Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
GT 8. Marxismos latino-americanos
1 INTRODUÇÃO
Esta comunicação insere-se nos marcos gerais dos estudos realizados no curso de
doutorado do Programa de Pós Graduação em Serviço Social da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (PPGSS/UERJ) e desenvolvidos também no interior do Programa de Estudos
*
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), professor mestre em Ciência
Política pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Doutorando do Curso de Pós-Graduação de
Serviço Social da UERJ, adolfoifpb@yahoo.com.br.
**
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), professora doutora em Serviço Social pela Universidade
Estadual do Rio de Janeiro, niviacp@gmail.com.
de América Latina e Caribe (PROEALC) e do Centro de Estudos Octávio Ianni (CEOI) desta
mesma Universidade.
O objetivo deste texto é localizar a polêmica e sistematizar os principais argumentos
da contenda que entre 1972 e 1979 colocaram em posições opostas dois importantes
sociólogos brasileiros: Ruy Mauro Marini e Fernando Henrique Cardoso.
Normalmente situados no interior da tradição das chamadas Teorias da Dependência,
através dos escritos analisados pudemos perceber que desenvolvem suas perspectivas
deixando claro – essa é a nossa conclusão - de que se compartilham de certas críticas às
teorias nacional- desenvolvimentistas e da modernização, trilham caminhos distintos,
equacionando o problema do desenvolvimento sobre bases muito diferentes.
Escrito por Marini em 1972 com o objetivo de servir de texto-guia a um seminário por
ele organizado no Centro de Estudos Sócio-Econômicos da Universidade do Chile (CESO),
“Dialética da Dependência” ganhará notoriedade e fama principalmente no exterior. No
Brasil, até muito recentemente, este será um estudo – assim como o seu próprio autor,
praticamente desconhecido.
Marini produz um olhar rigoroso e relativamente original sobre o desenvolvimento
capitalista latino-americano, buscando apontar as suas especificidades. Será “o conhecimento
da forma particular que acabou por adotar o capitalismo dependente latino-americano, o que
ilumina o estudo de sua geração e permite conhecer analiticamente as tendências que
desembocaram neste resultado” (MARINI, 2000, p.106).
Buscando localizar a América Latina como resultado do processo de expansão
comercial do século XVI, ele perseguirá a ideia de que a região se desenvolverá,
posteriormente, “em estreita consonância com a dinâmica do capitalismo internacional.”
(MARINI, 2000, p.107-108). Isso quer dizer, em outras palavras, que as relações dos países
latino-americanos com os centros capitalistas inserem-se em uma estrutura definida e
estabelecida a partir de uma divisão internacional do trabalho, na qual “as relações de
produção das nações subordinadas são modificadas ou recriadas para assegurar a reprodução
ampliada da dependência.” (MARINI, 2000, p.109). Toma-se assim, a fórmula cunhada por
Esta citação inclui um outro aspecto do problema que é mencionado por Marini: o que
ele vai descrever como “a depreciação dos preços primários no mercado mundial” ou em
outras palavras, a deterioração dos termos de troca: o aumento da oferta de bens primários foi
acompanhado pela redução dos preços desses produtos relativamente aos preços alcançados
pelos produtos manufaturados. A razão deste desequilíbrio encontra-se para Marini no fato de
que os países desenvolvidos, ao produzirem bens que os países dependentes não produzem,
podem vendê-los a um preço acima do seu valor. Isto acarretaria uma transferência de parte
do valor que os segundos produziriam. Quando, por um acaso, por uso de tecnologia capital-
intensiva, ocorre a redução do valor de um bem exportado por um país subdesenvolvido,
podemos concluir, diz Marini, que esta transferência é dupla.
Achamos importante citar aqui duas coisas. A primeira, a de que na outra ponta do
À tese que desejo indicar [...] insiste em que o novo caráter da dependência
(depois da internacionalização do mercado interno e da nova divisão
internacional do trabalho que franqueia à industrialização as economias
periféricas) não colide com o desenvolvimento econômico das economias
dependentes. Por certo, quando se pensa que o desenvolvimento capitalista
supõe redistribuição de renda, homogeneidade regional, harmonia e
O texto de Cardoso e Serra, buscava atingir todos aqueles que compartilhavam das
interpretações presentes na “Dialética da Dependência”, mas focará suas críticas em Marini.
Dividirão seu artigo de forma a atacar cada um dos conceitos centrais da sua elaboração: o
intercâmbio desigual, o subimperialismo e a superexploração. E para dar o tom do que viria
em seguida, falando das motivações imediatas que os impulsionavam, iniciam com um brado
de guerra.
Ao justificarem sua opção por Marini, buscam sintetizar em poucas linhas o que seria
na visão deles o seu pensamento:
concluem os autores, Marini não estaria preparado para atuar em uma conjuntura em que era
possível interferir e alargar as brechas abertas “pelas contradições que minam a coesão das
classes dominantes” (CARDOSO e SERRA, 1979, p.78).
Por fim, voltando a arena principal das discussões que organizaram nosso trabalho,
devemos verificar por último uma questão central. De acordo com Marini, Cardoso
fez tudo para construir uma alternativa para a colaboração de classe entre a
classe operária e a oposição burguesa, oposição que expressa hoje uma
fração do grande capital que tenta impor sua hegemonia sobre o aparelho de
Estado, no marco de um regime renovado, no figurino que a nova
administração norte-americana batizou de democracia ‘viável’ ou
‘governável’ (isto é, restringida). (MARINI, 2000, p.240)
5 CONCLUSÃO
Nos limites do trabalho realizado as principais conclusões a que chegamos podem ser
sintetizadas da seguinte forma:
6 REFERÊNCIAS