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Mecânica e Gravitação

FÍSICA
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
Núcleo de Ensino a Distância

Créditos e Copyright

Almeida, Antonio Carlos Aido

Mecânica e Gravitação / Atualizado por Antonio Carlos Aido de Almeida. –


Santos, 2023.

151 f.

Universidade Metropolitana de Santos, Licenciatura em Física, 2015.

1. Ensino a distância. 2. Física. 3. Mecânica e Gravitação.

CDD 500.2

Vanessa Laurentina Maia


Crb8 71/97
Bibliotecária UNIMES

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curso oriundo da participação dos alunos, colaboradores, tutores e convidados, em
qualquer forma de expressão, em qualquer meio, seja ou não para fins didáticos.

É proibida a reprodução total ou parcial deste curso, em qualquer mídia ou formato.

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SUMÁRIO

Aula 01_Bases da Dinâmica .................................................................................... 4


Aula 02_Tipos de Forças .........................................................................................10
Aula 03_Primeira Lei de Newton ou Princípio da Inércia.........................................21
Aula 04 _Segunda Lei de Newton ou Princípio Fundamental da Dinâmica .............27
Aula 05_Terceira Lei de Newton ou Princípio da Ação e Reação ...........................34
Resumo da Unidade I: Bases da Dinâmica e Leis de Newton ................................39
Aula 06_Mecânica Celeste ......................................................................................40
Aula 07_Primeira Lei de Kepler: Lei das Órbitas Elípticas ......................................44
Aula 08_Segunda Lei de Kepler: Lei das Áreas ......................................................49
Aula 09_Terceira Lei de Kepler: Lei dos Períodos ..................................................53
Aula 10_Lei da Gravitação Universal ......................................................................57
Resumo da Unidade II: Leis de Kepler e Lei da Gravitação Universal de Newton ..65
Aula 11_Centro de Massa e Momento de Inércia de um Corpo Rígido ..................67
Cálculo de Momento de Inércia ...............................................................................72
Aula 12_ Momento Polar de uma Força e o Movimento de Translação ..................83
Aula 13_Movimento de Rotação em Torno de Eixo Fixo e de Eixo Não Fixo .........94
Resumo da Unidade III: Dinâmica do Corpo Rígido ..............................................105
Aula 14_ Energia Potencial, Energia Cinética e Energia Mecânica ......................107
Aula 15_Trabalho e Potência de uma Força .........................................................124
Aula 16_Momento Linear e Momento Angular ......................................................134
Definição de Momento Angular .............................................................................139
Resumo da Unidade IV: Trabalho, Potência, Energia, Momento Linear e Momento
Angular ..................................................................................................................148

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Aula 01_Bases da Dinâmica

Palavras-chave: mecânica; força; massa.

São objetivos desta aula: estudar o escopo da dinâmica dos corpos; estudar
os conceitos de teoria, lei, princípio e teorema; analisar a questão do referencial em
dinâmica; estudar os conceitos de força e massa; discutir a diferença entre os
conceitos de peso e massa.

Introdução

Em física, mecânica é a área que estuda o movimento dos corpos. É comum


dividirmos a mecânica em dois ramos: a cinemática, preocupada apenas em
descrever o movimento sem se preocupar com as suas causas e a dinâmica,
preocupada em estudar as causas do movimento. A cinemática preocupa-se
basicamente em descrever o movimento da partícula (ou de um corpo rígido) em
termos de posição, velocidade e aceleração. A dinâmica, por sua vez, tem um
escopo mais amplo, tendo as leis de Newton como base, mas também estudando os
conceitos de momento, trabalho e energia.
Em experiências diárias podemos observar o movimento de um corpo a partir
da interação deste com um (ou mais) corpo(s). Quando soltamos um objeto de uma
determinada altura ele cai. Este movimento é o resultado da interação da Terra com
o objeto. Da mesma forma, quando chutamos uma bola, interagimos com ela,
modificando o seu movimento. Esta interação entre os corpos de que falamos é
convenientemente descrita por uma entidade física vetorial denominada força. Por
ser um vetor, deve ser necessariamente descrita em termos de direção, sentido e
intensidade (ou módulo). Durante este curso de mecânica trataremos todas as
grandezas físicas envolvidas como vetores, salvo em caso de serem grandezas
escalares, como é o caso da massa.
Os princípios fundamentais da dinâmica foram formulados por Galileu Galilei
(1564-1642) e posteriormente descritos da forma como os conhecemos hoje por
Isaac Newton (1643-1727).
Veremos ao longo do curso de mecânica, que os corpos em interação trocam
momento (definido pelo produto da massa pela velocidade) e energia, mas o fazem

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de forma que ambas as grandezas obedeçam sempre à respectiva lei de


conservação de momento ou energia.

Teoria, Lei, Princípio e Teorema

I. Teoria: Em ciência, teoria é uma síntese aceita de um vasto campo de


conhecimento, consistindo de hipóteses necessariamente falseáveis, mas
não necessariamente erradas ou dúbias, que foram e são sistemática e
permanentemente confrontadas entre si e com os fatos de um conjunto de
evidências científicas que, juntamente com as hipóteses, alicerçam um
conceito científico. Essas hipóteses, em casos específicos, devido à
simplicidade e abrangência, podem ser elevadas ao status de “lei”. A teoria
da relatividade desenvolvida por Einstein (1879-1955) é um exemplo de teoria
física.
II. Lei: “Em física, lei é uma regra com base em algum fenômeno que ocorre com
regularidade observada. Trata-se de uma generalização que vai além das
nossas observações limitadas, sendo exaustivamente confrontada, testada e
validada frente a um amplo e diverso conjunto de fatos. Dá-lhes sempre
sentido cronológico, lógico e causal, podendo fazer previsões testáveis para
o futuro, e por tal recebe um título “honorífico” que a destaca entre as demais,
o título de lei”.
Hawking, Stephen W. em “O Grande Projeto”.
Pode-se arriscar dizer que as leis de Newton são as leis mais conhecidas da
física.
III. Princípio: Em física, significa o início, o fundamento ou essência de algum
fenômeno físico. Sendo o princípio de algo, seja como origem ou proposição
fundamental, não pode ser deduzido de nenhum outro dentro do sistema
considerado e sua validade pode ser questionada. Dois dos princípios mais
conhecidos da física são os princípios da conservação da energia e o princípio
da conservação da massa.
IV. Teorema: Em matemática, um teorema é uma afirmação que pode ser
provada como verdadeira, por meio de afirmações já demonstradas, como
outros teoremas, juntamente com afirmações anteriormente aceitas, como

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axiomas. Axioma é uma hipótese inicial a partir da qual outros enunciados são
logicamente derivados. Prova é o processo de mostrar que um teorema está
correto. Por exemplo, veremos neste curso de mecânica, o teorema de
energia mecânica (TEM).

A Questão do Referencial

O estudo das causas do movimento de um corpo, foco da dinâmica, requer


sempre um referencial em relação ao qual se mede a posição de um corpo em função
do tempo. Imagine que uma pessoa meça a posição de um corpo a todo instante,
obtendo assim a equação horária da posição 𝑠(𝑡). A partir dessa equação, por
derivação, ele será capaz de obter as equações horárias da velocidade 𝑣(𝑡) e da
aceleração 𝑎(𝑡). Dois referencias diferentes irão produzir equações de movimento
diferentes.
Como exemplo, considere dois referenciais: um fixo, no acostamento de uma
rodovia; e outro fixo em um carro em movimento sobre essa rodovia. A velocidade
de um objeto qualquer colocado dentro deste carro dependerá do referencial que
está sendo adotado. Para o referencial que está no acostamento da rodovia, a
posição e a velocidade do objeto são iguais à do carro. Para um referencial fixo
dentro do carro, a posição é constante e a velocidade é nula!
Neste curso de dinâmica, desenvolveremos toda a teoria apenas para uma
classe de referenciais, que chamaremos de referenciais inerciais, aqueles em que a
primeira lei de Newton é verdadeira.

Conceito de Força

O conceito de força é um dos conceitos fundamentais da mecânica clássica,


em particular da dinâmica. É uma grandeza vetorial (caracterizada, portanto, por ter
uma direção, um sentido e uma intensidade) que representa a interação entre dois
corpos. Uma força tem a capacidade de vencer a inércia de um corpo, alterando a
sua velocidade vetorial. Também tem a capacidade de provocar deformação em um
corpo flexível (não rígido). Resumindo: força é qualquer agente externo que modifica
o movimento de um corpo livre ou causa deformação num corpo fixo.

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Figura 1.1: Vetor força aplicado a um corpo livre e a um corpo fixo. Dois vetores força são iguais se,
e somente se, possuírem a mesma direção, o mesmo sentido e a mesma intensidade. Se uma das
três propriedades dos vetores for diferente, os dois vetores serão diferentes.

Fonte: Próprio Autor.

No SI (Sistema Internacional de Unidades), a unidade de força é o Newton


(𝑁). Como veremos na aula sobre a segunda lei de Newton:

1𝑁 = (1𝑘𝑔).

Ou seja, é a força necessária para manter um corpo de massa 1𝑘𝑔 em


movimento com aceleração constante de 1 𝑚⁄𝑠 2 . Outras unidades de força bastante
comuns:

Quilograma-força: 1𝑘𝑔𝑓 = (1𝑘𝑔);

(9,8 𝑚⁄𝑠 2 é a aceleração da gravidade) (1𝑘𝑔𝑓 = 9,8𝑁)

Dina: 1𝑑𝑦𝑛 = (1𝑔); (1𝑑𝑦𝑛 = 10−5 𝑁).

Grandezas Associadas a Forças

Algumas grandezas estão relacionadas ao conceito de força:

a) Pressão (𝑃): razão da força (𝐹) pela área (𝐴):

𝐹
𝑃=
𝐴

Aqui, 𝐹 é a força (ou componente da força) ortogonal ao plano da área. A


unidade de pressão no SI é o pascal (𝑃𝑎): 1𝑃𝑎 = 1𝑁⁄1𝑚2 . Exemplo: a pressão
atmosférica vale aproximadamente 1,03. 105 𝑃𝑎.

b) Arrasto: é a força que faz resistência ao movimento de um corpo sólido que se


move ao longo de um fluido (líquido ou gás). Ao contrário de outras forças

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resistivas, como o atrito, que é quase independente da velocidade, as forças de


arrasto dependem da velocidade. Alguns exemplos de forças dependentes da
velocidade são o arrasto aerodinâmico, como o usado para explicar o
desempenho do velocista Usain Bolt na corrida de 100 𝑚 rasos.

c) Momento Polar de uma Força ou Torque 𝜏⃗ (“tau”): é a força que produz


alteração da velocidade angular (𝜔) de um corpo. É definido como:

𝜏⃗ = 𝑟⃗ × 𝐹⃗

Em módulo: |𝜏⃗| = |𝑟⃗|. |𝐹⃗ |𝑠𝑒𝑛𝜃. O vetor 𝑟⃗ liga o pólo (ponto por onde passa o
eixo de rotação) ao ponto onde a força é aplicada. A unidade de momento polar de
uma força no SI é o 𝑁. 𝑚. Quando estivermos interessados apenas no módulo do
torque, usaremos a letra 𝑀 e o chamaremos simplesmente de “momento da força”.

Conceito de Massa

O conceito de massa é frequentemente confundido com o conceito de peso.


São conceitos diferentes. Peso de um corpo é uma força que resulta da interação
gravitacional da massa desse corpo com um campo gravitacional. O módulo dessa
força é calculado como o produto da massa pela aceleração da gravidade no local:

𝑃 = 𝑚. 𝑔

No caso do campo gravitacional da Terra, essa aceleração vale


aproximadamente 𝑔 = 9,8 𝑚⁄𝑠 2 . Na Terra, a força peso é sempre um vetor vertical
apontando para baixo em direção ao centro da Terra. A massa é um escalar (um
número), igual em qualquer ponto do universo. Assim, um corpo na Terra tem a
mesma massa do que na Lua, por exemplo, porém seu peso na Lua é cerca de seis
vezes menor, já que a aceleração da gravidade na Lua é cerca de seis vezes menor
do que a aceleração da gravidade na Terra.
Também é comum confundirmos o conceito de massa com o de tamanho e
forma de um corpo. Assim como a massa é parte da explicação do peso, também é
parte da explicação para o volume ou densidade dos corpos, mas são conceitos
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diferentes. Um quilograma de algodão e um quilograma de chumbo correspondem


exatamente à mesma massa, porém como a densidade do algodão é muito menor
do que a do chumbo, precisamos de um volume de algodão muito maior do que o
volume de chumbo para produzir um quilograma!
Não podemos também confiar muito nos nossos sentidos. Se tivermos uma
mão cheia de balas de mascar e retirarmos uma delas, provavelmente não nos
daremos conta de que a massa de balas em nossas mãos foi alterada (no caso,
diminuída). Precisamos, portanto, de uma definição científica mais rigorosa para o
conceito de massa. Dentro da mecânica newtoniana (mecânica clássica), a definição
mais precisa para massa é a seguinte:

“A massa é uma medida direta da oposição que um corpo oferece à mudança


em seu estado de movimento”
Em poucas palavras, podemos dizer que “massa é uma medida da inércia do
corpo”.

A unidade de massa no SI é o quilograma (𝑘𝑔). Não se deve confundir


quilograma (𝑘𝑔) com quilograma-força (𝑘𝑔𝑓). O quilograma-força é uma unidade de
força, e não de massa, correspondente a 9,8𝑁. Na disciplina de física das partículas,
a unidade de massa mais usada não é o quilograma, mas sim unidades de massa
associadas diretamente à energia das partículas, principalmente o elétron-volt (𝑒𝑉).
Em química, a unidade de massa mais utilizada é a unidade de massa atômica
(𝑢. 𝑚. 𝑎), que equivale a 1⁄12 da massa do isótopo mais estável e abundante do
carbono 12 em seu estado fundamental.

Esta é uma aula de apresentação e introdução geral. Exercícios resolvidos e


propostos serão apresentados nas aulas seguintes.

REFERÊNCIA

HALLIDAY, David; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física –


Mecânica – Volume 1, 12ª ed., Rio de Janeiro, LTC, 2023.
(ler capítulos 1 e 2)

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Aula 02_Tipos de Forças

Palavras-chave: força peso; força normal; força de atrito; força elástica; força de
empuxo.

São objetivos desta aula: Apresentar as forças fundamentais da natureza e


estudar as mais comuns em exercícios de física do ensino médio. É comum darmos
nomes a algumas forças, seja pela origem causadora da força ou pela direção em
que atua. Vamos apresentar as forças mais importantes.

Força Peso (𝑃)

Todo corpo tem peso. O peso é a força resultante do efeito da gravidade,


calculada como o produto da massa do corpo pela aceleração da gravidade:

𝑃 = 𝑚. 𝑔

É comum o aluno de ensino médio confundir o conceito de massa com o de


peso. A massa será a mesma em qualquer parte do universo, mas o seu peso não,
pois depende da aceleração da gravidade no local. Por exemplo, um aluno com
massa 𝑚 = 70𝑘𝑔, tem peso 𝑃 = 70.9,8 = 686𝑁 na superfície da Terra e peso 𝑃 =
70.1,6 = 112𝑁 na superfície da Lua (a aceleração da gravidade na Lua é cerca de 6
vezes menor do que na Terra). Vetorialmente, a força peso é sempre um vetor
vertical apontando para baixo em direção ao centro da Terra.

As unidades mais usadas para o peso são o newton e o quilograma-força.


Como vimos: 1𝑘𝑔𝑓 = 9,8𝑁. Ou seja, quando quisermos trabalhar em 𝑘𝑔𝑓, basta
alterar a unidade da massa. Assim, a massa de 1𝑘𝑔 corresponde à força de 1𝑘𝑔𝑓, a
massa de 70 𝑘𝑔 corresponde a 70𝑘𝑔𝑓 e assim por diante.

Força Normal (𝑁)

É a força aplicada por uma superfície de apoio (horizontal ou inclinada). É


sempre perpendicular à superfície de apoio. Portanto, se a superfície de apoio for
horizontal, a força normal será vertical e se a superfície de apoio for um plano
inclinado, a força normal será perpendicular ao plano inclinado.

Figura 2.1: Força peso e força normal em superfícies horizontal e inclinada.


Para não sobrecarregar a figura, excluímos aqui a notação vetorial das forças.

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Fonte: Próprio Autor.

Nem sempre a força normal é igual à força peso! Quando a superfície é


horizontal e o bloco está parado, a força normal é igual à força peso: 𝑁 = 𝑃. Mas,
quando a superfície é inclinada, a força normal não é igual à força peso, mas sim
igual à componente normal do peso! (veja componentes da força peso no plano
inclinado na Figura 2.2 a seguir): 𝑁 = 𝑃𝑛 .

Força Tangencial (𝐹𝑡 )

É a força que está sendo aplicada na direção do movimento.

Figura 2.2: Para um bloco acionado por uma força horizontal em uma superfície horizontal, a força
tangencial coincide com a força aplicada. Para um bloco deslizando sobre uma superfície inclinada,
a força tangencial é a componente da força peso na direção do plano inclinado (direção do
movimento). Para um movimento circular, a força tangencial em um determinado ponto é a força
atuando sobre um corpo na direção tangente à circunferência naquele ponto.

Fonte: Próprio Autor.

Associada à força tangencial, existe uma aceleração tangencial 𝑎𝑡 . Ambas


estão relacionadas pela segunda lei de Newton:

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𝐹𝑡 = 𝑚. 𝑎𝑡

Força de Tração (𝑇)

É a força de tensão em um fio ou cabo. Terá sempre a mesma direção do fio


ou cabo. Se o fio for ideal, terá o mesmo valor em todos os pontos do fio.

Figura 2.3: Força de tração em fio ideal.

Fonte: Próprio Autor.

Força de Atrito (𝐹𝑎𝑡 )

É uma força de resistência, portanto contrária à tendência do movimento. É


uma força dissipativa relacionada à rugosidade da superfície de apoio. Quanto mais
rugosa for a superfície, maior será a força de atrito.

Considere a Figura 2.4. Até o bloco iniciar o movimento, a força de atrito 𝐹𝑎𝑡 tem
o mesmo valor da força de acionamento 𝐹. Na iminência de movimento, a força de
acionamento é igual à força de atrito máxima. Após o início do movimento, ou seja,
quando o bloco já está deslizando, o atrito diminui ligeiramente e a força de atrito
torna-se aproximadamente constante.

Figura 2.4: Comportamento da força de atrito.

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Fonte: Próprio Autor.

Após o início do movimento, o número de microsoldas entre as superfícies do


bloco e a de apoio são reduzidas e, por esta razão, a força de atrito torna-se menor.

A força de atrito é sempre um vetor paralelo à superfície de apoio, com sentido


contrário à tendência de deslizamento (em alguns textos chamado escorregamento)
e com intensidade calculada como o produto do coeficiente de atrito pela força
normal aplicada pela superfície de apoio:

𝐹𝑎𝑡 = 𝜇. 𝑁

O coeficiente de atrito é representado pela letra grega 𝜇 (“mi”). É um


coeficiente adimensional (sem dimensão) que varia entre 0 e 1. Quanto mais próximo
de zero, menor a rugosidade e quanto mais próximo de 1 maior a rugosidade. O
coeficiente de atrito estático (calculado quando o bloco ainda está parado) é sempre
ligeiramente maior do que o coeficiente de atrito cinético (quando o bloco já está
deslizando).

A força de atrito máxima (bloco na iminência de movimento) é calculada como:

𝐹𝑎𝑡𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 = 𝜇𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑜 . 𝑁

Até alcançar a força de atrito máxima, a força de atrito é chamada de força de


atrito estática, e esta é igual em valor à força de acionamento que está sendo
aplicada. A força de atrito cinética (ou dinâmica, calculada quando o bloco já se
encontra em movimento) é calculada como:

𝐹𝑎𝑡𝑐𝑖𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑜 = 𝜇𝑐𝑖𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑜 . 𝑁

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Para que o bloco mantenha-se deslizando com a mesma velocidade basta


reduzir a força de acionamento de movimento à força de atrito cinético.

Força Centrípeta

Considere a Figura 2.5. Em um movimento de rotação, a direção do vetor


velocidade (tangente à trajetória) muda a cada ponto da trajetória. Esta alteração do
vetor velocidade está relacionada à atuação de uma força (e consequentemente de
uma aceleração), que mantém o corpo preso à trajetória circular. Esta força é a força
centrípeta e a aceleração correspondente à aceleração centrípeta:

𝐹𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟í𝑝𝑒𝑡𝑎 = 𝑚. 𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟í𝑝𝑒𝑡𝑎

Esta é a equação da segunda lei de Newton para a força centrípeta. A


aceleração centrípeta é calculada como:

𝑣2
𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟í𝑝𝑒𝑡𝑎 = 𝑜𝑢 𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟í𝑝𝑒𝑡𝑎 = 𝜔2 . 𝑅
𝑅

Aqui, 𝑅 é o raio da circunferência e 𝑣 é a velocidade escalar (sempre tangente


à circunferência, ou seja, paralela à força tangencial). O vetor força centrípeta é
sempre um vetor orientado para o centro da trajetória curva (não necessariamente
uma circunferência perfeita). Mesmo que um corpo esteja em movimento circular
uniforme (força tangencial nula), sempre haverá uma força centrípeta e uma
aceleração centrípeta. Ou seja, em um movimento circular, a aceleração nunca será
zero, pois sempre haverá pelo menos a aceleração centrípeta.

Figura 2.5: Corpo em movimento de rotação. Sobre o corpo atuam duas forças perpendiculares
entre si: a força centrípeta (sempre orientada para o centro), responsável por manter o corpo na
trajetória curva (portanto, nunca nula), e a força tangencial (sempre tangente à trajetória em cada
ponto, paralela ao vetor velocidade) responsável pela aceleração (𝑣⃗ e ⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑡 com mesmo sentido) ou
desaceleração (𝑣⃗ e ⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑡 com sentidos opostos) tangencial. No caso de movimento circular uniforme, a
força tangencial, e consequentemente a aceleração tangencial, valem zero.

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Fonte: Próprio Autor.

A chamada aceleração total é calculada como a soma vetorial da aceleração


centrípeta com a aceleração tangencial:

⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡 + ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑎𝑡𝑎𝑛𝑔

A força total atuando sobre o corpo é calculada através da segunda lei de


Newton:

⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑐𝑒𝑛𝑡 + ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑡𝑎𝑛𝑔 = 𝑚. 𝑎⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑐𝑒𝑛𝑡 + 𝑚. ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑎𝑡𝑎𝑛𝑔 = 𝑚. ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

Veremos em outra aula que a “força centrífuga” não é uma força inercial. Ou
seja, do ponto de vista de um referencial inercial, ela não existe.

Força elástica

É a força relacionada à deformação de uma mola, calculada como:

𝐹𝑒𝑙á𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎 = −𝑘. 𝑥

Aqui, 𝑥 é a deformação da mola (ou seja, o quanto a mola foi distendida de


sua posição normal de repouso). A força elástica é sempre um vetor com a mesma
direção da força externa deformadora da mola e sempre com sentido contrário a esta
(razão pela qual é dado o sinal negativo à sua fórmula). A constante 𝑘 é chamada
de constante elástica da mola (no SI: 𝑁⁄𝑚) e é característica de cada mola (depende
do material, do número de espiras, das dimensões, etc.). Veja a Figura 2.6.

Figura 2.6: Força elástica aparece quando uma mola é distendida por uma força externa.

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Fonte: Próprio Autor.

Empuxo

Empuxo é a força hidrostática exercida por um fluido (líquido ou gás) sobre um


corpo que nele esteja imerso. O empuxo surge da diferença de pressão hidrostática,
visto que está é proporcional à densidade (ou massa específica) do líquido, à
aceleração da gravidade e à profundidade.

Quando um corpo está total ou parcialmente imerso em um fluido em equilíbrio


estático, fica sob a ação de uma força que depende da porção do corpo que está
imersa no fluido. Esta força é chamada de empuxo do fluido sobre o corpo. Por
exemplo, quando tentamos submergir uma bola cheia de ar em um recipiente com
água, percebemos que há uma força vertical e para cima, que mantém a bola
flutuando. O empuxo faz o corpo parecer ter um peso menor do que o seu peso real.
Este corpo está sob o efeito de duas forças:

1. Força peso (devido à interação do corpo com o campo gravitacional terrestre);


2. Força empuxo (devido à interação do corpo com o líquido).

Figura 2.7: Forças atuando sobre um corpo imerso


em um líquido: E para cima e P para baixo.

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Fonte: Próprio Autor.

O Princípio de Arquimedes (287 a.c. – 212 a.c.) quantifica o empuxo em função


da densidade e do volume do corpo submerso. Este princípio pode ser enunciado da
seguinte forma:

“Todo corpo mergulhado num fluido em repouso sofre, por parte do fluido, uma
força vertical para cima, cuja intensidade é igual ao peso do fluido deslocado pelo
corpo.”

Seja:

𝑚: massa do corpo

𝑉: volume do corpo imerso

𝜌: densidade ou massa específica do fluido

𝑔: aceleração da gravidade

𝐸: força empuxo

Matematicamente, o princípio de Arquimedes se resume a:

𝐸 = 𝑃𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜𝑑𝑒𝑠𝑙𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜

𝐸 = 𝑚𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜𝑑𝑒𝑠𝑙𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜 . 𝑔

𝐸 = 𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜𝑑𝑒𝑠𝑙𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜 . 𝑉𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜𝑑𝑒𝑠𝑙𝑜𝑐𝑎𝑑𝑜 . 𝑔

𝐸 = 𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 . 𝑉𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜𝑖𝑚𝑒𝑟𝑠𝑜 . 𝑔

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Exercício Resolvido 1: Quando um corpo é composto de material menos denso do


que o fluido onde está imerso, pode encontrar uma situação de equilíbrio flutuando
na superfície. Este é o caso dos icebergs, que ficam estáveis flutuando na água
quando a parte do volume imersa gera um empuxo suficiente para sustentar o peso.
Quanto do volume total do iceberg fica visível fora da água? Dados: 𝜌𝑔𝑒𝑙𝑜 =
0,925 𝑔⁄𝑐𝑚3 e 𝜌á𝑔𝑢𝑎 = 1 𝑔⁄𝑐𝑚3 .

Solução: Neste caso:

𝐸 = 𝑃𝑖𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟𝑔

𝜌á𝑔𝑢𝑎 . 𝑉𝑔𝑒𝑙𝑜𝑖𝑚𝑒𝑟𝑠𝑜 . 𝑔 = 𝜌𝑔𝑒𝑙𝑜 . 𝑉𝑖𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟𝑔 . 𝑔

𝜌𝑔𝑒𝑙𝑜 . 𝑉𝑖𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟𝑔
𝑉𝑔𝑒𝑙𝑜𝑖𝑚𝑒𝑟𝑠𝑜 =
𝜌á𝑔𝑢𝑎

0,92. 𝑉𝑖𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟𝑔
𝑉𝑔𝑒𝑙𝑜𝑖𝑚𝑒𝑟𝑠𝑜 = = 0,92. 𝑉𝑖𝑐𝑒𝑏𝑒𝑟𝑔
1

Ou seja, o volume imerso de um iceberg equivale a 92,5% de seu volume total,


ficando apenas 7,5% de seu volume visível, fora da água.

Exercícios Propostos:

1) Um bloco de massa 𝑚 = 980 𝑔 desliza sobre um plano inclinado de 𝜃 = 30° em


relação à horizontal. Adote 𝑔 = 9,8 𝑚⁄𝑠 2 Calcule as componentes tangencial e
normal da força peso. Repita o exercício agora para 𝜃 = 60°.
2) Veja a Figura 2.8. São dados: 𝜇𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑜 = 0,8 e 𝜇𝑐𝑖𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑜 = 0,6. Determine:

a) A força de atrito quando 𝐹 = 30𝑁


b) A força de atrito máxima
c) A força de atrito quando 𝐹 = 60𝑁
d) O peso do corpo

Figura 2.8: Bloco sobre superfície horizontal rugosa sendo acionado por uma força 𝐹.

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Fonte: Próprio Autor.

3) Veja a Figura 2.5. São dados: 𝑅 = 0,6𝑚,𝑣 = 0,6 𝑚⁄𝑠, 𝑚𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 = 800𝑔, 𝑎𝑡𝑎𝑛𝑔 =
0,8 𝑚⁄𝑠 2 . Calcule:
a) A aceleração centrípeta e a força centrípeta.
b) A aceleração total e a força total.

4) Sob a ação de uma força resultante 𝐹⃗ , um carrinho se movimenta ao longo de


uma reta. Podemos afirmar que:
a) Dobrando-se a massa do carrinho, sua aceleração dobra.
b) A aceleração do carrinho não muda devido a alterações de massa.
c) Se o movimento é retilíneo, a aceleração é nula.
d) Dobrando-se a massa do carrinho, sua aceleração cai para a metade.

Respostas dos Exercícios Propostos:

1) 𝜃 = 30°: 𝑃𝑡 = 4,802𝑁; 𝑃𝑛 = 8,317𝑁;


𝜃 = 60°: 𝑃𝑡 = 8,317𝑁; 𝑃𝑛 = 4,802𝑁(isso só ocorre porque os ângulos são
complementares, ou seja, somam 90°)
2) a) 𝐹𝑎𝑡 = 30𝑁; b) 𝐹𝑎𝑡 = 50𝑁; c) 𝐹𝑎𝑡 = 37,5𝑁; d) 𝑃 = 𝑁 = 62,5𝑛𝑒𝑤𝑡𝑜𝑛𝑠 (superficie
horizontal)
3) a) 𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡 = 0,6 𝑚⁄𝑠 2 , 𝐹𝑐𝑒𝑛𝑡 = 0,48𝑁;
b)

2 2
𝑎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = √𝑎𝑡𝑎𝑛𝑔 + 𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡 = √(0,8)2 + (0,6)2 = 1 𝑚⁄𝑠 2

2 2
𝐹𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = √𝐹𝑡𝑎𝑛𝑔 + 𝐹𝑐𝑒𝑛𝑡 = √(0,64)2 + (0,48)2 = 0,8𝑁

4) D

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REFERÊNCIA

HALLIDAY, David; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física –


Mecânica – Volume 1, 12. ed., Rio de Janeiro, LTC, 2023.
(ler capítulo 3)

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Aula 03_Primeira Lei de Newton ou Princípio da Inércia

Palavras-chave: inércia; referencial; princípio.

São objetivos desta aula: estudar a primeira lei de Newton e discutir exemplos
concretos.

Introdução

Enunciado da Primeira Lei de Newton:

“Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme


em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar daquele estado por forças
aplicadas sobre ele”.

Isaac Newton, em “Philosophiae Naturalis Principia Mathematica” (1687).

Em outras palavras, se a força resultante for nula, então a velocidade do corpo


será constante. Assim, um corpo que está em repouso ficará em repouso a não ser
que uma força resultante não nula atue sobre este corpo. Da mesma forma, um corpo
que está em movimento retilíneo uniforme permanecerá com a mesma velocidade a
não ser que uma força resultante não nula atue sobre este corpo. Aqui, força e
velocidade são grandezas vetoriais.

Newton apresentou esta lei com o objetivo de estabelecer um referencial para


as duas outras leis. A primeira lei postula a existência de pelo menos um referencial,
chamado de referencial inercial, no qual o movimento de uma partícula não
submetida a forças é descrito por uma velocidade constante.
Chamamos de inércia de repouso a tendência natural de um corpo que está
em repouso, livre da ação de forças externas, de permanecer em repouso.
Chamamos de inércia de movimento a tendência natural de um corpo que está em
MRU (movimento retilíneo uniforme), livre da ação de forças externas, de

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permanecer em MRU. É comum usarmos o termo “inércia” para nos referirmos à


resistência que um sistema físico ou social oferece a qualquer mudança.
As leis de Newton são válidas somente em referenciais inerciais. Na mecânica
newtoniana, um referencial inercial (ou newtoniano), também chamado de sistema
de referência inercial, é um referencial para o qual a primeira lei de Newton é
verdadeira. Ou seja, é um referencial para o qual se uma partícula não está sujeita
a forças, então está parada ou está em MRU.

Exemplo 1. Quando um carro está em movimento, um objeto colocado sobre o


assento pode ser deslocado sem que ninguém toque nele. Isso ocorre quando há
uma freada brusca ou mesmo em uma curva feita com velocidade constante. A
primeira lei de Newton não vale no carro desacelerando ou fazendo uma curva com
velocidade constante. Portanto, um carro desacelerando ou fazendo uma curva com
velocidade constante é um referencial não inercial. Um carro fazendo uma curva
acelerando/desacelerando também é um referencial não inercial.
O objeto foi deslocado pela ação de uma força de inércia. Como qualquer força,
é proporcional à massa inercial, mas não corresponde a uma força física. A força de
inércia tem apenas a mesma dimensão que a de uma força física, ou seja, o seu
módulo é o produto de uma massa por uma aceleração. As forças de inércia surgem,
e se fazem sentir, em sistemas de coordenadas não inerciais. Portanto, devem ser
levadas em conta quando o movimento é descrito por um observador localizado em
um sistema não inercial (ou seja, onde não valem as leis de Newton).

Exemplo 2. A Terra está em rotação. Por isso, quando usamos a Terra como sistema
de referência, precisamos levar em conta as forças de inércia, como a força de
Coriolis e a força centrífuga. Estas duas forças são “pseudoforças”, ou seja, não são
forças na definição do termo. As pseudoforças de Coriolis e centrífuga são as duas
componentes da força inercial total necessária à correta descrição dos corpos
observados a partir de referenciais não inerciais que giram em relação a um
referencial inercial. Sendo componentes de uma força inercial ou pseudoforça, são
também forças inerciais e, portanto, não são forças na definição formal do termo.
Para pseudoforças, não se consegue estabelecer um par ação-reação como na
terceira lei de Newton.

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A Terra não é um referencial inercial, pois está em movimento de rotação. Mas


para efeito de observações que fazemos sobre as leis de Newton, essa rotação não
é significativa. Assim, com boa aproximação, aceitamos qualquer lugar da Terra
como um bom referencial inercial. Sistemas de referência em repouso ou em MRU
em relação a um sistema inercial também são inerciais.

Exemplo 3. Considere uma nave espacial em queda livre em direção à Terra. Dentro
da nave, um astronauta abandona um objeto. Vamos analisar o movimento do objeto
visto da Terra e de dentro da nave. A nave está acelerando em relação à Terra com
aceleração 𝑔 = 9,8 𝑚⁄𝑠 2 . Visto da Terra, o objeto está se movendo com aceleração
𝑎:
𝑚. 𝑎 = 𝑚. 𝑔

Ou seja, o objeto está se movendo com aceleração 𝑎 = 𝑔. Visto da nave, a


situação é diferente. O astronauta verá o objeto flutuar. O objeto estará em repouso
em relação à nave (𝑎′ = 0) :

𝑚. 𝑎′ = 0

Como é possível a aceleração ser nula dentro da nave? Em um sistema


acelerado (não inercial), surge a força não inercial:

𝐹𝑖𝑛𝑒𝑟𝑐𝑖𝑎𝑙 = −𝑚. 𝑔

Portanto, a equação correta para o astronauta é:

𝑚. 𝑎′ = 𝑚. 𝑔 + 𝐹𝑖𝑛𝑒𝑟𝑐𝑖𝑎𝑙 = 𝑚. 𝑔 − 𝑚. 𝑔 = 0

Assim, as descrições de ambos são coerentes e compatíveis entre si.

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Força Centrífuga

Imagine que você está girando junto com um carrossel. Você tem a sensação
que está sendo atirado para fora a todo instante. Essa sensação que o faz sentir-se
atraído para fora da curva, afastando-se do centro da curvatura, é o resultado da
força centrífuga. Surge sempre que fazemos trajetórias não retilíneas. O mesmo
efeito sente-se dentro de um carro fazendo uma curva fechada. Para um observador
em qualquer referencial em rotação (não inercial), surge a força centrífuga. Esta força
tem direção perpendicular à curva naquele ponto em que se encontra. O sentido é
sempre para “fora da curva” e o módulo igual à força centrípeta, sendo 𝑣 a velocidade
no ponto e 𝑅 o raio da circunferência que tangencia a curva naquele ponto). A força
centrípeta é a “força real”, descrita por um observador em um referencial inercial.

Exemplos de Referenciais Acelerados (não inerciais):

1) Se colocarmos uma balança dentro de um elevador e a usarmos para medir a


massa de uma pessoa, haverá diferença no valor apresentado se o elevador
estiver acelerando subindo ou descendo.
2) Uma bola colocada solta num carrossel que está girando será ejetada, se a
rotação for suficiente para vencer a força de atrito da bola com a superfície.
3) Um astronauta dentro de uma nave em órbita vê os objetos ao seu redor (e a si
próprio também!) flutuando no espaço.

Exercícios Propostos:

1) (PUC-RJ) Considere as seguintes afirmações a respeito de um passageiro de um


ônibus que segura um balão através de um barbante:

I. Quando o ônibus freia, o balão se desloca para trás.


II. Quando o ônibus acelera para frente, o balão se desloca para trás.
III. Quando o ônibus acelera para frente, o barbante permanece na vertical.
IV. Quando o ônibus freia, o barbante permanece na vertical.

Assinale a opção que indica a(s) afirmativa(s) correta(s).

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a) III e IV
b) I e II
c) Somente I
d) Somente II
e) Nenhuma das afirmações é verdadeira.

2) (UNIFESP) Às vezes, as pessoas que estão num elevador em movimento sentem


uma sensação de desconforto, em geral na região do estômago. Isso se deve à
inércia dos nossos órgãos internos localizados nessa região, e pode ocorrer:

a) quando o elevador sobe ou desce em movimento uniforme.


b) apenas quando o elevador sobe em movimento uniforme.
c) apenas quando o elevador desce em movimento uniforme.
d) quando o elevador sobe ou desce em movimento variado.
e) apenas quando o elevador sobe em movimento variado.

3) (UFRN) Considere um grande navio, tipo transatlântico, movendo-se em linha


reta e com velocidade constante (velocidade de cruzeiro). Em seu interior, existe
um salão de jogos climatizado e nele uma mesa de pingue-pongue orientada
paralelamente ao comprimento do navio. Dois jovens resolvem jogar pingue-
pongue, mas discordam sobre quem deve ficar de frente ou de costas para o
sentido do deslocamento do navio. Segundo um deles, tal escolha influenciaria
no resultado do jogo, pois o movimento do navio afetaria o movimento relativo da
bolinha de pingue-pongue. Nesse contexto, de acordo com as Leis da Física,
pode-se afirmar que:

a) a discussão não é pertinente, pois, no caso, o navio se comporta como um


referencial não inercial, não afetando o movimento da bola.
b) a discussão é pertinente, pois, no caso, o navio se comporta como um referencial
não inercial, não afetando o movimento da bola.
c) a discussão é pertinente, pois, no caso, o navio se comporta como um referencial
inercial, afetando o movimento da bola.

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d) a discussão não é pertinente, pois, no caso, o navio se comporta como um


referencial inercial, não afetando o movimento da bola.

Respostas dos Exercícios Propostos

1) D
2) D
3) D

Como o transatlântico se move em linha reta com velocidade constante, ele está em
equilíbrio dinâmico e comporta-se como se estivesse em repouso (equilíbrio
estático), não afetando o movimento da bola.

REFERÊNCIA

HALLIDAY, David; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física –


Mecânica – Volume 1, 12. ed., Rio de Janeiro, LTC, 2023.
(ler capítulos 4 e 5)

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Aula 04 _Segunda Lei de Newton ou Princípio Fundamental da


Dinâmica

Palavras-chave: força; massa; aceleração.

São objetivos desta aula: estudar a segunda lei de Newton; resolver alguns
exercícios de aplicação desta lei.

Introdução

Enunciado da Segunda Lei de Newton:

“A mudança de movimento é proporcional à força motora imprimida, e é


produzida na direção de linha reta na qual aquela força é aplicada”.

Isaac Newton, em “Philosophiae Naturalis Principia Mathematica” (1687).

A segunda lei de Newton, também chamada de princípio fundamental da


dinâmica, afirma que a força resultante 𝑅⃗⃗ em uma partícula é igual à taxa de variação
temporal do seu momento linear 𝑝⃗(𝑝⃗ = 𝑚. 𝑣⃗) (ou seja, o produto da massa pela
velocidade) em um sistema de referência inercial. Matematicamente:

𝑑𝑝⃗ 𝑑(𝑚. 𝑣⃗)


𝑅⃗⃗ = = .
𝑑𝑡 𝑑𝑡

Esta é a segunda lei de Newton na forma geral. Para sistemas onde a massa
é constante, a massa pode ser retirada do diferencial, resultando na equação:

⃗⃗
𝑑𝑣
𝑅⃗⃗ = 𝑚. = 𝑚. 𝑎⃗.
𝑑𝑡

Em outras palavras, a resultante das forças é igual ao produto da massa pela


aceleração do corpo. Vetorialmente, a força resultante e a aceleração têm a mesma
direção e o mesmo sentido e os seus módulos são diretamente proporcionais, sendo

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a massa a constante de proporcionalidade. Esta é a versão da segunda lei de


Newton mais usada no ensino médio. Em termos de unidades de medida:

1𝑁 = 1𝑘𝑔. 𝑚⁄𝑠 2 .

Para os casos em que a velocidade é constante e a massa varia com o tempo,


a segunda lei de Newton assume a forma (pouco conhecida):

𝑑𝑚
𝑅⃗⃗ = 𝑣⃗. .
𝑑𝑡

Como exemplo desse caso, imagine um fluxo constante de calcário caindo


sobre uma esteira transportadora em indústrias de cimento. Aqui, 𝑣⃗ é a velocidade
constante da esteira e 𝑑𝑚⁄𝑑𝑡 é a taxa de variação temporal do depósito de massa
sobre a esteira.
Quando a massa e a velocidade variam ambas com o tempo (caso do
lançamento do ônibus espacial), nenhum dos termos pode ser retirado para fora da
derivada, podendo ser separados apenas pela regra do produto de derivadas. Neste
caso geral, a segunda lei de Newton assume a sua forma menos conhecida:

𝑑(𝑚. 𝑣⃗) 𝑑𝑣⃗ 𝑑𝑚


𝑅⃗⃗ = = 𝑚. + 𝑣⃗. .
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡

Exercício Resolvido 1. Um bloco de massa 𝑚 = 1𝑘𝑔 é solto do alto de um plano


inclinado de 36,87° e altura 1𝑚, conforme Figura 4.1. O plano inclinado é rugoso e o
coeficiente de atrito vale 𝜇 = 0,33. Considere a aceleração da gravidade 𝑔 = 9,8 𝑚⁄𝑠 2 .
Calcule:

a) A aceleração de descida do bloco;


b) O tempo necessário para o bloco alcançar o solo.

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Figura 4.1: Bloco descendo superfície rugosa.

Fonte: Próprio Autor.

Solução:

a) Vamos aplicar a segunda lei de Newton nas direções 𝑥 e 𝑦.

Na direção 𝑦, não há aceleração, de modo que podemos afirmar que a


resultante das forças nesta direção é nula, ou seja,

(𝑦) 𝑁 − 𝑃𝑦 = 0 𝑜𝑢 𝑁 = 𝑃𝑦 = 𝑃. 𝑐𝑜𝑠(36,87°) =
(𝑚. 𝑔). 𝑐𝑜𝑠(36,87°) = (1.9,8). 0,8 = 7,84 𝑁𝑒𝑤𝑡𝑜𝑛𝑠.

A força normal é sempre perpendicular à superfície de apoio. Na direção 𝑥 há


aceleração apontando no sentido positivo (descida). Aplicando a segunda lei de
Newton:
(𝑥) 𝑃𝑥 − 𝐹𝑎𝑡 = 𝑚. 𝑎 𝑜𝑢 𝑃. 𝑠𝑒𝑛(36,87°) − 𝜇. 𝑁 = 𝑚. 𝑎
(𝑚. 𝑔). 𝑠𝑒𝑛(36,87°) − 𝜇. 𝑁 = 𝑚. 𝑎
(1.9,8). 0,6 − 0,33.7,84 = 1. 𝑎
𝑎 = 3,29 𝑚⁄𝑠 2 .

A força de atrito é sempre paralela à superfície rugosa e contrária ao sentido


da tendência de escorregamento. Neste exercício, foi conveniente girarmos os eixos
𝑥 e 𝑦, deixando o eixo 𝑥 paralelo ao plano inclinado. Isto porque, fazendo isto,
precisamos decompor apenas uma força, no caso a força peso. Se deixássemos os
eixos 𝑥 e 𝑦 nas direções horizontal e vertical, respectivamente, chegaríamos ao
mesmo resultado para a aceleração, mas teríamos que decompor duas forças para

29
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fazer o cálculo: a força normal e a força de atrito. Tanto 𝑃𝑥 quanto 𝐹𝑎𝑡 são forças
constantes, logo o bloco desce o plano inclinado com aceleração constante (MUV).

b) Por trigonometria, podemos encontrar a distância percorrida pelo bloco até o solo:

1 1
𝑠𝑒𝑛(36,87°) = 𝑜𝑢 𝑑 = ≅ 1,67 𝑚.
𝑑 𝑠𝑒𝑛(36,87°)

O bloco sai do repouso (𝑣0 = 0) e acelera uniformemente até o solo, portanto


pela equação de Torricelli:

𝑣 2 = 𝑣02 + 2. 𝑎. 𝑑 = 02 + 2.3,29.1,67 = 10,99


𝑣 ≅ 3,32 𝑚⁄𝑠.

Esta é a velocidade ao chegar ao solo. O tempo gasto neste trajeto pode ser
calculado como:
𝑣 = 𝑣0 + 𝑎. 𝑡
3,32 = 0 + 3,29. 𝑡
𝑡 ≅ 1𝑠.

Exercício Resolvido 2. Na Figura 4.2, os blocos 𝐴 e 𝐵 tem massas 𝑚𝐴 = 2𝑘𝑔 e 𝑚𝐵 =


1𝑘𝑔, respectivamente. O coeficiente de atrito entre o bloco 𝐴 e o solo é 𝜇𝑆𝐴 = 0,67 e
entre os blocos 𝐴 e 𝐵 é 𝜇𝐴𝐵 = 0,33. Os blocos estão ligados por um cabo ideal que
passa por uma polia giratória também ideal. Aplica-se uma força horizontal 𝐹 = 50𝑁
no bloco 𝐴. Considere 𝑔 = 9,8 𝑚⁄𝑠 2 . Calcule:

a) A tração no cabo
b) A aceleração do conjunto

Figura 4.2: Sistema de blocos sobrepostos.

Fonte: Próprio Autor.

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Solução: Inicialmente, vamos colocar as forças atuando em cada um dos blocos


separadamente:

Figura 4.3: Diagrama do “corpo livre” para os blocos 𝐴 e 𝐵.

Fonte: Próprio Autor.

Aqui:
𝑃𝐴 e 𝑃𝐵 : pesos dos blocos;
𝑇: tração do cabo; 𝐹 : força aplicada em 𝐴;
𝑁𝐴𝐵 (𝑁𝐵𝐴 ): normal aplicada em 𝐵 por 𝐴 (normal aplicada em 𝐴 por 𝐵);
𝑁𝑆𝐴 : normal aplicada pelo solo em 𝐴;
𝐹𝑎𝑡𝐴𝐵 : força de atrito entre o bloco 𝐴 e 𝐵;
𝐹𝑎𝑡𝑆𝐴 : força de atrito entre o bloco 𝐴 e o solo.

a) Na direção vertical, não há aceleração de ambos os blocos, de tal forma que


podemos escrever:

𝑁𝐴𝐵 = 𝑃𝐵 = 𝑚𝐵 . 𝑔 = 1.9,8 = 9,8 𝑁 (𝐼)


𝑁𝑆𝐴 = 𝑃𝐴 + 𝑁𝐵𝐴 = 𝑚𝐴 . 𝑔 + 𝑁𝐵𝐴 = 2.9,8 + 9,8 = 29,4 𝑁 (𝐼𝐼).

Na direção horizontal, há aceleração de ambos os blocos (com a mesma


aceleração!), de tal forma que podemos escrever:

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𝑇 − 𝐹𝑎𝑡𝐴𝐵 = 𝑚𝐵 . 𝑎
𝑇 − 𝜇𝐴𝐵 . 𝑁𝐴𝐵 = 𝑚𝐵 . 𝑎
𝑇 − 0,33.9,8 = 1. 𝑎
𝑇 − 3,23 = 𝑎 (𝐼𝐼𝐼)

𝐹 − 𝑇 − 𝐹𝑎𝑡𝐴𝐵 − 𝐹𝑎𝑡𝑆𝐴 = 𝑚𝐴 . 𝑎
50 − 𝑇 − 3,23 − 𝜇𝑆𝐴 . 𝑁𝑆𝐴 = 2. 𝑎
50 − 𝑇 − 3,23 − 0,67.29,4 = 2. 𝑎
27,07 − 𝑇 = 2. 𝑎 (𝐼𝑉)

Substituindo a equação (𝐼𝐼𝐼) na equação (𝐼𝑉), chegamos a:

𝑇 = 11,18 𝑁.

b) Substituindo agora o valor da tração na equação (𝐼𝐼𝐼) chegamos ao valor da


aceleração:
𝑎 = 7,95 𝑚⁄𝑠 2 .

Exercícios Propostos

1) Na Figura 4.4, os blocos têm massas 𝑚𝐴 = 2 𝑘𝑔 e 𝑚𝐵 = 1 𝑘𝑔. O coeficiente de


atrito entre os blocos 𝐴 e 𝐵 é 𝜇𝐴𝐵 = 0,8 e entre o bloco 𝐴 e o piso é 𝜇𝐴𝑃 = 0,2.
Considere que o bloco 𝐴 é acionado pela força horizontal 𝐹 constante. Calcule:
a) A força máxima que podemos aplicar no bloco 𝐴 sem que haja escorregamento
entre os blocos; Qual seria a aceleração de cada bloco neste caso?
b) Caso seja aplicada 𝐹 = 60 𝑁 qual seria a aceleração de cada bloco?
c) Caso seja aplicada 𝐹 = 15 𝑁 qual seria a aceleração de cada bloco?

Figura 4.4: Força horizontal 𝐹 aplicada no bloco 𝐴.

Fonte: Próprio Autor.

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Respostas dos Exercícios Propostos

REFERÊNCIA

HALLIDAY, David; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física –


Mecânica – Volume 1, 12. ed., Rio de Janeiro, LTC, 2023.
(ler capítulo 5)

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Aula 05_Terceira Lei de Newton ou Princípio da Ação e Reação

Palavras-chaves: ação; reação; princípio.

São objetivos desta aula: estudar a terceira lei de Newton e discutir exemplos
concretos.

Introdução

Enunciado da Terceira Lei de Newton:

“A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações


mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos
opostos”.
Isaac Newton, em “Philosophiae Naturalis Principia Mathematica” (1687).

Em outras palavras, se um corpo A exerce uma força em um corpo B, o corpo


B simultaneamente exerce uma força de mesma direção e intensidade no corpo A,
mas com sentido oposto.

As forças da natureza aparecem sempre aos pares e cada par é conhecido


como “par ação-reação”. Este par de forças é a expressão física de uma interação
entre dois corpos. Estas duas forças possuem sempre a mesma natureza. Há
sempre um par de forças agindo em um par de corpos, uma força em cada corpo do
par, de tal modo que não se anulam! Não há na natureza força real sem a sua
contraparte.

Exemplo 1: As forças que os patinadores exercem um sobre o outro são iguais em


intensidade e direção, mas têm sentidos opostos. Estas duas forças não se anulam,
pois agem em corpos diferentes, cada qual sobre um patinador. Embora as forças
sejam iguais em intensidade, as acelerações de ambos não necessariamente são
iguais, pois suas massas podem ser diferentes. Quanto menor a massa, maior a
aceleração.

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Figura 5.1: Par de forças ação-reação em dupla de patinadores

Fonte: Princípio da Ação e Reação. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Leis_de_Newton.


Acesso em 04 abr. 2023.

Um carro acelerando, enquanto que estas mesmas rodas exercem forças de


atrito sobre o asfalto da rua, “empurrando-o” para trás a todo instante. Estes pares
não se anulam porque as forças componentes de cada um deles estão aplicadas em
corpos diferentes: a roda do carro e o asfalto da rua. São justamente estas forças de
atrito aplicadas sobre as rodas que conseguem levar o carro para frente, caso
contrário o carro permaneceria sempre parado! Quando o carro freia, ocorre o
inverso. O asfalto da rua aplica forças de atrito para trás sobre as rodas do carro,
enquanto que estas empurram o asfalto da rua para frente a todo instante. São
justamente estas forças de atrito que permitem o carro parar, caso contrário o carro
permaneceria eternamente em movimento!

Exemplo 2: Este foi o exemplo proposto por Newton em sua obra para explicar o
princípio da ação e reação. Portanto, vamos esmiuçá-lo com mais detalhes.
Considere um cavalo que arrastra um bloco pesado por meio de uma corda. Veja a
Figura 5.2.

Figura 5.2: O exemplo proposto por Newton para explicar o Princípio da Ação e Reação.

Fonte: Princípio da Ação e Reação. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Leis_de_Newton.


Acesso em 04 abr. 2023.

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A corda exerce sobre o bloco a mesma força, em módulo, que o bloco exerce
sobre a corda. Igualmente, a corda exerce sobre o cavalo a mesma força, em
módulo, que o cavalo exerce sobre a corda. Ambos os pares de forças (bloco-corda
e corda-cabalo) têm a mesma direção e as componentes de cada par têm sentidos
opostos. Desprezando-se a massa da corda, pode-se afirmar que os módulos de
ambos os pares de forças são iguais. Segundo essa aproximação, pode-se afirmar
que o cavalo interage diretamente com o bloco.
Vamos analisar agora as forças que atuam no bloco e no cavalo. Considere
que o cabalo arrasta o bloco com velocidade constante, ou seja, a resultante das
forças tanto no bloco quanto no cavalo deve ser zero. Veja a Figura 5.3.

Figura 5.3: Forças atuando sobre o bloco e sobre o cavalo.

Fonte: Princípio da Ação e Reação. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Leis_de_Newton.


Acesso em 04 abr. 2023.
.

São:
⃗⃗⃗⃗⃗
𝑃𝑏 : peso do bloco;
⃗⃗: força de tração com que a corda puxa o bloco;
𝑇
⃗⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑏 : força aplicada pelo chão sobre o bloco para que a resultante das forças no bloco
seja zero;
⃗⃗ : força com que a corda puxa o cavalo;
−𝑇
⃗⃗⃗⃗
𝑃𝑐 : peso do cavalo;

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⃗⃗⃗⃗
𝐹1 𝑒 ⃗⃗⃗⃗
𝐹2 : forças aplicadas pelo chão que apontam para cima e para o chão para que a
resultante das quatro forças que atuam sobre o cavalo seja zero.
As forças exercidas pelo chão, ⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗2 evitam que o bloco e o cavalo caiam sob
𝐹1 𝑒 𝐹
o efeito da gravidade e empurram o sistema bloco + cavalo para frente com
velocidade constante. A corda trava o movimento do cavalo, ao mesmo tempo em
que puxa o bloco para frente com a mesma força com que trava o movimento do
cavalo.
⃗⃗⃗⃗⃗𝑏 e −𝑃
Sobre a Terra, atuam cinco forças de reação: −𝑃 ⃗⃗⃗⃗𝑐 são as forças de
atração do bloco e do cavalo sobre a Terra (atuam sobre o centro de gravidade da
Terra, mas aqui estão representadas no chão); ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑏 , ⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗2 são as forças exercidas
𝐹1 𝑒 𝐹
pelo chão sobre o bloco e o cavalo. Se a velocidade do cavalo for constante, como
considerado acima, a soma destas cinco forças deve ser nula.

Figura 5.4: Forças de reação atuando sobre a Terra.

Fonte: Próprio Autor.

No caso do cavalo acelerar, a resultante das forças sobre o cavalo e o bloco


seria não nula, apontando para a direita. Neste caso, a soma das cinco forças que
atuam sobre a Terra seria a reação daquela resultante não nula de forças. Ou seja,
sobre a Terra atuaria uma força resultante para esquerda, que faria com que todo
planeta acelerasse para a esquerda. Como a massa da Terra é muito maior do que
a massa do conjunto bloco + cavalo, a aceleração da Terra para a esquerda seria
imperceptível em comparação com a aceleração do conjunto bloco + cavalo.
Segundo observação de Newton, o resultado não seria o de produzir velocidades
iguais com sentidos contrários, mas sim quantidades de movimento iguais e de
sentidos contrários.

37
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Exercícios Propostos

1) (PUC-RJ) Uma locomotiva puxa uma série de vagões, a partir do repouso. Qual
é a análise correta da situação?

a) A locomotiva pode mover o trem somente se for mais pesada do que os vagões.
b) O trem se move porque a locomotiva dá um rápido puxão nos vagões, e,
momentaneamente, esta força é maior do que a que os vagões exercem na
locomotiva.
c) O trem se move para frente porque a locomotiva puxa os vagões para frente com
uma força maior do que a força com a qual os vagões puxam a locomotiva para
trás.
d) Porque a ação é sempre igual à reação, a locomotiva não consegue puxar os
vagões.
e) A força que a locomotiva exerce nos vagões é tão intensa quanto a que os vagões
exercem na locomotiva; no entanto, a força de atrito na locomotiva é grande e é
para frente, enquanto que a que ocorre nos vagões é pequena e para trás.

Respostas dos Exercícios Propostos

1) E

REFERÊNCIA

HALLIDAY, David; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física –


Mecânica – Volume 1, 12. ed., Rio de Janeiro, LTC, 2023.
(ler capítulos 5 e 6)

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Resumo da Unidade I: Bases da Dinâmica e Leis de Newton

Leis de Newton

Enunciado da Primeira Lei de Newton:

“Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme


em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar daquele estado por forças
aplicadas sobre ele”

Enunciado da Segunda Lei de Newton:

“A mudança de movimento é proporcional à força motora imprimida, e é


produzida na direção de linha reta na qual aquela força é aplicada”

𝑑𝑝⃗ 𝑑(𝑚. 𝑣⃗) 𝑑𝑣⃗ 𝑑𝑚


𝐹𝑜𝑟𝑚𝑎 𝐺𝑒𝑟𝑎𝑙: 𝑅⃗⃗ = = = 𝑚. + 𝑣⃗. ;
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑑𝑣⃗
𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒: 𝑅⃗⃗ = 𝑚. = 𝑚. 𝑎⃗.
𝑑𝑡

Em outras palavras, quando a massa é constante (maioria dos exercícios do


ensino médio): “a resultante das forças é igual ao produto da massa pela aceleração
do corpo”.

Enunciado da Terceira Lei de Newton:

“A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações


mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos
opostos”.
O par ação-reação não se anula porque as forças estão aplicadas em corpos
distintos.

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Aula 06_Mecânica Celeste

Palavras-chave: heliocentrismo; gravitação; sistema solar.

São objetivos desta aula: Apresentar a mecânica celeste, as diferenças entre


as teorias do geocentrismo e do heliocentrismo, o sistema solar e a lei da gravitação
universal.

Introdução

Mecânica Celeste é o ramo da astronomia que estuda o movimento dos corpos


celestes. Tais corpos podem ser naturais, como a Terra e a Lua, ou artificiais, como
um satélite construído pelo homem e enviado ao espaço.

A principal força determinante dos movimentos celestes é a gravitação.


Portanto, a mecânica celeste é a parte da astronomia que estuda o movimento
relativo dos astros que estão submetidos às forças resultantes da atração
gravitacional entre esses corpos. Em outras palavras, a mecânica celeste estuda os
movimentos relativos dos astros aplicando as leis da mecânica newtoniana.

Usando a teoria da mecânica celeste é possível calcular, por exemplo, as


distâncias e as posições dos astros do sistema solar, calcular órbitas de satélites
artificiais em torno da Terra e calcular as massas de corpos celestes, como planetas,
satélites e estrelas. A mecânica celeste mostrou sua eficiência na descoberta do
planeta Netuno em 1846. Baseado nas perturbações da órbita de Urano, os
astrônomos puderam calcular a presença de um outro corpo celeste influenciando
seu movimento. Era Netuno. O mesmo ocorreu com a descoberta de Plutão, em
1930.

Geocentrismo e Heliocentrismo

A teoria do universo geocêntrico (geocentrismo) coloca a Terra no centro do


universo. Esta teoria surgiu na antiguidade grega e predominou até o fim da idade
média, quando passou a ser contestada por Galileu Galilei. Em 1543, o astrônomo e
matemático polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) publicou a obra “De
revolutionibus orbium coelestium” e apresentou um modelo matemático preditivo

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consistente e completo de um sistema heliocêntrico, ou seja, um sistema que coloca


o Sol como centro do universo. O modelo de Copérnico foi mais tarde aprimorado
brilhantemente por Joahannes Kepler (1571-1630). Mas a explicação causal para o
modelo de Kepler foi dada por Isaac Newton (1643-1727) através de sua lei de
gravitação universal, teoria usada até hoje para predizer o movimento dos corpos
celestes.

Lei de Gravitação Universal

Formulada por Newton em sua obra “Philosophiae Naturalis Principia Mathematica”


(1687), a lei de gravitação universal estabelece que dois corpos se atraem
mutuamente com uma força diretamente proporcional ao produto de suas massas e
inversamente proporcional ao quadrado da distância entre seus centros. Ao definir
uma única lei matemática para explicar os fenômenos físicos observáveis em todo o
universo, Newton mostrou que a física terrestre e a física celeste, até então
estudadas separadamente, eram a mesma coisa. Em uma única fórmula, Newton
explicou três fenômenos, aparentemente distintos:

1) A explicação causal para as leis de Kepler;


2) A origem das marés na Terra;
3) A observação feita por Galileu de que o movimento de um corpo em queda
independe de seu peso.

O Sistema Solar

Vivemos em um planeta chamado Terra, que faz parte de um sistema


planetário constituído por uma estrela central chamada Sol, com outros planetas
deslocando-se em órbitas ao seu redor. São considerados planetas do sistema solar
(indo do mais próximo para o mais distante do Sol): Mercúrio, Vênus, Terra, Marte,
Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão. Esse sistema planetário faz parte de um
conjunto de estrelas, isto é, uma galáxia. Nossa galáxia é chamada de “Via Láctea”.
A Terra possui um satélite natural chamado Lua, que se desloca em órbita ao redor
da Terra. Além dos planetas, fazem parte do nosso sistema solar os asteroides,
cometas e meteoritos.

A medida de comprimento mais usada em astronomia é a chamada Unidade


Astronômica (U.A.), que corresponde à distância média entre o Sol e a Terra, da
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ordem de 150 milhões de quilômetros (150.000.000𝑘𝑚 = 1,5. 108 𝑘𝑚). Um ano


terrestre (365 𝑑𝑖𝑎𝑠 = 12 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠 = 8760 ℎ = 525.600 𝑚𝑖𝑛 = 31.536.000 𝑠) é o tempo
que a Terra leva para completar uma volta ao redor do Sol, aproximadamente. Este
movimento é conhecido como movimento de translação. O movimento da Terra em
torno de si mesma é conhecido como rotação. A distância média entre a Terra e a
Lua é de aproximadamente 384.000𝑘𝑚 = 3,84. 108 𝑚.

Algumas Constantes Importantes em Mecânica Celeste

Massa da Terra: 𝑀𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 = 5,98. 1024 𝑘𝑔;

Raio da Terra: 𝑅𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 = 6,37. 106 𝑚;

Massa da Lua: 𝑀𝐿𝑢𝑎 = 7,34. 1022 𝑘𝑔;

Raio da Lua: 𝑅𝐿𝑢𝑎 = 1,74. 106 𝑚.

Outros Conceitos Importantes

Cosmogonia: Explica a origem do universo a partir de doutrinas religiosas, mitos ou


princípios científicos;

Cosmologia: Estuda a origem, a estrutura e evolução do universo como um todo, a


partir de um estudo racional-científico (teoria da relatividade de Einstein);

Constelações: Conjunto de estrelas que fazem um desenho no céu. São exemplos:


Cruzeiro do Sul, Escorpião e Áries;

Astronomia: Estuda a constituição e o movimento dos astros.

Exercícios Proposto: Assinale a alternativa que relaciona as duas colunas


corretamente.

I – Ciência que estuda os astros A – Via Láctea


II – Movimento da Terra em torno do B – 24
Sol
III – Movimento da Terra em torno de C – Astronomia
si mesma
IV – Duração em horas do dia da D – Translação
Terra

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V– Instrumento usado pelos E – Rotação


astrônomos
VI – Galáxia no qual o sistema solar F – Telescópio
se encontra

a) I–A, II–B, III–C, IV–D, V–E, VI –F


b) I–C, II–A, III–D, IV–B, V–E, VI –F
c) I–C, II–E, III–D, IV–B, V–F, VI –A
d) I–C, II–D, III–E, IV–B, V–F, VI –A

Resposta do Exercício Proposto: D

REFERÊNCIA

HALLIDAY, David; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física –


Gravitação, Ondas e Termodinâmica – Volume 2, 12. ed., Rio de Janeiro, LTC,
2023.
(ler capítulo 13)

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Aula 07_Primeira Lei de Kepler: Lei das Órbitas Elípticas

Palavras-chave: órbita; elipse; foco.

São objetivos desta aula: estudar a Primeira Lei de Kepler; estudar a geometria
da elipse.

Introdução

Enunciado da Primeira Lei de Kepler:

“O planeta em órbita em torno do Sol descreve uma elipse em que o sol ocupa
um dos focos”.

Esta lei definiu que as órbitas não eram circunferências, como se supunha na
época. Da primeira lei de Kepler, Newton concluiu em seu Principia (1687) que a
força que age constantemente sobre o planeta tem sua linha de ação passando pelo
Sol, para o qual é dirigida. Portanto, o Sol atrai tudo.

Geometria de uma Elipse

A elipse é a intersecção de uma superfície cônica com um plano que a corta


numa curva fechada. Quando o plano que corta o cone é um plano paralelo à base,
a elipse torna-se um círculo.

Figura 7.1: Definição de elipse.

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Fonte: Elipse. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Elipse. Acesso em 04 abr. 2023.

A elipse tem dois focos, que no caso do círculo são sobrepostos. O segmento
de reta que passa pelos dois focos chama-se “eixo maior” e o segmento de reta que
passa pelo ponto médio do eixo maior e é perpendicular a ele chama-se “eixo
menor”. A intersecção dos eixos maior e menor define a origem da elipse. É comum
apresentar as medidas da elipse em função da metade dos eixos maiores e menores,
respectivamente chamadas de “semieixo maior” (𝑎) e “semieixo menor” (𝑏). Veja a
Figura 7.2.

Equações Úteis da Elipse:

1) Considere o centro da elipse colocado na origem do sistema cartesiano de


coordenadas (𝑥 = 0, 𝑦 = 0), com eixo maior paralelo ao eixo 𝑥 de coordenadas e
eixo menor paralelo ao eixo 𝑦 de coordenadas. Seja 𝑃(𝑥, 𝑦) um ponto qualquer da
elipse, então vale:

𝑥2 𝑦2
+ = 1.
𝑎2 𝑏 2

2) Considere o centro da elipse colocado na origem do sistema cartesiano de


coordenadas (𝑥 = 0, 𝑦 = 0) com eixo maior paralelo ao eixo 𝑥 de coordenadas e
eixo menor paralelo ao eixo 𝑦 de coordenadas. Seja 𝑃(𝑟, 𝜃) um ponto qualquer da
elipse, em coordenadas polares (𝑟 é o comprimento do vetor ligando a origem
(𝑥 = 0, 𝑦 = 0) ao ponto 𝑃(𝑥, 𝑦), e 𝜃 é o ângulo que este vetor faz com o eixo 𝑥 ),
então vale:

𝑎𝑏
𝑟= .
√𝑎2

Figura 7.2: Parâmetros geométricos da elipse: 𝑃 é um ponto qualquer da elipse, podendo ser escrito
em coordenadas cartesianas (𝑃(𝑥, 𝑦)) ou polares (𝑃(𝑟, 𝜃)). Aqui, 𝐹1 e 𝐹2 são os focos da elipse.

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Fonte: Elipse. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Elipse. Acesso em 04 abr. 2023.


.
Propriedades Geométricas da Elipse

A elipse é o conjunto dos pontos 𝑃do plano tal que a soma das distâncias de
𝑃 a dois pontos fixos 𝐹1 e 𝐹2 (focos da elipse) é sempre a mesma, ou seja, uma
constante. Pode ser demonstrado que essa constante é igual a duas vezes o
semieixo maior (𝑎):

𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎(𝑃, 𝐹1 ) + 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎(𝑃, 𝐹2 ) = 2. 𝑎

Se chamarmos de 𝑐 a distância focal, ou seja, a distância de cada um dos


focos até a origem da elipse, a distância entre os dois focos será: 𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎(𝐹1 , 𝐹2 ) =
2. 𝑐. A excentricidade da elipse (𝑒)é definida como:

𝑐
𝑒=
𝑎

Pode ser demonstrado pelo Teorema de Pitágoras que:

√𝑎2 − 𝑏 2
𝑒=
𝑎

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Tem-se que 0 ≤ 𝑒 < 1 sempre. No caso da circunferência (𝑐 = 0; 𝑎 = 𝑟), temos


𝑒 = 0. Se 𝑒 = 1, a elipse vira um segmento de reta. A órbita da Terra ao redor do Sol
é muito pequena, quase uma circunferência, 𝑒 = 0,07.
Outra propriedade da elipse é a de que a bissetriz do ângulo formado pelos
dois focos e por um ponto qualquer da elipse (vértice do triângulo formado) é
perpendicular à tangente da elipse nesse ponto. Veja a Figura 7.3.

Figura 7.3: Propriedade refletora da elipse.

Fonte: Elipse. Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Elipse. Acesso em 04 abr. 2023.

Assim, qualquer raio luminoso ou onda sonora, que parta de um dos focos,
será refletido pela elipse na direção do outro foco!
Outras equações úteis da elipse:

𝑎2 = 𝑏 2 + 𝑐 2
Á𝑟𝑒𝑎 = 𝜋. 𝑎. 𝑏

No caso do círculo: 𝑎 = 𝑏 = 𝑟, logo Á𝑟𝑒𝑎 = 𝜋. 𝑟 2 .

Exercício Resolvido: Uma elipse tem excentricidade 𝑒 = 0,7 e semieixo maior 𝑎 =


10𝑐𝑚. Calcule:

a) Distância focal
b) Semieixo menor

Solução:

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1)

a) 𝑐 = 𝑒. 𝑎 = 0,7.10 = 7𝑐𝑚
b) 𝑏 = √𝑎2 − 𝑐 2 = √102 − 72 = √51𝑐𝑚

Exercício Proposto:

1) Uma elipse tem excentricidade 𝑒 = 0,8 e distância focal 𝑐 = 5𝑐𝑚. Calcule:

a) Semieixo maior
b) Semieixo menor

Respostas do Exercício Proposto:

a) 6,25𝑐𝑚
b) 3,75𝑐𝑚

REFERÊNCIA

HALLIDAY, David; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física –


Gravitação, Ondas e Termodinâmica – Volume 2, 12. ed., Rio de Janeiro, LTC,
2023.
(ler capítulo 13)

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Aula 08_Segunda Lei de Kepler: Lei das Áreas

Palavras-chave: elipse; área; velocidade areolar.

São objetivos desta aula: Estudar a Segunda Lei de Kepler e suas aplicações.

Introdução

Enunciado da Segunda Lei:

“A linha que liga o planeta ao Sol varre áreas iguais em tempos iguais”.

Figura 8.1: Ilustração da Segunda Lei de Kepler.

Fonte: Leis de Kepler. Disponível em https://www.todamateria.com.br/leis-de-kepler/.


Acesso em 04 abr. 2023.

Esta lei tem como consequência que os planetas se movem com velocidades
diferentes, dependendo da distância a que estão do Sol.
Chamamos de velocidade areolar a razão entre a área 𝐴 e o intervalo de tempo
∆𝑡 dessa varredura:
𝐴
𝑣𝑎𝑟𝑒𝑜𝑙𝑎𝑟 = .
∆𝑡

Segundo a lei das áreas de Kepler, a velocidade areolar de cada planeta ao


redor do Sol é constante. Mas, se a velocidade areolar é constante, então o planeta
deverá se deslocar com velocidade escalar maior à medida que se aproxima do Sol.

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Quanto mais próximo do Sol, maior a sua velocidade escalar e quanto mais distante
do Sol, menor a sua velocidade escalar. Chamamos de periélio ao ponto mais
próximo entre o planeta e o Sol (ponto onde o planeta tem maior velocidade escalar)
e de afélio ao ponto mais distante entre o planeta e o Sol (ponto onde o planeta tem
menor velocidade escalar).

Exercício Resolvido 1: A Terra possui uma excentricidade de órbita muito pequena


(𝑒 = 0,07), podendo ser considerada praticamente uma órbita circular. A distância
entre a Terra e o Sol é igual a 1𝑈. 𝐴. = 150000000𝑘𝑚 e esse valor pode ser
considerado, nesse caso, o raio da trajetória circular. Como o tempo para uma volta
completa é de 1 ano-terrestre (365𝑑𝑖𝑎𝑠 = 8760ℎ), podemos calcular a sua velocidade
areolar:

𝐴 𝜋. 𝑅 2 3,14. 12
𝑣𝑎𝑟𝑒𝑜𝑙𝑎𝑟 = = ≅ = 3,14 𝑈. 𝐴.2 ⁄𝑎𝑛𝑜 − 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑒𝑠𝑡𝑟𝑒.
∆𝑡 ∆𝑡 1

Esta é a unidade comumente usada para velocidade areolar.


Da segunda lei de Kepler, Newton concluiu em seu Principia (1687) que a força
que age constantemente sobre o planeta é inversamente proporcional ao quadrado
da distância entre o Sol e o planeta. Ou seja, que quanto mais perto o planeta está
maior é a força de atração do Sol.

Exercícios Propostos:

A Figura 8.2 mostra a órbita elíptica de um planeta ao redor do Sol. Sabendo


que as áreas 𝐴1 , 𝐴2 e 𝐴3 são iguais, responda os testes 1, 2 e 3 abaixo.

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Figura 8.2: Planeta girando ao redor do Sol em órbita elíptica.

Fonte: Leis de Kepler. Disponível em http://educacao.globo.com/fisica/assunto/mecanica/leis-


de-kepler.html. Acesso em 04 abr. 2023.

1) A relação entre os tempos para percorrer estas áreas será:

a) ∆𝑡𝐴𝐵 = ∆𝑡𝐶𝐷 = ∆𝑡𝐸𝐹


b) ∆𝑡𝐴𝐵 > ∆𝑡𝐶𝐷 = ∆𝑡𝐸𝐹
c) ∆𝑡𝐴𝐵 < ∆𝑡𝐶𝐷 = ∆𝑡𝐸𝐹
d) ∆𝑡𝐴𝐵 ≠ ∆𝑡𝐶𝐷 𝑒∆𝑡𝐶𝐷 ≠ ∆𝑡𝐸𝐹 𝑒∆𝑡𝐴𝐵 ≠ ∆𝑡𝐸𝐹

2) Assinale a alternativa correta:

a) O planeta terá velocidade escalar maior nos trechos 𝐶𝐷𝑒𝐸𝐹.


b) O planeta terá velocidade escalar maior no trecho 𝐴𝐵.
c) O planeta terá a mesma velocidade escalar em todos os trechos.
d) Não é possível determinar em qual dos três trechos a velocidade escalar é maior,
apenas é possível afirmar que a velocidade areolar é constante.

3) O planeta terá velocidade areolar:

a) Maior no trecho 𝐴𝐵.


b) Menor nos trechos 𝐶𝐷𝑒𝐸𝐹.
c) Constante ao longo de toda a órbita.
d) Constante apenas nos trechos 𝐴𝐵, 𝐶𝐷𝑒𝐸𝐹.

4) Calcule a velocidade areolar do Exercício Resolvido 1 em 𝑘𝑚2⁄ℎ.

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Respostas dos Exercícios Propostos:

1) A
2) B
3) C
4) ≅ 8. 1012 𝑘𝑚2⁄ℎ

REFERÊNCIA

HALLIDAY, David; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física –


Gravitação, Ondas e Termodinâmica – Volume 2, 12. ed., Rio de Janeiro, LTC,
2023.
(ler capítulo 13)

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Aula 09_Terceira Lei de Kepler: Lei dos Períodos

Palavras-chave: período; semi-eixo maior; constante de Kepler.

São objetivos desta aula: Estudar a Terceira Lei de Kepler e suas aplicações.

Introdução

Enunciado da Terceira Lei:

“Os quadrados dos períodos de translação dos planetas são proporcionais


aos cubos dos semieixos maiores de suas órbitas”.

Matematicamente, seja 𝑇 o período de revolução (ano do planeta) e 𝑎 o


semieixo maior da órbita desse mesmo planeta, então:

𝑇 2 = 𝑘. 𝑎3

Aqui, 𝑘 é uma constante de proporcionalidade. Esta lei indica que existe uma
relação entre a distância do planeta e o período de translação (tempo que o planeta
leva para completar uma revolução). No caso do sistema solar, que tem o Sol como
centro do sistema, essa constante vale 𝑘 = 1. Portanto, quanto mais distante o
planeta estiver do Sol (semieixo 𝑎 maior), mais tempo levará para completar sua
volta em torno do Sol.
Da terceira lei de Kepler, Newton concluiu em seu Principia (1687) que devido
ao Sol, a força que age constantemente sobre o planeta, além de ser central, estar
dirigida para o Sol e ser inversamente proporcional ao quadrado da distância,
também é diretamente proporcional à massa do planeta. E o coeficiente de
proporcionalidade não depende do planeta. Veja a Tabela 9.1.

Tabela 9.1: A constante de Kepler não depende do planeta.


Planeta Semieixo maior Período 𝑇 𝑘 = 𝑇 2 ⁄𝑎 3
(𝑎) (anos-terrestres) (𝑎. 𝑡. )2 ⁄(𝑈. 𝐴. )3
(U.A.)

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Mercúrio 0,387 0,241 1,002


Vênus 0,723 0,615 1,001
Terra 1,000 1,000 1,000
Marte 1,524 1,881 1,000
Júpiter 5,203 11,860 0,999
Saturno 9,539 29,460 1,000
Urano 19,190 84,010 0,999
Netuno 30,060 164,800 1,000
Fonte: Próprio Autor.

Observações Importantes:

a) Além de verificar que o valor de 𝑘 é constante para todos os planetas do nosso


sistema solar, Kepler mostrou através de seus cálculos que a constante 𝑘 não
depende da massa do planeta, mas sim da massa do Sol.
b) A Terceira Lei de Kepler nos mostra que à medida que consideramos uma
distância maior do planeta ao Sol, o período também será maior. Por exemplo: O
ano de Mercúrio, planeta mais próximo do Sol, é menor que o ano de Netuno,
mais afastado do Sol. Mas a relação não é linear! O ano de Netuno é 683,8 vezes
maior do que o ano de Mercúrio, mas o semieixo maior da órbita de Netuno é
“apenas” 77,7 vezes maior do que o semieixo maior da órbita de Mercúrio.
c) É importante lembrar-nos da segunda lei de Kepler: os planetas não se movem
ao redor do Sol como se estivessem grudados sobre um disco, isto é, cada
planeta apresenta uma velocidade escalar orbital diferente em relação ao Sol,
embora a velocidade areolar seja constante.
d) As leis de Kepler não se aplicam apenas ao Sol e aos planetas que orbitam em
torno dele. Elas podem ser utilizadas para o estudo de qualquer sistema em que
um corpo central tenha outros em órbita de si. Assim, cada sistema tem a sua
constante kepleriana. As leis de Kepler podem, assim, ser empregadas, por
exemplo, para o estudo dos satélites artificiais, satélites de outros planetas,
sistemas planetários em outras estrelas, satélites usados em telecomunicações.

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Exercícios Resolvido 1: O período orbital da Lua ao redor da Terra é de


aproximadamente 28 dias e a distância média entre ambas é da ordem de 385.000𝑘𝑚.
Faça uma estimativa da constante kepleriana da Terra.

𝑇2 (28)2
𝑘 𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 = = = 13,74.
𝑎3 (385.000)3

Exercícios Propostos: Imagine um sistema planetário com 4 planetas e uma estrela


central. A Tabela 9.2 mostra os valores do período orbital destes planetas.

Tabela 9.2: Período orbital de planetas.


Planeta Período Orbital (anos-terrestres)
Alfa 5,00
Beta 2,43
Gama 11,90
Teta 0,99
Fonte: Próprio Autor.

Com base nos dados da Tabela 9.2, responda os exercícios 1, 2 e 3 abaixo.

1) De acordo com as leis de Kepler, o planeta mais próximo da estrela central é:


a) Alfa
b) Beta
c) Gama
d) Teta

2) Se considerarmos que a distância do planeta Alfa até a estrela central é de 10𝑈. 𝐴.,
a constante kepleriana para esse sistema vale, aproximadamente:
a) 25. 10−3 (𝑎. 𝑡. )2 ⁄(𝑈. 𝐴. )3
b) 25. 103 (𝑈. 𝐴. )2 ⁄(𝑎. 𝑡. )3
c) 25. 103 (𝑎. 𝑡. )2 ⁄(𝑈. 𝐴. )3
d) 25. 10−3 (𝑈. 𝐴. )2 ⁄(𝑎. 𝑡. )3

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3) Considerando a constante kepleriana calculada no exercício 2, a distância do


planeta Teta até a estrela central é de aproximadamente:
a) 3,4𝑈. 𝐴.
b) 4,3𝑈. 𝐴.
c) 5,2𝑈. 𝐴.
d) 6,5𝑈. 𝐴.

Respostas dos Exercícios Propostos

1) D
2) A
3) A

REFERÊNCIA

HALLIDAY, David; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física –


Gravitação, Ondas e Termodinâmica – Volume 2, 12. ed., Rio de Janeiro, LTC,
2023.
(ler capítulo 13)

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Aula 10_Lei da Gravitação Universal

Palavras-chave: gravidade; constante gravitacional; efeito nas marés.

São objetivos desta aula: estudar a Lei da Gravitação Universal e suas


aplicações.

Introdução

A gravidade é uma das quatro forças fundamentais da natureza, em conjunto


com a força eletromagnética, a força fraca e a força forte. Segundo a teoria geral da
relatividade de Einstein, a gravidade é consequência da curvatura espaço-tempo que
regula o movimento de objetos inertes. A lei clássica da gravitação foi formulada por
Isaac Newton em 1687, na sua obra “Philosophiae Naturalis Principia Mathematica”.
Esta teoria fornece uma aproximação precisa para a maioria das situações físicas,
entre as quais os cálculos de trajetória espacial.
Do ponto de vista prático, a atração gravitacional da Terra confere peso aos
objetos e faz com que caiam ao chão quando soltos (como a atração é mútua, a
Terra também se move em direção aos objetos, mas apenas por uma fração de
comprimento tão pequena que nem percebemos, já que a massa da Terra é muito
maior do que a massa de qualquer objeto presente na Terra).
A lei da gravitação universal afirma que duas partículas quaisquer do universo
se atraem por meio de uma força que é diretamente proporcional ao produto de suas
massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que as separa. Se os
corpos não são partículas ou não podem ser considerados como “pontos materiais”,
a distância entre elas deve ser medida em relação ao centro de massa delas, ou
seja, pontos onde se pode supor que está concentrada toda a massa do corpo.
Matematicamente, a versão vetorial é:

𝑟⃗ 𝐺. 𝑚1 . 𝑚2 𝑟⃗ 𝐺. 𝑚1 . 𝑚2
⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗⃗⃗2 = |𝐹
𝐹1 = −𝐹 ⃗⃗⃗⃗1 |. = . = . 𝑟⃗.
|𝑟⃗| |𝑟⃗|2 |𝑟⃗| |𝑟⃗|3

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Em alguns problemas, estamos interessados apenas em calcular o módulo da


força gravitacional |𝑟⃗| = 𝑑. Neste caso, a lei de gravitação universal é escrita de forma
mais simples:
𝐺. 𝑚1 . 𝑚2
𝐹1 = 𝐹2 = .
𝑑2

Figura 10.1: Lei da Gravitação Universal.

Fonte: Força Gravitacional. Disponível em https://www.todamateria.com.br/forca-gravitacional/ .


Acesso em 04 abr. 2023.

.
Aqui:
⃗⃗⃗⃗
𝐹1 (𝐹⃗⃗⃗⃗⃗2 ) é a força sentida pelo corpo 1 (2) devido à presença do corpo 2 (1), em

newtons;
𝑚1 e 𝑚2 são as massas dos corpos que se atraem entre si, em quilogramas;
𝑟⃗ é o vetor que liga o corpo 1 ao corpo 2; |𝑟⃗| = 𝑑 é a distância entre os dois corpos,
em metros; 𝑟⃗⁄|𝑟⃗| é o versor (vetor unitário) que liga o corpo 1 ao corpo 2.
A constante gravitacional universal foi medida por Henry Cavendish no século
XVIII e vale aproximadamente 𝐺 = 6,67. 10−11 𝑁. 𝑚2 ⁄𝑘𝑔2. A descoberta da lei da
gravitação universal teve enorme importância para a ciência, pois pela primeira vez
uniu a física dos corpos terrestres à física dos corpos celestes.
Pode ser demonstrado matematicamente que, para um objeto com distribuição
de massa simetricamente esférica, a força gravitacional atuando sobre todo corpo é
a mesma força gravitacional atuando sobre um ponto situado no centro dessa esfera
com a massa de todo o corpo (centro de massa).
A gravidade faz com que a matéria dispersa se aglutine e se mantenha intacta,
permitindo dessa forma a existência de planetas, estrelas, galáxias e a maior parte
dos objetos macroscópicos do universo. A gravidade é ainda responsável por manter

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a Terra e os demais planetas em órbitas (ou seja, faz o papel de força de centrípeta),
pela formação de marés e por outros fenômenos do universo.
Um corpo em queda livre em direção à superfície da Terra apenas sob a ação
da gravidade acelera a uma taxa aproximada de 9,8 𝑚⁄𝑠 2 . A aceleração da gravidade
é uma aceleração física de um objeto causado pela força da gravidade. Desprezando
a resistência do ar, todas as massas pequenas comparadas à massa da Terra se
aceleram num campo gravitacional com a mesma aceleração em relação ao centro
de massa. Isto é verdade independe da massa e da composição dos corpos. Na Lua,
a gravidade vale 1,6 𝑚⁄𝑠 2 . Em Marte, vale 3,7 𝑚⁄𝑠 2 .

Exercício Resolvido: Calcule a velocidade do telescópio espacial Hubble em dado


instante com base nos seguintes dados:

Massa da Terra: 𝑀𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 = 5,98. 1024 𝑘𝑔;


Raio da Terra: 𝑅𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 = 6,37. 106 𝑚;
Constante da gravitação universal: 𝐺 = 6,67. 10−11 𝑁. 𝑚2⁄𝑘𝑔2 ;
Altura do Hubble em relação à superfície da Terra: ℎ = 589𝑘𝑚 = 5,89. 105 𝑚.

Solução: Reparem que a massa do telescópio não é dada! Isso porque, como
veremos abaixo, a velocidade do telescópio não depende de sua massa. Neste
problema, a força gravitacional faz o papel de força centrípeta que mantém o
telescópio em órbita ao redor da Terra. Assim:
𝐹𝑔𝑟𝑎𝑣 = 𝐹𝑐𝑒𝑛𝑡
𝐺. 𝑀𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 . 𝑚𝐻𝑢𝑏𝑏𝑙𝑒
= 𝑚𝐻𝑢𝑏𝑏𝑙𝑒 . 𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡
(𝑅𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 + ℎ)2
𝐺. 𝑀𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 . 𝑚𝐻𝑢𝑏𝑏𝑙𝑒 𝑣2
= 𝑚𝐻𝑢𝑏𝑏𝑙𝑒 . .
(𝑅𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 + ℎ)2 (𝑅𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 + ℎ)
Simplificando a equação:
𝐺. 𝑀𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎
𝑣2 =
(𝑅𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 + ℎ)

𝐺. 𝑀𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 6,67. 10−11 . 5,98. 1024


𝑣=√ =√ ≅ 7571 𝑚⁄𝑠 = 27255,6 𝑘𝑚⁄ℎ .
(𝑅𝑇𝑒𝑟𝑟𝑎 + ℎ) (6,37. 106 + 0,589. 106 )

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O Efeito nas Marés - Forças Gravitacionais Diferenciais

São forças que surgem dentro de um corpo extenso sujeito ao campo


gravitacional de outro corpo. Essas forças são resultado da variação do campo
gravitacional ao longo do corpo extenso.

Seja 𝐹 a força que atua no centro de massa (CM) do corpo extenso e 𝑟 a


distância do centro de massa ao outro corpo. Cada partícula do corpo extenso está
a uma distância 𝑟 + 𝑑𝑟 do outro corpo e, portanto, sente uma força gravitacional 𝐹 +
𝑑𝐹 . É possível demonstrar matematicamente que:

2. 𝐺. 𝑀. 𝑚
𝑑𝐹 = . 𝑑𝑟.
𝑟3

Figura 10.1: Força gravitacional diferencial.

Fonte: Força Gravitacional. Diferencial. Disponível em


http://www.if.ufrgs.br/fis02001/aulas/aulafordif.htm. Acesso em 04 abr. 2023.

As marés devem-se às forças gravitacionais diferenciais exercidas pela Lua e


pelo Sol sobre a Terra. Em termos simples, a força gravitacional sentida pelas
partículas da Terra mais próximas da Lua é maior do que a força gravitacional sentida
pelas partículas no centro da Terra e esta é maior do que a força gravitacional sentida
pelas partículas que estão mais distantes da Lua. Portanto, em relação ao centro da
Terra, um lado está sendo puxado na direção da Lua e o outro lado está sendo
puxado na direção contrária.

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Figura 10.2: As forças gravitacionais em diferentes pontos da Terra devido à Lua. As setas pretas
representam a atração gravitacional exercida pela Lua no ponto de origem da seta; as setas
vermelhas representam a força de maré no ponto. No detalhe, um esquema mostrando o cálculo da
força de maré no ponto P da superfície da Terra.

Fonte: Força Gravitacional. Diferencial. Disponível em


http://www.if.ufrgs.br/fis02001/aulas/aulafordif.htm. Acesso em 04 abr. 2023.

Exercício Resolvido (ENADE 2014): Após uma maré alta que atingiu vários carros
parados nas proximidades de uma praia, um grupo de estudantes procurou estudar
o fenômeno com o objetivo de estabelecer algumas previsões. Cientes de que o
fenômeno é causado pelas forças de atração gravitacional diferenciais da Lua sobre
a Terra, os estudantes acompanharam as variações da altura da maré em
determinado ponto apenas nos dias de passagem de fase da Lua. A tabela a seguir
mostra os valores máximos e mínimos obtidos.

Tabela 10.1: Tábua de Marés.


Dia 3: lua Dia 3: lua Dia 10: lua Dia Dia 17: lua Dia 17: lua Dia 25: lua Dia
crescente crescente cheia 10: minguante minguante nova 25:
lua lua
cheia nova

02h22min 0,72 m 01h29min 1,26 02h22min 0,62 m 02h56min 1,23


m m

07h05min 0,96 m 08h21min 0,37 07h18min 1,09 m 09h12min 0,21


m m

14h05min 0,34 m 14h44min 1,37 14h13min 0,45 m 15h17min 1,42


m m

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19h56min 1,03 m 20h58min 0,44 21h15min 1,07 m 22h11min 0,50
m m

Fonte: Próprio Autor.

Ao pesquisar sobre o tema, os estudantes concluíram que a força diferencial


gravitacional, obtida pela derivada da equação da força da gravitação universal, é
diretamente proporcional à massa do corpo que provoca a maré e inversamente
proporcional ao cubo da distância entre os corpos. Eles utilizaram os seguintes
dados referentes às massas e às distâncias envolvidas:

Distância Terra-Lua: 3,8. 105 𝑘𝑚;


Distância Terra-Sol: 1,5. 108 𝑘𝑚;
Massa do Sol: 2,0. 1030 𝑘𝑔;
Massa da Lua: 7,3. 1022 𝑘𝑔.

Nesse contexto, avalie as seguintes afirmações feitas pelos estudantes.


I. As marés de maior amplitude ocorrem nas proximidades das luas cheia e
nova, constatação que evidencia a não dependência da atração gravitacional
do Sol na ocorrência do fenômeno.
II. Embora a massa do Sol seja muito maior que a massa da Lua, o fato de ele
estar muito mais distante da Terra do que a Lua faz com que a maré
provocada por ele tenha 1/10 da maré provocada pela Lua.
III. Durante o intervalo de tempo de um dia, ocorrem, em um mesmo local, duas
marés altas e duas marés baixas, de forma que, quando ocorre a maré alta
em dado lugar da Terra, simultaneamente ocorre maré alta no lado da Terra
diametralmente oposto.

É correto o que se afirma em:


A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.

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Solução (Observação: adaptado do gabarito oficial, disponível em https://www.gov.br/inep/pt-


br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-exames-educacionais/enade/provas-e-gabaritos):

A afirmação I está incorreta. Embora seja verdade que as marés de maior


amplitude ocorrem nas luas cheia e nova, a deformação da Terra originada pela Lua
é maior do que a originada pelo Sol, pois a variação do campo gravitacional da Lua
com a distância radial é maior do que a do campo gravitacional do Sol no local onde
a Terra se encontra; mas a deformação causada pelo Sol não é desprezível.
A afirmação II também está incorreta. Para verificarmos a influência do Sol nas
marés da Terra, devemos obter a derivada da equação gravitacional e substituir os
valores de massa e distância fornecidos na questão. Sabemos que a força
gravitacional é calculada como:
−𝐺. 𝑀. 𝑀
𝐹=
𝑟2
Sua derivada será:
𝑑𝐹 2. 𝐺. 𝑀. 𝑚
=
𝑑𝑟 𝑟3
Então:
2. 𝐺. 𝑀. 𝑚
𝑑𝐹 = . 𝑑𝑟.
𝑟3
Agora podemos comparar as marés produzidas pelo Sol e pela Lua na Terra.
Seja 𝑀𝑆 a massa do Sol, 𝑀𝐿 a massa da Lua, 𝑟𝑇𝑆 a distância Terra-Sol, 𝑟𝑇𝐿 a distância
Terra-Lua e 𝑚𝑇 a massa da Terra. Então:

2. 𝐺. 𝑀𝑆 . 𝑚 𝑇
𝑑𝐹𝑆 3
𝑟𝑇𝑆
=
𝑑𝐹𝐿 2. 𝐺. 𝑀𝐿 . 𝑚 𝑇
3
𝑟𝑇𝐿
Simplificando a equação:

𝑑𝐹𝑆 𝑀𝑆 𝑟𝑇𝐿 3
= ( ).( )
𝑑𝐹𝐿 𝑀𝐿 𝑟𝑇𝑆
Substituindo pelos valores dados:
3
𝑑𝐹𝑆 2,0. 1030 3,8. 105
=( ).( ) = 0,45.
𝑑𝐹𝐿 7,3. 1022 1,5. 108

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Portanto, a influência do Sol nas marés da Terra não é desprezível,


representando 45% da influência da Lua nas marés da Terra, e não 10%!
A afirmação III é a única correta. Analisando a Tabela de Marés dada, podemos
verificar que ocorrem duas marés altas e duas marés baixas no mesmo dia e no
mesmo local. Portanto, a alternativa correta é a “B”.

Exercícios Proposto:

1) Definimos o módulo do campo gravitacional (aceleração da gravidade) por:

𝑃
𝑔=
𝑚

Aqui, 𝑃 é o peso a que um corpo de prova de massa 𝑚 está sujeito nesse


campo gravitacional. Como 𝑃 é igual à força de atração gravitacional, chegamos a:

𝐺. 𝑀. 𝑚
2 𝐺. 𝑀
𝑔= 𝑅 = 2 .
𝑚 𝑟

Se substituirmos 𝑀 pela massa da Terra, 𝐺 pela constante gravitacional e 𝑅


pelo raio da Terra, chegaremos a 𝑔 ≅ 9,82 𝑚⁄𝑠 2 . Faça este mesmo cálculo para
calcular a gravidade em Júpiter. Dados:

Massa de Júpiter: 𝑀𝐽ú𝑝𝑖𝑡𝑒𝑟 = 1,908. 1027 𝑘𝑔;


Raio de Júpiter: 𝑅𝐽ú𝑝𝑖𝑡𝑒𝑟 = 7. 107 𝑚.

Resposta do Exercício Proposto:


𝑔 ≅ 25,97 𝑚⁄𝑠 2 .

REFERÊNCIA

HALLIDAY, David; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física –


Gravitação, Ondas e Termodinâmica – Volume 2, 12. ed., Rio de Janeiro, LTC,
2023.
(ler capítulo 13)

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Resumo da Unidade II: Leis de Kepler e Lei da Gravitação Universal


de Newton

Leis de Kepler

Enunciado da Primeira Lei de Kepler:

“O planeta em órbita em torno do Sol descreve uma elipse em que o Sol ocupa
um dos focos”.

Excentricidade (𝑒) da elipse:


𝑐
𝑒=
𝑎

𝑐 é a distância focal (distância do foco até a origem da elipse)

Enunciado da Segunda Lei:

“A linha que liga o planeta ao Sol varre áreas iguais em tempos iguais”

A velocidade orbital varia (maior quanto mais próximo o planeta estiver do Sol),
porém a velocidade areolar permanece constante.

Enunciado da Terceira Lei:

“Os quadrados dos períodos de translação dos planetas são proporcionais


aos cubos dos semieixos maiores de suas órbitas”.

𝑇 2 = 𝑘. 𝑎3

Lei da Gravitação Universal de Newton

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A lei da gravitação universal afirma que duas partículas quaisquer do universo


se atraem por meio de uma força que é diretamente proporcional ao produto de suas
massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que as separa.

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Aula 11_Centro de Massa e Momento de Inércia de um Corpo Rígido

Palavras-chave: corpo rígido; centro de massa; momento de inércia.

São objetivos desta aula: definir corpo rígido; definir centro de massa e
momento de inércia de um corpo rígido; calcular o centro de massa e o momento de
inércia de sistemas discretos e contínuos de massa.

Definição de Corpo Rígido


Na mecânica da partícula, todos os corpos são representados por uma
partícula ou “ponto material” (ou seja, um ponto com massa). Muitas das vezes, o
corpo é constituído por muitas partículas, como é o caso de um bloco ou um carro,
mas para facilitar o estudo da mecânica, aproximamos estes corpos para uma
partícula. Na mecânica dos corpos extensos, os corpos não são (ou não podem ser
aproximados para) uma partícula. São corpos constituídos por muitas partículas e a
cada uma delas deve ser aplicada a segunda lei de Newton para descrever o
movimento. Estes corpos extensos podem ou não sofrer deformações, dependendo
das forças a eles aplicadas. Neste curso de mecânica, estudaremos apenas os
corpos ditos “rígidos”.

Considera-se como “rígido” ou “sólido”, um corpo que não sofre deformações,


independente das forças a ele aplicadas. As forças aqui mencionadas são vetoriais,
ou seja, o corpo rígido não sofre deformação independente da direção, do sentido e
da intensidade das forças a ele aplicadas. Formalmente, define-se um corpo rígido
como aquele em que a distância entre quaisquer dois de seus pontos é invariante,
ou seja, não é alterada.

O Centro de Massa
É possível adaptar a segunda lei de Newton para o estudo da dinâmica de
corpos extensos (corpos compostos por mais de uma partícula) desde que se faça
uso de um ponto especial associado ao corpo, não necessariamente pertencente ao
corpo. Este ponto é denominado centro de massa (CM).

O CM estará sempre localizado na região que concentra a maior parte da


massa. Se um corpo é homogêneo (ou seja, tem massa uniformemente distribuída)

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e simétrico, o centro de massa é um ponto do eixo de simetria. Havendo mais do que


um eixo de simetria, o CM estará na intersecção dos mesmos. Outra propriedade do
CM é a de que o CM não precisa ser necessariamente um ponto do próprio corpo.
Por exemplo, o CM de um anel homogêneo é o centro do anel, um ponto que não
pertence ao anel.

Nesta aula, aprenderemos a calcular o centro de massa para um sistema


“discreto” de partículas (aquele em que é possível “contar” o número de partículas)
e para um sistema “contínuo” de partículas (um corpo extenso de partículas em que
não é possível contar o número de partículas).

Cálculo do CM para um Sistema Discreto de Partículas


Para uma dada direção 𝑥 , a posição do CM é a razão do somatório do produto
da posição de cada partícula pela sua massa pelo somatório de todas as massas do
sistema. Matematicamente:

∑𝑛𝑖=1 𝑚𝑖 . 𝑥𝑖
𝑥𝐶𝑀 = .
∑𝑛𝑖=1 𝑚𝑖

Exemplo Resolvido 1. Considere o sistema discreto da Figura 11.1, composto por


quatro partículas de massas 𝑚1 = 𝑚, 𝑚2 = 2. 𝑚, 𝑚3 = 3. 𝑚 e 𝑚4 = 4. 𝑚, formando
um quadrado de comprimento 𝐿. Queremos calcular a posição do CM do sistema.

Figura 11.1: Sistema discreto composto por quatro partículas.

Fonte: Próprio Autor.

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Solução: Como estamos no plano 𝑋𝑌, vamos adotar a origem do plano cartesiano
como o ponto onde está 𝑚1 .

Vamos calcular a posição do CM nas direções 𝑥 e 𝑦:

∑4𝑖=1 𝑚𝑖 . 𝑥𝑖 𝑚1 . 𝑥1 + 𝑚2 . 𝑥2 +𝑚3 . 𝑥3 +𝑚4 . 𝑥4


𝑥𝐶𝑀 = =
∑4𝑖=1 𝑚𝑖 𝑚1 + 𝑚2 + 𝑚3 + 𝑚4

𝑚. 0 + (2. 𝑚). 𝐿 + (3. 𝑚). 𝐿 + (4. 𝑚). 0 5. 𝑚. 𝐿


= = 0,5. 𝐿
𝑚 + 2. 𝑚 + 3. 𝑚 + 4. 𝑚 10. 𝑚

∑4𝑖=1 𝑚𝑖 . 𝑦𝑖 𝑚1 . 𝑦1 + 𝑚2 . 𝑦2 +𝑚3 . 𝑦3 +𝑚4 . 𝑦4


𝑦𝐶𝑀 = =
∑4𝑖=1 𝑚𝑖 𝑚1 + 𝑚2 + 𝑚3 + 𝑚4

𝑚. 0 + (2. 𝑚). 0 + (3. 𝑚). 𝐿 + (4. 𝑚). 𝐿 7. 𝑚. 𝐿


= = 0,7. 𝐿.
𝑚 + 2. 𝑚 + 3. 𝑚 + 4. 𝑚 10. 𝑚

As coordenadas no CM são, portanto: (𝑥𝐶𝑀 = 0,5. 𝐿; 𝑦𝐶𝑀 = 0,7. 𝐿), tomando 𝑚1


como origem do sistema de coordenadas cartesianas. Veja a Figura 11.2. Se
tivéssemos escolhido outro ponto qualquer para ser a origem do sistema de
coordenadas (não necessariamente uma das partículas!), as coordenadas
encontradas para o CM seriam outras, mas o ponto do CM seria exatamente o
mesmo! (Escolha, por exemplo, o centro do quadrado como origem do sistema de
coordenadas e calcule novamente as coordenadas do CM).

Figura 11.2: 𝐶𝑀 = (𝑥𝐶𝑀 = 0,5. 𝐿; 𝑦𝐶𝑀 = 0,7. 𝐿).

Fonte: Próprio Autor.

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Cálculo do CM para um Sistema Contínuo de Partículas


Para um corpo extenso, o somatório é substituído pela integral:
∫ 𝑑𝑚. 𝑥
𝑥𝐶𝑀 = .
∫ 𝑑𝑚

Exemplo Resolvido 2. Veja a Figura 11.3. Considere um semicírculo plano e


homogêneo de raio 𝑅. Queremos calcular a posição do CM desta figura plana.

Figura 11.3: Semicírculo plano e homogêneo (há massa dentro da circunferência, distribuída
uniformemente pela superfície). No detalhe, um elemento infinitesimal de massa 𝑑𝑚 ocupando um
elemento diferencial de área 𝑑𝑠 em torno de um ponto qualquer 𝑃(𝑥, 𝑦) no interior do semi-círculo.

Fonte: Próprio Autor.

O elemento infinitesimal de massa 𝑑𝑚 ocupa um elemento infinitesimal de área 𝑑𝑠


em torno de um ponto 𝑃(𝑥, 𝑦) qualquer do semicírculo, de coordenadas. Da
trigonometria:

𝑥 = 𝑟. 𝑠𝑒𝑛𝜃

𝑦 = 𝑟. 𝑐𝑜𝑠𝜃

O elemento de área 𝑑𝑠 é definido para coordenadas polares (𝑟, 𝜃) como:

𝑑𝑠 = 𝑟. 𝑑𝑟. 𝑑𝜃

Todas as vezes que quisermos calcular o centro de massa de uma figura com
simetria circular, ou semicircular, é conveniente usarmos coordenadas polares e,
neste caso, a fórmula para o elemento de área é sempre a mesma: 𝑑𝑠 = 𝑟. 𝑑𝑟. 𝑑𝜃 .

Como a figura é plana e homogênea, pode-se afirmar que a densidade


superficial de massa 𝐶 é constante e pode ser expressa como:

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𝑑𝑚 𝑑𝑚
𝐶= = = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑑𝑠 𝑟. 𝑑𝑟. 𝑑𝜃

Ou,

𝑑𝑚 = 𝐶. 𝑟. 𝑑𝑟. 𝑑𝜃

Logo, a massa total do semicírculo é:

𝜋 ⁄2 𝑅
𝑅2
𝑚 = ∫ 𝑑𝑚 = ∫ 𝐶. 𝑟. 𝑑𝑟. 𝑑𝜃 = 𝐶 ∫ 𝑑𝜃 . ∫ 𝑟. 𝑑𝑟 = 𝐶. 𝜋.
−𝜋⁄2 0 2

A variável 𝜃 foi integrada de 𝜃𝑖 = −𝜋⁄2 até 𝜃𝑓 = 𝜋⁄2 porque, em relação ao eixo


𝑌 (eixo de simetria), há 𝜋⁄2 radianos à esquerda e 𝜋⁄2 radianos à direita. A
coordenada 𝑥 do CM pode então ser calculada como:

∫ 𝑑𝑚. 𝑥
𝑥𝐶𝑀 =
∫ 𝑑𝑚

O denominador já foi calculado, falta calcular o numerador:

𝜋⁄2 𝑅 𝑅
⁄ 𝑟3
∫ 𝑑𝑚. 𝑥 = ∫(𝐶. 𝑟. 𝑑𝑟. 𝑑𝜃). (𝑟. 𝑠𝑒𝑛𝜃) = 𝐶. ∫ 𝑠𝑒𝑛𝜃. 𝑑𝜃 . ∫ 𝑟 2 . 𝑑𝑟 = 𝐶. (−𝑐𝑜𝑠𝜃)𝜋−𝜋2⁄2 . ( ) = 0
−𝜋⁄2 0 3 0

Logo:

∫ 𝑑𝑚. 𝑥 0
𝑥𝐶𝑀 = = =0
∫ 𝑑𝑚 𝑅2
𝐶. 𝜋. 2

Como esperado, a coordenada 𝑥 do CM é nula, já que a semicírculo é simétrico


em relação ao eixo 𝑌. A coordenada 𝑦 do CM pode agora ser calculada de modo
análogo:

∫ 𝑑𝑚. 𝑦
𝑦𝐶𝑀 =
∫ 𝑑𝑚

O denominador já foi calculado. É a massa total do semicírculo. Vamos então


calcular numerador:

𝜋⁄2 𝑅 𝑅
2 𝜋 ⁄2 𝑟3
∫ 𝑑𝑚. 𝑦 = ∫(𝐶. 𝑟. 𝑑𝑟. 𝑑𝜃). (𝑟. 𝑐𝑜𝑠𝜃) = 𝐶. ∫ 𝑐𝑜𝑠𝜃. 𝑑𝜃 . ∫ 𝑟 . 𝑑𝑟 = 𝐶. (𝑠𝑒𝑛𝜃)−𝜋⁄2 . ( )
−𝜋⁄2 0 3 0

2. 𝐶. 𝑅 3
=
3

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Logo:

2. 𝐶. 𝑅 3
∫ 𝑑𝑚. 𝑦 3 4. 𝑅
𝑦𝐶𝑀 = = 2 = ≅ 0,425. 𝑅.
∫ 𝑑𝑚 𝑅 3. 𝜋
𝐶. 𝜋. 2

Repare que as coordenadas do CM não dependem da densidade superficial


do semicírculo! Isto ocorre porque a figura é homogênea. Por exemplo, um
semicírculo homogêneo de papelão e um semicírculo homogêneo de chumbo terão
CM exatamente no mesmo ponto!

4.𝑅
Figura 11.4: 𝐶𝑀 = (𝑥𝐶𝑀 = 0; 𝑦𝐶𝑀 = ).
3.𝜋

Fonte: Próprio Autor.

Cálculo de Momento de Inércia

Inércia é a tendência natural de tudo permanecer como está, ou seja, de não


alterar o estado de movimento de um objeto. Um corpo em repouso tende
naturalmente a permanecer em repouso. Um corpo em MRU tende a manter o seu
estado de movimento. Esta é a Primeira Lei de Newton.

O momento de inércia (𝐼) é uma grandeza física que mede a inércia no caso
do movimento ser de rotação. Em outras palavras, o momento de inércia mede a
“dificuldade” em se alterar o estado de um corpo em rotação. Ao contrário da massa
inercial 𝑚 (um escalar), o momento de inércia também depende da distribuição da
massa em torno de um eixo de rotação escolhido arbitrariamente. Quanto maior o
momento de inércia de um corpo, mas difícil será fazê-lo girar. Contribui mais para o
momento de inércia a porção de massa que está afastada do eixo de rotação.
Matematicamente, definimos o momento de inércia (𝐼) como:

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𝐼 = ∑𝑛𝑖=1 𝑟𝑖2 . 𝑚𝑖 (sistema discreto de 𝑛 partículas)

𝐼 = ∫ 𝑟 2 . 𝑑𝑚 (sistema contínuo de partículas)

Unidade (SI): 𝑘𝑔. 𝑚2 .


Nestas fórmulas, 𝑟 é a distância de cada partícula até o eixo de rotação. O
momento de inércia expressa a inércia de rotação de um corpo, quando
acelerado/desacelerado em movimento de rotação, em torno de um eixo ortogonal
ao plano do movimento. Por exemplo, considere uma bailarina girando do eixo
vertical de seu corpo. Quando a bailarina abre os braços, distribui parte de sua
massa por um raio maior e assim, de acordo com a fórmula acima, aumenta o seu
momento inércia, ou seja, aumenta a resistência ao movimento. Já quando encolhe
os braços totalmente, diminui o seu momento de inércia, ou seja, diminui a
resistência ao movimento. Outro exemplo é a cadeira giratória. Quando sentamos
em uma dessas cadeiras e queremos girar rápido, encolhemos os braços e pernas,
e quando queremos desacelerar, fazemos exatamente o contrário. O conceito de
momento de inércia é um dos mais importantes da mecânica.

Teorema de Steiner (ou Teorema dos Eixos Paralelos)


O teorema de Steiner relaciona os momentos de inércia de dois eixos que são
paralelos entre si:

𝐼0 = 𝐼𝐶𝑀 + 𝑚. 𝑑2

Sendo:

𝐼𝐶𝑀 : momento de inércia do sistema em relação ao eixo que passa pelo centro de
massa (CM);

𝐼0 : momento de inércia do sistema em relação ao eixo que passa pelo ponto 𝑂 e que
é paralelo ao eixo que passa pelo CM;

𝑑: distância entre os dois eixos paralelos;

𝑚: massa total do sistema.

Este teorema é extremamente útil do ponto de vista prático, pois evita que
calculemos o momento de inércia para vários eixos de rotação que são paralelos ao
eixo que passa pelo CM. Porém, vale ressaltar, só é válido se os dois eixos forem

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paralelos entre si. Se os dois eixos não forem paralelos, o teorema de Steiner não é
válido e o cálculo do momento de inércia deve ser feito para cada um dos eixos!

Raio de Inércia (𝑘)

Concentrando toda a massa do corpo em um único “ponto médio” que está à


distância 𝑘 do eixo de rotação, o momento de inércia é calculado como:

𝐼 = 𝑚. 𝑘 2

Ou, isolando 𝑘:

𝐼
𝑘=√ .
𝑚

O raio de inércia não é necessariamente a média aritmética simples das


distâncias das partículas do corpo até o polo por onde passa o eixo de rotação.

Cálculo do Momento de Inércia para um Sistema Discreto de Partículas


Vamos começar pelo exemplo mais simples, um sistema composto por apenas
duas partículas.

Exercício Resolvido 3: Considere duas partículas de massas 𝑚1 = 𝑚 e 𝑚2 = 2. 𝑚


distantes uma da outra 𝐿. Vamos calcular:

a) 𝐼1 (momento de inércia em relação ao eixo ortogonal a este plano e que passa


por 𝑚1 );
b) 𝐼2 (momento de inércia em relação ao eixo ortogonal a este plano e que passa
por 𝑚2 );
c) 𝐼𝑀 (momento de inércia em relação ao eixo ortogonal a este plano e que passa
pelo ponto médio entre as partículas);
d) 𝐼𝐶𝑀 (momento de inércia em relação ao eixo ortogonal a este plano e que passa
pelo centro de massa do sistema).

Figura 11.5: Sistema de duas partículas girando em torno de um eixo.

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Fonte: Próprio Autor.

Solução:

a) 𝐼1 = 𝑚1 . 𝑟12 + 𝑚2 . 𝑟22 = 𝑚. (0)2 + 2. 𝑚. (𝐿)2 = 2. 𝑚. 𝐿2 ;


b) 𝐼2 = 𝑚1 . 𝑟12 + 𝑚2 . 𝑟22 = 𝑚. (𝐿)2 + 2. 𝑚. (0)2 = 𝑚. 𝐿2 ;
c) 𝐼𝑀 = 𝑚1 . 𝑟12 + 𝑚2 . 𝑟22 = 𝑚.

Primeiro, precisamos calcular a posição do CM do sistema:

𝑚1 . 𝑟1 + 𝑚2 . 𝑟2
𝑟𝐶𝑀 = = 𝑚.
𝑚1 + 𝑚2

Agora, podemos calcular o momento de inércia (as posições agora devem ser
calculadas em relação ao eixo passando pelo CM):

𝐼𝐶𝑀 = 𝑚1 . 𝑟12 + 𝑚2 . 𝑟22 = 𝑚.

Comparando os quatro momentos de inércia acima calculados, verificamos


que, para este sistema de duas partículas, em que uma delas tem o dobro da massa
da outra, verifica-se que 𝐼1 > 𝐼2 > 𝐼𝑀 > 𝐼𝐶𝑀 . Ou seja, das quatro situações, a mais fácil
é girar este sistema em torno do eixo que passa pelo CM e a mais difícil é girar este
sistema em torno do eixo que passa por 𝑚1 .

Todos os quatro eixos são ortogonais entre si, portanto vale o teorema de
Steiner. Por exemplo, calculando 𝐼𝑀 , pode-se calcular 𝐼𝐶𝑀 pelo Teorema de Steiner:

3. 𝑚. 𝐿2 𝐿 2 3. 𝑚. 𝐿2 3. 𝑚. 𝐿2 2. 𝑚. 𝐿2
𝐼𝐶𝑀 = 𝐼𝑀 − (3. 𝑚). 𝑑2 = − 3. 𝑚. ( ) = − = .
4 6 4 36 3

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Cálculo do Momento de Inércia para um Sistema Contínuo de Partículas

Exercício Resolvido 4. Considere quatro barras homogêneas de comprimento 𝐿


formando um quadrado conforme a Figura 11.6. A massa total do quadrado é 𝑚.
Calcule:

a) 𝐼𝐶𝑀 (momento de inércia em relação ao eixo ortogonal a este quadrado e que


passa pelo centro de massa do sistema, que é o próprio centro do quadrado);
b) 𝐼1 (momento de inércia em relação ao eixo ortogonal a este quadrado e que passa
pelo vértice 1);
c) 𝐼12 (momento de inércia em relação ao eixo que coincide com o lado 12 do
quadrado).
Figura 11.6: Quadrado de lado 𝐿 e massa total 𝑚.

Fonte: Próprio Autor.

Solução

a) Em relação ao eixo que passa pelo CM (centro do quadrado), todos os quatro


lados são iguais entre si, portanto basta calcular para um dos lados e multiplicar
por quatro. Vamos calcular para o lado 12. Veja a Figura 11.7.

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Figura 11.7: Lado 12 visto pelo CM.

Fonte: Próprio Autor.

O quadrado é homogêneo e, portanto, cada um de seus lados tem densidade


linear de massa igual a:

𝑚 𝑑𝑚
𝐶= =
4. 𝐿 𝑑𝑥

Ou

𝑚.𝑑𝑥
𝑑𝑚 = .
4.𝐿

Considere o elemento infinitesimal de massa 𝑑𝑚 localizado entre 𝑥 e 𝑥 + 𝑑𝑥. O


elemento infinitesimal de momento de inércia em relação ao eixo que passa pelo CM
é:

𝑟 2 . 𝑚. 𝑑𝑥
𝑑𝐼𝐶𝑀 = 𝑟 2 . 𝑑𝑚 = .
4. 𝐿

Da Figura 11.7, pelo teorema de Pitágoras:

𝐿 2 4. 𝑥 2 + 𝐿2
𝑟2 = 𝑥2 + ( ) = .
2 4

Estamos prontos agora para calcular o momento de inércia:

4. 𝑥 2 + 𝐿2 𝑚
𝐼𝐶𝑀12 = ∫ 𝑟 2 . 𝑑𝑚 = ∫ . . 𝑑𝑥
4 4. 𝐿

+𝐿⁄2
𝑚 2
𝑚. 𝐿 +𝐿⁄2
𝐼𝐶𝑀12 = .∫ 𝑥 . 𝑑𝑥 + .∫ 𝑑𝑥
4. 𝐿 −𝐿⁄2 16 −𝐿⁄2

𝐿⁄2
𝑚 𝑥3 𝑚. 𝐿 ⁄
𝐼𝐶𝑀12 = .( ) + . (𝑥)𝐿−𝐿2⁄2
4. 𝐿 3 −𝐿⁄2 16

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𝑚 𝐿3 𝐿3 𝑚. 𝐿
𝐼𝐶𝑀12 = .( + )+ .𝐿
4. 𝐿 24 24 16

𝑚. 𝐿2 𝑚. 𝐿2 𝑚. 𝐿2
𝐼𝐶𝑀12 = + = .
48 16 12

Portanto, o momento de inércia total, para os quatro lados é:

4. 𝑚. 𝐿2 𝑚. 𝐿2
𝐼𝐶𝑀 = 4. 𝐼𝐶𝑀12 = = ≅ 0,33. 𝑚. 𝐿2 .
12 3

b) O eixo ortogonal ao quadrado e que passa pelo vértice 1 é paralelo ao eixo


ortogonal ao quadrado e que passa pelo CM, logo podemos usar o teorema de
Steiner:
𝐼1 = 𝐼𝐶𝑀 + 𝑚. 𝑑2

A distância entre o vértice 1 e o CM pode ser calculada pelo teorema de


Pitágoras:

𝐿 2 𝐿 2 𝐿2
𝑑2 = ( ) + ( ) =
2 2 2

Substituindo:

𝑚. 𝐿2 𝐿2
𝐼1 = + 𝑚.
3 2
5. 𝑚. 𝐿2
𝐼1 = ≅ 0,83. 𝑚. 𝐿2 .
6

Calculamos para o eixo ortogonal ao quadrado e que passa pelo vértice 1, mas
este resultado vale para qualquer um dos quatro vértices, pois todos os vértices
estão à mesma distância do CM.

c) Já para o eixo que coincide com o lado 12, não podemos fazer uso do teorema
de Steiner, pois este eixo não é paralelo ao eixo ortogonal que passa pelo CM.
Neste caso, temos que calcular o momento de inércia para cada um dos quatro
lados em relação ao lado 12 e soma-los:

𝐼12 = 𝐼1212 + 𝐼1223 + 𝐼1214 + 𝐼1234 .

Em relação ao lado 12, qualquer ponto deste lado dista 𝑟 = 0 do lado 12,
portanto 𝐼1212 = 0.

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Veja a Figura 11.8. Em relação aos lados 14 e 23, considere um elemento


infinitesimal de massa 𝑑𝑚 localizado entre 𝑥 e𝑥 + 𝑑𝑥 em cada um desses dois lados.
A distância 𝑟 entre o vértice 1 e um elemento infinitesimal de massa 𝑑𝑚 localizado
sobre o lado 14 é 𝑟 = 𝑥 e a distância 𝑟 entre o vértice 2 e um elemento infinitesimal
de massa 𝑑𝑚 localizado sobre o lado 23 também é 𝑟 = 𝑥 . Para ambos, 𝑟 2 = 𝑥 2 .

Figura 11.8: Para os lados 14 e 23, a distância entre o lado 12 e um elemento infinitesimal de massa
𝑑𝑚 desses lados é 𝑟 = 𝑥.

Fonte: Próprio Autor.

Podemos agora calcular os momentos de inércia desses dois lados:

𝑚. 𝑑𝑥
𝐼1214 = 𝐼1223 = ∫ 𝑟 2 . 𝑑𝑚 = ∫ 𝑥 2 . 𝑑𝑚 = ∫ 𝑥 2 . =
4. 𝐿

𝑚 𝐿 2 𝑚. 𝐿2
∫ 𝑥 . 𝑑𝑥 = .
4. 𝐿 0 12

Por último, em relação ao lado 34. Todos os pontos deste lado distam 𝑟 = 𝐿 do
lado 12. Portanto, neste caso, 𝑟 2 = 𝐿2 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒. Podemos calcular facilmente o seu
momento de inércia:

𝑚. 𝑑𝑥
𝐼1234 = ∫ 𝑟 2 . 𝑑𝑚 = ∫ 𝐿2 . 𝑑𝑚 = ∫ 𝐿2 . =
4. 𝐿

𝑚. 𝐿 𝐿 𝑚. 𝐿2
. ∫ 𝑑𝑥 = .
4 0 4

Somando tudo:

𝐼12 = 𝐼1212 + 𝐼1223 + 𝐼1214 + 𝐼1234

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𝑚. 𝐿2 𝑚. 𝐿2 𝑚. 𝐿2
𝐼12 = 0 + + +
12 12 4

5. 𝑚. 𝐿2
𝐼12 = ≅ 0,42. 𝑚. 𝐿2 .
12

Calculamos para o lado 12, mas vale para qualquer um dos lados do quadrado,
pois o quadrado é simétrico e os quatro lados são iguais. Comparando os resultados
dos três itens deste exercício, chegamos à conclusão que é mais difícil girar o
quadrado em relação ao eixo ortogonal ao quadrado que passa por um dos vértices
do que em relação ao eixo que coincide com um dos lados do quadrado e muito mais
difícil girar o quadrado em relação ao eixo que passa pelo CM!

Momento de Inércia de Alguns Corpos Homogêneos

𝑚.𝐿2
Barra unidimensional de massa 𝑚 e comprimento 𝐿: 𝐼𝐶𝑀 = 12
;

𝑚.𝑅 2
Cilindro de massa 𝑚 e base de raio 𝑅: 𝐼𝐶𝑀 = 2
; (eixo ortogonal à base, passando
pelo CM);

2.𝑚.𝑅2
Esfera de massa 𝑚 e base de raio 𝑅: 𝐼𝐶𝑀 = 5
; (qualquer eixo passando pelo CM);

Anel de massa 𝑚 e raio 𝑅: 𝐼𝐶𝑀 = 𝑚. 𝑅 2 ; (eixo ortogonal ao anel, passando pelo CM);

𝑚.𝑅2
Disco de massa 𝑚 e raio 𝑅: 𝐼𝐶𝑀 = 2
; (eixo ortogonal ao disco, passando pelo CM);

𝑚(𝑎 2 +𝑏2 )
Placa retangular de massa 𝑚 e lados 𝑎 e 𝑏: 𝐼𝐶𝑀 = 12
. (eixo ortogonal à placa,

passando pelo CM).

Exercícios Propostos:
1) Calcule as coordenadas do CM de uma placa no formato de um quarto de círculo
plano e homogêneo de raio 𝑅;

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Figura 11.9: Placa no formato de um quarto de círculo.

Fonte: Próprio Autor.

2) Calcule o momento de inércia de uma barra unidimensional homogênea de


massa 𝑚 e comprimento 𝐿 em relação ao eixo ortogonal que passa pelo CM
(centro da barra);
3) Calcule o momento de inércia de um anel fino homogêneo de massa 𝑚 e raio 𝑅
em relação ao eixo ortogonal que passa pelo CM (centro do anel).

Os exercícios abaixo exigem um cálculo mais elaborado, por isso não são
obrigatórios em um primeiro estudo. Resolva-os apenas quando já estiver
dominando todos os exercícios resolvidos.

4) (Opcional) Calcule o 𝐼𝐶𝑀 em relação ao eixo ortogonal ao plano de um triângulo


equilátero composto por três barras unidimensionais e homogêneas, cada uma
com massa 𝑚 e comprimento 𝐿;

5) (Opcional) Calcule o 𝐼𝐶𝑀 em relação a um eixo que está no plano de um disco de


massa 𝑚 e raio 𝑅.

Respostas dos Exercícios Propostos:

4.𝑅 4.𝑅
1) CM (𝑥𝐶𝑀 = 3.𝜋 ; 𝑦𝐶𝑀 = 3.𝜋)
𝑚.𝐿2
2) 𝐼𝐶𝑀 = 12

3) 𝐼𝐶𝑀 = 𝑚. 𝑅 2

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𝑚.𝐿2
4) 𝐼𝐶𝑀 = 2
𝑚.𝑅2
5) 𝐼𝐶𝑀 = 4

REFERÊNCIA

HALLIDAY, David; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física –


Mecânica – Volume 1, 12. ed., Rio de Janeiro, LTC, 2023.
(ler capítulos 9 e 10)

82
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Aula 12_ Momento Polar de uma Força e o Movimento de


Translação

Palavras-chave: momento polar; torque; translação.

São objetivos desta aula: definir momento polar de uma força; resolver
exercícios de estática; resolver exercícios do movimento de translação.

Definição de Torque

Momento polar de uma força, também chamado de torque ou binário, é uma


grandeza física vetorial definida como:

⃗⃗⃗ = 𝑟⃗ × 𝐹⃗ .
𝑀

Aqui:

𝐹⃗ : força aplicada em um ponto do corpo rígido;

𝑟⃗: vetor que liga o polo (ponto onde passa o eixo de rotação) ao ponto do corpo
onde a força é aplicada.

Em módulo, temos:

⃗⃗⃗| = 𝑟⃗ ∨. |𝐹⃗ |. 𝑠𝑒𝑛𝜃.


|𝑀

Aqui, θ é o ângulo entre 𝑟⃗ e 𝐹⃗ . Veja a Figura 12.1. A componente 𝐹. 𝑠𝑒𝑛𝜃 é a


única força responsável pela rotação da partícula. A componente 𝐹. 𝑐𝑜𝑠𝜃 não contribui
para a rotação. A distância 𝑟 é também chamada de “braço da força 𝐹 ”.

Figura 12.1: Torque de uma força.

Fonte: Próprio Autor.

83
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Para corpos em repouso ou em movimento retilíneo, a soma dos módulos dos


momentos aplicados deve ser nula, ou seja, não há rotação: ∑𝑛𝑖=1 𝑀𝑖 = 0. Para
calcular os braços das forças dos exercícios seguintes, trace a linha da força e trace
uma linha paralela a esta linha da força passando pelo polo. A distância entre estas
duas linhas paralelas é o braço daquela força. Adotaremos a convenção da regra da
mão direita: toda vez que a força provoca uma rotação no sentido horário em torno
do eixo que passa pelo polo, o momento tem sinal negativo e toda vez que a força
provoca uma rotação no sentido anti-horário em torno do eixo que passa pelo polo,
o momento tem sinal positivo. Lembrando que esta regra de sinal é uma convenção,
ou seja, podemos adotar o sinal contrário para cada sentido de rotação. O que
importa é que os sentidos de rotação tenham sinais contrários, não importa qual
sejam. O que não podemos ter é ambos os sentidos de rotação com o mesmo sinal!

Exercício Resolvido 1. Uma barra 𝐴𝐵 unidimensional e homogênea tem densidade


linear de massa 1 𝑘𝑔⁄𝑚 e encontra-se suspensa pelo ponto 𝑃 (polo). O bloco de peso
𝑃𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜 = 100𝑁, encontra-se suspenso pelo ponto 𝐴. É dada a distância de 𝑃 até 𝐵: 1𝑚.
Calcule 𝐿, o comprimento da barra. Adote 𝑔 = 10 𝑚⁄𝑠 2 .

Figura 12.2: Barra bloco pendurado em equilíbrio estático. As seguintes forças atuam sobre a barra:
𝑇1 , 𝑇2 e 𝑃𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 . Como a barra é homogênea, 𝑃𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 é colocado no centro da barra, que dista 𝐿⁄2 de
cada extremidade. Não se conhece a distância 𝑥 do centro da barra até o polo 𝑃, mas pode-se
deduzir que 𝑥 = 1 − 𝐿⁄2.

84
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Fonte: Próprio Autor.

Solução:
Veja a Figura 12.2. Para o bloco em equilíbrio, temos: 𝑇1 = 𝑃𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜 = 100𝑁.
Para a barra em equilíbrio, temos:
𝑇2 = 𝑇1 + 𝑃𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 = 100 + 𝑚𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 . 𝑔

Chamemos a densidade linear da barra de 𝑑, então: 𝑚𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 = 𝑑. 𝐿.

𝑇2 = 100 + (𝑑. 𝐿). 10 = 100 + (1. 𝐿). 10 = 100 + 10. 𝐿

O ponto 𝑃 é o ponto por onde passa o eixo imaginário de rotação da barra


(polo). Para que não haja rotação, devemos ter:

𝑀𝑇1 + 𝑀𝑇2 + 𝑀𝑃 = 0

Mas, a linha da tração de 𝑇2 passa exatamente sobre o polo 𝑃, portanto 𝑀𝑇2 =


0. Sobra:

𝑀𝑇1 + 𝑀𝑃 = 0

Calculando os momentos:

𝑇1 . (𝐿 − 1) − (𝑑. 𝐿. 10). 𝑥 = 0

𝐿
100. (𝐿 − 1) − (1. 𝐿. 10). (1 − ) = 0
2

100. 𝐿 − 100 − 10. 𝐿 + 5. 𝐿2 = 0

5. 𝐿2 + 90. 𝐿 − 100 = 0.

Resolvendo esta equação do segundo grau, chegamos a 𝐿 = 1,05𝑚.

Exercício Resolvido 2. Uma tampa horizontal homogênea AB, de comprimento 1𝑚


e massa 𝑚𝑡𝑎𝑚𝑝𝑎 = 2𝑘𝑔𝑓, é aberta por uma força 𝐹 que faz um ângulo de 30° com a
horizontal. Considere o fio ideal (mesma tração em todo o fio) e a polia ideal (sem
atrito e escorregamento). Adote 𝑔 = 10 𝑚⁄𝑠 2 . Calcule:

a) A força mínima necessária para abrir esta tampa;


b) A reação em 𝐵.

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Solução:
Figura 12.3: Tampa horizontal sendo aberta por uma força 𝐹. As forças atuantes sobre a tampa são:
𝑃𝑡𝑎𝑚𝑝𝑎 , colocado ao centro; a força 𝐹, decomposta em duas componentes, vertical e horizontal; e a
reação em 𝐵, também decomposta em duas direções, vertical e horizontal (não sabemos a direção
da reação resultante destas componentes!). Não há como saber, a priori, o sentido correto destas
componentes. Coloque sempre 𝑉 apontando para cima e 𝐻 apontando para direita. Não se
preocupe se estes são ou não os sentidos corretos. Os cálculos irão mostrar se estes sentidos
escolhidos são os corretos.

Fonte: Próprio Autor.

a) Veja a Figura 12.3. Para que haja equilíbrio estático, devemos ter:

Soma das forças na direção vertical deve ser nula:


𝐹𝑌 + 𝑉𝐵 = 𝑃𝑡𝑎𝑚𝑝𝑎

𝐹. 𝑠𝑒𝑛30° + 𝑉𝐵 = 𝑚𝑡𝑎𝑚𝑝𝑎 . 𝑔

𝐹. 0,5 + 𝑉𝐵 = 2.10
𝑉𝐵 = 20 − 0,5. 𝐹(𝐼)

Soma das forças na direção horizontal também deve ser nula:


𝐹𝑋 + 𝐻𝐵 = 0
𝐻𝐵 = −𝐹. 𝑐𝑜𝑠30°
𝐻𝐵 = −𝐹. 0,87(𝐼𝐼)

O sinal negativo indica que o sentido que escolhemos para 𝐻𝐵 na Figura 12.3
(para direita) não é o correto. Na verdade, 𝐻𝐵 aponta para a esquerda. Não há
problema. Continue com o cálculo. Até agora temos duas equações e três variáveis:
𝐹, 𝑉𝐵 𝑒𝐻𝐵 . Para que não haja rotação do alçapão, também devemos ter:

𝑀𝐻𝐵 + 𝑀𝑉𝐵 + 𝑀𝐹𝑋 +𝑀𝐹𝑌 +𝑀𝑃𝑡𝑎𝑚𝑝𝑎 = 0

86
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O ponto 𝐵 é o polo de rotação. É fácil de ver que as linhas de ação de todas


as forças, com exceção de 𝐹𝑌 e 𝑃𝑡𝑎𝑚𝑝𝑎 , passam pelo polo. Logo:

0 + 0 + 0 − 𝐹𝑌 . 1 + 𝑃𝑡𝑎𝑚𝑝𝑎 . 0,5 = 0

(𝑚𝑡𝑎𝑚𝑝𝑎 . 𝑔). 0,5 = 𝐹. 𝑠𝑒𝑛30°. 1

(2.10). 0,5 = 𝐹. 0,5.1

𝐹 = 20𝑁.

Esta é a força necessária para iniciar a abertura da tampa.


b) Voltando a (𝐼):
𝑉𝐵 = 20 − 0,5.20 = 10𝑁

E agora a (𝐼𝐼):
𝐻𝐵 = −𝐹. 0,87 = −20.0,87 = −17,4𝑁

O sinal negativo apenas indica que a componente horizontal da reação em 𝐵


na verdade aponta para a esquerda. Se na Figura 12.3, tivéssemos colocado 𝐻𝐵
apontando para a esquerda, obteríamos o mesmo resultado, 17,4𝑁, mas já com o
sinal positivo correto. Se quisermos encontrar a reação total em 𝐵, basta fazer a
soma vetorial das componentes 𝐻𝐵 e 𝑉𝐵 . Veja Figura 12.4.

𝑅𝐵 = √𝑉𝐵2 + 𝐻𝐵2 = √(20)2 + (−17,4)2 ≅ 20,07 𝑁.

Figura 12.4: Reação em 𝐵.

Fonte: Próprio Autor.

Definição de Movimento de Translação

No movimento de translação, um segmento de reta unindo dois pontos


quaisquer do corpo rígido não muda de direção durante o movimento. Neste tipo de
movimento, todos os pontos apresentam velocidades vetoriais iguais e também
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acelerações vetoriais iguais. Por esta razão, quando estudamos um movimento de


translação bastar estudar o movimento de um único ponto, pois conhecendo a
velocidade e a aceleração do mesmo, saberemos as velocidades e acelerações de
todos os pontos do corpo rígido.
Exemplo 1. Um bloco descendo sobre um plano inclinado. Trata-se de uma
“translação retilínea”.
Exemplo 2. Movimento pendular de uma barra presa a um teto horizontal por dois
cabos rígidos de mesmo comprimento, conforme mostrado na Figura 12.5. Trata-se
de uma “translação curvilínea”. A trajetória é curva, mas a barra mantém-se sempre
na horizontal durante o movimento.

Figura 12.5: Translação curvilínea de uma barra.

Fonte: Próprio Autor.

Teoremas da Dinâmica do Corpo Rígido

Dentro do estudo da dinâmica do corpo rígido há dois teoremas que são


fundamentais e que resolvem a maioria dos exercícios. São: o teorema do centro de
massa (ou teorema da força resultante) e o teorema do momento angular (ou
teorema da quantidade de movimento angular). Neste curso de mecânica, não
faremos a demonstração destes dois teoremas.

Teorema do Centro de Massa (Segunda Lei de Newton para o Corpo Rígido):

Enunciado:

“A força resultante 𝑅⃗⃗ aplicada ao corpo rígido é igual ao produto da massa 𝑚


𝑎𝐶𝑀 de seu centro de massa”.
do corpo rígido pela aceleração ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗

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Matematicamente: 𝑅⃗⃗ = 𝑚. ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗


𝑎𝐶𝑀

Resumidamente, este teorema nos diz que se o corpo for rígido, não precisamos
aplicar a segunda lei de Newton a todas as partículas do corpo, basta aplicar a
apenas um ponto, desde que este ponto seja o centro de massa. Esta é a razão de
sua importância prática, extremamente útil. O resultado deste teorema nada mais é,
portanto, do que a segunda lei de Newton aplicada a corpos rígidos!

Teorema do Momento Angular (Teorema do Momento Cinético)

Enunciado para Corpos Parados ou em Movimentos de Translação:

“A soma dos momentos polares de todas as forças aplicadas ao corpo rígido,


tomando o centro de massa como polo, é igual a zero”.

Matematicamente: ∑𝑛𝑖=1 𝑀𝑖𝐶𝑀 = 0

Para movimentos mais gerais, o somatório dos momentos polares não será
zero!
Há uma infinidade de exercícios de dinâmica de corpo rígido, cada um com
características próprias, impossíveis de cobrir em um primeiro curso de mecânica.
Um dos exercícios mais conhecidos (talvez o mais conhecido) de movimento de
translação de um corpo rígido é o movimento de um veículo acelerando ou
desacelerando sobre uma superfície rugosa. Vamos, portanto, nos concentrar neste
exercício clássico.

Exercício Resolvido 3. Um trator de massa 𝑚 = 2000𝑘𝑔 move-se a 18 𝑘𝑚⁄ℎ em uma


estrada asfaltada com coeficientes de atrito 𝜇𝑒 = 0,5 e 𝜇𝑐 = 0,4. Após avistar um
obstáculo, o condutor freia instantaneamente o trator. As dimensões do trator são
dadas na Figura 12.6: 𝑥1 = 1,0𝑚; 𝑥2 = 1,5𝑚; 𝑦 = 1,2𝑚. Adote 𝑔 = 10 𝑚⁄𝑠 2 .

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Figura 12.6: Trator desacelerando sobre superfície rugosa.

Fonte: Próprio Autor.

Calcule:

a) O espaço mínimo necessário para o trator parar e o tempo necessário para que
isso ocorra;
b) As forças normais nas rodas traseira e dianteira.

Solução

a) Vamos inicialmente colocar as forças atuando sobre o trator:

Figura 12.7: Forças atuando sobre o trator durante desaceleração: 𝑁𝑇 (força normal na roda
traseira), 𝐹𝑎𝑡𝑇 (força de atrito na roda traseira), 𝑁𝐷 (força normal na roda dianteira), 𝐹𝑎𝑡𝐷 (força de
atrito na roda dianteira) e 𝑃 (peso do trator).

Fonte: Próprio Autor.

Vamos agora aplicar o teorema do centro de massa à direção 𝑥 (horizontal) e


𝑦 (vertical):

90
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(𝑦) 𝑁𝑇 + 𝑁𝐷 = 𝑃
𝑁𝑇 = 𝑃 − 𝑁𝐷 = 2000.10 − 𝑁𝐷
𝑁𝑇 + 𝑁𝐷 = 20000 (𝐼)
(𝑥) 𝐹𝑎𝑡𝑇 + 𝐹𝑎𝑡𝐷 = 𝑚. 𝑎𝐶𝑀
𝐹𝑎𝑡𝑇 + 𝐹𝑎𝑡𝐷 = 2000. 𝑎𝐶𝑀 (𝐼𝐼)
Como queremos que o trator pare no menor espaço possível, sua
desaceleração deve ser máxima, ou seja:
𝐹𝑎𝑡𝑇 = 𝜇𝑒 . 𝑁𝑇 = 0,5. 𝑁𝑇 (𝐼𝐼𝐼)
𝐹𝑎𝑡𝐷 = 𝜇𝑒 . 𝑁𝐷 = 0,5. 𝑁𝐷 (𝐼𝑉)
Substituindo (𝐼𝐼𝐼) e (𝐼𝑉) na equação (𝐼𝐼):
0,5. (𝑁𝑇 + 𝑁𝐷 ) = 2000. 𝑎𝐶𝑀
Substituindo a equação (𝐼𝐼) na equação (𝐼):
0,5.20000 = 2000. 𝑎𝐶𝑀
0,5.20000
𝑎𝐶𝑀 = = 5 𝑚 ⁄𝑠 2 .
2000
Esta é a desaceleração máxima (constante) do trator sem que as rodas
deslizem. A velocidade inicial do trator é 18 𝑘𝑚⁄ℎ = 5 𝑚⁄𝑠. Aplicando a equação de
Torricelli:
𝑣 2 = 𝑣02 − 2. 𝑎. ∆𝑠
02 = 52 − 2.5. ∆𝑠
∆𝑠 = 25⁄10 = 2,5 𝑚.

Esse é o espaço mínimo para o trator parar sem deslizamento. Para calcular
o tempo necessário, usaremos outra equação do movimento retilíneo uniformemente
desacelerado:
𝑣 = 𝑣0 − 𝑎. 𝑡
0 = 5 − 5. 𝑡
𝑡 = 1𝑠.
b) As normais nas duas rodas nesta situação podem ser encontradas pelo uso do
teorema do momento angular (polo=CM):
𝑀𝑁𝐷 + 𝑀𝑁𝑇 + 𝑀𝐹𝑎𝑡𝐷 + 𝑀𝐹𝑎𝑡𝑇 = 0
𝑁𝐷 . 1,5 − 𝑁𝑇 . 1 − 𝐹𝑎𝑡𝑇 . 1,2 − 𝐹𝑎𝑡𝐷 . 1,2 = 0
𝑁𝐷 . 1,5 − 𝑁𝑇 − 1,2. (𝐹𝑎𝑡𝑇 + 𝐹𝑎𝑡𝐷 ) = 0
𝑁𝐷 . 1,5 − 𝑁𝑇 − 1,2.0,5. (𝑁𝑇 + 𝑁𝐷 ) = 0 (𝑉)
De (𝐼) temos:

91
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𝑁𝑇 = 20000 − 𝑁𝐷 (𝐼)
Substituindo 𝑁𝑇 na equação (𝑉), chegamos a:
𝑁𝐷 . 1,5 − (20000 − 𝑁𝐷 ) − 1,2.0,5. (20000 − 𝑁𝐷 + 𝑁𝐷 ) = 0
𝑁𝐷 . 1,5 − 20000 + 𝑁𝐷 − 12000 = 0
𝑁𝐷 . 2,5 − 32000 = 0
𝑁𝐷 = 12800 𝑁𝑒𝑤𝑡𝑜𝑛𝑠
𝑁𝑇 = 20000 − 𝑁𝐷 = 7200 𝑁𝑒𝑤𝑡𝑜𝑛𝑠.
Exercícios Propostos

1) Veja a Figura 12.8. A barra 𝐴𝐵 é homogênea e tem comprimento 𝐿. A densidade


linear de massa 𝑑 = 1 𝑘𝑔⁄𝑚. Esta barra encontra-se em equilíbrio estático,
suspensa pelo ponto 𝐶 . O bloco tem peso 𝑃𝑏𝑙𝑜𝑐𝑜 = 10𝑁 e encontra-se suspenso
pelo ponto 𝐷 da barra. Sabendo-se que a distância entre os pontos 𝐴 e 𝐶 é 0,8 m
e que a distância entre os pontos 𝐶 e 𝐷 é 𝐿⁄4, calcule:

a) o comprimento 𝐿 da barra;
b) a distância y, entre os pontos 𝐷 e 𝐵.

Figura 12.8: Barra em equilíbrio estático.

Fonte: Próprio Autor.

2) Use os mesmos dados do trator do Exercício Resolvido 3, mas agora calcule:


a) O espaço necessário para o trator parar caso haja deslizamento das rodas e o
tempo necessário para que isso ocorra;
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b) As forças normais nas rodas traseira e dianteira na situação de deslizamento das


rodas dianteiras e traseiras.

Respostas dos Exercícios Propostos:


1) 𝑎) 𝐿 = 1,1𝑚; 𝑏) 𝑦 = 0,025𝑚.
2) a) ∆𝑆 = 3,125𝑚; 𝑡 = 1,25𝑠 ; b) 𝑁𝐷 = 10880𝑁𝑒𝑤𝑡𝑜𝑛𝑠𝑒; 𝑁𝑇 = 9120𝑁𝑒𝑤𝑡𝑜𝑛𝑠.

REFERÊNCIA

HALLIDAY, David; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física –


Mecânica – Volume 1, 12. ed., Rio de Janeiro, LTC, 2023.
(ler capítulos 9 e 10)

93
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Aula 13_Movimento de Rotação em Torno de Eixo Fixo e de Eixo


Não Fixo

Palavras-chave: rotação; eixo fixo; eixo não fixo.

São objetivos desta aula: resolver exercícios de movimento de rotação em


torno de um eixo fixo ou em torno de um eixo que não permanece na mesma posição
no tempo (eixo não fixo).

Movimento de Rotação em Torno de Eixo Fixo

Quando um corpo rígido está girando em torno de um eixo fixo (um eixo que
está sempre na mesma posição ao longo do tempo), o teorema do momento angular
(ou teorema do momento cinético) adquire uma forma mais geral (que não
demonstraremos aqui):
𝑛

∑ 𝑀𝑖𝑃 = 𝐼. 𝛼.
𝑖=1

Ou seja, o somatório dos momentos polares de todas as forças é igual ao


produto do momento de inércia 𝐼 pela aceleração angular de rotação 𝛼, sendo este
momento de inércia calculado em relação a um ponto do corpo rígido 𝑃 que serve
como polo de rotação. O teorema do centro de massa (segunda lei de Newton)
continua válido.
Há uma infinidade de exercícios de dinâmica de corpo rígido girando em torno
de um eixo fixo, cada um com características próprias, impossíveis de cobrir em um
primeiro curso de mecânica. Nesta aula vamos nos concentrar no exemplo mais
conhecido: o exercício de bloco(s) preso(s) a uma polia que gira ao redor de um eixo
fixo. Por se tratar de um movimento de rotação, devemos lembrar que uma partícula
em rotação está sujeita a duas acelerações: a tangencial (tangente à curva em cada
ponto) e a centrípeta (orientada para o centro da curvatura). Estas acelerações são
calculadas como:
𝑎𝑡𝑎𝑛𝑔 = 𝛼. 𝑅
𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡 = 𝜔2 . 𝑅
Nestas fórmulas, 𝑅 é o raio de curvatura e 𝜔 a velocidade angular de rotação.

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Exercícios Resolvido 1. Considere a polia dupla da Figura 13.1. A polia dupla, como
o próprio nome diz, é uma polia formada por duas polias concêntricas, que giram
juntas com a mesma velocidade angular 𝜔 e com a mesma aceleração angular 𝛼. A
polia interna tem raio 𝑅𝐴 = 30𝑐𝑚 e a polia externa tem raio 𝑅𝐵 = 60𝑐𝑚. Um bloco 𝐴 de
massa 𝑚𝐴 = 1𝑘𝑔 está preso à polia interna e um bloco 𝐵 de massa 𝑚𝐵 = 3𝑘𝑔 está
preso à polia externa. O sistema parte do repouso e passa a girar no sentido horário.
O momento de inércia desta polia dupla é de 𝐼𝐶𝑀 = 1,02𝑘𝑔. 𝑚2. Adote 𝑔 = 10 𝑚⁄𝑠 2 .
Calcule:

a) As acelerações dos blocos;


b) O número de voltas após 5 segundos;
c) O deslocamento de cada um dos blocos após 5 segundos.

Figura 13.1: Polia dupla presa a dois blocos e girando no sentido horário .

Fonte: Próprio Autor.

Solução:

a) Vamos colocar as forças atuando sobre a polia:

Figura 13.2: Forças atuando sobre a polia dupla (peso, normal e trações) e os blocos (peso e
tração).

95
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Fonte: Próprio Autor.

Os blocos descrevem movimentos de translação retilínea, sendo que a


aceleração (vertical) de cada um deles é igual à aceleração tangencial da polia
a que está ligado (cada uma das duas polias tem duas acelerações: centrípeta,
orientada para o centro da polia dupla, e tangencial, tangente à polia naquele ponto).
Portanto, basta aplicar a segunda lei de Newton a cada um dos blocos:

(𝐴) 𝑇𝐴 − 𝑃𝐴 = 𝑚𝐴 . 𝑎𝐴
𝑇𝐴 − 1.10 = 1. (𝛼. 𝑅𝐴 )
𝑇𝐴 − 10 = 1. (𝛼. 0,3)
𝑇𝐴 = 10 + 0,3. 𝛼 (𝐼)

(𝐵) 𝑃𝐵 −𝑇𝐵 = 𝑚𝐵 . 𝑎𝐵
3.10−𝑇𝐵 = 3. (𝛼. 𝑅𝐵 )
30−𝑇𝐵 = 3. (𝛼. 0,6)
𝑇𝐵 = 30 − 1,8. 𝛼 (𝐼𝐼)

A polia executa um movimento de rotação em torno de um eixo fixo, que passa


pelo seu CM (centro da polia). Do teorema do centro de massa, podemos escrever
para as direções horizontal e vertical:
(𝑥) 𝑛ã𝑜 ℎá𝑓𝑜𝑟ç𝑎𝑠
(𝑦) 𝑁𝑃 = 𝑇𝐴 + 𝑇𝐵 + 𝑃𝑃 (𝐼𝐼𝐼)

96
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A polia dupla gira no sentido horário, portanto os vetores velocidade angular 𝜔


⃗⃗
e aceleração angular 𝛼⃗ são vetores ortogonais ao plano desta folha (tela de
computador) apontando para dentro (usando a regra da mão direita como convenção
de sinal). Por esta razão usamos o sinal negativo quando cálculo do teorema do
momento angular (polo: CM):
𝑀𝑇𝐵 + 𝑀𝑇𝐴 + 𝑀𝑃𝑃 + 𝑀𝑁𝑃 = −𝐼. 𝛼.
O peso e a normal da polia possuem momentos nulos, pois suas linhas de
ação passam pelo CM. Portanto:
−𝑇𝐵 . 𝑅𝐵 + 𝑇𝐴 . 𝑅𝐴 = −𝐼. 𝛼
Substituindo (𝐼) e (𝐼𝐼):
−(30 − 1,8. 𝛼). 0,6 + (10 + 0,3. 𝛼). 0,3 = −1,02. 𝛼
−18 + 1,08. 𝛼 + 3 + 0,09. 𝛼 = −1,02. 𝛼
−15 = −1,02. 𝛼 − 1,17. 𝛼
−15 = −2.19. 𝛼
𝛼 ≅ 6,85 𝑟𝑎𝑑⁄𝑠 2 .
Para descobrir as acelerações dos blocos, basta lembrar que elas são iguais
às acelerações tangenciais das polias:
𝑎𝐴 = 𝛼. 𝑅𝐴 = 6,85.0,3 = 2,055 𝑚⁄𝑠 2
𝑎𝐵 = 𝛼. 𝑅𝐵 = 6,85.0,6 = 4,11 𝑚⁄𝑠 2

b) Trata-se de um movimento circular uniformemente acelerado, portanto, vale:

𝛼. 𝑡 2
∆𝜃 = 𝜔0 . 𝑡 +
2
6,85. 52
∆𝜃 = 0.5 +
2
∆𝜃 = 85,625𝑟𝑎𝑑
∆𝜃 85,625
𝑁𝑣𝑜𝑙𝑡𝑎𝑠 = = ≅ 13,6 𝑣𝑜𝑙𝑡𝑎𝑠.
2. 𝜋 2. 𝜋
(o mesmo número de voltas para as duas polias)

c) ∆𝑆𝐴 = ∆𝜃. 𝑅𝐴 = 85,625.0,3 ≅ 25,69 𝑚 para cima;


∆𝑆𝐵 = ∆𝜃. 𝑅𝐵 = 85,625.0,6 ≅ 51,38 𝑚 para baixo.

Movimento de Rotação em Torno de Eixo Não Fixo

Vamos agora estudar dois exemplos simples de rotação em torno de um eixo


que muda de posição ao longo do tempo. Aqui ocorrem dois movimentos

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simultaneamente: um de translação e outro de rotação. O movimento de translação


é descrito pelo teorema do centro de massa (segunda lei de Newton) e o de rotação
pelo teorema do momento angular (ou teorema do momento cinético). Além dos dois
teoremas, precisaremos lembrar que quando não há escorregamento (ou
deslizamento) (𝐹𝑎𝑡 < 𝐹𝑎𝑡𝑚𝑎𝑥 ), valem as seguintes equações:

𝑎𝐶𝑀 = 𝑎𝑡𝑎𝑛𝑔 = 𝛼. 𝑅
𝑣𝐶𝑀 = 𝜔. 𝑅.

Exercício Resolvido 2. Considere um cilindro homogêneo de massa 𝑚,


comprimento 𝐿 e raio R, conforme a Figura 13.3. Dois cabos são enrolados em volta
das extremidades do cilindro. Estes cabos estão presos a um teto. O cilindro é
mantido na posição horizontal com os dois cabos na vertical e, em seguida, é
abandonado. Não há escorregamento entre o cilindro e os cabos durante a descida.
O momento de inércia do cilindro para o seu eixo de rotação é:
𝑀. 𝑅 2
𝐼𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 = .
2

Figura 13.3: Cilindro preso a dois cabos em queda livre. Não há escorregamento entre os cabos e o
cilindro.

Fonte: Próprio Autor.


Calcule:

a) A aceleração do CM do cilindro em função da aceleração da gravidade 𝑔 durante


a queda;
b) A tração em cada cabo em função do peso do cilindro durante a queda.

98
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Solução:

a) Inicialmente, vamos aplicar o teorema do centro de massa (segunda lei de


Newton) para a direção vertical (única em que há forças atuando no cilindro):

𝑃 − 2. 𝑇 = 𝑚. 𝑎𝐶𝑀
𝑚. 𝑔 − 2. 𝑇 = 𝑚. 𝑎𝐶𝑀 (𝐼)
Agora, vamos aplicar o teorema do momento angular:
𝑀𝑃 + 2. 𝑀𝑇 = 𝐼. 𝛼
A linha do peso passa pelo CM, logo 𝑀𝑃 = 0. Logo, substituindo o momento
polar da tração e o momento de inércia do cilindro, chegamos a:
𝑚. 𝑅 2
2. (𝑇. 𝑅) = .𝛼
2
O raio aparece no numerador de todos os termos da equação e é um número
não nulo, portanto podemos dividir toda a equação por 𝑅. Isolando 𝑇:
𝑚. 𝑅. 𝛼
𝑇= (𝐼𝐼)
4
Substituindo a equação (𝐼𝐼) na equação (𝐼):
𝑚. 𝑅. 𝛼
𝑚. 𝑔 − 2. ( ) = 𝑚. 𝑎𝐶𝑀
4
A massa aparece no numerador de todos os termos da equação e é um número
não nulo, portanto podemos dividir toda a equação por 𝑚 e simplificar:
𝑅. 𝛼
𝑔− = 𝑎𝐶𝑀 (𝐼𝐼𝐼)
2
Como não há escorregamento entre o fio e o cilindro, podemos substituir 𝑅. 𝛼
por 𝑎𝐶𝑀 . Substituindo em (𝐼𝐼𝐼):
𝑎𝐶𝑀
𝑔− = 𝑎𝐶𝑀
2
3. 𝑎𝐶𝑀
𝑔=
2
Isolando 𝑎𝐶𝑀 :
2. 𝑔
𝑎𝐶𝑀 =
3
Repare que a aceleração de queda do cilindro não depende da massa e do
raio do mesmo! Se adotarmos 𝑔 = 10 𝑚⁄𝑠 2 :𝑎𝐶𝑀 = 6,67 𝑚⁄𝑠 2 . .
Este resultado é surpreendente, mas é importante chamar a atenção de que
só é válido se considerarmos que não há escorregamento entre o fio e o cilindro. Em

99
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outras palavras, só é válido se 𝑎𝐶𝑀 = 𝛼. 𝑅 . Se houver escorregamento, esta relação


de não dependência com o raio e a massa não é verdadeira!

b) Para determinar a tração em cada um dos cabos, basta substituir em (𝐼𝐼):

𝑚. 𝑅. 𝛼 𝑚. 𝑎𝐶𝑀 𝑚 2. 𝑔
𝑇= = = .
4 4 4 3
𝑚. 𝑔 𝑃
𝑇= = .
6 6
Ou seja, quando não há escorregamento, a tração em cada cabo é um sexto
do peso do cilindro (independente do raio!)

Exercício Resolvido 3. Considere um cilindro homogêneo de massa 𝑚𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 = 1𝑘𝑔,


e raio 𝑅 = 0,1𝑚, conforme a Figura 13.4. Um cabo está preso ao centro de massa
do cilindro fazendo-o rolar sem deslizamento no sentido horário sobre uma superfície
rugosa com coeficiente de atrito 𝜇 = 0,25. O cabo passa por uma polia ideal e na
vertical está preso a um contrapeso de massa 𝑚𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑝𝑒𝑠𝑜 = 2𝑘𝑔. Adote 𝑔 = 10 𝑚⁄𝑠 2 .
Calcule:

a) a aceleração de queda do bloco;


b) o coeficiente de atrito mínimo da superfície rugosa para garantir o não
deslizamento do cilindro.

Figura 13.4: Cilindro rolando sem deslizar sobre superfície rugosa.

Fonte: Próprio Autor.

100
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Solução:

a) As forças atuando sobre o cilindro e o contrapeso já estão colocadas na Figura


13.4. O contrapeso executa um movimento retilíneo uniformemente acelerado
vertical para baixo. A aceleração do contrapeso é igual à aceleração do centro de
massa do cilindro. Usando a segunda lei de Newton:

𝑃𝐶𝑃 − 𝑇 = 𝑚𝐶𝑃 . 𝑎𝐶𝑃


2.10 − 𝑇 = 2. 𝑎𝐶𝑀
𝑇 = 20 − 2. 𝑎𝐶𝑀

Não havendo deslizamento:


𝑇 = 20 − 2. (𝛼. 𝑅)
𝑇 = 20 − 2. (𝛼. 0,1)
𝑇 = 20 − 0,2. 𝛼 (𝐼)

Para o cilindro, temos dois movimentos: um de translação e outro de rotação,


ocorrendo simultaneamente. Pela segunda lei de Newton:

(𝑦)𝑁 = 𝑃 = 1.10 = 10 (𝐼𝐼)


(𝑥)𝑇 − 𝐹𝑎𝑡 = 𝑚𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 . 𝑎𝐶𝑀
𝑇 − 𝐹𝑎𝑡 = 𝑎𝐶𝑀

Não havendo deslizamento:


𝑇 − 𝐹𝑎𝑡 = 𝛼. 𝑅
𝑇 − 𝐹𝑎𝑡 = 𝛼. 0,1 (𝐼𝐼𝐼)

Pelo teorema do momento angular:

𝑀𝑃 + 𝑀𝑁 + 𝑀𝐹𝑎𝑡 + 𝑀𝑇 = −𝐼. 𝛼.

As linhas de ação do peso, da normal e da tração passam pelo CM (momento


nulo), portanto a força de atrito é a única força responsável pela rotação do cilindro
(sem ela, o cilindro não rola, apenas é arrastado!):

101
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𝑀𝐹𝑎𝑡 = −𝐼. 𝛼
−𝑚𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 . 𝑅 2
−𝐹𝑎𝑡. 𝑅 = .𝛼
2
1.0,1
𝐹𝑎𝑡 = .𝛼
2
𝐹𝑎𝑡 = 0,05. 𝛼.

As equações (𝐼), (𝐼𝐼𝐼) e (𝐼𝑉) formam um sistema simples de três equações e


três variáveis: 𝛼, 𝐹𝑎𝑡 e 𝑇. Há várias formas de resolver este sistema, sendo o método
da substituição o mais simples. Pode ser facilmente verificado que a solução deste
sistema e:
𝛼 = 57,14 𝑟𝑎𝑑⁄𝑠 2
𝐹𝑎𝑡 = 2,857 𝑁
𝑇 = 8,571 𝑁.

A aceleração do contrapeso é igual à aceleração do CM:


𝑎𝐶𝑃 = 𝛼. 𝑅 = 57,14.0,1 = 5,714 𝑚⁄𝑠 2 .

b) Calculada a força de atrito, podemos calcular o coeficiente de atrito mínimo para


que não haja deslizamento do cilindro:

𝐹𝑎𝑡 2,857
𝜇𝑒𝑚𝑖𝑛 = = ≅ 0,29.
𝑁 10

Exercícios Propostos:

1) O sistema de polias duplas, ilustrado na Figura 13.5, tem momento de inércia


total 𝐼𝐶𝑀 = 10𝑘𝑔. 𝑚2 , raio interno 𝑅∫ =0,1𝑚 e raio externo 𝑅𝑒𝑥𝑡 = 0,2 𝑚. Inicialmente
em repouso, este sistema é acionado por um contrapeso de massa 𝑚𝐶𝑃 = 20 𝑘𝑔.
Dado: 𝑔 = 10 𝑚⁄𝑠 2 . Calcule:
a) A aceleração angular do sistema;
b) A tração no fio;
c) A velocidade angular no instante em que o contrapeso deslocou-se meio metro
para baixo (sugestão: use a equação de Torricelli angular).

102
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Figura 13.5: Polia dupla acionada por um contrapeso.

Fonte: Próprio Autor.

2) Veja a Figura 13.6. Um cilindro homogêneo de massa 𝑚𝑐𝑖𝑙𝑖𝑛𝑑𝑟𝑜 = 1𝑘𝑔, raio 𝑅 =


0,1𝑚 está apoiado sobre uma superfície rugosa inclinada de 𝜃 = 60° em relação à
horizontal. Não ocorre escorregamento entre o cilindro e o plano inclinado. O
cilindro é acionado por um sistema corda, polia e contrapeso, sendo que a corda
e a polia são ideais e o contrapeso possui massa 𝑚𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑝𝑒𝑠𝑜 = 2𝑘𝑔. Considere
𝑔 = 10 𝑚⁄𝑠 2 . Calcule:

a) A aceleração do contrapeso;
b) O coeficiente de atrito mínimo do plano inclinado para evitar o escorregamento.

Figura 13.6: Cilindro sendo acionado por um contrapeso. Não há escorregamento.

Fonte: Próprio Autor.

103
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Respostas dos Exercícios Propostos:

1) a) 𝛼 = 1,96 𝑟𝑎𝑑⁄𝑠 2 ; 𝑏) 𝑇 = 196𝑁; c) 𝜔 = 4,427 𝑟𝑎𝑑⁄𝑠


2) 𝑎)𝑎𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑝𝑒𝑠𝑜 = 3,24 𝑚⁄𝑠 2
𝑏)𝜇𝑒𝑚𝑖𝑛 = 0,324

REFERÊNCIA

HALLIDAY, David; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física –


Mecânica – Volume 1, 12. ed., Rio de Janeiro, LTC, 2023.
(ler capítulo 11)

104
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Resumo da Unidade III: Dinâmica do Corpo Rígido

Momento Polar de uma Força (Torque):

⃗⃗⃗ = 𝑟⃗ × 𝐹⃗ .
𝑀

Aqui:

𝐹⃗ : força aplicada em um ponto do corpo rígido;

𝑟⃗: vetor que liga o polo (ponto onde passa o eixo de rotação) ao ponto do corpo onde
a força é aplicada.

Em módulo, temos:

⃗⃗⃗| = 𝑟⃗ ∨. |𝐹⃗ |. 𝑠𝑒𝑛𝜃.


|𝑀

Aqui, θ é o ângulo entre 𝑟⃗ e 𝐹⃗ .

Centro de Massa (CM) de Corpo Rígido: ponto que representa todo o corpo rígido
(corpo extenso que não sofre deformação independente das forças aplicadas).

∑𝑛𝑖=1 𝑚𝑖 . 𝑥𝑖
𝑆𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎𝐷𝑖𝑠𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜: 𝑥𝐶𝑀 = ;
∑𝑛𝑖=1 𝑚𝑖

∫ 𝑑𝑚. 𝑥
𝑆𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎𝐶𝑜𝑛𝑡í𝑛𝑢𝑜: 𝑥𝐶𝑀 = .
∫ 𝑑𝑚

Movimento de Translação: direção do segmento de reta unindo dois pontos


quaisquer do corpo rígido não é alterada durante o movimento.

Teorema do Centro de Massa: 𝑅⃗⃗ = 𝑚. ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗


𝑎𝐶𝑀 (segunda lei de Newton para corpo
rígido);

Teorema do Momento Angular: ∑𝑛𝑖=1 𝑀𝑖𝐶𝑀 = 0 (somatório dos momentos


polares, tendo o CM como polo, é igual a zero).

Momento de Inércia (I): grandeza física que mede a inércia de um sistema de


partículas ou corpo rígido em rotação. Ao contrário da massa inercial, o momento de
inércia também depende da distribuição da massa em torno de um eixo de rotação
escolhido arbitrariamente. Quanto maior o momento de inércia de um corpo, mas
difícil será fazê-lo girar. Contribui mais para o momento de inércia a porção de massa

105
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que está afastada do eixo de rotação. Matematicamente, definimos o momento de


inércia (𝐼) como:

𝐼 = ∑𝑛𝑖=1 𝑟𝑖2 . 𝑚𝑖 (sistema discreto de 𝑛 partículas);

𝐼 = ∫ 𝑟 2 . 𝑑𝑚 (sistema contínuo de partículas);

Unidade (SI): 𝑘𝑔. 𝑚2 .


O teorema de Steiner relaciona os momentos de inércia de dois eixos que são
paralelos entre si:

𝐼0 = 𝐼𝐶𝑀 + 𝑚. 𝑑 2 .

Movimento de Rotação em Torno de um Eixo Fixo e Não Fixo: Teorema do


momento angular é generalizado:
𝑛

∑ 𝑀𝑖𝑃 = 𝐼. 𝛼.
𝑖=1

Ou seja, o somatório dos momentos polares de todas as forças é igual ao


produto do momento de inércia 𝐼 pela aceleração angular de rotação 𝛼, sendo este
momento de inércia calculado em relação a um ponto do corpo rígido 𝑃 que serve
como polo de rotação. O teorema do centro de massa (segunda lei de Newton)
continua válido.

Por se tratar de um movimento de rotação, devemos lembrar:

𝑎𝑡𝑎𝑛𝑔 = 𝛼. 𝑅;

𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡 = 𝜔2 . 𝑅.

Nestas fórmulas, 𝑅 é o raio de curvatura e 𝜔 a velocidade angular de rotação.

Quando não há escorregamento (ou deslizamento) (𝐹𝑎𝑡 < 𝐹𝑎𝑡𝑚𝑎𝑥 ), valem as


seguintes equações:

𝑎𝐶𝑀 = 𝑎𝑡𝑎𝑛𝑔 = 𝛼. 𝑅;

𝑣𝐶𝑀 = 𝜔. 𝑅.

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Aula 14_ Energia Potencial, Energia Cinética e Energia Mecânica

Palavras-chave: energia potencial; energia cinética; energia mecânica; energia


potencial elástica.

São objetivos desta aula: estudar os conceitos de energia potencial, energia


cinética e energia mecânica; estudar o conceito de força conservativa e não
conservativa. estudar a lei de Hooke e o conceito de energia potencial elástica.

Definição de Energia Potencial

Energia Potencial (𝐸𝑝𝑜𝑡 ) é a forma de energia que está associada a um sistema onde
ocorre interação entre diferentes corpos e está relacionada com a posição que o
determinado corpo ocupa. A unidade de energia potencial no SI, assim como o
trabalho, é o Joule (𝐽). É o nome dado à forma de energia armazenada, ou seja, que
pode a qualquer momento manifestar-se, por exemplo, na forma de movimento. É
derivada de forças conservativas, ou seja, aquelas em que a trajetória do corpo não
interfere no trabalho realizado pela força. Neste tipo de força, o que importa são
apenas a posição inicial e final, o percurso não interfere na variação de energia
potencial entre os pontos (força conservativa). São exemplos de forças
conservativas as forças peso e a força elástica.

Energia Potencial Gravitacional

Energia Potencial Gravitacional (𝐸𝑝𝑜𝑡𝑔𝑟𝑎𝑣 ): está associada ao estado de separação

entre dois corpos que se interagem por meio de um campo gravitacional, onde ocorre
atração mútua por causa da força gravitacional.

A versão mais conhecida no ensino médio da fórmula de energia potencial


gravitacional é:

𝐸𝑝𝑜𝑡𝑔𝑟𝑎𝑣 = 𝑚. 𝑔. ℎ.

Sendo ℎ a altura que um corpo se encontra em relação ao chão (que costuma ser a
referência de altura).

Figura 14.1: Corpo de massa 𝑚, a uma altura ℎ, sob a ação da aceleração da gravidade 𝑔.

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Fonte: Próprio Autor.

Exemplo Resolvido 1. Uma esfera de massa 𝑚 = 1 𝑘𝑔 é levada do ponto 𝐴 ao


ponto 𝐵 em quatro possíveis trajetórias, conforme a Figura 14.2. Considere 𝑔 =
10 𝑚⁄𝑠 2 . Calcule a energia potencial gravitacional para as quatro situações.

Figura 14.2: Quatro possíveis trajetórias entre A e B: vertical, plano inclinado, “escada irregular” e
“curva livre”.

Fonte: Próprio Autor.

O peso é uma força conservativa, portanto a trajetória do corpo não interfere


no trabalho realizado pela força. O que importa são apenas os estados inicial e final.
Portanto, como a altura que separa o ponto 𝐵do ponto 𝐴 nas quatro situações é a
mesma, a energia potencial nas quatro situações é a mesma:

𝐸𝑝𝑜𝑡𝑔𝑟𝑎𝑣 = 𝑚. 𝑔. ℎ = 1.10.10 = 100 𝐽.

Energia Potencial Elástica

Energia Potencial Elástica (𝐸𝑝𝑜𝑡𝑒𝑙𝑎𝑠𝑡 ): é a energia relacionada à deformação de uma


mola ou elástico, e que poderá ser usada para gerar movimento de um corpo.

108
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Considere uma mola de constante elástica 𝑘 que obedece à Lei de Hooke


⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
(𝐹 ⃗). O valor da energia potencial armazenada na mola será igual ao
𝑒𝑙𝑎𝑠𝑡 = −𝑘. 𝑥

trabalho realizado para efetuar a deformação 𝑥 na mola, sendo igual a:

𝑘. 𝑥 2
𝐸𝑝𝑜𝑡𝑒𝑙𝑎𝑠𝑡 = .
2

Não faremos aqui a demonstração desta fórmula. A unidade de energia


potencial no SI, assim como o trabalho, é o Joule (𝐽). A unidade da constante
elástica no SI é o 𝑁⁄𝑚.

Figura 14.3: Mola sendo distendida por uma força deformadora horizontal.

Fonte: Próprio Autor.

Exercício Resolvido 2. Considere a Figura 14.4. Suponha que foi feito um


experimento em que se mediu com um dinamômetro a força deformadora em função
da deformação da mola. Foi obtida a seguinte tabela experimental:

Tabela 14.1: Medidas obtidas com um dinamômetro.

F (N) 10 23 29 42 54 65 70 76 87
X (m) 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
Fonte: Próprio Autor.

Em um gráfico, se colocamos os valores da força no eixo vertical e os valores


da deformação no eixo horizontal, obtemos o seguinte gráfico:

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Figura 14.4: Gráfico da força deformadora pela deformação da mola com a equação da “reta média”
obtida pelo software Excel.

100
90 y = 95,333x + 3
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Fonte: Próprio Autor.

Segundo a lei de Hooke (que veremos mais adiante), essa relação deve ser
linear, por isso traçamos uma “reta média” que passa por entre os pontos do gráfico.
Os pontos não ficaram perfeitamente alinhados como uma reta, porque há erro
experimental, mas a tendência é claramente linear. A constante elástica da mola é o
coeficiente angular da equação da reta:

𝑘 ≅ 95,3 𝑁⁄𝑚.

Definição de Energia Cinética

Energia cinética é a energia de um corpo relacionada ao seu movimento. É


definido como o trabalho necessário para acelerar/desacelerar um corpo. Se a
velocidade permanece constante, a energia cinética é constante. Na mecânica
clássica, a energia cinética de um corpo é definida como:

𝑚. 𝑣 2 𝐼. 𝜔2
𝐸𝑐𝑖𝑛 = + .
2 2

O primeiro termo está relacionado à translação e o segundo à rotação. Nesta


fórmula:

𝑚: massa do corpo;

110
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𝑣 : velocidade do corpo;

𝐼 : momento de inércia em do corpo em relação ao eixo de rotação;

𝜔: velocidade angular de rotação do corpo.

Na maioria dos exercícios resolvidos no ensino médio envolvendo cálculo de energia


não há rotação de corpos, portanto a energia cinética reduz-se ao primeiro termo:

𝑚. 𝑣 2
𝐸𝑐𝑖𝑛 = .
2

A unidade de energia no SI é o Joule (𝐽).

Teorema da Energia Cinética (TEC):

Considere uma partícula de massa 𝑚 percorrendo uma trajetória qualquer com


velocidade 𝑣⃗ sob a ação de forças quaisquer com resultante 𝐹⃗ :

“O trabalho de todas as forças que atuam sobre uma partícula é igual à variação
da energia cinética”.

Demonstração: Da definição de trabalho:

𝜏 = 𝐹. ∆𝑠

Tomando o elemento diferencial de trabalho:

𝑑𝜏 = 𝐹. 𝑑𝑠 (𝐼).

Mas, da segunda lei de Newton, temos:

𝑑𝑣
𝐹 = 𝑚. .
𝑑𝑡

Substituindo em (𝐼):

𝑑𝑣
𝑑𝜏 = 𝑚. . 𝑑𝑠
𝑑𝑡

𝑑𝜏 = 𝑚. 𝑣. 𝑑𝑣.

Considere agora que as velocidades inicial e final da partícula em um


determinado arco da trajetória são, respectivamente, 𝑣0 e 𝑣. Logo:

111
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𝑣
𝜏 = ∫ 𝑑𝜏 = ∫ 𝑚. 𝑣. 𝑑𝑣
𝑣0

𝑣
𝑣
𝑣2 𝑚. 𝑣 2 𝑚. 𝑣02
𝜏 = 𝑚. ∫ 𝑣. 𝑑𝑣 = 𝑚. [ ] = −
𝑣0 2 𝑣 2 2
0

𝜏 = 𝐸𝑐𝑖𝑛𝑓 − 𝐸𝑐𝑖𝑛𝑖 .

Repare que o TEC refere-se a todas as forças. Isto inclui as conservativas e


também as não conservativas.

Exercício Resolvido 3. Uma partícula de massa 𝑚 sai em repouso da origem e


percorre um segmento do eixo 𝑋, no sentido positivo, sob a ação da força 𝐹⃗ = 𝑘. 𝑥 2 . 𝑖⃗,
sendo 𝑘 uma constante positiva e 𝑥 a posição da partícula. Calcule a velocidade da
partícula ao passar pelo ponto 𝑥 = 𝐿.

Solução:

𝜏 = ∫ 𝑑𝜏 = ∫ 𝐹. 𝑑𝑠

𝐿 𝐿 𝐿
2 2
𝑥3 𝐿3
𝜏 = ∫ 𝑘. 𝑥 . 𝑑𝑥 = 𝑘. ∫ 𝑥 . 𝑑𝑥 = 𝑘. [ ] = 𝑘. .
0 0 3 0 3

Pelo TEC:

𝜏 = 𝐸𝑐𝑖𝑛𝑓 − 𝐸𝑐𝑖𝑛𝑖

𝐿3 𝑚. 𝑣 2
𝑘. = −0
3 2

2. 𝑘. 𝐿3
𝑣=√ .
3. 𝑚

Figura 14.5: Partícula sob ação de 𝐹⃗ = 𝑘. 𝑥 2 . 𝑖⃗.

Fonte: Próprio Autor.

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Exercício Resolvido 4. Uma partícula de massa 𝑚 = 10 𝑘𝑔 sai em repouso da


origem e percorre um segmento do eixo 𝑋, no sentido positivo, sob a ação da força
𝐹⃗ = 100. 𝑥. 𝑖⃗, sendo 𝑥 a posição da partícula. Calcule a velocidade da partícula ao
passar pelo ponto 𝑥 = 3 𝑚.

Solução:

𝜏 = ∫ 𝑑𝜏 = ∫ 𝐹. 𝑑𝑠

3 3 3
𝑥2 9
𝜏 = ∫ 100. 𝑥. 𝑑𝑥 = 100. ∫ 𝑥. 𝑑𝑥 = 100. [ ] = 100. [ ] = 450 𝐽.
0 0 2 0 2

Pelo TEC:

𝜏 = 𝐸𝑐𝑖𝑛𝑓 − 𝐸𝑐𝑖𝑛𝑖

10. 𝑣 2
450 = −0
2

2.450
𝑣=√ ≅ 9,49 𝑚⁄𝑠.
10

Figura 14.6: Partícula sob ação de 𝐹⃗ = 100. 𝑥. 𝑖⃗.

Fonte: Próprio Autor.

Exercício Resolvido 5. Um bloco é abandonado em 𝐴 e desliza ao longo de uma


pista sem atrito, em formato de “loop”, conforme a Figura 14.7, sem atrito. Determine
a altura ℎ mínima (em função do raio 𝑅) do ponto 𝐴 para que o bloco consiga chegar
ao ponto B e realizar o “loop”. Adote 𝑔 como aceleração da gravidade.

Figura 14.7: Percurso em “loop” de um bloco.

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Fonte: Próprio Autor.

Solução:

Vamos tomar o ponto 𝐶 como referência de nossa altura. Em 𝐴, o bloco sai


do repouso e, portanto, sai somente com energia potencial gravitacional. Ao atingir
o ponto 𝐵, possui energia potencial gravitacional, mas também energia cinética, já
que sua velocidade neste ponto não é nula (caso contrário não haveria aceleração
centrípeta). Em 𝐵, o bloco está sob o efeito de duas forças: o peso 𝑃 e a normal 𝑁
exercida pela superfície curva. De acordo com o enunciado, neste caso, 𝑁 = 0, pois
queremos calcular a altura mínima ℎ para que o bloco consiga fazer o “loop”. Repare
que não é dada a massa do bloco, o que sugere que essa altura mínima não depende
da massa do corpo!

A soma das forças peso e normal, ambas orientadas para o centro da


curvatura, fazem o papel de força centrípeta, neste caso. Logo:

𝐹𝑐𝑒𝑛𝑡 = 𝑃 + 𝑁

𝐹𝑐𝑒𝑛𝑡 = 𝑃 + 0 = 𝑃 = 𝑚. 𝑔.

Repare que a massa do bloco não é dada! Isto sugere que o cálculo independe
da massa do corpo. De fato:

𝑚. 𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡 = 𝑚. 𝑔

𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡 = 𝑔

𝑣2
=𝑔
𝑅

𝑣 2 = 𝑅. 𝑔 (𝐼).

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Repare que a velocidade em 𝐵 não depende da massa do corpo. Como não


há atrito durante todo o percurso, podemos afirmar que a energia total (que
chamaremos de energia mecânica) é conservada:

𝐸𝑝𝑜𝑡𝐴 = 𝐸𝑝𝑜𝑡𝐵 + 𝐸𝑐𝑖𝑛𝐵 .

𝑚. 𝑣 2
𝑚. 𝑔. ℎ = 𝑚. 𝑔. (2. 𝑅) + .
2

Substituindo 𝑣 2 por (𝐼):

𝑚. (𝑅. 𝑔)
𝑚. 𝑔. ℎ = 𝑚. 𝑔. (2. 𝑅) + .
2

Cortando a massa e a aceleração da gravidade, simplificamos:

𝑅
ℎ = 2. 𝑅 +
2

5. 𝑅
ℎ= = 2,5. 𝑅.
2

Ou seja, para que a normal seja nula no ponto B, devemos soltar o bloco de
uma altura ℎ = 2,5. 𝑅, desprezando perdas por atrito durante todo o percurso. Repare
que esta altura não depende mesmo da massa do corpo, como se supôs no início.
Esse é um modelo ideal, algo que na prática não ocorre, por isso um carrinho de
montanha russa teria que descer de uma altura muito maior para levar em conta
todas as perdas de energia por atrito no trilho, além da resistência do ar, e assim
garantir a segurança dos passageiros!

Definição de Energia Mecânica

Em termos simples, energia mecânica é a capacidade de um corpo produzir


trabalho. Também podemos interpretá-la como a energia que pode ser transferida
por meio de uma força. A energia mecânica é a soma da energia cinética,
relacionada ao movimento do corpo, com a energia potencial, relacionada ao
armazenamento pelo corpo (podendo esta ser gravitacional ou elástica):

𝐸𝑚𝑒𝑐 = 𝐸𝑐𝑖𝑛 + 𝐸𝑝𝑜𝑡 .

A unidade de energia no SI é o Joule (𝐽). Se o sistema for conservativo, ou


seja, apenas forças conservativas atuam nele, a energia mecânica é conservada e

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é uma constante do movimento. Uma força é chamada de conservativa quando o


trabalho realizado por ela é independente do percurso, ou seja, o trabalho é
determinado apenas pelos estados inicial e final do sistema. As forças peso e elástica
são conservativas. Já as forças não conservativas são aquelas em que o trabalho
por elas realizado depende da trajetória, ou seja, depende dos estados
intermediários entre o inicial e o final. As forças de atrito, empuxo de gás e muscular
são exemplos de forças não conservativas.

Teorema da Energia Mecânica (TEM)

Enunciado:
“O trabalho das forças não conservativas é igual à variação da energia mecânica”.

𝜏𝑓𝑜𝑟ç𝑎𝑠𝑛ã𝑜𝑐𝑜𝑛𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎𝑠 = 𝐸𝑚𝑒𝑐𝑓 − 𝐸𝑚𝑒𝑐𝑖 . (TEM)

Se 𝜏𝑓𝑜𝑟ç𝑎𝑠𝑛ã𝑜𝑐𝑜𝑛𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎𝑠 = 0, então há conservação da energia mecânica do


sistema. Neste caso, se a energia cinética de um corpo aumenta, então a energia
potencial deve diminuir e vice-versa, de modo a manter sempre a energia mecânica
conservada.

Recordando:
𝑚.𝑣 2 𝐼.𝜔2
𝐸𝑐𝑖𝑛 =
2
+
2
(rotação e translação);
𝑘.𝑥 2
𝐸𝑝𝑜𝑡 = 𝑚. 𝑔. ℎ + 2
(gravitacional e elástica).

Energia Mecânica de Alguns Sistemas Físicos


𝑝2
a) Partícula livre (𝐸𝑝𝑜𝑡 = 0): 𝐸𝑚𝑒𝑐 = 𝐸𝑐𝑖𝑛 = 2.𝑚;

(𝑝 é o momento linear da partícula)

𝑚.𝜔2 .𝑥 2 𝑝2
b) Oscilador Harmônico: 𝐸𝑚𝑒𝑐 = 𝐸𝑝𝑜𝑡 + 𝐸𝑐𝑖𝑛 = 2
+ 2.𝑚 ;

(𝑥 é a posição da partícula no oscilador harmônico)

𝐺.𝑚1 .𝑚2 𝑝2
c) Atração Gravitacional: 𝐸𝑚𝑒𝑐 = 𝐸𝑝𝑜𝑡 + 𝐸𝑐𝑖𝑛 = 𝑑
+ 2.𝑚 ;

(𝑑 é a distância entre as partículas de massas 𝑚1 e 𝑚2 )

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𝑚.𝑣 2
d) Pêndulo Simples: 𝐸𝑚𝑒𝑐 = 𝐸𝑝𝑜𝑡 + 𝐸𝑐𝑖𝑛 = 𝑚. 𝑔. ℎ + 2
;

Exercício Resolvido 6. Veja a Figura 14.8. Um bloco é abandonado em 𝐴. O bloco


desliza pelo plano inclinado 𝐴𝐵, passa para o plano horizontal 𝐵𝐶 e para em 𝐶 . O
ponto 𝐶 está a 9,8 𝑚 de 𝐵. O coeficiente de atrito em ambos os pisos é 𝜇 = 0,35.
Dados:

𝑔 = 9,8 𝑚⁄𝑠 2 e 𝜃 = 36,87°. Calcule a extensão 𝑑 do plano inclinado.

Figura 14.8: Bloco deslizando por plano inclinado e depois por plano horizontal.

Fonte: Próprio Autor.

Solução: Por trigonometria:



𝑠𝑒𝑛𝜃 =
𝑑
ℎ = 𝑠𝑒𝑛𝜃. 𝑑 = 𝑠𝑒𝑛(36,87°). 𝑑 = 0,6. 𝑑.

No plano inclinado 𝐴𝐵:


𝑁𝐴𝐶 = 𝑃𝑦 = 𝑚. 𝑔. 𝑐𝑜𝑠𝜃 = 𝑚. 𝑔. 𝑐𝑜𝑠(36,87°) = 𝑚. 9,8.0,8 = 7,84. 𝑚

𝜏𝐹𝑎𝑡𝐴𝐶 = −𝐹𝑎𝑡𝐴𝐶 . 𝑑 = −𝜇. 𝑁𝐴𝐶 . 𝑑 = −0,35.7,84. 𝑚. 𝑑 = −2,744. 𝑚. 𝑑.

No plano horizontal 𝐵𝐶 :
𝑁𝐵𝐶 = 𝑃 = 𝑚. 𝑔 = 9,8. 𝑚.
𝜏𝐹𝑎𝑡𝐵𝐶 = −𝐹𝑎𝑡𝐵𝐶 . 9,8 = −𝜇. 𝑁𝐵𝐶 . 9,8 = −0,35.9,8. 𝑚. 9,8 = −33,614. 𝑚.

Pelo TEM:
𝜏𝑓𝑜𝑟ç𝑎𝑠𝑛ã𝑜𝑐𝑜𝑛𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎𝑠 = 𝐸𝑚𝑒𝑐𝑓 − 𝐸𝑚𝑒𝑐𝑖

𝜏𝐹𝑎𝑡𝐴𝐶 +𝜏𝐹𝑎𝑡𝐵𝐶 = (𝐸𝑐𝑖𝑛𝐶 + 𝐸𝑝𝑜𝑡𝑔𝑟𝑎𝑣𝐶 ) − (𝐸𝑐𝑖𝑛𝐴 + 𝐸𝑝𝑜𝑡𝑔𝑟𝑎𝑣𝐴 )

−2,744. 𝑚. 𝑑 − 33,614. 𝑚 = (0 + 0) − (0 + 𝑚. 𝑔. ℎ)

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−2,744. 𝑚. 𝑑 − 33,614. 𝑚 = −𝑚. 𝑔. ℎ


−2,744. 𝑚. 𝑑 − 33,614. 𝑚 = −𝑚. 9,8.0,6. 𝑑.

Eliminando a massa (vemos aqui o problema não depende da massa do bloco!):

−2,744. 𝑑 − 33,614 = −5,88. 𝑑


3,136. 𝑑 = 33,614
𝑑 ≅ 10,719 𝑚.

Lei de Hooke

Em 1660, o físico inglês Robert Hooke (1635-1703), observando o


comportamento mecânico de uma mola, descobriu que as deformações elásticas
obedecem a uma lei muito simples. Veja a Figura 14.9.

Figura 14.9: Lei de Hooke.

Fonte: Próprio Autor.

Hooke descobriu que quanto maior fosse o peso de um corpo suspenso a


uma das extremidades de uma mola (cuja outra extremidade era presa a um suporte
fixo) maior era a deformação sofrida pela mola. Analisando outros sistemas elásticos,
Hooke verificou que existia sempre proporcionalidade entre a força deformadora e a
deformação elástica produzida. O resultado de suas observações foi escrito na forma
de uma lei geral (1676), hoje conhecida como lei de Hooke:

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“As forças deformadoras são proporcionais às deformações elásticas produzidas”

Ele também verificou que esta relação é linear:

𝐹𝑒𝑙á𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎 = 𝑘. 𝑥.

Nesta fórmula, 𝑥 é a deformação sofrida e 𝑘 é a constante elástica da mola,


cuja unidade no SI é: 𝑁⁄𝑚. A constante elástica depende do material da mola, do
número de espiras e das dimensões da mola, entre outras variáveis. Vetorialmente:

⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑒𝑙á𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎 = −𝑘. 𝑥⃗.

O sinal negativo significa que o vetor força elástica tem sentido oposto ao vetor
deformação (vetor força aplicado), isto é, possui sentido oposto à deformação, sendo
a força elástica por essa razão chamada de força restauradora. No caso da Figura
14.9, a força aplicada na mola é a força peso dos blocos (vetor vertical apontando
para baixo). A força elástica é, portanto, um vetor vertical apontando para cima. O
equilíbrio na mola ocorre quando ela está em seu estado natural, ou seja, sem estar
comprimida ou esticada. Após comprimi-la ou estica-la, a mola sempre faz uma força
contrária ao movimento, calculada pela fórmula acima.

A lei de Hooke pode ser utilizada desde que o limite elástico do material não
seja excedido. O comportamento elástico dos materiais segue a lei de Hooke apenas
até um determinado valor de força, que depende de cada mola. Após esse valor, a
relação de proporcionalidade deixa de existir (mesmo que o corpo volte ao seu
comprimento inicial após a remoção da respectiva força). Se essa força continuar a
aumentar, o corpo perderá sua elasticidade e a deformação passará a ser
permanente (inelástico), podendo chegar à ruptura do material. O dinamômetro
usa a lei de Hooke para medir forças (qualquer que seja o tipo de força).

O valor da energia potencial armazenada na mola será igual ao trabalho


realizado para efetuar a deformação 𝑥 na mola, sendo igual a:

𝑘. 𝑥 2
𝐸𝑝𝑜𝑡𝑒𝑙𝑎𝑠𝑡 = .
2

No SI, a energia potencial elástica é dada em Joules (𝐽).

Exercício Resolvido 7. Um bloco de massa 𝑚 = 1 𝑘𝑔 desliza sobre um plano


horizontal em direção a uma mola de constante elástica 𝑘 = 100 𝑁⁄𝑚. A velocidade

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do bloco ao atingir a mola é 𝑣 = 2 𝑚⁄𝑠. Durante a compressão da mola, o bloco


desliza sobre uma superfície rugosa. A mola sofre deformação máxima de 𝑥 = 0,15 𝑚.
Adote 𝑔 = 10 𝑚⁄𝑠 2 . Veja a Figura 14.10.

Figura 14.10: Bloco indo em direção a anteparo com mola.

Fonte: Próprio Autor.

a) Calcule o coeficiente de atrito entre o bloco e o plano horizontal;

Considere o instante em que o bloco atinge o anteparo (evento 𝐴) e o instante


em que ocorre a máxima deformação da mola (evento 𝐵). Pelo TEM (teorema da
energia mecânica), podemos escrever:

𝜏𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 = 𝐸𝑚𝑒𝑐𝐵 − 𝐸𝑚𝑒𝑐𝐴


𝜏𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 = (𝐸𝑐𝑖𝑛𝐵 + 𝐸𝑝𝑜𝑡𝐵 ) − (𝐸𝑐𝑖𝑛𝐴 + 𝐸𝑝𝑜𝑡𝐴 )
𝑘. 𝑥 2 𝑚. 𝑣 2
−𝐹𝑎𝑡 . 𝑥 = (0 + )−( + 0)
2 2
𝑘. 𝑥 2 𝑚. 𝑣 2
−𝜇. 𝑁. 𝑥 = ( )−( )
2 2
𝑚. 𝑣 2 − 𝑘. 𝑥 2
𝜇=
2. 𝑁. 𝑥
1. 22 − 100. (0,15)2
𝜇=
2. (1.10). 0,15
𝜇 ≅ 0,58.
b) Após a mola atingir a máxima deformação, o bloco retorna e volta a acelerar.
Quanto o bloco precisa deslocar-se para atingir a velocidade máxima?

A velocidade máxima ocorre quando a resultante das forças sobre o bloco é


nula (e consequentemente a aceleração do bloco é nula). Ou seja, quando a força
elástica iguala a força de atrito (as duas únicas forças atuando na direção do
movimento):

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𝐹𝑒𝑙𝑎𝑠𝑡 = 𝐹𝑎𝑡

𝑘. 𝑥′ = 𝜇. 𝑁

𝜇. 𝑁 0,58.10
𝑥′ = = = 0,058 𝑚.
𝑘 100

Logo, o deslocamento da posição natural da mola (sem deformação) é: 𝑑 =


0,15 − 0,058 = 0,092 𝑚.

Exercícios Propostos:

1) Veja a Figura 14.11. É um gráfico da energia potencial elástica de uma mola em


função da deformação desta. A partir deste gráfico, calcule:
a) A constante elástica da mola;
b) O módulo da força elástica quando 𝑥 = 0,25 𝑚

Figura 14.11: Gráfico da Energia Potencial Elástica de um Mola.

3000
Energia Potencial Elástica da Mola

2500

2000
(Joule)

1500

1000

500

0
-1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5
Deformação x da mola (metros)

Fonte: Próprio Autor.

2) (UNESP) Uma das modalidades esportivas em que nossos atletas têm sido
premiados em competições olímpicas é a de barco a vela. Considere uma
situação em que um barco de 100 𝑘𝑔, conduzido por um velejador com massa de
60𝑘𝑔, partindo do repouso, se desloca sob a ação do vento em movimento
acelerado, até atingir a velocidade de 18 𝑘𝑚⁄ℎ. A partir desse instante, passa a
navegar com velocidade constante. Se o barco navegou 25 𝑚 em movimento

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acelerado, qual o valor da força aplicada sobre o barco? Despreze resistências


ao movimento do barco.
3) Um corpo de massa 𝑚 = 100 𝑔 sai do repouso sobre um plano horizontal sem
atrito, fica sujeito a uma força variável com a posição conforme a Figura 14.12.
Calcule a velocidade na posição final: 𝑥 = 3 𝑚.

Figura 14.12: Força atuando sobre corpo.

Fonte: Próprio Autor.

4) Uma bola de massa 𝑚 = 250 𝑔 é solta do alto de um prédio de 50 𝑚 e chega ao


solo com velocidade 𝑣 = 108 𝑘𝑚⁄ℎ. Calcule o trabalho realizado pelo atrito da bola
com o ar. Considere 𝑔 = 9,8 𝑚⁄𝑠 2
5) Veja a Figura 14.13. Um bloco de massa 𝑚 = 1 𝑘𝑔 está apoiado sobre um plano
inclinado de 𝜃 = 45° em relação à horizontal. O bloco sai do repouso no ponto 𝐴
quando a mola está comprimida de 𝑥𝐴 = −1 𝑚. O bloco para em 𝐵 após a mola
sofrer deformação de 𝑥𝐵 = +0,5 𝑚 em relação ao seu estado natural. Despreze o
atrito entre o plano e o bloco e a resistência do ar durante o movimento. Adote
𝑔 = 10 𝑚⁄𝑠 2 . Calcule:
a) A constante elástica da mola;
b) A posição do bloco quando sua velocidade é máxima;

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Figura 14.13: Bloco sobe plano inclinado impulsionado por uma mola comprimida.

Fonte: Próprio Autor.

Respostas dos Exercícios Propostos:

1) a) 𝑘 = 5 𝑘𝑁⁄𝑚; b) 𝐹𝑒𝑙𝑎𝑠𝑡 = 1250 𝑁


2) 80 𝑁
3) 𝑣 = 40 𝑚⁄𝑠
4) 𝜏𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑎𝑟 = −10 𝐽 (a resistência do ar atua no sentido contrário ao movimento).
5) 𝑎) 𝑘 = 28,4 𝑁⁄𝑚; 𝑏) 𝑥𝑣𝑚𝑎𝑥 = −0,25 𝑚

REFERÊNCIA

HALLIDAY, David; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física –


Mecânica – Volume 1, 12ª ed., Rio de Janeiro, LTC, 2023.
(ler capítulos 7 e 8)

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Aula 15_Trabalho e Potência de uma Força

Palavras-chave: trabalho; força; potência.

São objetivos desta aula: estudar o conceito de trabalho e potência de uma


força; resolução de exercícios de aplicação destes conceitos.

Introdução

Define-se trabalho como uma medida da energia transferida pela aplicação de


uma força ao longo de um deslocamento. O trabalho de uma força 𝐹⃗ aplicada ao
longo de um caminho 𝛿 pode ser calculado de forma geral através da integral de
linha:

𝜏𝛿 = ∫ 𝐹⃗ . 𝑑𝑠⃗ .

Aqui, 𝑑𝑠⃗ é o vetor deslocamento. Esta definição é válida para qualquer tipo de
força (gravitacional, elétrica, elástica, etc.). O que está dentro da integral é um
produto escalar entre os vetores. Ou seja, o resultado dentro da integral de linha é
um escalar (um número), que pode ser pode ser positivo, negativo ou zero. Quando
a força atua no mesmo sentido do deslocamento, o trabalho é positivo (“trabalho
motor”), ou seja, existe uma energia sendo acrescentada ao corpo. E quando a força
atua no sentido contrário ao deslocamento, o trabalho é negativo (“trabalho
resistente”), ou seja, existe uma energia sendo retirada do corpo. Existem dois tipos
de energia que podem acrescentadas ou retiradas ao sistema: potencial e cinética.

Figura 15.1:.𝜏 = ∫ 𝐹 . 𝑑𝑠. 𝑐𝑜𝑠 𝜃 ao longo do caminho 𝛿.

Fonte: Próprio Autor.

Pela definição, toda vez que o ângulo entre a força e o vetor deslocamento por
𝜃 = 90° (ou seja, ortogonais entre si), independente da força aplicada, o trabalho

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será nulo (𝑐𝑜𝑠(90°) = 0). Assim, a existência de uma força não é garantia de que um
trabalho está sendo realizado. Para que haja trabalho não nulo é necessário que
haja deslocamento do ponto de aplicação da força e que haja também uma
componente não nula da força na direção do deslocamento. Por exemplo, um corpo
em MCU (movimento circular uniforme) está sujeito a uma força centrípeta não nula.
No entanto, esta força não realiza trabalho porque é, em todos os pontos,
perpendicular à trajetória circular (ou seja, o produto escalar da força centrípeta com
o vetor deslocamento é nulo). No MCU em particular, também não há trabalho devido
à força tangencial (tangente à trajetória), já que está é nula!

A Figura 15.2 mostra um exemplo de movimento circular uniformemente


variado. Neste caso, o trabalho da força tangencial é positivo (se for acelerado) ou
negativo (se for retardado), mas o trabalho da força centrípeta é sempre nulo.

Figura 15.2: Exemplo de um movimento circular uniformemente retardado: o trabalho da força


centrípeta é nulo (ortogonal ao deslocamento) e o trabalho da força tangencial é resistente (sentido
oposto ao deslocamento).

Fonte: Próprio Autor.

Resumindo, há duas condições para que uma força realize trabalho: que haja
deslocamento e que haja força ou componente de força na direção do deslocamento.
Em um gráfico (𝑠, 𝐹), a área sob a curva representa o trabalho da força. Veja a Figura
15.3.

Figura 15.3:. 𝜏𝛿 = ∫ 𝐹⃗ . 𝑑𝑠⃗: a integral representa a área sob a curva do gráfico (𝑠, 𝐹).

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Fonte: Próprio Autor.

A unidade de trabalho no SI é o Joule (𝐽), sendo definido como o trabalho


realizado por uma força de 1𝑁 atuando ao longo de 1𝑚 na direção do deslocamento.
No sistema CGS, a unidade de trabalho é o 𝑒𝑟𝑔: 1𝐽 = 107 𝑒𝑟𝑔. Corresponde ao
trabalho realizado por uma força de 1𝑑𝑦𝑛 (10−5 𝑁) atuando ao longo de 1𝑐𝑚(10−2 𝑚)
na direção do deslocamento.

Exercício Resolvido 1. Um bloco de massa 𝑚 = 100𝑘𝑔 é levantado do chão por um


cabo vertical até uma altura de ℎ = 10𝑚, com velocidade constante. Dado 𝑔 =
10 𝑚⁄𝑠 2 . Calcule o trabalho de cada força agente: força peso, força de tração, força
resultante.

Figura 15.4: Forças em bloco sendo suspenso por um cabo.

Fonte: Próprio Autor.

Solução:

Como o bloco sobe com velocidade constante, a força resultante 𝑅⃗⃗ é nula e

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𝑇 = 𝑃 = 𝑚. 𝑔;

𝜏𝑝𝑒𝑠𝑜 = 𝑃. ℎ. 𝑐𝑜𝑠(180°) = (1.10). 10. (−1) = −100𝑁 (𝑃 tem sentido oposto ao


deslocamento);

𝜏𝑡𝑟𝑎çã𝑜 = 𝑇. ℎ. 𝑐𝑜𝑠(0°) = (1.10). 10. (+1) = 100𝑁 (𝑇 tem o sentido do deslocamento);

𝜏𝑟𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 𝑅. ℎ. 𝑐𝑜𝑠(0°) = 0.10. (+1) = 0𝑁 (= 𝜏𝑝𝑒𝑠𝑜 + 𝜏𝑡𝑟𝑎çã𝑜 ).

Exercício Resolvido 2. Uma partícula está sob a ação de uma força 𝐹⃗ = 𝐹. 𝑖⃗ (eixo
𝑋). Calcule o trabalho desta força de 𝑥 = 0 𝑚 até 𝑥 = 10 𝑚.

Figura 15.5:. 𝐹⃗ = 𝐹. 𝑖⃗ sobre partícula.

Fonte: Próprio Autor.

Solução:

4.6 2.6
𝜏 = Á𝑅𝐸𝐴 = 𝐴𝑡𝑟𝑖â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜1 + 𝐴𝑟𝑒𝑡â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 + 𝐴𝑡𝑟𝑖â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜2 = + 4.6 + = 12 + 24 + 6
2 2
= 42 𝐽.

Potência de uma Força

Potência de uma força é o trabalho que ela realiza por unidade de tempo. Se
uma força 𝐹 realiza um trabalho 𝑑𝜏 durante 𝑑𝑡, a potência da força é definida como:

𝑑𝜏
𝑃= .
𝑑𝑡

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Trabalho é energia. Portanto, também é comum definirmos a potência de uma


força como a grandeza que determina a quantidade de energia que é concedida por
uma fonte a cada unidade de tempo. Ou a rapidez com que uma certa quantidade
de energia é transformada ou, ainda, a rapidez com que o trabalho é realizado. São
todas definições equivalentes.

Para um trabalho 𝜏 realizado durante um intervalo de tempo ∆𝑡, define-se a


potência média 𝑃𝑚 como:

𝜏
𝑃𝑚 = (𝐼).
∆𝑡

Esta é a versão mais conhecida da fórmula da potência de uma força,


sobretudo no ensino médio. Mas ela também pode ser escrita em termos da
velocidade adquirida:

𝑑𝜏 𝐹. 𝑑𝑠
𝑃= =
𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑃 = 𝐹. 𝑣 (𝐼𝐼).

Nesta fórmula estamos considerando a componente da força que age na


direção da velocidade adquirida. Para um instante de tempo 𝑡, define-se a potência
instantânea como:

𝑃(𝑡) = 𝐹(𝑡). 𝑣(𝑡) (𝐼𝐼𝐼).

No SI, a unidade de potência é o watt (𝑊):

1𝐽
1𝑊 = .
1𝑠

É comum vermos múltiplos e submúltiplos da unidade watt multiplicados por


hora. Por exemplo, o 𝑘𝑊ℎ (quilowatt-hora) não é uma unidade de potência, mas sim
de trabalho. É a energia correspondente à potência de 1𝑘𝑊 aplicada durante uma
hora. Esta unidade de energia é usada na medição do consumo de energia elétrica.

Outras unidades conhecidas de potência:

1𝑐𝑣 = 735,5𝑊 (cavalo-vapor);

1ℎ𝑝 = 746,6𝑊 (horse-power).

128
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Chama-se de potência específica à potência por unidade de massa. No SI: 𝑊 ⁄𝑘𝑔

A potência consumida ou dissipada por um ser humano é em torno de 100 𝑊,


variando de 85 𝑊 durante o sono a 800 𝑊 durante a prática de atividade física
moderada. A potência fornecida por um motor pode ser obtida a partir de seu torque
(𝑀) e de sua frequência de rotação (𝑓):

𝑃[𝑊] = 𝑀[𝑁. 𝑚]. (2. 𝜋). 𝑓[𝐻𝑧],

𝑀[𝑁.𝑚].(2.𝜋).𝑓[𝑟𝑝𝑚]
Ou 𝑃[𝑘𝑊] = 60000
.

Potência e Energia: Potência pode estar relacionada a qualquer processo em que


haja fluxo de energia. Para um sistema no qual se fornece (ou recebe) energia ∆𝐸
em um intervalo de tempo ∆𝑡, a potência média fornecida (ou recebida) pelo sistema
pode ser calculada como:

∆𝐸
𝑃𝑚 = .
∆𝑡

Representação Gráfica

Em um gráfico que represente a força em função da velocidade, a área sob a


curva é numericamente igual à potência daquela força. Isto é válido tanto para o caso
em que a força é constante quanto para o caso em que é variável. De modo análogo,
em um gráfico que represente a potência em função do tempo, a área sob a curva é
numericamente igual ao trabalho realizado por aquela força. Isto é válido tanto para
o caso em que a potência é constante quanto para o caso em que é variável.

𝑃 = ∫ 𝐹. 𝑑𝑣;

𝜏 = ∫ 𝑃. 𝑑𝑡.

Figura 15.6: Gráficos 𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝑥 𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 e 𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑥 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜.

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Fonte: Próprio Autor.

Rendimento

Ao receber uma potência, um corpo não é capaz de transformar a energia total


inteiramente em trabalho: a energia será perdida em algum momento do processo.
A potência total entregue a um sistema é chamada de potência total, enquanto que
a energia perdida no processo (em geral, devido a diferentes formas de atrito) é
chamada de potência dissipada; a energia que sobra do processo, e que é capaz de
realizar um trabalho, é chamada de potência útil. O rendimento 𝜂 é a razão entre a
potência útil para realizar o trabalho e a potência total fornecida:

𝑃ú𝑡𝑖𝑙
𝜂= .
𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

Exercício Resolvido 3. O gráfico da Figura 15.7 mostra como a potência de um


carro com massa 𝑚 = 1𝑡𝑜𝑛 varia em função do tempo. Sabendo que o carro saiu do
repouso, calcule a velocidade carro após 30 segundos.

Figura 15.7:. Variação da potência de um carro ao longo do tempo.

Fonte: Próprio Autor.

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Solução:

𝜏 = ∫ 𝑃. 𝑑𝑡 = 𝐴𝑡𝑟𝑖â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 + 𝐴𝑟𝑒𝑡â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜

18.1000
𝜏= + 12.750 = 9000 + 9000 = 18000 𝐽.
2

Pelo TEC:

𝜏 = 𝐸𝑐𝑖𝑛𝑓 − 𝐸𝑐𝑖𝑛𝑖

𝑚. 𝑣 2 1000. 𝑣 2
18000 = −0= = 500. 𝑣 2
2 2

18000
𝑣=√ = √36 = 6 𝑚⁄𝑠 𝑜𝑢 21,6 𝑘𝑚⁄ℎ .
500

Exercício Resolvido 4. Um paraquedista com peso 𝑃 = 98 𝑘𝑔𝑓 desce


uniformemente com velocidade 𝑣 = 9,8 𝑚⁄𝑠. Calcule a potência dissipada pela
resistência do ar.

Solução:

O paraquedista desce com velocidade constante (força resultante nula), logo


a força de resistência do ar equilibra a força peso a todo instante:

𝑅𝑎𝑟 = 𝑃 = 98 𝑘𝑔𝑓 = 960,4 𝑁;

𝑃𝑅𝑎𝑟 = 𝑅𝑎𝑟 . 𝑣 = 960,4.9,8 ≅ 9412 𝑊 = 9,412 𝑘𝑊

Exercícios Propostos:

1) Um bloco de massa 𝑚 = 100 𝑘𝑔 é puxado com velocidade constante para cima


apoiado sobre um plano inclinado de 𝜃 = 36,87°, conforme a Figura 15.8. A altura
do plano é ℎ = 10 𝑚 e o seu coeficiente de atrito é 𝜇 = 0,3. Adote 𝑔 = 10 𝑚⁄𝑠 2 .
Calcule o trabalho da força de tração (paralela ao plano inclinado) durante todo o
percurso.
Figura 15.8: Bloco sendo arrastado para cima por uma força de tração.

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Fonte: Próprio Autor.

2) Uma partícula com massa 𝑚 = 1 𝑘𝑔, inicialmente estacionária, é submetida a uma


força resultante constante. Após 𝑡 = 2 𝑠, a velocidade é 𝑣 = 2 𝑚⁄𝑠. Calcule:
a) O trabalho realizado pela força nos primeiros 6 segundos;
b) A potência média durante esse tempo;
c) A potência instantânea inicial (𝑡 = 0 𝑠) e final (𝑡 = 6 𝑠).

3) (ITA-SP) Uma escada rolante transporta passageiros do andar térreo A ao andar


superior B, com velocidade constante, conforme a Figura 15.9. A escada tem
comprimento total de 15 𝑚, dividida em 75 degraus e a inclinação é de 30°. Adote
𝑔 = 10 𝑚⁄𝑠 2 . Determine:
a) O trabalho da força motora necessário para elevar um passageiro de 80 𝑘𝑔 de 𝐴
até 𝐵;
b) A potência correspondente ao item anterior empregada pelo motor efetuando o
transporte em 30 segundos;
c) O rendimento do motor, sabendo-se que a potência total é de 400 W.

Figura 15.9: Escada rolante (o número de degraus foi simplificado).

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Fonte: Próprio Autor.

Respostas dos Exercícios Propostos:

1) 𝜏 𝑇 = 14000 𝐽

2) a) 𝜏 = 18 𝐽
b) 𝑃𝑚é𝑑𝑖𝑎 = 3 𝑊
c) 𝑃0 = 0 𝑊; 𝑃6 = 6 𝑊

3) a) 𝜏 = 6000 𝐽
b) 𝑃ú𝑡𝑖𝑙 = 200 𝑊
c) 𝜂 = 50 %

REFERÊNCIA

HALLIDAY, David; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física –


Mecânica – Volume 1, 12ª ed., Rio de Janeiro, LTC, 2023.
(ler capítulo 7)

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Aula 16_Momento Linear e Momento Angular

Palavras-chave: momento linear; impulso; colisões; momento angular.

São objetivos desta aula: estudar os conceitos de momento linear, impulso de


uma força e momento angular; resolver exercícios em que estes conceitos são
aplicados.

Definição de Momento Linear

Define-se quantidade de movimento, ou momento linear, de um corpo como o


produto de sua massa pela sua velocidade. Como a velocidade é um vetor, definimos
o vetor momento linear 𝑝⃗ como:

𝑝⃗ = 𝑚. 𝑣⃗ (𝐼).

Ou seja, o vetor momento linear tem a mesma direção e o mesmo sentido do


vetor velocidade. No SI, a unidade de medida de momento linear é o 𝑘𝑔. 𝑚⁄𝑠.
Veremos mais à frente, que o momento linear também é igual ao produto da força
pelo tempo, portanto outra unidade de medida possível no SI é o 𝑁. 𝑠. Um carro de
1000𝑘𝑔 que anda a 10 𝑚⁄𝑠 tem quantidade de movimento igual a 10000 𝑘𝑔. 𝑚⁄𝑠.

A forma geral da segunda lei de Newton nos diz que a resultante das forças
atuando sobre um corpo é igual à derivada temporal do momento linear:

𝑑𝑝⃗ 𝑑(𝑚. 𝑣⃗)


𝑅⃗⃗ = = .
𝑑𝑡 𝑑𝑡

Para sistemas onde a massa é constante, esta equação reduz-se à conhecida


equação usada para resolver a maioria dos exercícios do ensino médio:

𝑑𝑣⃗
𝑅⃗⃗ = 𝑚. = 𝑚. 𝑎⃗.
𝑑𝑡

O momento linear (grandeza vetorial) e a energia (grandeza escalar) são as


grandezas físicas necessárias à descrição da interação entre dois sistemas físicos.
Os sistemas físicos em interação trocam momento e energia a todo instante, mas se
forem isolados de forças internas, haverá conservação de momento e energia. Esta
interdependência entre momento e energia está presente não apenas na mecânica

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clássica, que segue as leis de Newton, mas em teorias físicas mais gerais, como a
mecânica quântica e a teoria da relatividade.

Para um sistema de 𝑁 partículas, o momento linear do sistema será calculado


como a soma vetorial dos momentos de cada uma das partículas:

𝑁 𝑁

𝑝⃗ = ∑ ⃗⃗⃗⃗
𝑝𝑖 = ∑ 𝑚𝑖 . ⃗⃗⃗⃗
𝑣𝑖 = 𝑚1 . 𝑣
⃗⃗⃗⃗⃗1 + 𝑚2 . ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑣2 + ⋯ 𝑚𝑁 . 𝑣
⃗⃗⃗⃗⃗
𝑁.
𝑖=1 𝑖=1

Se o sistema tem um centro de massa que se move com velocidade ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗


𝑣𝐶𝑀 , é
possível demonstrar que:

𝑝⃗ = 𝑚. ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗.
𝑣𝐶𝑀

Aqui, 𝑚 é a massa total do sistema. Este resultado é muito importante porque


assim não precisamos calcular e somar os momentos de cada partícula. Basta
calcular o momento de uma partícula, desde que esta partícula seja o CM e tenha a
massa de todo o sistema! Se o sistema estiver em rotação em torno do CM (𝑣 𝐶𝑀 = 0),
⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑝⃗ = 0.

Exercício Resolvido 1. São dadas as massas e velocidades de três partículas:

⃗⃗⃗⃗⃗1 = 3. 𝑖⃗ 𝑚⁄𝑠 ;
𝑚1 = 1 𝑘𝑔; 𝑣

𝑣2 = 2. 𝑗⃗ 𝑚⁄𝑠 ;
𝑚2 = 0,5 𝑘𝑔; ⃗⃗⃗⃗⃗

𝑣3 = −1,5. 𝑖⃗ − 1,5. 𝑗⃗ 𝑚⁄𝑠.


𝑚3 = 2 𝑘𝑔; ⃗⃗⃗⃗⃗

Figura 16.1. Sistema constituído por três esferas.

Fonte: Próprio Autor.

Calcule o momento linear do sistema.

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Solução:

𝑝⃗ = 𝑚1 . 𝑣
⃗⃗⃗⃗⃗1 + 𝑚2 . ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑣2 + 𝑚3 . ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑣3

𝑝⃗ = 1. (3. 𝑖⃗) + 0,5. (2. 𝑗⃗) + 2. (−1,5. 𝑖⃗ − 1,5. 𝑗⃗)

𝑝⃗ = 0. 𝑖⃗ − 2. 𝑗⃗ = −2. 𝑗⃗.

Definição de Impulso de uma Força

Um impulso 𝐽⃗ (neste texto usaremos a letra 𝐽 para impulso para não confundir
com o momento de inércia 𝐼 ) ocorre quando uma força 𝐹⃗ age em um intervalo de
tempo ∆𝑡 e é calculado como:

𝐽⃗ = ∫ 𝐹⃗ . 𝑑𝑡.

Se a força é constante durante todo o tempo em que atua, então a fórmula do


impulso reduz-se à versão usada no ensino médio:

𝐽⃗ = 𝐹⃗ . ∆𝑡 (𝐼𝐼).

Como 𝐹⃗ = ∆𝑝⃗⁄∆𝑡 (segunda lei de Newton), então temos ainda:

𝐽⃗ = ∆𝑝⃗ = ⃗⃗⃗⃗⃗ 𝑝𝑖 (𝐼𝐼𝐼).


𝑝𝑓 − ⃗⃗⃗⃗

Este é o Teorema do Impulso: o impulso é igual à variação do momento linear.


Este teorema é muito usado na resolução de exercícios de colisões e impactos.

Exercício Resolvido 2. Uma partícula de massa 𝑚 = 0,18 𝑔 saiu com velocidade


𝑣𝑖 = −1,5. 𝑖⃗ − 1,5. 𝑗⃗ 𝑚⁄𝑠 e após ∆𝑡 = 0,36 𝑠 atingiu a velocidade ⃗⃗⃗⃗⃗
inicial ⃗⃗⃗⃗ 𝑣𝑓 = −5,1. 𝑖⃗ +
6,8. 𝑗⃗ 𝑚⁄𝑠, acelerando uniformemente. Calcule a força atundo sobre a partícula.

Solução:

𝐽⃗ = ∆𝑝⃗ = ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑝𝑓 − ⃗⃗⃗⃗
𝑝𝑖 = 𝑚. (𝑣
⃗⃗⃗⃗⃗𝑓 − ⃗⃗⃗⃗)
𝑣𝑖

𝐽⃗ = 0,00018. (−5,1. 𝑖⃗ + 6,8. 𝑗⃗ + 1,5. 𝑖⃗ + 1,5. 𝑗⃗)

𝐽⃗ = 0,00018. (−3,6. 𝑖⃗ + 8,3. 𝑗⃗)

𝐽⃗ = −0,000648. 𝑖⃗ + 0,001494. 𝑗⃗

𝐽⃗ −0,000648. 𝑖⃗ + 0,001494. 𝑗⃗
𝐹⃗ = =
∆𝑡 0,36
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𝐹⃗ = −0,0018. 𝑖⃗ + 0,00415. 𝑗⃗⃗ 𝑁.

Lei de Conservação do Momento Linear

Em um sistema fechado (sem ganho ou perda de massa e sem forças


externas), o momento linear total é constante. Esta é a Lei de Conservação do
Momento Linear.

Considere o caso de duas partículas 1 e 2 interagindo entre si. Pela terceira


lei de Newton, as forças entre elas são iguais e opostas:

⃗⃗⃗⃗⃗1 = −𝑅
𝑅 ⃗⃗⃗⃗⃗2

𝑑𝑝
⃗⃗⃗⃗⃗1 −𝑑𝑝
⃗⃗⃗⃗⃗2
=
𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑑(𝑝
⃗⃗⃗⃗⃗1 + ⃗⃗⃗⃗⃗)
𝑝2
= 0.
𝑑𝑡

Ou seja, ⃗⃗⃗⃗⃗ 𝑝2 é constante. Considere que 𝑣1𝑖 e 𝑣2𝑖 são as velocidades iniciais
𝑝1 + ⃗⃗⃗⃗⃗
e 𝑣1𝑓 e 𝑣2𝑓 . Logo:

𝑚1 . 𝑣1𝑖 + 𝑚2 . 𝑣2𝑖 = 𝑚1 . 𝑣1𝑓 + 𝑚2 . 𝑣2𝑓 (𝐼𝑉).

Este resultado pode ser generalizado para mais de duas partículas e aplica-
se a todo tipo de interação, incluindo colisões entre partículas.

O problema das colisões (muito importante!)

Se além do momento linear total, a energia cinética total for conservada, a


colisão é chamada de elástica. Caso contrário, a colisão é chamada de inelástica.

Se a colisão for elástica, além da equação (𝐼𝑉), vale também:

2 2 2 2
𝑚1 . 𝑣1𝑖 𝑚2 . 𝑣2𝑖 𝑚1 . 𝑣1𝑓 𝑚2 . 𝑣2𝑓
+ = + (𝑉).
2 2 2 2

A resolução do sistema composto pelas equações (𝐼𝑉) e (𝑉) permite resolver


um amplo conjunto de exercícios de colisão elástica. Se uma partícula tem uma
massa muito maior do que a outra, a sua velocidade será pouco afetada pela colisão,
enquanto a partícula de massa menor terá grande impacto na velocidade.

137
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Quando a colisão é inelástica, uma parte da energia cinética do sistema é


convertida em outras formas de energia: calor, som, etc. As colisões que ocorrem
entre carros são um exemplo clássico de colisão inelástica. Uma colisão
perfeitamente inelástica é aquela em que as partículas têm a mesma velocidade 𝑣𝑓
depois da colisão. Se uma das partículas estiver inicialmente em repouso
(𝑣| |2𝑖 = 0), pela lei de conservação do momento, temos:

𝑚1 . 𝑣1𝑖 = (𝑚1 + 𝑚2 ). 𝑣𝑓 .

Exemplo de colisão inelástica: colisão entre um pássaro e um avião durante o


vôo.

Exercício Resolvido 3. Considere duas esferas A e B, respectivamente com massas


𝑚𝐴 = 1 𝑘𝑔 e 𝑚𝐵 = 0,75 𝑘𝑔. As velocidades iniciais destas esferas são respectivamente

𝑣𝐴𝑖 = −0,75. 𝑗⃗ + 1. 𝑘⃗⃗ 𝑚⁄𝑠 e ⃗⃗⃗⃗⃗⃗


⃗⃗⃗⃗⃗⃗ 𝑣𝐵𝑖 = 1. 𝑖⃗ − 0,75. 𝑘⃗⃗ 𝑚⁄𝑠. Após a colisão, ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑣𝐵𝑓 = 0,5. 𝑖⃗ − 0,25. 𝑗⃗ +

0,5. 𝑘⃗⃗ 𝑚⁄𝑠. Calcule:

a) Qual a velocidade final da esfera A?

Solução:

𝑚𝐴 . ⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑣𝐴𝑖 + 𝑚𝐵 . ⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑣𝐵𝑖 = 𝑚𝐴 . ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑣𝐴𝑓 + 𝑚𝐵 . ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝑣𝐵𝑓

1. (−0,75. 𝑗⃗ + 1. 𝑘⃗⃗ ) + 0,75. (1. 𝑖⃗ − 0,75. 𝑘⃗⃗ ) = 1. ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗


𝑣𝐴𝑓 + 0,75. (0,5. 𝑖⃗ − 0,25. 𝑗⃗ + 0,5. 𝑘⃗⃗ )

−0,75. 𝑗⃗ + 1. 𝑘⃗⃗ + 0,75. 𝑖⃗ − 0,5625. 𝑘⃗⃗ = ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗


𝑣𝐴𝑓 + 0,375. 𝑖⃗ − 0,1875. 𝑗⃗ + 0,375. 𝑘⃗⃗

𝑣𝐴𝑓 = −0,75. 𝑗⃗ + 1. 𝑘⃗⃗ + 0,75. 𝑖⃗ − 0,5625. 𝑘⃗⃗ − 0,375. 𝑖⃗ + 0,1875. 𝑗⃗ − 0,375. 𝑘⃗⃗
⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗

𝑣𝐴𝑓 = 0,375. 𝑖⃗ − 0,5625. +0,0625. 𝑘⃗⃗ 𝑚⁄𝑠.


⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗

b) Quanta energia cinética foi ganha ou perdida durante a colisão?

∆𝐸𝑐𝑖𝑛 = 𝐸𝑐𝑖𝑛𝑓 − 𝐸𝑐𝑖𝑛𝑖

2 2 2 2
𝑚𝐴 . 𝑣𝐴𝑓 𝑚𝐵 . 𝑣𝐵𝑓 𝑚𝐴 . 𝑣𝐴𝑖 𝑚𝐵 . 𝑣𝐵𝑖
∆𝐸𝑐𝑖𝑛 = ( + )−( + ) (𝑉𝐼)
2 2 2 2

Calculando os quadrados dos módulos dos vetores velocidade (generalização


do teorema de Pitágoras para três dimensões):

138
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2
𝑣𝐴𝑓 = (0,375)2 + (−0,5625)2 + (0,0625)2 = 0,4609

2
𝑣𝐵𝑓 = (0,5)2 + (−0,25)2 + (0,5)2 = 0,5625

2
𝑣𝐴𝑖 = (0)2 + (−0,75)2 + (1)2 = 1,5625

2
𝑣𝐵𝑖 = (1)2 + (0)2 + (−0,75)2 = 1,5625

Substituindo na equação (𝑉𝐼):

1.0,4609 0,75.0,5625 1.1,5625 0,75.1,5625


∆𝐸𝑐𝑖𝑛 = ( + )−( + )
2 2 2 2

1.0,4609 0,75.0,5625 1.1,5625 0,75.1,5625


∆𝐸𝑐𝑖𝑛 = ( + )−( + )
2 2 2 2

∆𝐸𝑐𝑖𝑛 ≅ −0,9258 𝐽𝑜𝑢𝑙𝑒𝑠.

Ou seja, houve perda de energia durante a colisão. Trata-se de uma colisão


inelástica.

Definição de Momento Angular

O momento angular de um corpo é uma grandeza física associada à rotação


desse corpo. Na mecânica clássica, o momento angular 𝐿⃗⃗ de uma partícula é definido
pelo produto vetorial do vetor posição (em relação a uma origem de referência)
com o vetor momento linear:

𝐿⃗⃗ = 𝑟⃗ × 𝑝⃗

Ou

𝐿⃗⃗ = 𝑟⃗ × (𝑚. 𝑣⃗) = 𝑚. (𝑟⃗ × 𝑣⃗).

No SI, a unidade de medida de momento angular é o 𝑘𝑔. 𝑚2 ⁄𝑠. Pela definição


do produto vetorial, o vetor 𝐿⃗⃗ será sempre um vetor com direção ortogonal ao plano
definido pelos vetores 𝑟⃗ e 𝑣⃗. Em módulo:

|𝐿⃗⃗| = 𝑚. 𝑟. 𝑣. 𝑠𝑒𝑛𝜃.

Aqui 𝜃 é o ângulo entre os vetores 𝑟⃗ e 𝑝⃗. Como 𝑣 = 𝜔. 𝑟, também podemos


escrever:

139
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|𝐿⃗⃗| = 𝑚. 𝑟 2 . 𝜔. 𝑠𝑒𝑛𝜃.

Sendo 𝜔 a velocidade angular de rotação. Para um sistema de 𝑁 partículas,

𝐿⃗⃗ = ∑ ⃗⃗⃗⃗
𝐿𝑖 .
𝑖=1

No caso de um corpo girando ao redor de um eixo fixo, em relação a esse eixo, o


momento angular pode ser calculado como:

𝐿⃗⃗ = 𝐼. 𝜔
⃗⃗.

Repare que essa é a versão angular de 𝑝⃗ = 𝑚. 𝑣


⃗⃗⃗⃗! Ou seja, quando o eixo é
fixo, 𝐿⃗⃗ faz o papel de 𝑝⃗, 𝜔
⃗⃗ faz o papel de 𝑣⃗ e o momento de inércia 𝐼 faz o papel da
massa! Outra fórmula extremamente útil para a resolução de exercícios de rotação
é a energia cinética de rotação:

𝐼. 𝜔2
𝐸𝑐𝑖𝑛𝑟𝑜𝑡𝑎çã𝑜 = .
2

Repare que essa é a versão angular de 𝐸𝑐𝑖𝑛 = 𝑚. 𝑣 2⁄2. Ou seja, 𝐼 faz o papel
da massa e 𝜔 o papel de 𝑣 (velocidade escalar).

Exercício Resolvido 4. São dadas as massas, velocidades e posições de três


partículas:

⃗⃗⃗⃗⃗1 = 3. 𝑖⃗ 𝑚⁄𝑠 ; ⃗⃗⃗⃗


𝑚1 = 1 𝑘𝑔; 𝑣 𝑟1 = 2. 𝑗⃗ 𝑚

𝑣2 = 2. 𝑗⃗ 𝑚⁄𝑠; ⃗⃗⃗⃗
𝑚2 = 0,5 𝑘𝑔; ⃗⃗⃗⃗⃗ 𝑟2 = 3. 𝑖⃗ 𝑚

𝑣3 = −1,5. 𝑖⃗ − 1,5. 𝑗⃗ 𝑚⁄𝑠; ⃗⃗⃗⃗


𝑚3 = 2 𝑘𝑔; ⃗⃗⃗⃗⃗ 𝑟3 = 3. 𝑖⃗ + 2. 𝑗⃗ 𝑚

Veja a Figura 16.2. Calcule o momento angular do sistema em relação à origem do


sistema cartesiano.

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Figura 16.2 Sistema constituído por três partículas.

Fonte: Próprio Autor.

⃗⃗⃗⃗⃗1 = 𝑚1 . (𝑟⃗⃗⃗⃗1 × 𝑣
𝐿 ⃗⃗
1 = 1. (2. 𝑗⃗ × 3. 𝑖⃗) = −6. 𝑘
⃗⃗⃗⃗⃗)

𝑣2 = 0,5. (3. 𝑖⃗ × 2. 𝑗⃗) = 3. 𝑘⃗⃗


⃗⃗⃗⃗⃗2 = 𝑚2 . (𝑟⃗⃗⃗⃗2 × ⃗⃗⃗⃗⃗)
𝐿

⃗⃗⃗⃗⃗3 = 𝑚3 . (𝑟⃗⃗⃗⃗3 × ⃗⃗⃗⃗⃗)


𝐿 𝑣3 = 2.

2. [−4,5. 𝑘⃗⃗ + 3. 𝑘⃗⃗ ] = −3. 𝑘⃗⃗

Neste último produto vetorial, fizemos o produto distributivo. Lembre-se que,


no produto vetorial, a ordem dos fatores altera o produto! Ou seja, o produto vetorial
deve ser feito sempre com 𝑟⃗ no primeiro termo e 𝑣⃗ no segundo termo, e nunca o
contrário. Caso tenha dificuldades em calcular produtos vetoriais, estude este tópico
antes de estudar esta aula texto. Para calcular o momento angular total:

𝐿⃗⃗ = 𝐿
⃗⃗⃗⃗⃗1 + 𝐿 ⃗⃗⃗⃗⃗3 = −6. 𝑘⃗⃗ + 3. 𝑘⃗⃗ − 3. 𝑘⃗⃗ = −6. 𝑘⃗⃗
⃗⃗⃗⃗⃗2 + 𝐿

Repare que o momento angular é um vetor ortogonal ao plano da folha (tela


do computador), ou seja, com direção 𝑘⃗⃗, apontando para dentro. Isto porque os
vetores 𝑟⃗ 𝑒 𝑝⃗ estão neste plano.

Conservação do Momento Angular

Sabemos que quando há conservação de momento linear, a resultante das


forças atuando sobre um sistema de partículas ou corpo rígido é nula. Isso decorre
da segunda lei de Newton na forma geral:

141
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𝑑𝑝⃗
𝑅⃗⃗ = .
𝑑𝑡

Da definição de momento polar de uma força (torque) resultante:

𝑑𝑝⃗ 𝑑(𝑟⃗ × 𝑝⃗) 𝑑(𝐿⃗⃗)


⃗⃗⃗ = 𝑟⃗ × 𝑅⃗⃗ = 𝑟⃗ × (
𝑀 )= =
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑑𝐿⃗⃗
⃗⃗⃗ =
𝑀 .
𝑑𝑡

Ou seja, o torque resultante sobre um sistema é igual à taxa de variação


temporal (derivada temporal) do momento angular. Assim, sempre que o momento
angular for constante o torque será nulo. Este resultado é extremamente importante.
A maioria dos problemas de momento angular são problemas em que o momento
angular do sistema é conservado.

Exercício Resolvido 5. A Figura 16.3 mostra duas polias 𝐴 e 𝐵 ligadas por uma
mesma correia. A polia 𝐴 tem o dobro do raio da polia 𝐵. Qual a razão dos momentos
de inércia das duas polias nas seguintes situações:

a) Conservação do momento angular;


b) Conservação da energia cinética de rotação.

Figura 16.3. A polia 𝐴 tem o dobro do raio da polia 𝐵.

Fonte: Próprio Autor.

Solução
a) As polias giram em torno de eixos fixos, portanto vale:

𝐿𝐴 = 𝐿𝐵
𝐼𝐴 . 𝜔𝐴 = 𝐼𝐵 . 𝜔𝐵
𝑣𝐴 𝑣𝐵
𝐼𝐴 . = 𝐼𝐵 . (𝐼).
𝑅𝐴 𝑅𝐵

142
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Como a correia é a mesma para ambas as polias: 𝑣𝐴 = 𝑣𝐵 = 𝑣. Além disso: 𝑅𝐴 =


2. 𝑅𝐵 = 2. 𝑅. Substituindo em (𝐼):

𝑣 𝑣
𝐼𝐴 . = 𝐼𝐵 .
2. 𝑅 𝑅

Multiplicando toda a equação por 𝑅 e dividindo toda a equação por 𝑣(𝑣 ≠ 0):

𝑣 𝑣
𝐼𝐴 . = 𝐼𝐵 .
2. 𝑅 𝑅

𝐼𝐴
= 2.
𝐼𝐵

b)
𝐸𝑐𝑖𝑛 = 𝐸𝑐𝑖𝑛
𝐼𝐴 . 𝜔𝐴 2 𝐼𝐵 . 𝜔𝐵 2
= (𝐼𝐼).
2 2

Sabemos que 𝜔𝐴 = 𝑣𝐴 ⁄𝑅𝐴 e 𝜔𝐵 = 𝑣𝐵 ⁄𝑅𝐵 . Substituindo em (𝐼𝐼) e multiplicando


toda a equação por 2:

𝑣𝐴 2 𝑣𝐵 2
𝐼𝐴 . ( ) = 𝐼𝐵 . ( ) (𝐼𝐼𝐼)
𝑅𝐴 𝑅𝐵

Também sabemos que 𝑣𝐴 = 𝑣𝐵 = 𝑣 e que 𝑅𝐴 = 2. 𝑅𝐵 = 2. 𝑅. Substituindo em (𝐼𝐼𝐼):

𝑣 2 𝑣 2
𝐼𝐴 . ( ) = 𝐼𝐵 . ( )
2. 𝑅 𝑅

𝐼𝐴 . 𝑣 2 𝐼𝐵 . 𝑣 2
=
4. 𝑅 2 𝑅2

Multiplicando toda a equação por 𝑅 2 e dividindo toda a equação por 𝑣 2 (𝑣 ≠ 0)


chegamos a:

𝐼𝐴
= 4.
𝐼𝐵

Exercício Resolvido 6. Um disco homogêneo de massa 𝑀 = 1 𝑘𝑔 e raio 𝑅 = 0,3 𝑚


gira com velocidade angular 𝜔0 = 2. 𝜋 𝑟𝑎𝑑⁄𝑠 gira em torno de um eixo ortogonal ao
plano da folha (tela do computador) (direção 𝑘⃗⃗). Calcule:

a) A energia cinética do disco;


b) O momento angular do disco;

143
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c) Uma lasca de massa 𝑚 = 10 𝑔 na borda do disco se desprende e sobe


verticalmente. Calcule a altura máxima alcançada por essa lasca. Despreze a
resistência do ar e considere 𝑔 = 9,8 𝑚⁄𝑠 2 .

Figura 16.4. Disco em rotação. À direita, um lasca de massa 𝑚 destaca-se e sobe verticalmente.

Fonte: Próprio Autor.

Solução

a)

𝑀. 𝑅 2 1. (0,3)2
𝐼𝑑𝑖𝑠𝑐𝑜 = = = 0,045 𝑘𝑔. 𝑚2 .
2 2
𝐼𝑑𝑖𝑠𝑐𝑜 . 𝜔0 2 0,045. (2. 𝜋)2
𝐸𝑐𝑖𝑛𝑟𝑜𝑡𝑎çã𝑜 = = ≅ 0,887 𝐽.
2 2
b)
𝐿 = 𝐼𝑑𝑖𝑠𝑐𝑜 . 𝜔0 = 0,045. (2. 𝜋) ≅ 0,283 𝐽.

c) Considerando conservação da energia mecânica durante a subida e tomando a


linha pontilhada da Figura 16.4 como base da altura, então:

𝐸𝑐𝑖𝑛 =0=𝐸𝑝𝑜𝑡

𝑚. 𝑣02
= 𝑚. 𝑔. ℎ
2

Dividindo toda a equação por 𝑚(𝑚 ≠ 0) e sabendo que 𝑣0 = 𝜔0 . 𝑅:

144
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𝜔02 . 𝑅 2 (2. 𝜋)2 . (0,3)2


ℎ= = = 0,18 𝑚.
2. 𝑔 2.9,8

Repare que surpreendentemente este resultado não depende da massa da lasca!

Exercício Proposto:

1) Um próton de massa 𝑚 colide elasticamente, a 𝑣1𝑖 = 3. 105 𝑚⁄𝑠, contra outro


próton parado (próton 2). O primeiro próton é desviado de 𝜃 = 36,87° de sua
trajetória inicial, conforme a Figura 16.5. Ambos os prótons permanecem no plano
da folha (tela). Calcule:
a) A direção da velocidade do próton-alvo (próton 2) após a colisão;
b) Quais as velocidades dos prótons após a colisão.

Figura 16.5 Colisão elástica de prótons.

Fonte: Próprio Autor.

145
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2) Considere um sistema de quatro partículas 𝐴, 𝐵, 𝐶 e 𝐷, girando em torno do ponto


𝑂, descrevendo uma circunferência de raio 𝑅, conforme a Figura 16.6. Todas as
partículas têm a mesma massa 𝑚 e fazem o mesmo ângulo 𝜃 com o eixo 𝑋. Todas
as partículas têm velocidades tangentes à circunferência com módulos indicados
na Figura 16.6, respectivamente: 𝑣, 2. 𝑣, 𝑣 e 2. 𝑣. Calcule o momento angular total
deste sistema em relação ao eixo ortogonal ao plano 𝑋𝑌 e que passa pelo ponto
𝑂.
Figura 16.6. Sistema de quatro partículas em rotação.

Fonte: Próprio Autor.

Resposta dos Exercícios Propostos:

1) 𝑎) ∅ = 53,13°; 𝑏) 𝑣1𝑓 = 2,4. 105 𝑚⁄𝑠 ; 𝑣2𝑓 = 1,8. 105 𝑚⁄𝑠


2) 𝐿⃗⃗ = ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐿𝐴 + ⃗⃗⃗⃗⃗
𝐿𝐵 + ⃗⃗⃗⃗⃗ 𝐿𝐷 = (−𝑅. 𝑚. 𝑣. 𝑘⃗⃗ ) + (𝑅. 𝑚. 2𝑣. 𝑘⃗⃗ ) + (𝑅. 𝑚. 𝑣. 𝑘⃗⃗ ) + (−𝑅. 𝑚. 2𝑣. 𝑘⃗⃗ ) = 0
𝐿𝐶 + ⃗⃗⃗⃗⃗

Para as quatro partículas, 𝑟⃗ = 𝑅. 𝑐𝑜𝑠𝜃. 𝑖⃗ + 𝑅. 𝑠𝑒𝑛𝜃. 𝑗⃗ e |𝑟⃗| = 𝑅. Também para todas


as quatro partículas: 𝑟⃗ e 𝑝⃗ são ortogonais (𝑠𝑒𝑛 90° = 1). A posição de cada uma das
quatro partículas na circunferência não importa! (poderiam estar em quaisquer
posições, o resultado seria o mesmo!)

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REFERÊNCIA

HALLIDAY, David; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física –


Mecânica – Volume 1, 12. ed., Rio de Janeiro, LTC, 2023.
(ler capítulo 11)

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Resumo da Unidade IV: Trabalho, Potência, Energia, Momento


Linear e Momento Angular

Trabalho de uma Força: O trabalho de uma força 𝐹⃗ aplicada ao longo de um


caminho 𝛿 pode ser calculado de forma geral através da integral de linha:

𝜏𝛿 = ∫ 𝐹⃗ . 𝑑𝑠⃗ 𝑊.

Aqui, 𝑑𝑠⃗ é o vetor deslocamento. Esta definição é válida para qualquer tipo de
força. O que está dentro da integral é um produto escalar entre os vetores. Ou seja,
o resultado dentro da integral de linha é um escalar (um número), que pode ser pode
ser positivo, negativo ou zero.

Energia Potencial Gravitacional (𝐸𝑝𝑜𝑡𝑔𝑟𝑎𝑣 ): está associada ao estado de

separação entre dois corpos que se interagem por meio de um campo gravitacional,
onde ocorre atração mútua por causa da força gravitacional:

𝐸𝑝𝑜𝑡𝑔𝑟𝑎𝑣 = 𝑚. 𝑔. ℎ.

Energia Potencial Elástica (𝐸𝑝𝑜𝑡𝑒𝑙𝑎𝑠𝑡 ): é a energia relacionada à deformação de


uma mola ou elástico, e que poderá ser usada para gerar movimento de um corpo:

𝑘. 𝑥 2
𝐸𝑝𝑜𝑡𝑒𝑙𝑎𝑠𝑡 = .
2

Energia Cinética (𝐸𝑐𝑖𝑛 ) é a energia de um corpo relacionada ao seu movimento. É


definido como o trabalho necessário para acelerar/desacelerar um corpo. Se a
velocidade permanece constante, a energia cinética é constante. Calcula-se como:

𝑚. 𝑣 2
𝐸𝑐𝑖𝑛 =
2

Teorema da Energia Cinética (TEC): “O trabalho de todas as forças que atuam


sobre uma partícula é igual à variação da energia cinética”.

𝜏 = 𝐸𝑐𝑖𝑛𝑓 − 𝐸𝑐𝑖𝑛𝑖 (𝑇𝐸𝐶).

Teorema da Energia Mecânica (TEM): “O trabalho das forças não conservativas é


igual à variação da energia mecânica”.

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𝜏𝑓𝑜𝑟ç𝑎𝑠𝑛ã𝑜𝑐𝑜𝑛𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎𝑠 = 𝐸𝑚𝑒𝑐𝑓 − 𝐸𝑚𝑒𝑐𝑖 (TEM).

A unidade de trabalho e energia, no SI, é o joule (𝐽).

Potência de uma força (P) é o trabalho que ela realiza por unidade de tempo. Se
uma força 𝐹 realiza um trabalho 𝑑𝜏 durante 𝑑𝑡, a potência da força é definida como:

𝑑𝜏
𝑃= .
𝑑𝑡

Mas ela também pode ser escrita em termos da velocidade adquirida:

𝑃 = 𝐹. 𝑣.

A unidade de potência, no SI, é o watt (𝑊). O rendimento 𝜂 é a razão entre a


potência útil para realizar o trabalho e a potência total fornecida:

𝑃ú𝑡𝑖𝑙
𝜂= .
𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

Lei de Hooke: “As forças deformadoras são proporcionais às deformações elásticas


produzidas”

𝐹𝑒𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎 = 𝑘. 𝑥.

Nesta fórmula, 𝑥 é a deformação sofrida e 𝑘 é a constante elástica da mola,


cuja unidade no SI é: 𝑁⁄𝑚. A constante elástica depende do material da mola, do
número de espiras e das dimensões da mola, entre outras variáveis. Vetorialmente:

⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗
𝐹𝑒𝑙á𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎 = −𝑘. 𝑥⃗

O sinal negativo significa que o vetor força elástica tem sentido oposto ao vetor
deformação (vetor força aplicado)

Momento Linear: Define-se quantidade de movimento, ou momento linear, de um


corpo como o produto de sua massa pela sua velocidade. Como a velocidade é um
vetor, definimos o vetor momento linear 𝑝⃗ como:

𝑝⃗ = 𝑚. 𝑣⃗.

Ou seja, o vetor momento linear tem a mesma direção e o mesmo sentido do


vetor velocidade. No SI, a unidade de medida de momento linear é o 𝑘𝑔. 𝑚⁄𝑠.

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Impulso de uma Força: Um impulso 𝐽⃗ ocorre quando uma força 𝐹⃗ age em um


intervalo de tempo ∆𝑡 e é calculado como:

𝐽⃗ = ∫ 𝐹⃗ . 𝑑𝑡.

Se a força é constante durante todo o tempo em que atua, então a fórmula do


impulso reduz-se à versão usada no ensino médio:

𝐽⃗ = 𝐹⃗ . ∆𝑡.

Como 𝐹⃗ = ∆𝑝⃗⁄∆𝑡 (segunda lei de Newton), então temos ainda:

𝐽⃗ = ∆𝑝⃗ = ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑝𝑓 − ⃗⃗⃗⃗.
𝑝𝑖

Este é o teorema do impulso: o impulso é igual à variação do momento linear.


Este teorema é muito usado na resolução de exercícios de colisões e impactos.

Momento Angular (𝐿): é definido pelo produto vetorial do vetor posição (em relação
a uma origem de referência) com o vetor momento linear:

⃗⃗ = 𝑟⃗ × 𝑝⃗.
𝐿

Ou

⃗⃗ = 𝑟⃗ × (𝑚. 𝑣⃗) = 𝑚. (𝑟⃗ × 𝑣⃗).


𝐿

No SI, a unidade de medida de momento linear é o 𝑘𝑔. 𝑚2 ⁄𝑠. Pela definição


⃗⃗ será sempre um vetor com direção ortogonal ao plano
do produto vetorial, o vetor 𝐿
definido pelos vetores 𝑟⃗ e 𝑣⃗. No caso de um corpo girando ao redor de um eixo fixo,
em relação a esse eixo, o momento angular pode ser calculado como:

⃗⃗ = 𝐼. 𝜔
𝐿 ⃗⃗.

Energia cinética de rotação:

𝐼. 𝜔2
𝐸𝑐𝑖𝑛𝑟𝑜𝑡𝑎çã𝑜 = .
2

Conservação do Momento Angular: o torque resultante sobre um sistema é igual


à taxa de variação temporal (derivada temporal) do momento angular.

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⃗⃗
𝑑𝐿
⃗⃗⃗ =
𝑀 .
𝑑𝑡

Assim, sempre que o momento angular for constante o torque total será nulo.

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