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Resumo
O objetivo deste estudo foi verificar os efeitos de diferentes tipos de feedback sobre a propriocepção de praticantes de balletclássico. A amostra foi
constituída por 16 bailarinas (média de 10±25 anos), participantes de uma Escola de Dança, divididas em dois grupos: Grupo A (feedback proprioceptivo) e Grupo B
(feedback visual e verbal). Foram realizadas análises da propriocepção pré e pós o desenvolvimento de oito aulas priorizando o feedback extrínseco. Avaliou-se a
propriocepção através de um cinesiômetro (PAIXÃO, 1981) para membros superiores e um goniômetro (CAMARGOS et al, 2004) para membros inferiores. A análise
dos dados revelou que não houve diferença estatística significativa entre pré e pós-teste, como também, não houve significância entre os resultados de pós-teste
intergrupos. Conclui-se, portanto que, analisar a variável propriocepção, tanto na estimulação de elementos proprioceptivos, quanto visuais e verbais, pode
acrescentar em qualidade na execução dos movimentos para o aprendiz de ballet clássico.
Unitermos: Feedback. Propriocepção. Ballet clássico.
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 151, Diciembre de 2010. http://www.efdeportes.com/
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Introdução
O Ballet
Clássico requer, além de beleza, um bom desempenho motor dos bailarinos. A prática desta habilidade
desenvolve sensibilidade, percepção, coordenação, equilíbrio, tônus, lateralidade, noção espacial, noção temporal,
ritmo, entre outras (PRATI; PRATI, 2006). É uma modalidade que exige a execução de movimentos técnicos perfeitos
e, para tanto, necessita de fornecimento de informações sensoriais que contribuam para a realização de uma
performance habilidosa e que poderão oportunizar aos bailarinos a detecção e correção de erros durante a execução
dos movimentos (BERTONI, 1992). Estas informações, necessárias para a produção dos movimentos, chegam de
diversas fontes sensoriais e podem surgir de fontes internas (interocepção) ou externas (exterocepção) ao corpo
(SCHMIDT; WRISBERG, 2001).
Entre as fontes de informação exteroceptiva encontram-se a visão e a audição. (SCHMIDT; WRISBERG, 2001). Já
em relação à interoceptiva, sua fonte básica de informação é a propriocepção, sendo esta uma importante fonte de
informação sensorial do corpo, que tem influência no controle postural, estabilidade articular e diversas sensações
conscientes (CORAZZA et al., 2005; ANTES et al., 2008; LEPORACE et al., 2009). As informações proprioceptivas são
oriundas dos receptores musculares e tendíneos, denominados fuso muscular e órgão tendinoso de Golgi, além de
receptores localizados nos ligamentos, cápsula articular, meniscos e tecidos cutâneos (LEPORACE et al., 2009).
A propriocepção faz parte de um sistema denominado somatossensorial. Esse sistema possui receptores
distribuídos pelo corpo e responde a diferentes estímulos que são agrupados em quatro categorias: toque,
temperatura, posição do corpo e dor. Os receptores de toque e de posição, especialmente, relacionam-se com a
propriocepção, visto que, estes sensores estão na pele e nas paredes do corpo, nos músculos, tendões, ligamentos,
nos tecidos conectivos das articulações e nos órgãos internos. A sensação de toque é estimulada mecanicamente na
superfície corporal e a sensação de posição é dada pelo estímulo mecânico dos músculos e articulações. Os receptores
proprioceptivos respondem a mudanças de ângulo, direção e velocidade de movimento de uma articulação.
Respondem ainda sobre a localização do corpo no espaço, a direção e a intensidade do movimento e têm duas
funções: detectar a posição do corpo para auxiliar na identificação de coisas ao nosso redor e guiar os movimentos
(MOCHIZUKI; AMADIO, 2006).
Neste contexto, as informações de origem somatossensorial, através dos proprioceptores, juntamente com as
informações do sistema visual e do sistema vestibular fornecem ao Sistema Nervoso Central conhecimento da
estruturação do corpo no espaço (BARCELLOS; IMBIRIBA, 2002). Estas informações sensoriais, quando proporcionam
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ao indivíduo conhecimento sobre o seu desempenho durante ou após a execução de um movimento, são
denominadas de feedback
(MAGILL, 2000). Sendo assim, o feedback
quando provêm de fontes exteroceptivas é
denominado intrínseco e quando advém de fontes interoceptivas é denominado intrínseco, podendo ser fornecido
como feedback visual, verbal ou proprioceptivo (SCHMIDT; WRISBERG, 2001).
Partindo destes pressupostos teóricos, o objetivo deste estudo foi verificar os efeitos de diferentes tipos de
feedback sobre a propriocepção de praticantes de ballet clássico.
Materiais e métodos
Sujeitos
O grupo de estudos foi composto por 16 meninas com idade entre 9 e 13 anos (10±25 anos),
praticantes de Ballet
Clássico em uma Escola de Dança da cidade de Santa Maria – RS. Adotou-se como
critério de inclusão o tempo de prática do Ballet
Clássico há, no mínimo, 2 anos, com freqüência
semanal de duas vezes por semana. Além disso, não apresentar nenhuma alteração visual,
somatossensorial, auditiva, ou ferimentos que impedissem ou dificultassem a realização dos testes.
Procedimentos
As participantes juntamente com seus responsáveis, foram devidamente esclarecidas sobre todos os
procedimentos adotados na pesquisa e após assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Foram feitas análises da propriocepção anterior e após o desenvolvimento de oito aulas de Ballet
Clássico priorizando o feedbackdado pelo professor durante a correção dos exercícios. A avaliação foi
realizada nas dependências da mesma escola de dança em que se desenvolveram as aulas, as quais
aconteceram no período posterior das respectivas aulas, individualmente e havendo um prévio
treinamento dos avaliadores para posterior aplicação dos testes, no qual foi realizado pelos mesmos
avaliadores.
Instrumentos
Por fim, anotava-se o ângulo correspondente a cada posição apresentada e após calculava-se o
resultado através do erro absoluto, de quantos graus faltaram ou extrapolaram os ângulos
correspondentes a cada ponto pré-determinado.
Tratamento estatístico
Para análise dos dados utilizou-se a estatística descritiva, com média e desvio padrão, um Teste t
pareado para verificar a diferença entre pré e pós-testes intragrupos e ainda um Teste t para amostras
independentes para verificar a diferença entre os tratamentos pós-testes intergrupos. Utilizou-se o
pacote estatístico SPSS for Windowsversão 14.0, com nível de significância de 5%.
Resultados e discussão
Nos resultados apresentados estão expressos o erro absoluto para cada tarefa requerida. As Tabelas
1 e 2 demonstram os resultados mínimos e máximos, as médias, desvios padrão e as comparações
intragrupos de pré-teste e pós-teste e também intergrupos no pós-teste.
Tabela 1. Valores dos índices da avaliação da propriocepção do GA e GB, indicados por erro médio
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Santos (2008), em um estudo que teve o objetivo de investigar a influência do feedback extrínseco na performance
de uma manobra de skatistas, constatou que as informações fornecidas pelo feedback extrínseco auxiliaram no
aperfeiçoamento da manobra, melhorando a técnica apresentada pelos skatistas.
Magill (2000) afirma que normalmente as estratégias utilizadas durante os estágios iniciais de aprendizagem não
apresentam sucesso e, embora os indivíduos tenham consciência de que estão fazendo alguma coisa errada, em geral,
são incapazes de detectar a origem ou as características do erro cometido. Sendo assim, assegura que são
indispensáveis as informações fornecidas por fontes externas, como o professor, para tornar o intrínseco feedback
mais significativo.
Variáveis N t p
Piekarzievcz (2004) realizou um estudo que procurou investigar a influência do feedback extrínseco aumentado
verbalmente e do feedback extrínseco aumentado visualmente durante a aprendizagem da habilidade motora do
putting no golfe. Foram investigados 30 sujeitos divididos em três grupos: G1 - feedback extrínseco verbal; G2 -
feedback extrínseco visual; e G3 - feedback intrínseco. Os resultados demonstraram que, independente do tipo de
feedback, ocorreu uma melhora no desempenho dos grupos após o período de prática.
Marinzeck (2009) afirma que é importante apreciar a relação entre as diversas formas de feedback (visual, verbal e
proprioceptivo) durante o treinamento porque elas têm uma forte influência no aprendizado e na retenção de
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habilidades.
Conclusão
Em virtude de todos os grupos apresentarem uma melhora no desempenho, porém sem diferença significativa,
independente do tipo de feedback recebido, conclui-se portanto que, ao analisarmos a variável propriocepção, tanto a
estimulação de elementos proprioceptivos, quanto visuais e verbais, pode acrescentar em qualidade na execução dos
movimento para o aprendiz de ballet
clássico. Permitindo que o aprendiz, através do desenvolvimento do sistema
cinestésico, consiga assimilar as informações importantes sobre o posicionamento do seu corpo no espaço corrigindo
os seus movimentos corporais, se necessários, executando-os de maneira eficaz. Para que dessa forma contribuam
para a realização da performance na habilidade motora específica ballet clássico.
Referências bibliográficas
ANTES, D. L.; KATZER, J. I.; CORAZZA, S. T. Coordenação motora fina e propriocepção de idosas praticantes
de hidroginástica. Revista Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano
. v. 5, n.2, 2008.
BARCELOS, C.; IMBIRIBA, L. A. Alterações posturais e do equilíbrio corporal na primeira posição em pontas do
Revista Paulista de Educação Física,
balé clássico. São Paulo, v.16,n.1,p: 43-52, jan./jun, 2002.
BERTONI, I. G. A dança e a evolução; O Ballet e seu contexto teórico; Programação didática. São Paulo: Tanz
do Brasil, 1992.
CAMARGOS, F. F.; LANA, D. M.; DIAS, R. C.; DIAS, J. M. D. Estudo da propriocepção e desempenho funcional
em idosos com osteoartrite de joelhos. Revista Brasileira de Fisioterapia.
v..8, n° 1, 2004.
MAGILL, R. Aprendizagem Motora: conceitos e aplicações. 5 ed. São Paulo: Edgard Bluncher Ltda. 2000.
MOCHIZUKI, L.; AMADIO, A. C. As informações sensoriais para o controle postural. Fisioterapia em Movimento,
Curitiba, v.19, n.2, p. 11-18, abr./jun., 2006
PRATI, S. R. A.; PRATI, A. R. C. Níveis de aptidão física e análise de tendências posturais em bailarinas
clássicas.Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. v.8,n.1,p:80-87,2006.
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