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PONTOS PARA LEMBRAR

INTRODUÇÃO

Os limites entre educação, informação e entretenimento tendem a perder nitidez nas


sociedades contemporâneas, onde o indivíduo consome quantidades crescentes de
informação, aplicando-as tanto ao trabalho quanto à vida afetiva e ao lazer.

Considerar o ensino a distância como solução para carências educacionais e/ou rejeitá-lo
por qualidade insuficiente é colocar mal a questão,

A integração das novas tecnologias de informação e comunicação nos processos


educacionais. , pode ser uma estratégia de grande valia, desde que se considere estas
técnicas como meios e não como finalidades educacionais,(por isso não se deve
“satanizar”o ensino a distancia)

No Brasil, é difícil pesquisar sobre os aspectos propriamente técnicos ou pedagógicos das


de uso educativo de tecnologias, porque esbarramos sempre nas determinações econômicas
e políticas.

1- ENSINO A DISTANCIA “PÚBLICO” (DEC. 70 E 80)

São os cursos de alfabetização de adultos do Mobral e os “telecursos” produzidos pela


Rede Globo em parceria com órgãos públicos e para-oficiais.

As experiências de televisão escolar, do Terceiro Mundo nos anos 70, baseia-se no uso
intensivo de um meio tecnológico, que possibilitaria substituir rápida e efetivamente o
professor em sua formação especializada. Esta idéia foi muito usada como mais um dos
planos mirabolantes da então chamada “tecnoestrutura” no poder do regime militar.

Experimentos tecnológicos inovadores na educação, que acabam por se tornar “elefantes


brancos”, pela incúria do poder público e visão tacanha do setor privado associado ao
projeto, de projetos tecnocráticos impostas pelo governo que as destina necessariamente a
resultados medíocres.

Um bom exemplo recente deste tipo de experiência de televisão escolar substitutiva é a


proposta do governo do Maranhão de substituir o ensino médio regular por um ensino
supletivo a distância, sob pretexto de queimar etapas, atingir rapidamente os milhares de
jovens da faixa etária que estão fora da escola e alcançar índices mais aceitáveis pelos
organismos internacionais de fomento, e pela opinião pública nacional, importante para as
pretensões eleitorais da governadora.(a Roseane Sarney era candidata a presidência na
1ªeleição do FHC).

Os problemas destas experiências de EaD não se situam tanto no lado da oferta, ou seja, do
ensino, no qual a qualidade varia muito, mas de modo geral não é totalmente ruim, sendo
possível aproveitá-las com resultados satisfatórios. Os problemas estão no lado da
demanda, ou seja, da aprendizagem, na qual não há tradição nem condições de auto-estudo,
em que a recepção é tecnicamente ruim e a motivação inexistente dos professores (péssima
formação inicial, ganha um salário mínimo e trabalha em condições miseráveis). De
qualquer modo, a questão fundamental não está tanto na modalidade do ensino oferecido –
se em presença ou a distância, mas sobretudo na capacidade de quem ensina de inovarem e
adaptarem quanto aos conteúdos e às metodologias de ensino, para assim poderem criar
soluções para os problemas antigos e também para aqueles problemas novíssimos gerados
pelo avanço técnico.

2 – ENSINO A DISTÂNCIA PRIVADO (ATUALMENTE)

Chegada do Neoliberalismo.

Com a chegada do neoliberalismo a expansão da educação a distância se torna a via


preferencial de ampliação do ensino privado, cujas principais causas são:

A “velha” carência e baixa qualidade do ensino público brasileiro forma uma multidão de
estudantes sequiosos por educação com a qualidade exigida pelo mercado, na esperança de
se tornarem “empregáveis” .Isto forma um filão a ser explorado por interesses privados.
a supervalorização da educação pelos liberais Ressurge a teoria do capital humano associada
à empregabilidade

Privatização, não-intervenção do Estado e ajuste fiscal, o governo ainda quer aumentar as


vagas no ensino público, mas sem gastar mais verba com isto)

A supervalorizam a educação como canal de mobilidade em meio à crise social, propagada


pelos neoliberais. Desta maneira crise econômica é mascarada por ideologias que atribuem
os desajustes estruturais e as disparidades sociais à incapacidade de segmentos da
população acompanharem o desenvolvimento técnico

O ensino a distância é altamente rentável,. Porque a procura é alta e o investimento é


baixo.Não há despesas com ambiente físico(salas de aula, laboratórios, bibliotecas),poucos
professores/orientadores etc.
Uma avaliação impressionista de um desses cursos de formação de professores,
para o ensino superior esse tipo de
formação de professores tende a atuar de modo bastante perverso, podendo
agravar os problemas de qualidade do ensino superior privado, já bastante
comprometida. Isso porque tende a criar uma espécie de “rede de mediocridade”
porque professores de todas as áreas do conhecimento obtêm sua titulação
numa mesma área de concentração – Mídia e Conhecimento – que nada tem
a ver com o conteúdo de seu ensino ou com o avanço científico

Do ponto de vista pedagógico, no


entanto, a videoconferência tende a reforçar os velhos métodos da aula expositiva,
centrados na figura do magister, acrescentando-lhes uma rigidez técnica que
Atualmente projetos de ensino a distância revelam ambigüidades. Promovido por agências
financeiras multilaterais, por organismos públicos ou por empresas privadas, mascara o sentido de
investimentos privados, viabiliza a aceitação.

A supervalorizam a educação como canal de mobilidade em meio à crise social, propagada


pelos neoliberais. Desta maneira crise econômica é mascarada por ideologias que atribuem
os desajustes estruturais e as disparidades sociais à incapacidade de segmentos da
população acompanharem o desenvolvimento técnico
promover a exclusão social por intermédio de movimentos controversos: a elitização combinada
com a massificação do ensino.

A educação a distância privada pode erodir padrões de qualidade unitários e abrir espaços
privilegiados para a oferta de grande diversidade de programas educacionais à margem de
avaliações criteriosas. Ao mesmo tempo, confundem objetivos universitários com
interesses mercantis de curto prazo. A própria escola é concebida como instituição obsoleta
diante do advento das redes de informática e avessa às índoles autonomistas e competitivas
A educação a distância, sob controle privado, ao invés de socializar o acesso à educação
pública refina a exclusão social

Os investimentos privados que se concentram em consórcios transnacionais de ensino a


distância a partir de campi virtuais expande-se internacionalmente beneficiam-se da
desregulamentação liberal fomentados pelo Banco Mundial ocupam continentes.
.

No Brasil, as tendências privatistas da educação são ainda embrionárias. Entretanto seus


mecanismos já se manifestam de maneira sutil dentro das próprias instituições de ensino
superior públicas através de projetos de educação a distância. Em sua ampla maioria visam,
sob diferentes pretextos, a cobrança de taxas dos usuários.

O caso da UNIREDE

Em 1999, professores vinculados a instituições federais articulam a formação da


Universidade Virtual Pública do Brasil-UNIREDE. Formado por instituições públicas, o
consórcio não constitui garantia de ensino público e gratuito.Há cobrança de taxas,
inicialmente em R$ 195,00 posteriormente majoradas para R$ 400,00 . Se, até então, foram
infrutíferas as tentativas de privatização das instituições de ensino públicas, o mesmo
destino não tiveram iniciativas residuais no seu interior.

Em tese, o ideário da UNIREDE tem como meta o ensino público. Contudo manifestam-se
dificuldades de explicitar este propósito, tendo em vista a captação e a gestão de recursos
financeiros. A idéia da autonomia já traz subjacente a perspectiva da auto-sustentação
financeira.

Contraditando o anúncio dos recursos provenientes de diversos ministérios, afloram


depoimentos de que a cobrança de taxas tem como intuito cobrir despesas da implantação
do projeto. Os RS 4 milhões do governo destinados à UNIREDE desaparecem. Em seu
lugar, a alegada carência financeira se impõe como justificativa da cobrança de taxas. O
discurso da democratização dá lugar à alegada necessidade de sobrevivência da UNIREDE.
alguns programas de ensino a distância oferecidos em estabelecimentos de ensino públicos
exercem papel subsidiário da rede privada. Eliminam preconceitos remanescentes, familiarizam
estudantes com novas tecnologias e linguagens e favorecem a visibilidade social do ensino a
distância. Em paralelo, institucionalizam o ensino pago e geram clientela para o mercado
educacional em expansão.

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