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Escola Municipal de Tempo Integral José Carvalho

Aluno(a): Nº:

ATIVIDADE DOMICILIAR DE LÍNGUA PORTUGUESA


Professora:
Série: 9º Turma: Data: Etapa:
/ /2020 3ª

 Na última aula, conhecemos a estrutura do texto dissertativo-argumentativo e lemos o texto


“Império da Vaidade” para realizar a atividade proposta.
Vamos agora utilizar o mesmo texto para nos aprofundar no estudo dos tipos de
argumento.

 Releia o texto e, em seguida, veja a explicação sobre os tipos de argumento.


 Após ler toda a explicação, faça a atividade proposta que aparece em seguida! Ela
contará como nota bimestral para a 3ª etapa.

O IMPÉRIO DA VAIDADE
1 Você sabe por que a televisão, a publicidade, o cinema e os jornais defendem os
músculos torneados, as vitaminas milagrosas e as academias de ginástica? Porque tudo isso
dá dinheiro. Sabe por que ninguém fala do afeto e do respeito entre duas pessoas comuns,
mesmo meio gordas, um pouco feias, que fazem piquenique na praia? Porque isso não dá
dinheiro para os negociantes, mas dá prazer para os participantes.
2 O prazer é físico, independentemente do físico que se tenha: namorar, tomar milk-shake,
sentir o sol na pele, carregar o filho no colo, andar descalço e ficar em casa sem fazer nada
são alguns exemplos. Os melhores prazeres são de graça e a humanidade sempre gostou de
conviver com eles. Comer uma feijoada com os amigos, tomar uma caipirinha no sábado
também é uma grande pedida. Ter um momento de prazer e compensar muitos momentos de
desprazer. Relaxar, descansar, despreocupar-se, desligar-se da competição − isso é prazer.
3 Mas vivemos num mundo onde relaxar e desligar-se se tornou um problema. O prazer
gratuito, espontâneo, está cada vez mais difícil. O que importa, o que vale, é o prazer que se
compra e se exibe, o que não deixa de ser um aspecto da competição. Estamos submetidos a
uma cultura que quer fazer-nos infelizes, ansiosos, neuróticos. As namoradas precisam ser
modelos que desfilam em Paris, os homens não podem assumir sua idade.
4 Não vivemos a ditadura do corpo, mas seu contrário: um massacre da indústria e do
comércio. Querem que sintamos culpa quando nossa silhueta fica um pouco mais gorda, não
porque querem que sejamos mais saudáveis − mas porque, se não ficarmos angustiados, não
faremos mais regimes, não compraremos mais produtos dietéticos, nem produtos de beleza,
nem roupas e mais roupas. Precisam da nossa impotência, da nossa insegurança, da nossa
angústia.
5 O único valor coerente que essa cultura apresenta é o narcisismo. O narcisismo explica
nossa ânsia pela fama e pela posição social. É hipocrisia dizer que entramos numa academia
de ginástica porque estamos preocupados com a saúde. Se fosse assim, já teríamos arrumado
uma solução para questões mais graves, como a poluição que arrebenta os pulmões, o barulho
das grandes cidades, a falta de saneamento.
6 Estamos preocupados em marcar a diferença, em ser distintos da massa. O cidadão que
passa o dia à frente do espelho, medindo o bíceps e comparando o tórax com o do vizinho do
lado, é uma pessoa movida por uma necessidade desesperada – precisa ser admirado para
conseguir gostar de si próprio. A mulher que fez da luta contra os cabelos brancos e as rugas
seu maior projeto de vida tornou-se a vítima preferencial de um massacre perpetrado pela
indústria de cosméticos. Como foi demonstrado pela feminista americana Naomi Wolf, o
segredo da indústria da boa forma é que as pessoas nunca ficam em boa forma: os métodos
de rejuvenescimento não impedem o envelhecimento, 90% das pessoas que fazem regime
voltam a engordar, e assim por diante. O que se vende não é um sonho, mas um fracasso,
uma angústia, uma derrota.
7 Estamos atrás de uma beleza frenética, de um padrão fabricado, que não é neutro nem
inocente. Ao longo dos séculos, a beleza sempre esteve associada ao ócio. As mulheres do
Renascimento tinham aquelas formas porque isso mostrava que elas não trabalhavam. As
belas personagens femininas do romantismo brasileiro sempre tinham a pele branca – qualquer
tom mais moreno já significava escravidão e trabalho. Beleza é luta de classes. Estamos na
fase da beleza ostentatória, que faz questão de mostrar o dinheiro, o tempo livre para passar
tardes em academias e mostra, afinal, quem nós somos: bonitos, ricos e dignos de ser
admirados.

TIPOS DE ARGUMENTO
 É possível observar no texto que acabamos de ler uma diversidade de tipos de
argumento. Vejamos:

1. Exemplificação
Os parágrafos do desenvolvimento servem como exemplos do que foi afirmado na introdução.
Na estratégia de exemplificação, você irá inserir e desenvolver um exemplo específico como
foco principal do parágrafo, tendo o propósito de justificar a sua ideia. Esse exemplo deve ser,
preferencialmente, de conhecimento geral.
 Marcadores argumentativos: para contextualizar, por exemplo, um exemplo, como
acontece no caso, como, etc.
Exemplo:
“O prazer é físico, independentemente do físico que se tenha: namorar, tomar milk-shake,
sentir o sol na pele, carregar o filho no colo, andar descalço e ficar em casa sem fazer nada
são alguns exemplos. Os melhores prazeres são de graça e a humanidade sempre gostou de
conviver com eles” (2º parágrafo)
No 1º parágrafo do texto, o autor faz uma comparação entre o que dá dinheiro e o que
dá prazer. A fim de convencer o leitor de que as coisas que dão prazer não precisam ser
compradas e estão à disposição de todo mundo, o autor dá exemplos de atividades que dão
prazer sem nenhum custo.

2. Definição
Um recurso utilizado para convencer o leitor sobre seu ponto de vista é a definição, que, como
o próprio nome diz, consiste em definir, explicar um conceito, uma ideia ou uma situação.
Exemplo:
“Comer uma feijoada com os amigos, tomar uma caipirinha no sábado também é uma grande
pedida. Ter um momento de prazer e compensar muitos momentos de desprazer. Relaxar,
descansar, despreocupar-se, desligar-se da competição − isso é prazer” (2º parágrafo)
Veja que nesse exemplo, ainda para reforçar a tese de que o que dá prazer não se
compra nem se vende o autor define o que é prazer, segundo seu ponto de vista, usando para
isso exemplos de ações que podemos fazer de graça, tais como: relaxar, descansar etc.

3. Comparação e/ou oposição/contraste


Há neste desenvolvimento a análise das semelhanças e/ou diferenças percebidas entre duas
ideias, duas épocas, duas pessoas, duas ideologias, dois objetos etc.
Aqui, os operadores argumentativos são essenciais. Alguns são: igualmente, como se, da
mesma forma, bem como, assim também, assim como, do mesmo modo, tanto quanto,
semelhantemente acontece com/quando, etc.
 Marcadores de comparação: assim como, como, da mesma forma, do mesmo modo,
bem como, tanto quanto, semelhantemente, igualmente etc.
 Marcadores de oposição: enquanto, diferentemente, ao contrário, no entanto etc.
Exemplo 1:
“Mas vivemos num mundo onde relaxar e desligar-se se tornou um problema. O prazer gratuito,
espontâneo, está cada vez mais difícil. O que importa, o que vale, é o prazer que se compra e
se exibe, o que não deixa de ser um aspecto da competição. Estamos submetidos a uma
cultura que quer fazer-nos infelizes, ansiosos, neuróticos. As namoradas precisam ser modelos
que desfilam em Paris, os homens não podem assumir sua idade.” (3º parágrafo)
Neste exemplo, embora os marcadores não apareçam explicitamente, é possível
entender a ideia de contraste entre o prazer gratuito (como relaxar e deligar-se) e o prazer que
se compra e se exibe, que, ao contrário do gratuito, deixa as pessoas infelizes, ansiosas e
neuróticas. Perceba que há uma oposição entre a ideia de prazer.

Exemplo 2:
“É hipocrisia dizer que entramos numa academia de ginástica porque estamos preocupados
com a saúde. Se fosse assim, já teríamos arrumado uma solução para questões mais graves,
como a poluição que arrebenta os pulmões, o barulho das grandes cidades, a falta de
saneamento.” (5º parágrafo)
Já nesse segundo exemplo, é possível ver o marcador “como” utilizado para comparar –
de forma negativa – a preocupação com a saúde e a preocupação com coisas mais graves tais
como a poluição e o saneamento. O autor usa a comparação para defender o seu
posicionamento de que a preocupação com a saúde é falsa, se a preocupação fosse
verdadeira, se investiria tanto em outros problemas que também envolvem a saúde (como o
saneamento) quanto em academias.

4. Relação de causa e consequência


Muito comum como estratégia argumentativa, nesse modelo, você apresenta os motivos, os
porquês, as razões de um determinado problema acontecer e, em seguida, as consequências,
os resultados e os desdobramentos.
 Marcadores argumentativos: porque, já que, visto que, graças a, em virtude de, como
reflexo disso, com efeito, assim, consequentemente, etc.
Exemplo:
“Querem que sintamos culpa quando nossa silhueta fica um pouco mais gorda, não porque
querem que sejamos mais saudáveis − mas porque, se não ficarmos angustiados, não faremos
mais regimes, não compraremos mais produtos dietéticos, nem produtos de beleza, nem
roupas e mais roupas.” (4º parágrafo)
Assim como no exemplo anterior, o marcador argumentativo não aparece. No entanto, é
possível perceber que há uma relação de causa e consequência: ficamos culpados e
angustiados com os padrões de beleza impostos pela mídia e a consequência dessa culpa é o
consumo de produtos de beleza, a busca por procedimentos estéticos e por academias.

5. Discurso de autoridade
É um dos recursos mais utilizados. Por meio desse tipo de argumentação se deseja sustentar
determinado posicionamento. É considerado discurso de autoridade a citação de uma fonte
confiável – por exemplo, um especialista, um cientista reconhecido internacionalmente –,
dados estatísticos de uma instituição de pesquisa de elevado reconhecimento nacional etc.
Exemplo:
“Como foi demonstrado pela feminista americana Naomi Wolf, o segredo da indústria da boa
forma é que as pessoas nunca ficam em boa forma: os métodos de rejuvenescimento não
impedem o envelhecimento, 90% das pessoas que fazem regime voltam a engordar, e assim
por diante.” (6º parágrafo)
Perceba que o discurso de autoridade utilizado foi o de Naomi Wolf. Esse discurso é
validado porque se trata de alguém especialista no assunto, uma pesquisadora feminista.
Naomi utiliza dados estatísticos para embasar seu discurso de que as pessoas nunca ficam em
boa forma por mais que tentem.

6. Alusão histórica
Esse tipo de argumento envolve cronologia, ou seja, tempo e espaço. Você precisa saber
abordar um fato histórico referente ao assunto em questão com datas, locais e fatos ocorridos.
 Marcadores argumentativos: antes, depois, posteriormente, quando, logo que, assim
que, logo após, a princípio, no momento em que, pouco antes, pouco depois,
atualmente, hoje, frequentemente, nesse meio tempo, sempre que, assim que, desde
que etc.
Exemplo:
“As mulheres do Renascimento tinham aquelas formas porque isso mostrava que elas não
trabalhavam. As belas personagens femininas do romantismo brasileiro sempre tinham a pele
branca – qualquer tom mais moreno já significava escravidão e trabalho. Beleza é luta de
classes.” (7º parágrafo)
Veja que neste exemplo o autor usou o tempo do Renascimento e do romantismo
brasileiro para defender sua ideia de que a beleza, ou melhor, o padrão de beleza já era algo
imposto desde a época do Renascimento e, por trás desse padrão, sempre existiu a luta de
classes, ou seja, sempre uma classe economicamente privilegiada impôs esse padrão.

DICA IMPORTANTE!
Evite no seu texto discursos religiosos e motivos superficiais ou sem justificativa, do tipo:
“na bíblia diz que”
“Deus não aceita...”
“porque ninguém que eu conheço discorda”,
“porque ouvi dizer”,
“porque todo mundo pensa assim”,
“porque na vizinhança todos dizem”.

3ª ATIVIDADE DE LÍNGUA PORTUGUESA


 Leia o texto a seguir e responda à questão 1.
Vida Virtual
Pesquisa divulgada há pouco revelou que, no mês de julho, o internauta brasileiro
passou 23 horas e 30 minutos navegando na internet. Essa marca é uma hora e três minutos
maior que a de junho, que por sua vez era quase uma hora maior que a de maio, e assim por
diante. Ou seja, de 30 em 30 dias, o brasileiro já está passando quase um dia inteiro com os
olhos na telinha, os dedos no mouse ou no teclado, as pernas criando varizes, a coluna indo
para o “beleléu” e o cérebro mais na virtual que na real. (...)
Segundo outra pesquisa, por causa da internet o jovem brasileiro tem deixado de
praticar esportes, dormir, ler livros, sair com os amigos, ir ao cinema ou ao teatro ou estudar. E,
com certeza, está deixando também de praticar outros itens não contemplados na pesquisa,
como namorar, ir à praia ou ao futebol, visitar a avó, conversar fiado ao telefone e flanar pelas
ruas chutando tampinhas.
CASTRO, Ruy. Folha de S.Paulo.

1. No exemplo acima, no 2º parágrafo, o autor utilizou para validar seu posicionamento (1


ponto):
a) alusão histórica
b) senso comum
c) comparação
d) discurso de autoridade
1.1. Retire do texto um trecho que comprove sua resposta à questão anterior (1 ponto).
2. Relacione as colunas, classificando cada fragmento com o tipo de argumento indicado (4
pontos):
(A) Discurso de autoridade
(2) Causa e consequência
(3) Comparação e contraste
(4) Exemplificação

Tema: Trabalho infantil – discurso de autoridade


( ) “Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho, o Brasil tinha 4,6 milhões de
trabalhadores com idade entre 10 e 17 anos, e 3 milhões com idade inferior a 14. Segundo
esses dados, 56,63% nada recebem por seu trabalho. Isso é que roubar o direito de ser
criança.”
MIGUEL, José Antônio. Texto retirado do jornal Folha de Londrina de 13/10/2007.

Tema: Drogas e a discriminação racial e social – comparação e contraste


( ) “Uma leitura ingênua e superficial acerca das drogas supõe fazer acreditar que o perigo
social do crime e da violência exclui, por exemplo, os jovens filhos drogados e medicalizados
da classe média e recai sobre os ombros dos jovens miseráveis e brutalizados das periferias.
No entanto, muitos adolescentes, filhos da classe média brasileira e de outros países,
divertem-se nas festas rave, consomem álcool ou substâncias entorpecentes, porém,
raramente ocupam o noticiário na mídia registrando tragédias e mortes prematuras.”
BUENO, Cesar. Texto extraído do jornal Folha de Londrina de 19/08/2007.

Tema: Publicidade voltada para o público infantil – causa e consequência


( ) “Comerciais voltados para crianças seguem um certo padrão: enfeitados por músicas
temáticas, as cenas mostram crianças, em grupo, utilizando o produto em questão. Tal
manobra de “marketing” acaba transmitindo a mensagem de que a aceitação em seu grupo de
amigos está condicionada ao fato dela possuir ou não os mesmos brinquedos que seus
colegas. Consequentemente, gera-se um ciclo interminável de consumo que abusa da pouca
capacidade de discernimento infantil.”

Tema: A cultura do consumo - exemplificação


( ) “Pais que se endividam para comprar brinquedos e objetos caros e supérfluos para
crianças que poderiam fazer coisa bem mais interessante, como jogar bola, pular corda, ler um
livro, armar um quebra-cabeça, praticar esporte. Isso acontece na Páscoa, no Dia das
Crianças, no Natal, em cada aniversário. Nesse aspecto, acho que os dias marcados para
celebrar coisas positivas se tornam – para os tolos e frívolos, os desavisados – coisa negativa,
fonte de tormento e preocupação.”
LUFT, Lya. Texto retirado da revista Veja de 24/10/2007.

3. Mesmo sem dizer se é a favor ou contra determinado assunto, é possível perceber o


posicionamento de quem se manifesta.
Sobre o uso de animais em testes de laboratórios, identifique nos comentários abaixo quem
é FAVORÁVEL e quem é CONTRA essa prática.
a) “Testes em laboratórios causam sofrimento desnecessário, ferimentos e transtornos
psicológicos nos animais. Há uma corrente de neurocientistas que sugere que animais não
humanos, incluindo todos os mamíferos, aves, além dos polvos, possuem substratos
neurológicos que geram a consciência e comportamentos intencionais, ou seja, eles sentem
dor.”

b) “Os testes com animais beneficiam também os próprios animais, pois são usados no
desenvolvimento de rações, novas vacinas e medicamentos veterinários inovadores.”

c) “Há alternativas eficazes capazes de substituir o uso exploratório de animais em testes como
a aplicação de modelos matemáticos e computacionais, técnicas in-vitro com tecidos de seres
humanos ou animais.”

d) “Antes de testar o produto em humanos, é importante testá-los em animais para evitar que
voluntários humanos sejam submetidos a substâncias potencialmente perigosas.”

QUESTÃO DESAFIO (Vale 1 ponto extra!)


Leia o trecho abaixo sobre “A discriminação racial disfarçada no Brasil“ e indique:
a) o marcador argumentativo: ____________________________________________________
b) o tipo de argumento utilizado:
___________________________________________________

(...) O pior é que, aliado ao discurso hipnótico e paralisador do “somos todos brasileiros”,
“no Brasil ninguém é branco” ou o “não somos racistas” acrescenta-se o discurso de “somos
um país miscigenado, multicolorido, misturado, aqui temos povos de todo mundo, recebemos
todos de braços abertos”. Mas, ao contrário do que se afirma, temos a realidade: haitianos
espancados, atingidos por disparos (ainda que de armas com munição como o “chumbinho”),
índios queimados, chamados de fedorentos e meninos e homens negros espancados até a
morte.
Mônica Francisco, Jornal do Brasil, 16/08.

Bons estudos!

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