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RESUMO
As políticas públicas que visam implementar direitos sociais apresentam
peculiaridades nos sistemas jurídicos que constitucionalizam direitos e
programas de ação social. A constitucionalização modifica o desenho ins-
titucional da separação dos Poderes, pois o Judiciário passa a ter papel
ativo na execução de políticas públicas. O presente trabalho examina a de-
finição e as formas de avaliação de políticas públicas e analisa criticamente
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Palavras-chave
Ativismo judicial — direitos sociais — estudos de impacto — política
pública — separação de poderes
ABSTRACT
Public policies aiming to implement social rights have peculiarities in
legal systems that constitutionalize social rights and action programs. The
constitutionalization modifies the institutional design of the separation of
powers and the Judiciary assumes an active role in the implementation
of public policies. This paper analyzes the methods for elaboration and
evaluation methods of public policies and critically reviews the litterature
about the judicialization of such policies. We describe the role of each
Branch in the implementation of public policies, relating experiences from
various countries and indicating the differences in the performance of the
state powers due to its functional characteristics.
Keywords
Impact studies — judicial activism — public policies — separation of
powers — social rights
1. Introdução
1
Busca realizada em 15 de junho de 2016 no endereço: <http://biblioteca2.senado.gov.br:8991>.
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Ver o mapeamento das pesquisas brasileiras sobre direitos sociais e os percucientes comen
tários sobre seus objetivos, características e deficiências em ACCA, Thiago dos Santos. Teoria
brasileira dos direitos sociais. São Paulo: Saraiva, 2013.
3
Ver a título indicativo em ordem cronológica: SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos
fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009 (1. ed., 1998); AMARAL, Gustavo.
Direito, escassez e escolha. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001; CITTADINO, Gisele. Judicialização
da política, constitucionalismo democrático e separação de poderes. In: VIANNA, Luiz
Werneck (Org.). A democracia e os três poderes no Brasil. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
p. 17-42; KRELL, Andreas. Direitos sociais e controle judicial no Brasil e na Alemanha. Porto
Alegre: Fabris, 2002; BUCCI, Maria Paula Dallari. Direito administrativo e políticas públicas.
São Paulo: Saraiva, 2002; SARLET, Ingo Wolfgang (Org.). Direitos fundamentais sociais. Rio de
Janeiro: Renovar, 2003; VIEIRA, Evaldo. Os direitos e a política social. São Paulo: Cortez, 2004;
GALDINO, Flávio. Introdução à teoria dos custos dos direitos. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005;
MELLO, Cláudio Ari (Org.). Os desafios dos direitos sociais. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2005; BUCCI, Maria Paula Dallari (Org.). Políticas públicas. Reflexões sobre o conceito jurídico.
São Paulo: Saraiva, 2006; LEIVAS, Paulo Gilberto Cogo. Teoria dos direitos fundamentais sociais.
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006; LOPES, José Reinaldo de Lima. Direitos sociais.
Teoria e prática. São Paulo: Método, 2006; BREUS, Thiago Lima. Políticas públicas no Estado
constitucional. Problemática da concretização dos direitos fundamentais pela administração
pública brasileira contemporânea. Belo Horizonte: Fórum, 2007; DERBLI, Felipe. O princípio
da proibição de retrocesso social na Constituição de 1988. Rio de Janeiro: Renovar, 2007; DIAS,
Jean Carlos. O controle judicial de políticas públicas. São Paulo: Método, 2007; ESTEVES, João
Luiz. Direitos fundamentais sociais no STF. São Paulo: Método, 2007; FIGUEIREDO, Mariana
Filchtiner. Direito fundamental à saúde. Parâmetros para sua eficácia e efetividade. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2007; SARLET, Ingo Wolfgang; TIMM, Luciano Benetti (Org.).
Direitos fundamentais, orçamento e reserva do possível. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008;
APPIO, Eduardo. Controle judicial das políticas públicas no Brasil. Curitiba: Juruá, 2009;
SOUZA NETO, Cláudio Pereira; SARMENTO, Daniel (Org.). Direitos sociais: fundamentação,
judicialização e direitos sociais em espécie. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008; LUNARDI,
Soraya (Org.). Inclusão social e sua efetivação. Curitiba: CRV, 2011; LUNARDI, Soraya (Org.).
Direitos fundamentais sociais. Belo Horizonte: Fórum, 2012; DUARTE, Bernardo Augusto
Ferreira. Direito à saúde e teoria da argumentação. Belo Horizonte: Arraes, 2012; ACCA, Thiago
dos Santos. Direitos sociais. Conceito e aplicabilidade. Doutorado (direito) — Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2013; CIARLINI, Alvaro Luis. Direito à saúde. Paradigmas procedimentais
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2. Atuação do Executivo
e substanciais da Constituição. São Paulo: Saraiva, 2013; BUCCI, Maria Paula Dallari.
Fundamentos para uma teoria jurídica das políticas públicas. São Paulo: Saraiva, 2013.
4
Ver detalhadamente SOUZA, Celina. “Estado da arte” da área de políticas públicas. Conceitos e
principais tipologias. 2003. Disponível em: <http://portal.anpocs.org/portal/index.php?option
=com_docman&task=doc_view&gid=4232&Itemid=316>; HUGHES, Owen. Public managment
and administration. Londres: Palgrave, 2012. p. 103-122.
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BERCOVICI, Gilberto. A Constituição dirigente e a crise da teoria da Constituição. In: SOUZA
NETO, Claudio et al. Teoria da Constituição. Estudos sobre o lugar da política no direito
constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003. p. 75-150.
6
Apresentação de múltiplas definições com variados graus de generalidade em Owen Hughes,
Public management and administration, op. cit., p. 103-107; ver VÁZQUEZ, Daniel; DELAPLACE,
Domitille. Políticas públicas na perspectiva de direitos humanos: um campo em construção.
SUR, n. 14, p. 35-65, 2011; Maria Paula Dallari Bucci, Fundamentos para uma teoria jurídica das
políticas públicas, op. cit.
7
Ver a definição dada por BUCCI, Maria Paula Dallari. O conceito de política pública em
direito. In: BUCCI, Maria Paula Dallari (Org.). Políticas públicas. Reflexões sobre o conceito
jurídico. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 39.
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Fluxograma que elaboramos com base em: Celina Souza, “Estado da arte” da área de políticas
públicas, op. cit.
9
Maria Paula Dallari Bucci, Fundamentos para uma teoria jurídica das políticas públicas, op. cit.,
p. 253-255.
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10
MOKATE, Karen Marie. Convirtiendo el “monstruo” en aliado: la evaluación como
herramienta de la gerencia social. Revista do Serviço Público, v. 53, n. 1, p. 89-131, 2002; GARCÍA,
Ronaldo Coutinho. Subsídios para organizar avaliações da ação governamental. In: IPEA
(Org.). Planejamento e políticas públicas. Brasília: Ipea, 2001. p. 7-70; ALA-HARJA, Marjukka;
HELGASON, Sigurdur. Em direção às melhores práticas de avaliação. Revista do Serviço
Público, v. 51, n. 4, p. 5-59, 2000; FARIA, Carlos Aurélio Pimenta de. A política da avaliação de
políticas públicas. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 20, n. 59, p. 97-109, 2005.
11
Daniel Vázquez e Domitille Delaplace, Políticas públicas na perspectiva de direitos humanos,
op. cit.: “O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos
identifica três tipos de indicadores: 1) Indicadores estruturais: adoção de instrumentos
jurídicos conforme os padrões internacionais de DH para facilitar a realização de um direito.
2) Indicadores de processo: referem-se à medição do alcance, da cobertura e do conteúdo das
estratégias, destinadas a causar impacto no exercício de um ou vários DH. 3) Indicadores
de resultado: são os que refletem o impacto real das intervenções do Estado sobre o nível de
vigência dos direitos”.
12
COUTINHO, Diogo. Linking promises to policies. Law and development in an unequal
Brazil. The Law and Development Review, v. 3, n. 2, p. 36, 2010.
13
Ver os trabalhos mencionados nas notas de rodapé 21 e 22.
14
Ronaldo Coutinho García, Subsídios para organizar avaliações da ação governamental,
op. cit., p. 31.
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3. Atuação do Judiciário
16
STEFANINI, Marthe Fatin-Rouge; GAY, Laurence; PINI, Joseph. Autour de la qualité des
normes. Bruxelas: Bruylant, 2010; PHILIP-GAY, Mathilde. Les études d’impact accompagnant
les projets de loi. Paris: LGDG, 2012. Ver também o n. 149 da Revue Française d’Administration
Publique com temática referente aos estudos de impacto e produção normativa (2014).
17
Disponível em: <www12.senado.gov.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/
outras-publicacoes/avppsf/avaliacao-de-politicas-publicas-no-senado-federal-1>. Nos Estados
Unidos, uma agência da Casa Branca dedica-se ao estudo do impacto das normas legais. Trata-
se do Office of Information and Regulatory Affairs (<www.whitehouse.gov/omb/oira/about>).
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18
Texto original disponível em: <www.irishstatutebook.ie/en/constitution/index.html#part13>.
19
MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Eficácia das normas constitucionais sobre justiça social.
Revista de direito público, n. 57-58, p. 233-255, 1981.
20
Panorama de posições em KONTIADES, Xenofon. Krátos prónias kai kinoniká dikaiómata
[Estado-previdência e direitos sociais]. Atenas: Sákulas, 1997. p. 236-248. [em idioma grego].
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21
FERRAZ, Octávio. Brazil. Health inequalities, rights and courts. In: YAMIN, Alicia Ely;
GLOPEN, Siri (Org.). Can Courts bring more Justice to health? Cambridge: Harvard University
Press, 2011. p. 76.
22
DURAN-FERREIRA, Camila et al. O Judiciário e as políticas públicas de saúde no Brasil:
o caso AIDS. In: PRÊMIO Ipea 40 anos: monografias premiadas. Brasília: Ipea, 2005; VIEIRA,
Fabiola Sulpino; ZUCCHI, Paola. Distorções causadas pelas ações judiciais à política de
medicamentos no Brasil. Revista de Saúde Pública, p. 214-222, 2007; FERRAZ, Octávio; VIEIRA,
Fabíola Sulpino. Direito à saúde, recursos escassos e equidade. Dados, v. 52, p. 223-251, 2008;
TERRAZAS, Fernanda Vargas. O Poder Judiciário como voz institucional dos pobres. O caso das
demandas judiciais por medicamentos. Dissertação (mestrado em direito) — Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2008; SILVA, Virgílio Afonso da. Taking from the poor to give to the
rich: the individualistic enforcement of social rights. 2008. Disponível em: <www.enelsyn.gr/
papers/w13/PaperbyProf.VirgilioAfonsodaSilva.pdf>; SILVA, Virgílio Afonso da. O Judiciário
e as políticas públicas entre transformação social e obstáculo à realização dos direitos
sociais. In: SOUZA NETO, Cláudio Pereira; SARMENTO, Daniel (Org.). Direitos sociais:
fundamentação, judicialização e direitos sociais em espécie. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.
p. 587-589; WANG, Daniel Wei Liang. Poder Judiciário e participação democrática nas políticas
públicas. Dissertação (mestrado em direito) — Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003;
WANG, Daniel Wei Liang. Reserva do possível, mínimo existencial e direito à saúde: algumas
aproximações. Revista de Direito Sanitário, v. 10, p. 308-318, 2009; WANG, Daniel Wei Liang.
Courts as healthcare policy-makers. The problem, the responses to the problem and problems
in the responses. Direito GV Research Paper Series n. 75, 2013; Octávio Ferraz, Brazil. Health
inequalities, rights and courts, op. cit. Todos com apresentação de dados primários e resenha
de anteriores pesquisas.
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Daniel Wei Liang Wang, Courts as healthcare policy-makers, op. cit., p. 27.
24
Por exemplo, ibid., p. 10-12.
25
Dados em Octávio Ferraz, Brazil. Health inequalities, rights and courts, op. cit., p. 88-94.
26
Ibid, p. 77. Daniel Wei Liang Wang, Courts as healthcare policy-makers, op. cit., p. 26 menciona
aumento de aproximadamente 100 vezes do gasto do Ministério da Saúde entre 2005 e 2010.
27
Virgílio Afonso da Silva, O Judiciário e as políticas públicas entre transformação social e
obstáculo à realização dos direitos sociais, op. cit., p. 597.
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Fernanda Vargas Terrazas, O poder judiciário como voz institucional dos pobres, op. cit.; seme
lhantes as conclusões de Virgílio Afonso da Silva, O Judiciário e as políticas públicas entre
transformação social e obstáculo à realização dos direitos sociais, op. cit.
29
Daniel Wei Liang Wang, Courts as healthcare policy-makers, op. cit., p. 6.
30
Ver as projeções numéricas em ibid., p. 27-28.
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31
O argumento é exaustivamente apresentado por Adrian Vermeule (comentários em
DIMOULIS, Dimitri. Sentidos, vantagens cognitivas e problemas teóricos do formalismo
jurídico. In: MACEDO JR., Ronaldo Porto; BARBIERI, Catarina Helena Cortada (Org.). Direito
e interpretação. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 213-242. Ver SOUZA NETO, Claudio Pereira.
A justiciabilidade dos direitos sociais. Críticas e parâmetros. In: SOUZA NETO, Cláudio
Pereira; SARMENTO, Daniel (Org.). Direitos sociais: fundamentação, judicialização e direitos
sociais em espécie. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. p. 529-531; Daniel Wei Liang Wang,
Courts as healthcare policy-makers, op. cit., p. 30-31.
32
Octávio Ferraz, Brazil. Health inequalities, rights and courts, op. cit., p. 83, 81.
33
Disponível em: <www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2014/08/21/interna_
brasil,443426/brasil-destina-somente-metade-dos-recursos-para-a-saude-publica.shtml>.
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Ver a pesquisa de NASSAR, Paulo André Silva. Judicialização do direito à moradia e transformação
social. Análise das ações civis públicas da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Dis
sertação (direito e desenvolvimento) —Direito GV, Fundação Getulio Vargas, São Paulo, 2011.
35
Vara da infância e juventude de Marília, Processo n. 1.478 de 2010, julg. 17-11-2010. Há
programas municipais de ajuda temporária em casos de catástrofes naturais, remoção de fa
velas e outros de emergência, podendo o Judiciário obrigar o Executivo ao pagamento de
“aluguel social”. Mas é raríssimo o Judiciário impor ao Executivo efetivar o direito à moradia
de pessoas desabrigadas e necessitadas.
36
Indicação da produção bibliográfica e observações críticas sobre o conceito de “ativismo”
em DIMOULIS, Dimitri; LUNARDI, Soraya. Ativismo e autocontenção judicial no controle
de constitucionalidade. In: FELLET, André; PAULA, Daniel; NOVELINO, Marcelo (Org.). As
novas faces do ativismo judicial. Salvador: Juspodivm, 2011. p. 459-473; STRAPAZZON, Carlos
Luiz; GOLDSCHMIDT, Rodrigo. Teoria constitucional e ativismo político: problemas de teoria
e de prática com direitos fundamentais sociais. Revista Facultad de Derecho y Ciencias Políticas,
n. 119, p. 567-624, 2013.
37
TAVARES, André Ramos. Justiça constitucional e direitos sociais no Brasil. In: FRANCISCO,
José Carlos (Org.). Neoconstitucionalismo e atividade jurisdicional. Belo Horizonte: Del Rey, 2012.
p. 137-153; FRANCISCO, José Carlos. (Neo)constitucionalismo na pós-modernidade: princípios
fundamentais e justiça pluralista. In: FRANCISCO, José Carlos (Org.). Neoconstitucionalismo e
atividade jurisdicional. Belo Horizonte: Del Rey, 2012. p. 47-88.
38
Carlos Luiz Strapazzon e Rodrigo Goldschmidt, Teoria constitucional e ativismo político,
op. cit., p. 573. Os autores rejeitam o termo como pejorativo, entendendo o “ativismo” como
exercício regular da função jurisdicional no Brasil.
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39
RAMOS, Elival da Silva. Eficácia de normas constitucionais, implementação de direitos
fundamentais e ativismo judiciário. In: José Carlos Francisco (Org.), Neoconstitucionalismo e
atividade jurisdicional, op. cit., p. 256-260 (a referência a “disfunção” na p. 258).
40
BARROSO, Luis Roberto. Da falta de efetividade à judicialização excessiva. Direito à saúde,
fornecimento gratuito de remédios e parâmetros para a atuação judicial. In: LEITE, George
Salomão; LEITE, Glauco Salomão (Org.). Constituição e efetividade constitucional. Salvador:
Juspodivm, 2008. p. 221-249; DIMOULIS, Dimitri. Além do ativismo e do minimalismo judicial
no campo dos direitos fundamentais. Justificação jurídica de decisões e competências. In: José
Carlos Francisco (Org.), Neoconstitucionalismo e atividade jurisdicional, op. cit., p. 265-273.
41
Ver as observações críticas de Claudio Pereira Souza Neto, A justiciabilidade dos direitos
sociais, op. cit., p. 533-534.
rda – revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 273, p. 237-267, set./dez. 2016
254 Re vi s t a d e D i r eit o Administ ra t iv o
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Ver a crítica de Daniel Wei Liang Wang, Reserva do possível, mínimo existencial e direito à
saúde, op. cit., p. 308.
43
Tribunal de Justiça de São Paulo, Câmara Especial, Apelação Cível 0150735-64.2008.8.26.0002.
Ver os comentários em VIEIRA, Oscar Vilhena. Experimentalismo judicial. Folha de S.Paulo,
3 maio 2014. Há ainda recursos a serem julgados. Curioso que o processo corre sob segredo
de justiça.
44
Tribunal de Justiça de São Paulo, Vara de Piratininga, 0000526-63.2014.8.26.0458, julgamento
22-4-2014.
rda – revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 273, p. 237-267, set./dez. 2016
DIMITRI DIMOULIS, SORAYA GASPARETTO LUNARDI | Dimensões da constitucionalização das políticas públicas 255
45
Claudio Pereira Souza Neto, A justiciabilidade dos direitos sociais, op. cit., p. 543-545.
46
SUPREME COURT OF INDIA. Vineet Narain & others vs. Union of India & another, julgamento
em 18-12-1997. Disponível em: <http://indiankanoon.org/doc/1203995>.
47
ROTHENBURG, Walter Claudius. Inconstitucionalidade por omissão e troca de sujeito. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2005; ROTHENBURG, Walter Claudius. O tempo como fator de
aplicabilidade das normas constitucionais: o peso dos vinte anos. Revista Brasileira de Estudos
Constitucionais, n. 8, p. 151-164, 2008.
rda – revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 273, p. 237-267, set./dez. 2016
256 Re vi s t a d e D i r eit o Administ ra t iv o
4. Atuação do Legislativo
48
Ver as posições céticas em: TUSHNET, Marc. Weak Courts, strong rights. Judicial Review and
Social Welfare Rights in Comparative Constitutional Law, Princeton, 2009.
49
Busca realizada em 28-8-2015 no endereço: <http://biblioteca2.senado.gov.br:8991>.
50
As referências ao direito francês baseiam-se em LUNARDI, Soraya. Finalidades e formas de
efetivação do direito à habitação. In: LUNARDI, Soraya (Org.). Inclusão social e sua efetivação.
Curitiba: CRV, 2011. p. 175-199. Foram feitas as devidas atualizações e ampliações.
rda – revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 273, p. 237-267, set./dez. 2016
DIMITRI DIMOULIS, SORAYA GASPARETTO LUNARDI | Dimensões da constitucionalização das políticas públicas 257
51
“La possibilité pour toute personne de disposer d’un logement décent est un objectif de valeur
constitutionnelle.” Conseil constitutionnel, Decisão 94-359, julgamento 19-1-1995. Disponível em:
<www.conseil-constitutionnel.fr/conseil-con.decision-n-94-359-dc-du-19-janvier-1995.10618.
html>.
52
Disponível em: <http://lesrapports.ladocumentationfrancaise.fr/BRP/024000156/0000.pdf>.
53
Disponível em: <http://lesrapports.ladocumentationfrancaise.fr/BRP/034000717/0000.pdf>.
54
O direito à moradia, apesar de não estar expressamente previsto na Constituição Francesa,
é garantido pela Convenção europeia de direitos do homem. Sobre a regulamentação
internacional e as decisões da Corte Europeia de Estrasburgo relativa ao direito à moradia:
LAMBERT, Pierre. Le droit au logement dans la convention européenne des droits de l’homme.
In: PUÉCHAVI, Michel; PLAS, Daniel (Org.). Le droit au logement: vers la reconnaissance d’un
droit fundamental de l’être humain. Bruxelas: Bruylant, 2008. p. 13-20.
55
Histórico em: CONSEIL ÉCONOMIQUE, SOCIAL ET ENVIRONNEMENTAL. Évaluation
relative à la mise em oeuvre du droit au logement opposable. Paris: La Documentation française,
2009. p. II-15 e 16. Ver também: <http://lesenfantsdedonquichotte.com>.
rda – revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 273, p. 237-267, set./dez. 2016
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56
SÉNAT (Commission sénatoriale pour le contrôle de l’application des lois). Rapport sur
l’application de la loi no 2007-290 du 5 mars 2007, instituant le droit au logement opposable et portant
diverses mesures en faveur de la cohésion sociale. Paris, 2012. Disponível em: <www.senat.fr/rap/
r11-621/r11-6211.pdf>.
57
Mesmo assim, as decisões de não reconhecimento do direito à moradia oponível são sujeitas a
questionamento judicial por se tratar de atos administrativos, cuja legalidade e fundamentação
podem ser examinadas pelo Judiciário. Conseil Économique, Social et Environnemental,
Évaluation relative à la mise em oeuvre du droit au logement opposable, op. cit., p. II-23 e 24.
58
Disponível em: <www.legifrance.gouv.fr/affichTexte.do?cidTexte=JORFTEXT000000732004&f
astPos=2&fastReqId=2080337651&categorieLien=id&oldAction=rechTexte>.
59
GRAËFFLY, Romain. Le logement social. Étude comparée de l’intervention publique en France
et en Europe occidentale. Paris: LGDJ, 2005. p. 361-363; CONSEIL D’ÉTAT. Droit au logement,
droit du logement. Rapport public 2009. Paris: La Documentation française, 2009. p. 38-48.
rda – revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 273, p. 237-267, set./dez. 2016
DIMITRI DIMOULIS, SORAYA GASPARETTO LUNARDI | Dimensões da constitucionalização das políticas públicas 259
60
Disponível em: <www.legifrance.gouv.fr/affichTexte.do?cidTexte=JORFTEXT000000428979&f
astPos=2&fastReqId=2142855184&categorieLien=id&oldAction=rechTexte>.
61
Conseil Économique, Social et Environnemental, Évaluation relative à la mise em oeuvre du droit
au logement opposable, op. cit., p. II-168.
62
Sénat, Rapport sur l’application de la loi no 2007-290 du 5 mars 2007, op. cit.
63
Disponível em: <www.vie-publique.fr/politiques-publiques/logement-social/chronologie>.
Ver também Conseil Économique, Social et Environnemental, Évaluation relative à la mise em
oeuvre du droit au logement opposable, op. cit., p. II-52 a 61.
64
LACHARME, Bernard. Logement: une question de droits de l’homme. Paris: L’Harmattan,
2010. p. 123-128.
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260 Re vi s t a d e D i r eit o Administ ra t iv o
Ver a pertinente crítica de ÁTRIA, Fernando. ¿Existen derechos sociales? 2005. p. 32-42. Dispo
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Referências
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Referências em BERCOVICI, Gilberto. Reformas de base e superação do subdesenvolvimento.
Revista de Estudos Brasileños, v. 1-1, p. 97-112, 2014.
67
Gilberto Bercovici, A Constituição dirigente e a crise da teoria da Constituição, op. cit., p. 120.
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262 Re vi s t a d e D i r eit o Administ ra t iv o
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264 Re vi s t a d e D i r eit o Administ ra t iv o
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Alegre: Livraria do Advogado, 2006.
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Método, 2006.
MELLO, Cláudio Ari (Org.). Os desafios dos direitos sociais. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2005.
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