%20das%20
Cames.pdf. Acesso em: 2/10/2023.
Figura 33. Modelo dinâmico (Diagrama de Corpo Livre) do impulsor de um came. Melo e Carneiro, 2008 (p.
21). Disponível em: https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/16931/1/Cinem%C3%A1tica%20
e%20Din%C3%A2mica%20das%20Cames.pdf. Acesso em: 2/10/2023.
Figura 34. Came de prato. Melo e Carneiro, 2008 (p. 5). Disponível em: https://repositorium.sdum.uminho.
pt/bitstream/1822/16931/1/Cinem%C3%A1tica%20e%20Din%C3%A2mica%20das%20Cames.pdf. Acesso
em: 2/10/2023.
Tabelas
Tabela 1. Massas m1 e m2 em função da rotação da biela. Brunetti, 2012 (p. 310).
Tabela 2. Valores de C para motores do ciclo Otto. Brunetti, 2012 (p. 319).
Tabela 3. Valores de C para motores do ciclo Diesel. Brunetti, 2012 (p. 319).
Tabela 4. Valores de δ (grau de flutuação) para diversas máquinas. Brunetti, 2012 (p. 319).
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