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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Faculdade de Formação de Professores


Projeto: “Narrativa nos Livros Didáticos de História: Tradições e Rupturas”.
Bolsistas: FERNANDES; Gabriel, VALENTIM; Monyque, ALENCAR; Victória.
Temáticas: Mercantilismo, Início da Colonização, Povos Indígenas e Reinos Africanos

Registro analítico de informações: REANI -Núcleo 2

Para melhor desenvolvimento e entendimento sobre a organização das temáticas nos


Livros Didáticos, criamos os conceitos de temas nucleares e temas satélites. Os temas
nucleares são elencados pelo projeto e possuem relatório, assim como o tema que se
estabelece como central na discussão nos registros analíticos de informações (REANI). Os
temas satélites são importantes para a construção e cadeia lógica dos temas nucleares
presentes nas narrativas.
Abaixo um quando para demonstrar os temas satélites que auxiliam na construção dos
temas nucleares, indígenas se condensa em colonização e acaba por suprimir a diversidade

TEMA SATÉLITE RECORRÊNCIA EM COLEÇÕES


Povoamento da América 15
Expansão Marítima 15
Tópicos sobre escravidão no Brasil 15
Mineração 14
Império Islâmico 14
Reinos Africanos (Antiguidade) 8
ESQUEMA 1- Temas satélites pertencentes ao núcleo 2.

O Núcleo 2, no Projeto “Narrativa nos Livros Didáticos de História: Tradições e


Rupturas” é composto pelo tema da Colonização da América Portuguesa como a temática
nuclear, devido a sua importância para o conhecimento da nossa identidade nacional e como
se constituíram as bases da formação da nossa sociedade. Nossa hipótese é que ele possui
ligação com o Mercantilismo e as temáticas dos Reinos Africanos e Povos Indígenas, assim
sendo selecionados para compor o núcleo. O Mercantilismo está presente por ser considerado
como um fator que condicionou o processo da colonização através das idéias e práticas
presentes na Revolução Comercial européia. As temáticas dos Reinos Africanos e dos Povos
Indígenas estão presentes no processo colonizador, primeiramente nos primeiros contatos e
nas práticas de escambo com os Indígenas e após, com a escravidão, inicialmente dos povos
originários e depois dos escravizados trazidos da África. No desenvolver desse registro
analítico, trataremos mais a fundo como cada um desses temas se apresenta e se relacionam
entre si e com o tema nuclear.
Para observar a disposição das temáticas na composição das narrativas, fizemos um
1
levantamento a partir da análise dos sumários das quinze coleções assim destacamos a
diversidade de seqüências existentes para apresentação e organização das temáticas e de
como se organizam em torno do tema nuclear, Colonização Portuguesa. Podemos concluir a
partir deste esquema abaixo é que a seqüência 2 se repete em três coleções, as seqüências 5 e
11 cada uma está presente em duas coleções e as seqüências 1,3,4,6,7,8,9,e 10 estão presentes
em uma coleção cada2.

Seqüência 1 Reinos Africanos (original) → Povos Indígenas → Mercantilismo →


Colonização da América portuguesa – presente na coleção 1
Seqüência 2 Mercantilismo → Reinos Africanos (original) → Povos Indígenas →
Colonização da América portuguesa – presente nas coleções 2,3 e 14
Seqüência 3 Reinos Africanos (original) → Mercantilismo → Povos Indígenas →
Colonização da América portuguesa – presente na coleção 5
Seqüência 4 Povos Indígenas → Colonização da América portuguesa → Reinos Africanos
(original) – presente na coleção 6
Seqüência 5 Mercantilismo → Povos Indígenas → Reinos Africanos (original) →
Colonização da América portuguesa- presente nas coleções 7 e 9
Seqüência 6 Reinos Africanos (original), → Povos Indígenas → Colonização da América
portuguesa- presente na coleção 8
Seqüência 7 Mercantilismo → Povos Indígenas → Colonização da América portuguesa →
Reinos Africanos (original) – presente na coleção 10
Seqüência 8 Povos Indígenas → Colonização da América portuguesa → Reinos Africanos
(original) → Mercantilismo – presente na coleção 13
Seqüência 9 Povos Indígenas → Reinos Africanos (original) → Colonização da América
portuguesa → Mercantilismo – presente na coleção 15

1
Coleção 1 - “História”; Coleção 2 - “História das cavernas ao terceiro milênio”: Coleção 3 - “História e vida
integrada”; Coleção 4 - “História em documento”; Coleção 5 - “História, sociedade e cidadania”; Coleção 6-
“História Temática”; Coleção 7 - “Navegando pela História”; Coleção 8 - “Novo História”; Coleção 9 - “Para
entender História”; Coleção 10 - “Para viver juntos”; Coleção 11 - “Projeto Araribá”; Coleção 12 - “Projeto
Radix”; Coleção 13 - “Saber e fazer História”; Coleção 14-“Tudo é História” Coleção 15 - “Vontade de saber
História”.

2
NUCLEO2 (2020)
Seqüência 10 Reinos Africanos (original) → Colonização da América portuguesa (com
povos indígenas) → Mercantilismo → Colonização da América portuguesa – presente na
coleção 4
Seqüência 11 Reinos Africanos (original) → Mercantilismo → Colonização da América
portuguesa (com povos indígenas) – presente nas coleções 11 e 12
ESQUEMA 2- Análise de sumário das quinze coleções.

Colonização da América Portuguesa

A Colonização da América Portuguesa3 é um tema presente em todas as quinze


coleções dispostas pelo projeto. A partir da análise das narrativas, compreende-se que as
condições necessárias para esse processo partiram, principalmente, da Expansão Mercantil e
do “descobrimento” ocorrido em 1500.
Treze coleções4 possuem como principais fatores detonadores deste processo: a
necessidade de ocupar as terras a fim de evitar as invasões estrangeiras que vinham ocorrendo
(principalmente francesa); a expansão comercial por meio do mercantilismo 5; e a exploração
do pau-brasil e plantio da cana de açúcar como alternativa econômica, visto que, Portugal
estava com queda de lucro no comércio do Oriente. No entanto, as coleções 6 - “História
Temática” e 14 - “Tudo é História” pontuam em suas narrativas características do processo de
colonização como o cultivo de cana de açúcar e a exploração do pau-brasil como fontes
econômicas importantes para Portugal, sem indicar fatores detonadores para o processo.
Nas quinzes coleções, desenvolvem-se dois conceitos, que ajudam no processo
colonizador e na compreensão do tema: o pacto colonial, prática decorrente do
mercantilismo, e o escambo. A partir do momento em que Portugal decide transformar o
território “descoberto” em sua colônia, o pacto colonial foi aplicado. Tal prática foi utilizada
com frequência nas colonizações das Américas (espanhola, inglesa e portuguesa), tratava-se
de um conjunto de leis que garantiam que as atividades econômicas das colônias gerassem
lucro para as metrópoles, por meio de exploração. As metrópoles retiravam matéria prima das
colônias e vendiam produtos manufaturados por preços altos. Esse pacto também limitava as

3
. Alencar (2019) p.2
4
Coleção 1 - “História”; Coleção 2 - “História das cavernas ao terceiro milênio”: Coleção 3 -
“História e vida integrada”; Coleção 4 - “História em documento”; Coleção 5 - “História, sociedade e
cidadania”; Coleção 7 - “Navegando pela História”; Coleção 8 - “Novo História”; Coleção 9 - “Para
entender História”; Coleção 10 - “Para viver juntos”; Coleção 11 - “Projeto Araribá”; Coleção 12 -
“Projeto Radix”; Coleção 13 - “Saber e fazer História”; Coleção 15 - “Vontade de saber História”.
5
. Fernandes (2019) p.3-6
colônias a apenas comprarem e venderem produtos para as metrópoles e limitava as
atividades econômicas da elite colonial, que só podiam vender produtos para comerciantes na
metrópole. Outra limitação era que na colônia não se podia construir fábricas de manufaturas,
isso restringia a elite presente na colônia a investir somente no setor agrícola. A prática de
escambo consistiu em uma atividade de troca, onde não havia sistema monetário e envolvia a
troca de coisas e/ou serviços. Durante a colonização se tornou bastante comum entre os
indígenas e os colonizadores europeus, podendo ser considerado o primeiro tipo de relação
entre ambos. Para ter os serviços de corte e “transporte” da madeira do pau-brasil e mão de
obra nos engenhos de açúcar, os portugueses “pagavam” os índios com objetos como:
espelhos, perfumes e outras coisas de baixo valor que portavam com si mesmo,
transformando a relação em escravidão. Por conta da grande resistência indígena e as mortes
ocasionadas na captura ou em decorrência de doenças, trazidas pelo contato com os europeus,
a mão de obra escrava indígena foi substituída pela africana. Compreendendo então que o
pacto colonial, escambo e a presença de povos indígenas e africanos tornaram-se elementos
coligatórios ao tema da colonização. .
Nas narrativas6 existe uma recorrência de sujeitos como: D. João III, rei de Portugal;
Pedro Álvares Cabral que ficou creditado como o descobridor do Brasil; Pero Vaz de
Caminha que fez as primeiras descrições territoriais para o rei; Martim Afonso de Souza
encarregado por iniciar a ocupação territorial; Tomé de Souza que foi o primeiro governador-
geral responsável por organizar economicamente e politicamente o território brasileiro; e,
principalmente, os Povos Indígenas que já estavam presente no território quando os
portugueses chegaram, resistiram ao processo de colonização e tiveram contato com os
jesuítas também (expansão do cristianismo). Os portugueses, no processo colonizador,
exploraram e exterminaram grande parte desses povos, além da tentativa de escravização, nos
engenhos de açúcar, os europeus colonizadores expuseram os índios a tipos de doenças com
os quais não estavam ambientados7.
A partir da análise dos sumários, observa-se uma constância em temas 8 antecessores:
o Mercantilismo9, que foi um conjunto de políticas econômicas dos governos absolutistas que
interferia na economia visando o enriquecimento e aumento de poder do Estado; Colonização

6
Presente nas 15 coleções analisadas.
7
Coleção 4 – “História em documento”, Coleção 5 – “História, sociedade e cidadania”, Coleção
6 – “História temática”, Coleção 8 – “Novo História”, Coleção 12 – “Projeto Radix” e Coleção 15 –
“Vontade de saber História”.
8
Os temas Mercantilismo, Povos Indígenas e Reinos Africanos, são pensados como temas
coligatórios nessa pesquisa.
9
Coleções 1 - "História”, 12 - "Projeto Radix”, 13 - "Saber e fazer História”.
das Américas10 (principalmente espanhola), que trata a forma como ocorreram as
colonizações, as atividades econômicas e distribuições territoriais; e Povos Indígenas 11,
fazendo menção aos primeiros contatos com os europeus colonizadores e jesuítas e as
insatisfações ocorridas pelo processo colonizador. Existem ainda particularidades de cada
coleção, como a presença de temas como: Colônias inglesa, francesa e holandesa (Coleção 2 -
"História das cavernas ao terceiro milênio); Portugal medieval (Coleção 4 - "História em
documento”) e Civilização japonesa e chinesa (Coleção 9 - "Para entender História). Reino
africano tem uma particularidade de que, apesar de não se suceder diretamente, está sempre
próximo ao capítulo de Colonização.
Em temas sucessores apresenta-se: Escravidão12, Mineração13, Colonização espanhola
e inglesa14, União Ibérica15. Há também a singularidade de temas nas coleções como,
Renascimento na Europa (Coleção 4 - "História em documento), Povos pré-colombianos
(Coleção 6 - "História temática), Expansão da colonização (Coleção 8 - "Novo História”) e
Colonização holandesa (Coleção 14 - "Tudo é História”). Algumas coleções não são citadas,
pois, o último tema da coleção corresponde ao tema da Colonização, outro fato é que muitos
temas não estão diretamente após a colonização e se encontram em capítulos próximos (a
escravidão é um exemplo disso).
As análises feitas até então, contribuem para a compreensão do processo colonizador
da América Portuguesa, considerando o processo tanto na posição de consequência quanto na
de causa, e seu desenvolvimento nas narrativas das coleções analisadas. Como o
mercantilismo, por conta da necessidade de expandir as atividades econômicas e aumentar o
lucro já que o comércio no Oriente não estava bom para os portugueses, fomentou o processo
de colonização, assim como, a colonização fomentou outros processos: a escravidão, tanto
indígena como africana e a mineração no território da América Portuguesa.

Mercantilismo

10
Coleção 5 - “História, sociedade e cidadania”; Coleção 8 - “Novo História”; Coleção 14 -
“Tudo é História” e Coleção 15 - “Vontade de saber História”.
11
Coleção 6 - “História temática” e Coleção 10 - “Para viver juntos. Ver Valentim(2020b)
12
Coleções 1 - ”História”, 10 - ”Para viver juntos” e 13 - ”Saber e fazer História”.
13
Coleção 2 - ”História das cavernas ao terceiro milênio”.
14
Coleções 7 - ”Navegando pela História” e 14 - ”Tudo é História”.
15
Coleções 1 - ”História”, 9 - ”Para entender História” e 15 - ”Vontade de saber História”.
O tema Mercantilismo ( séculos XV-XVIII) está presente em treze 16coleções, das
quinze17 que são utilizadas no projeto de pesquisa. Apresentado em dez 18, em capítulos e em
três coleções19, em tópicos. As coleções, ao abordarem o Mercantilismo, apontam que este
traz como fatores detonadores a Revolução Comercial; a centralização do poder nas mãos dos
reis; e, como fatores que sustentaram a adoção do Mercantilismo enquanto principal prática
econômica, o processo de colonização da América e as Grandes Navegações. Ao
desenvolverem o tema, sete coleções20, afirmam que as políticas mercantilistas variaram no
tempo e no espaço. Além desse aspecto, quatro coleções 21 apresentam a Espanha, sendo
protagonista, por ser o modelo de adoção das políticas mercantilistas e das suas práticas.
O Mercantilismo foi, durante o período Moderno, um conjunto de políticas
econômicas adotadas por governos centralizados. Uma das características desse sistema
econômico é a intervenção do governo na economia, visando enriquecer o país e engrandecer
o poder do Estado. A partir da análise das coleções podemos observar que o Mercantilismo e
o absolutismo sempre comparecem juntos, como faces da mesma moeda, na formação dos
Estados Modernos. O Absolutismo como sua dimensão político-administrativa e o
Mercantilismo, sua dimensão econômica, que se revela logo após o início da colonização na
América.
As 13 coleções22 evocam três conceitos que aparentam serem imprescindíveis para o
desenvolvimento do tema, a Balança comercial, o Pacto colonial e o Metalismo. A Balança
comercial favorável, segundo as coleções, era um aspecto importante do Mercantilismo
europeu, que consiste na concepção de que um país deveria aumentar ao máximo sua

16
Das quinze coleções analisadas, somente as coleções 6 - “História Temática” e a coleção 8 - “Nova
História”, não apresentam uma narrativa sobre o tema do Mercantilismo.
17
Coleção 1 - “História”; Coleção 2 - “História das cavernas ao terceiro milênio”: Coleção 3 - “História e
vida integrada”; Coleção 4 - “História em documento”; Coleção 5 - “História, sociedade e cidadania”; Coleção
6- “História Temática”; Coleção 7 - “Navegando pela História”; Coleção 8 - “Novo História”; Coleção 9 - “Para
entender História”; Coleção 10 - “Para viver juntos”; Coleção 11 - “Projeto Araribá”; Coleção 12 - “Projeto
Radix”; Coleção 13 - “Saber e fazer História”; Coleção 14-“Tudo é História” Coleção 15 - “Vontade de saber
História”.
18
Coleção 1 - “História”, Coleção 3 - “História e Vida Integrada”, Coleção 4 - “História em Documento”,
Coleção 7 - “Navegando pela História”, Coleção 9 - “Para entender a História”, Coleção 10 - “Para viver
juntos”, Coleção 12 - “Projeto Radix”, Coleção 13 - “Saber e fazer História”, Coleção 14 - “Tudo é História”,
Coleção 15 - “Vontade de Saber História”.
19
Coleção 2 - “História das Cavernas ao Terceiro Milênio”, Coleção 5 - “História, Sociedade e
Cidadania” e Coleção - 11 “Projeto Araribá”.
20
Coleção 1 - “História”, Coleção 3 - “História e Vida Integrada”, Coleção 5 - “História, Sociedade e
Cidadania”, Coleção 7 - “Navegando pela História”, Coleção 11 - “Projeto Araribá”, Coleção 12 - “Projeto
Radix”, Coleção 13 - “Saber e fazer História”.
21
Coleção 1 - “História”, Coleção 9 - “Para entender a História”, Coleção 12 - “Projeto Radix”, Coleção
13 - “Saber e fazer História”, Coleção 15 - “Vontade de saber História”.
22
Fernandes (2019)
exportação e reduzir ao mínimo sua importação de mercadorias, para conseguir um saldo
favorável em sua balança de comércio; o conceito de Pacto Colonial ganha destaque nas
narrativas, como uma forma de monopólio comercial que facilitava o funcionamento do
mercantilismo e garantia o enriquecimento das metrópoles, que compravam matérias-primas
por preços baixos e vendiam produtos manufaturados por preços altos; o metalismo, segundo
as coleções, era a concepção baseada na suposição de que a riqueza de um país estava
relacionada com a quantidade de metais preciosos acumulados em seu tesouro. De acordo
com essa teoria, quanto mais ouro e prata um país possuísse, mais rico e poderoso ele seria.
Esses conceitos estão profundamente ligados com o processo de colonização da
América Portuguesa, as coleções23 mencionam os usos das práticas mercantilistas por
Portugal nas suas colônias, os monopólios do tráfico negreiros e a economia açucareira
exercidas pela metrópole (séculos XVI-XVII) são exemplos. AQUI ENTRE O
PARÁGRAFO QUE TE PEDI PARA DESENVOLVER

Reinos Africanos e Povos Indígenas

As temáticas dos Reinos Africanos e Povos Indígenas possuem um fator diferenciado


das demais presentes nas narrativas nos livros didáticos do sétimo ano do Ensino
Fundamental II, pois sua obrigatoriedade de ensino está pautada na Lei 10. 639/03 e depois a
complementar 11.645/08 impondo o Ensino de História da África, Cultural, Afro-brasileira e
Indígena, surgindo como uma resposta às lutas antigas e justas de grupos minoritários e
silenciados principalmente no final do século XX 24. De forma a garantir o tratamento das
temáticas de forma não estereotipada e distorcida e que a participação dos sujeitos possa ser
mostrada como protagonistas, não mais sub representados na História nos Livros Didáticos.
Ao observar o desenvolvimento dos Reinos Africanos nos livros didáticos destaco que
25
nas quinze coleções analisadas no projeto, todas possuem capítulo próprio para trabalhar a

23
“Coleção 1 História” “coleção3 História e vida integrada” “coleção 7 Navegando pela História”
“coleção15 Vontade de saber”
24
DEZIDERIO, Diego. Memória da História da África nos Livros Didáticos de História. Monografia de
Final de Curso – FFP, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, São Gonçalo. 2013. Pág 8.
25
Coleção 1 - “História”; Coleção 2 - “História das cavernas ao terceiro milênio”: Coleção 3 - “História e
vida integrada”; Coleção 4 - “História em documento”; Coleção 5 - “História, sociedade e cidadania”; Coleção
6- “História Temática”; Coleção 7 - “Navegando pela História”; Coleção 8 - “Novo História”; Coleção 9 - “Para
entender História”; Coleção 10 - “Para viver juntos”; Coleção 11 - “Projeto Araribá”; Coleção 12 - “Projeto
Radix”; Coleção 13 - “Saber e fazer História”; Coleção 14-“Tudo é História” Coleção 15 - “Vontade de saber
História”.
temática, o que não ocorre quando se trata dos Povos Indígenas que, das quinze coleções,
somente sete coleções26possuem capítulos próprios, em seis coleções 27 são apresentados em
28
tópicos nos capítulos de colonização e em duas coleções apenas menção dentro dos
aspectos informativos da história contada.
Essas duas temáticas não possuem um fator detonador nas narrativas 29·,pois são
apresentadas e desenvolvidas de forma descritiva, em apoio a concepções já estabelecidas na
narrativa mais ampla dos livros, sendo postas como forma de compreender as dimensões do
Islamismo( século VII) e do escravismo atlântico( século XVI) no caso dos Reinos Africanos
ou para mostrar o início da saga colonial dos portugueses no Brasil(1500) com os Povos
Indígenas.
As relações escravistas estão presentes nos capítulos dos Reinos Africanos em oito
coleções ao mencionar o Reino do Congo 30 e a relação com o personagem Diogo Cão que
chega à África em 1483, importante mensageiro da Coroa Portuguesa, que foi responsável
por difundir a fé católica e obter um grande número de escravos. As narrativas mencionam a
princípio uma relação amistosa, mas que tornou se conturbada por conta do excesso do
tráfico de escravos praticado por Portugal.
A menção ao trabalho e o destino dos escravos está inserida nos capítulos de
Colonização da América Portuguesa, As narrativas apresentam os escravizados oriundos de
partes da África no tratamento da economia açucareira demonstrando sua inserção como mão
de obra em conjunto ou na troca com os Indígenas nos engenhos de cana de açúcar 31( Séculos
XVI-XVII).
A submissão das temáticas Africanas e Indígenas ao protagonismo europeu e
eurocêntrico está presente na apresentação de conteúdos nos livros didáticos nos sumários,
atrelando as temáticas a palavras que remetem à escravidão e dependência da chegada dos
Europeus32,utilizando palavras como “tráfico” “encontro” “desencontro” e “antes” . “coleção
26
Coleção 3-“História e vida integrada”- 4-“ Coleção 4 - “História em documento”; Coleção 5 -
“História, sociedade e cidadania”; Coleção 6 “História Temática”; Coleção 9 - “Para entender História”;
Coleção 10 - “Para viver juntos”; Coleção 13 - “Saber e fazer História”;
27
Coleção 1 - “História”; Coleção 2 - “História das cavernas ao terceiro milênio”: Coleção 7 -
“Navegando pela História”; Coleção 8 - “Novo História”; Coleção 14-“Tudo é História” Coleção 15 - “Vontade
de saber História”.
28
Coleção 11 - “Projeto Araribá”; Coleção 12 - “Projeto Radix
29
Valentim (2019 a), p. 4 Valentim (2019b), p. 4

30
Valentim (2019 a), p.6
31
Alencar (2019), p. 18-20
32
Alencar (2019), p. 2 Valentim (2019 a), p. 2
12 Capítulo 13- África dos Reinos antigos ao tráfico atlântico de escravos” ou fazendo
ligação direta entre a África e o Brasil, “coleção 6 Capítulo 10- Da África ao Brasil” são
alguns exemplos, pois somam o total de sete coleções que utilizam os capítulos de África
atrelados à escravidão e a colonização.
A temática dos Povos Indígenas mesmo nas narrativas que possuem capítulos
próprios é tratada nos capítulos de Colonização quando descrevem a chegada dos portugueses
e os primeiros contatos tratando as relações de escambo e a extração de pau Brasil 33 (1500-
1530). De acordo com as narrativas, após 1530, Portugal decide ocupar as terras que viriam
ser o Brasil e a presença dos Indígenas tem uma continuidade na descrição dos processos 34
pois foram a primeira mão de obra escrava da colônia, logo no início da economia açucareira
que nos séculos XVI e XVII terá seu auge e contará com os escravizados trazidos da África.

BIBLIOGRAFIA

ALENCAR, Victória (2019) [2020]. RELCON-COLONIZAÇÃOPORTUGUESA. Projeto:


Narrativa nos Livros Didáticos de História. Grupo de Pesquisa: Narrativa Histórica. Rio de
Janeiro.
DEZIDERIO, Diego. Memória da História da África nos Livros Didáticos de História. Monografia de
Final de Curso – FFP, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, São Gonçalo. 2013. Pág. 8.
FERNANDES, Gabriel (2019) [2020]. RELCON-MERCANTILISMO. Projeto: Narrativa
nos Livros Didáticos de História. Grupo de Pesquisa: Narrativa Histórica. Rio de Janeiro.
VALENTIM, Monyque (2019a) [2020]. RELCON-REINOSAFRICANOS. Projeto: Narrativa
nos Livros Didáticos de História. Grupo de Pesquisa: Narrativa Histórica. Rio de Janeiro.
VALENTIM, Monyque (2019b) [2020]. RELCON-POVOSINDIGENAS. Projeto: Narrativa
nos Livros Didáticos de História. Grupo de Pesquisa: Narrativa Histórica. Rio de Janeiro.
VALENTIM, Monyque (2020a). REGSUM-REINOSAFRICANOS. Projeto: Narrativa nos
Livros Didáticos de História. Grupo de Pesquisa: Narrativa Histórica. Rio de Janeiro.
VALENTIM, Monyque (2020b). REGSUM-POVOSINDIGENAS. Projeto: Narrativa nos
Livros Didáticos de História. Grupo de Pesquisa: Narrativa Histórica. Rio de Janeiro.
NÚCLEO 2 (2020). REGSUM-NUCLEO-22-09. Projeto: Narrativa nos Livros Didáticos de
História. Grupo de Pesquisa: Narrativa Histórica. Rio de Janeiro.

33
Alencar (2019), p. 9
34
Alencar (2019), ps. 10 e17 a 20

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