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Nome: Rafael Giorgetti Cardoso R.A.

: 1434/18-1
Estágio Básico Supervisionado II - Profº Samuel

Resenha do artigo: A Arte Como Dispositivo à Recriação de Si: Uma Prática em


Psicologia Social Baseada no Fazer Artístico. Em análise com uma das mesas da
semana de Psicologia.

A psicologia social contém várias formas de exercer seu papel empoderador, e uma das
ferramentas utilizadas é a arte, mais precisamente a arterapia, que no artigo em questão
foi responsável por uma melhora significativa na vida de um grupo de indivíduos, pois a
partir dessa atividade criadora, os sujeitos foram capazes de encontrar “novas formas de
de objetificação e subjetificação, desenvolvendo um olhar estetístico e (re)criando nas
obras artísticas imagens outras de si e da vida, transformando-se nesse processo.”
Sobre a arterapia é necessário ter em mente que ela é um campo do conhecimento com
múltiplas facetas, indo além da arte é um processo de transformação individual. A partir
dela o sujeito é capaz de expressar seus processos psíquicos esquecidos, bem como seus
desejos, seus hábitos, criando então por meio da arte, uma imagem de si mesmo, e do
mundo ao seu redor. É um modo de expressão para além do eu, pois nela o criador pode
não apenas se ver, mas também se reinventar, e assim acabar por se empoderar, e até
mesmo reconhecer a si mesmo não apenas como indivíduo, mas participante de um
grupo.
O artigo escrito por Alice Casanova dos Reis, apresenta ao leitor, um grupo terapêutico
composto por seis mulheres, que se reuniram em 18 encontros com o objetivo de usar a
arte como um mediador para o desenvolvimento pessoal e interpessoal. Diversas
atividades artísticas foram desenvolvidas para provocar um ‘exercício da expressão
criativa, dando forma e transformando emoções, desejos, conflitos e significações por
meio das obras que produziam. Essas deviam se tornar dispositivos para a
autopercepção e reflexão, a partir do compartilhamento das experiências vivenciadas no
e com o grupo.”
Ao final do artigo não restam dúvidas de que tal pressuposto foi alcançado, já que todas
as participantes foram capazes de expressar de forma criativa a imagem que tinham de
si, e qual trabalhariam para ter.
O artigo tem um peso de suma importância, pois é em cima dos relatos apresentados que
se torna possível evidenciar então, o poder transformativo que a arte tende a
desenvolver na vida das pessoas, e quão bem ela pode ser utilizada em um processo
terapêutico, independente da abordagem seguida. A arte aplica-se então em um papel
libertador, não apenas transformador, das crenças iniciais de um indivíduo, sendo um
meio fundamental para o empoderamento e transformação pessoal, é por meio dela que
o sujeito se torna capaz de se expressar, levar para fora de si aquilo de interno que ele
conhecia. Mas a arte também é capaz de reunir sujeitos, por meio da identificação, dos
processos de transformação de realidade criando novos significados.
E com esse conceito de ressignificação, criação e identificação, uma frase proferida por
uma das palestrantes da mesa: Cinema: A Sétima Arte Propõe Liberdade? Cinema,
Mulheres, Ideologia e Juventudes se torna muito importante para a confecção desse
texto, “jovens precisam resistir para existir”. Essa fala, carregada de poder, deixa nítido
para qualquer um que o jovem precisa batalhar para ser não apenas ouvido, mas também
escutado, e é na arte que ele muitas vezes encontra um meio de se expressar. Talvez seja
exatamente esse a forma mais fácil para que ele externalize seus pensamentos, desejos,
anseios, medos, enfim o seu viver cotidiano.
Nesse seu expressar, o jovem encontra formas de mostrar que está presente na
sociedade, por mais que ela tente ignorá-lo. É nessa arte que ele acaba por se descobrir,
e até mesmo encontrar outros que compartilhem de seus gostos, criando assim vínculos
que nessa fase da vida são mais do que importantes, é o sentimento de pertencimento
que encontra forças e ali se estabelece.
Com esse enxerto apresentado, é impossível para o psicólogo social não reconhecer o
seu papel no fazer das mais diversas psicologias, que sejam aptas a atingir toda a
sociedade, não como aquele sujeito que salvará o mundo das injustiças, mas como um
meio facilitador para que os indivíduos se tornem capazes de construir um processo
emancipatório, no qual consigam ver não apenas a si mesmo como alguém dotado de
características, pensamentos e desejos, mas também como um sujeito modificador do
meio no qual esta inserido. E a arte com todo o seu poder tende a ser uma forte aliada
nesse árduo processo de autoconhecimento, criando novos laços e até fortalecendo os já
existentes. Da mesma forma que não existe uma única psicologia (ainda mais se
tratando do âmbito social), não existe uma única arte, então aquele conceito já
ultrapassado e até infantil de que “apenas o que eu gosto é arte” deve ser erradico caso
se queira atingir um enorme número de pessoas, e assim trespassar para o mundo
interno e externo dessas, aproximando cada vez mais o sujeito de si mesmo e dos
outros.
É nesse ponto que a psicologia e arte devem caminhar juntas, como um suavizador do
impacto do mundo, alcançando cada vez mais sujeitos e contribuindo então no já citado
processo de empoderamento.
“A arte existe porque a vida não basta.”
E a psicologia tem como dever, facilitar essa vida.

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