FICHA TÉCNICA

Apresentação:
Wilson Paroschi
Coordenação do Curso:
Edimilson da Silva Lima
Coordenadores nas Associações da UCB:
Delvane Almeida – AP
Jean do Nascimento – APAC
Gilson Magalhães – APL
Marivaldo Fabrício – APO
Sérgio Monteiro – APS
Vanderson Assunção – APSE
Genival Novaes – APSO
José Rodrigues Junior – APV
Coordenação dos Cursos Corporativos:
Valcenir do Vale Costa
Programador Visual Gráfico:
Felipe Rocha
Equipe Técnica:
Bruna Dimei
Eduardo Doerner
Gilson Ferraz Junior
Júlia Lopes
Ludimilla Panaino
Rafael Rossini
Stephanie Oliveira
Animação Gráfica:
Wendel Gabriel
Trilha Sonora:
Clayton Nunes
Pró- Reitor Associado para EaD:
Everson Muckemberger
Coordenador de Operações:
Valcenir do Vale Costa
Coordenador de Produção:
Gilson Ferraz
Pró- reitor de Educação a Distância:
José Prudêncio Junior
O EVANGELHO
DE JOÃO

O
lá! Esse é mais um capítulo da aula. Nesta sequência,
preparada pelo departamento da Escola Sabatina sobre
os livros do Novo Testamento. Esse trabalho visa ajudar
professores da Escola Sabatina e líderes de Igreja no seu
ministério do ensino. São aulas simples, cujo objetivo é disponibilizar
algumas informações adicionais a fim de que o manuseio da Bíblia
possa ser mais preciso, mais acurado e possa ser também, mais
edificante do ponto de vista do ensino ao lidar-se com os membros e
alunos das unidades.
O EVANGELHO DE JOÃO CECAPES

Já foi dito nas aulas anteriores sobre
os evangelhos sinóticos: Mateus, Marcos
e Lucas. São sinóticos porque viam a
vida e o ministério de Jesus sob a mesma
perspectiva. Neles, há muito em comum!
Muitas das histórias, das parábolas e das
declarações de Jesus aparecem nos três
evangelhos e, por isso, eles são chamados
sinóticos. Entretanto, quando se vai para o
evangelho de João, as coisas mudam quase
que drasticamente. É uma nova realidade,
uma nova situação.
João não faz parte dos evangelhos
sinóticos porque ele é diferente dos outros
três. À primeira vista, não é possível
perceber quão diferente é o evangelho de
João. Ele foi o último a ser escrito e várias
razões levam a crer também que João foi
o último livro dos quatro evangelhos a ser
produzido. Na verdade, é bem provável que
João tenha sido o último livro de todo o
Novo Testamento a ser produzido. Mas
esse assunto será abordado mais a frente.
João nada menciona sobre a agonia de
Jesus no Getsêmani e ele não descreve a
última ceia; ainda assim, João é o que mais
dá detalhes sobre o que aconteceu com Jesus
na véspera de sua morte. Ele fala de Jesus à
mesa, do lava-pés, do diálogo de Jesus com
os discípulos. Nesta cena em particular,
João acrescenta muitas informações que
não aparecem nos demais evangelhos, mas
a instituição da Santa Ceia propriamente
dita não é mencionada.
Também não é possível encontrar no
evangelho de João o sermão do monte,
aquele belo sermão que podemos ler em
Mateus e Lucas. João também não inclui o
sermão profético, encontrado em Mateus
24 e Marcos 13. O fato é que João deixou de
fora muitos episódios da vida de Jesus.
DAQUELES QUARENTA EPISÓDIOS
QUE SE PODE ENCONTRAR
EM JOÃO, TRINTA E UM SÃO
EXCLUSIVOS DELE.
Três evangelhos já haviam sido escritos:
Mateus, Marcos e Lucas; todos eles com
muito material em comum. O objetivo de
João, portanto, não era repetir o que já havia
sido dito por todos eles; ele escolheu 48
episódios da vida de Jesus para compor seu
evangelho, 31 dos quais são exclusivamente
de sua autoria. Esse fato sugere que o autor
teve a intenção de preencher seu evangelho
com um conteúdo diferenciado dos demais:
os ensinos de Jesus.
A segunda diferença fundamental entre
João e os evangelhos sinóticos tem a ver
com a geografia do ministério de Jesus. Ao
analisar os evangelhos de Mateus, Marcos
e Lucas, percebe-se que eles se concentram
quase que exclusivamente no ministério
de Jesus na Galileia, à exceção da última
semana, quando Jesus vai para a Judeia
para ser crucificado. No evangelho de João,
no entanto, percebe-se que o foco está
no ministério de Jesus na Judeia, de suas
várias visitas aos redores de Jerusalém. São
poucas as passagens nas quais João descreve
o ministério de Jesus na Galileia.
Outra diferença importante de ser
destacada está ligada à cronologia do
ministério de Jesus. Nos evangelhos
sinóticos, por exemplo, encontra-se a
referência a uma única festa da Páscoa.
Exatamente a última, a que antecedeu
a morte de Jesus, o que sugere que o seu
ministério tenha se estendido por pouco
mais de um ano, definitivamente, menos de
dois anos. Isso se dá ao fato dos evangelhos
sinóticos serem seletivos, selecionando
episódios específicos da vida de Jesus.
Já quando se vai para João, encontra-
se três festas da Páscoa explicitamente
mencionadas e uma quarta festa (em João
capítulo 5). Não se sabe exatamente qual
Shutterstock: tomertu

O que faz o evangelho de João diferente

dos outros três?
Em primeiro lugar, é o seu conteúdo. Por
exemplo: ao longo dos quatro evangelhos,
encontra-se cerca de 180 episódios que
envolvem Jesus. Destes, João registra
apenas 48, embora ele seja tão longo
quanto Mateus e quase tão longo quanto
Lucas. Então João é, proporcionalmente
falando, o que menos registra episódios
que envolvem Jesus.
Por exemplo, não estão presentes em
João fatos tais como: o nascimento ou o
batismo de Jesus; ele menciona o encontro
de João Batista com Jesus, mas não descreve
o batismo propriamente dito. Não é
possível encontrar também qualquer cena
de exorcismo de demônios.
Algo interessante de notar é que, dos
48 episódios que João narra, 31 podem
ser encontrados unicamente em seu
evangelho. Alguns exemplos que podemos
encontrar são:
 O encontro com Nicodemos;
 O milagre de Caná, no qual a
transformação da água em vinho;
 O encontro com a mulher samaritana;
 A cura do paralítico de Betesda;
 A cura do cego de nascença que foi e
se lavou no tanque de Siloé;
 A ressurreição de Lázaro;
 O lava pés;
 A oração sacerdotal do capítulo 17;
 O encontro com Pedro, logo depois da
ressurreição junto ao mar da Galileia.

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O EVANGELHO DE JOÃO
era aquela festa, mas pode ter sido uma
Páscoa, porque sabemos que o ministério de
Jesus teve a duração de aproximadamente
três anos e meio, cobrindo, portanto, o
período correspondente a quatro festas da
Páscoa. Dessa forma, só é possível chegar à
conclusão de que o ministério de Jesus teve
a duração de três anos e meio a partir do
evangelho de João.
Por que essa diferença? É apenas uma
questão de seletividade. Mateus, Marcos e
Lucas, que têm muito material em comum,
selecionaram aqueles episódios. João,
por sua vez, optou por outros episódios
e, com isso, conseguiu dar uma margem
cronológica maior ao ministério de Jesus.
Outra diferença importante entre João
e os evangelhos sinóticos tem a ver com o
estilo pedagógico de Jesus em seus ensinos.
Nos evangelhos sinóticos, encontra-se
muitas parábolas narrativas como a do
filho pródigo, da ovelha perdida, entre
outras. Nos evangelhos sinóticos encontra-
se inúmeros episódios com pequenas
declarações de Jesus. De fato, é possível
encontrar alguns longos discursos como
o sermão do monte e o sermão profético,
mas, como regra, são pequenas declarações,
geralmente parabólicas.
Quando se vai para o evangelho de João,
percebe-se não haver nenhuma parábola
narrativa; não há sequer o termo parábola.
O evangelho de João parece apresentar os
ensinamentos de Jesus numa série de longos
discursos. E esse é o porquê do evangelho de
João ter bem menos episódios e, ainda assim,
ser quase tão longo quanto Mateus e Lucas.
Nos evangelhos sinóticos, o tema
fundamental dos ensinos de Jesus é o reino
de Deus. Quando se vai para João, vê-se
algo diferente; e aqui está outra diferença
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fundamental entre o evangelho de João e os
evangelhos sinóticos: o tema do reino de Deus
quase desapareceu de João. Em seu lugar, o
foco da atenção de Jesus e de seus ensinos
é Ele mesmo, destacando principalmente a
sua divindade. E aí chega-se em João 20: 30 e
31, onde há uma declaração explícita sobre o
propósito do livro.
Nenhum dos evangelhos sinóticos têm
uma declaração explícita de propósito.
Ao analisá-los, é necessário verificar as
ênfases que os autores dão em seus livros,
para tentar encontrar então qual era o seu
propósito e para quem eles escreveram.
Entretanto, quando se vai ao evangelho
de João, há uma declaração de propósito
explícita no capítulo e versículos já citados
anteriormente:
Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos,
muitos outros sinais que não estão escritos neste
livro. Estes, porém, foram registrados para que
creiais que Jesus é o Cristo, o filho de Deus; e
para que crendo, tenhais vida em Seu nome.’’
Aqui está o propósito do evangelho, que era o
de apresentar Jesus como o Cristo, o Messias.
Cristo é o equivalente grego ao termo hebraico:
Messias, o Filho de Deus. Estes foram escritos
para creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de
Deus; e para que crendo, tenhais vida em Seu
nome. João 20: 30 e 31
A principal preocupação de João com
seu evangelho era destacar a divindade de
Jesus. Não era a vida, não eram os episódios;
ele selecionou apenas os mais importantes,
aqueles que contribuíram para o seu
propósito central. Mateus Marcos e Lucas
já haviam contado a vida de Jesus; agora,
em um momento bastante difícil da igreja
primitiva, em que os crentes de origem
judaica estavam tendo uma série de
dificuldades em relação aos judeus e muitos
estavam sendo tentados a abandonar a sua
fé, João escreve para ajudá-los.
João escreve, para que eles continuem
crendo que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus.
E para que crendo, tenham vida em Seu
nome. O tempo grego do verbo “crer” no
versículo 31, é o tempo presente em grego,
que é um pouco diferente do português. Em
grego, o tempo verbal presente significa uma
ação contínua, uma ação em andamento.
Portanto, João escreveu seu evangelho para
que eles continuassem crendo.
Muitos cristãos de origem judaica ainda
frequentavam as sinagogas com seus irmãos
judeus, mas naquele momento, depois da
destruição de Jerusalém, o judaísmo estava
passando por uma série de transformações
muito significativas e que tiveram um
impacto muito grande em alguns grupos
religiosos, particularmente, os seguidores
de Jesus. Aqueles que acreditavam que
ele era o Messias, começaram então a ser
expulsos das sinagogas, não podendo mais
conviver com seus irmãos judeus. Foi neste
momento então que João escreveu o seu
evangelho, para que eles continuassem
crendo que Jesus era o Messias e o Filho
de Deus. João foi além, não era suficiente
para ele apresentar Jesus como o Messias
prometido. Ele destacou a divindade de
Jesus mais do que qualquer outro evangelho.
É possível notar uma deferência especial no
modo como ele começou o seu evangelho:
‘’No princípio era a palavra, a palavra
estava com Deus e a palavra era Deus.’’
E esta é uma ênfase que está presente ao
longo de todo o evangelho.
Isso pode ser visto nos milagres, por
exemplo. Os evangelhos sinóticos relatam
vários milagres, alguns até por atacado,
CECAPES
onde pessoas traziam os seus enfermos
e Jesus os curava. No evangelho de João,
entretanto, encontra-se apenas sete
milagres de Jesus mais um, o milagre da
pesca, que ocorreu depois da ressurreição.
Os evangelhos sinóticos relatam
milagres de cura e expulsão de demônios
na sua maioria; no evangelho de João
praticamente todos foram ações contrárias
a natureza: transformar água em vinho,
multiplicar pão do nada, curar um
paralítico, um cego de nascença, ressuscitar
Lázaro, ressuscitar o filho do oficial a
distância... ações contrárias a natureza.
Para tais ações, somente um poder criador
era capaz de efetuá-las. Somente se Jesus
fosse realmente Deus, somente se fosse
Criador, somente se tivesse poder criativo
seria capaz de realizar tais milagres.
E, assim, este é o evangelho de João.
Os outros já haviam contado a história
de Jesus; João, entretanto, se propõe a
algo maior, a ir mais além. Ele não queria
repetir as mesmas histórias, mas apresentar
quem Jesus realmente era. O livro de João
mostra Jesus como alguém muito maior
do que apenas o Messias (já era bastante
coisa realmente ser o Messias), ele mostra
Jesus como Deus conosco. “No princípio
era a Palavra, a Palavra estava com Deus e a
Palavra era Deus. E a Palavra se fez carne”.
Este que está conosco é Deus. Aquele
que criou os Céus e a Terra. “Essas coisas
foram escritas para que creiais que Jesus é o
Cristo, o Filho de Deus. E para que, crendo,
tenhais vida em Seu nome.” João termina
com uma ênfase prática. Qualquer um que
queira também pode ter vida no nome desse
Jesus se crer e confiar nEle como o Messias
e como Deus, o Filho de Deus, encarnado.