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Se essa mesma vinculação for assumida perante o dono de um hotel existente em prédio
vizinho por exemplo para recreio dos seus hospedes haverá aqui uma utilidade objetiva
adicional na exploração do hotel podendo nós estar perante uma servidão predial. O art.1543º
é assim claro quando limita as servidões aos encargos impostos a um prédio e que aproveitem
sempre a outro prédio e nunca a uma pessoa.
Características
2. Inseparabilidade
Prevista no art.1545 nº1, a servidão não pode ser separada nem de um nem de outro prédio.
Conforme refere Pires de Lima dizer-se que as servidões são inseparáveis significa apenas que
a lei não permite que elas se separem do prédio a que pertencem, daí a consequência logica e
inequívoca no nº2 do art.1545º, pois, a separação implica a extinção da servidão existente e a
constituição de outra. Por exemplo, numa servidão de passagem o seu titular deixar de usar o
local do prédio serviente e começar a utilizar outro a primeira servidão mantem-se até se
extinguir pelo não uso. Esta característica da inseparabilidade admite apenas as exceções
previstas na lei nomeadamente a do art.1567º nº2 in fine e do 1568º nº1.
3. Indivisibilidade
Esta característica está prevista no art.1546º e desta decorre que tudo se passará em relação
ao objeto e ao exercício da servidão em caso de divisão de qualquer dos prédios, como se não
tivesse havido qualquer divisão, resultando as únicas diferenças do facto de a divisão se operar
no prédio dominante ou no prédio serviente.
Este critério assenta na própria maneira de ser da servidão bem como do respetivo modo de
exercício há pois servidões em que temos sinais exteriores que revelam e existência da própria
servidão como por exemplo nas servidões aparentes como a de aqueduto e que temos o
encanamento a descoberto de aguas através de prédios alheios ou até na servidão de
estilicídio que se revela pela existência de beirados sem guarda sobre o prédio vizinho
art.1365º. Para a servidão ser aparente é ainda necessário que os sinais reveladores da
servidão sejam permanentes pois não se pode tratar de um ato precário. Por sua vez as
servidões não aparentes são aquelas que não se relevam os sinais visíveis e permanentes, nos
termos do art1548 nº.
As servidões positivas respeitam a uma permissão que envolve para o titular a possibilidade de
praticar atos sobre o prédio serviente, por exemplo a servidão de passagem. Por sua vez as
servidões negativas impõem uma abstenção de proceder de um determinado modo ou seja
envolvem uma imposição de abstenção de uma determinada conduta para o dono do prédio
serviente sem que, contudo, lhe corresponda do lado do prédio dominante uma qualquer
faculdade de pratica de atos sobre o prédio onerado por exemplo na servidão de vistas: o
dono do prédio serviente não pode construir qualquer edifício que perturbe o titular da
servidão e o titular da servidão (prédio dominante) não encontra na sua esfera jurídica
qualquer legitimidade para praticar atos sobre o prédio serviente. A designação de servidões
desvinculativas, por sua vez é uma classificação de Oliveira Ascensão e quer significar para o
dono do prédio serviente uma libertação face a uma vinculação que até á constituição da
servidão lhe era imposta. Por exemplo na servidão de estilicídio temos que se por algum meio
esta servidão se constituir isso importa para o prédio dominante a libertação de uma limitação
que lhe era imposta.
a) Contrato
b) Testamento
c) Usucapião
d) Destinação de bom pai de família
e) Decisão judicial
f) Ato administrativo
1. Contrato
O contrato enquanto titulo constitutivo de servidões prediais pode ser a titulo oneroso ou a
titulo gratuito.
2. Testamento
A servidão pode nascer de disposição de última vontade se o testador a constituir sobre prédio
pertencente á herança seja a favor do prédio pertencente a terceiro, seja a favor de prédio por
ele legato a terceiro.
3. Usucapião
a) Os dois prédios sejam ou tenham pertencido ao mesmo dono sendo irrelevante que os
prédios sejam contíguos sendo no entanto essencial que já existisse uma relação de
serventia entre os dois prédios que foram da mesma pessoa;
b) É necessário que existam sinais visíveis e permanentes que revelem uma situação
estável de serventia de um prédio para com o outro;
c) É necessário que aquando da separação dos prédios em diferentes proprietários não
exista no respetivo documento nenhuma declaração que se oponha á constituição do
ónus que é a servidão.
E e F:
Não uso
O não uso enquanto causa extintiva do dto de servidão predial verifica-se desde que não haja
uma pratica reiterada requerendo-se que o não uso se prolongue por 20 anos para poder dar
origem ao tal efeito jurídico formando-se então uma presunção de desnecessidade. O não uso
encontra-se consagrado no art.1569 nº1 b) bem como no art.1570 nº1 1ºparte e com
remissões para os artigos 1571 a 1573
Desnecessidade
Remissão
A remissão prevista no art.1569 nº4 atenua o rigor da expropriação por utilidade particular
consagrada nos art.1557º e 1558º. Por exemplo, se o proprietário da agua não a utilizar num
determinado momento nomeadamente naquele em que a servidão é constituída, não seria
justo nem razoável que ele ficasse perpetuamente privado de parte dela, assim se necessitar
da agua para aproveitamento justificado que pretenda fazer poderá exigir a remissão da
servidão, no entanto, para tal, terá que recorrer ao tribunal e ainda assim aguardar o decurso
de um prazo mínimo de 10 anos desde a sua constituição, pois só assim se conseguirão
salvaguardar eventuais prejuízos que o titular da servidão pudesse ter tido, nomeadamente
despesas tento em vista o melhor aproveitamento da agua. Independentemente de tudo,
verificados estes requisitos manda a lei que haja lugar a restituição de indemnização.