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Jonias de O. e Silva
MODALIDADES
Previstas no artigo 22 da Lei 8.666/93 e Lei 10.520/02, as modalidades criam maior amplitude de competição,
na medida em que os valores são maiores, ou que o objetivo seja diferenciado.
Convite
Escolhidos livremente e convidados em número mínimo de 3 (três), dentre interessados do ramo pertinente ao
seu objeto, cadastrados ou não.
O órgão deverá afixar, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais
cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e
quatro) horas da apresentação das propostas.
Tomada de Preços
Interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o
terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.
Concorrência
Quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos
de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.
Concurso
Quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de
prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com
antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.
Leilão
Quaisquer interessados, para a venda de bens móveis inservíveis para a administração, ou de produtos
legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior
lance, igual ou superior ao valor da avaliação.
TIPOS:
A Lei 8.666/93 assim dispõe sobre os tipos de licitação:
“Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite
realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de
acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos
órgãos de controle.
§ 1o Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na modalidade concurso:
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração determinar que
será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o
menor preço;
II - a de melhor técnica;
III - a de técnica e preço.
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso.”
FASES:
O processo licitatório possuirá duas fases distintas, quais sejam:
Interna: é a junção de todos os documentos, atos e providências necessárias, para instruir o processo, antes de
anunciar ou convidar os terceiros para participar da licitação.
Está prevista nos arts. 7º e 38 da Lei 8.666/93.
Externa: é considerada a partir da publicidade que se dá ao certame; da exteriorização do assunto; da
convocação de particulares para participarem do processo; a partir do convite aos interessados.
Está prevista nosarts. 21 e 43 da Lei 8.666/93.
CONTRATAÇÃO DIRETA
Como dito antes, a regra para aquisições, contratações e concessões na Administração Pública é a LICITAÇÃO.
Entretanto, no mesmo texto que impõe essa regra, a nossa Carta Maior permite a chamada CONTRATAÇÃO
DIRETA (art. 37, XXI).
“Art. 37, inciso XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão
contratados mediante processo de licitação pública que assegure a igualdade de condições a todos os concorrentes, com
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o
qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações”. (grifos nossos)
A princípio, essa ressalva foi interpretada como sendo a DISPENSA e a INEXIGIBILIDADE.
Todavia, atualmente a doutrina classifica como Contratação Direta os seguintes institutos:
- Dispensa de Licitação
- Licitação Dispensada
- Inexigibilidade
- Vedação
DISPENSA
• Em razão do valor (incisos I e II do art. 24, da Lei 8.666/93).
• Em razão da natureza da contratação (demais incisos).
A licitação dispensável, prevista pelo artigo 24 da Lei das Licitações e Contratos Públicos, tem como traço
marcante a viabilidade de realização do certame, mas que deixa de ser feito por revelar-se inconveniente numa situação
de fato específica e em concreto.
Essas são as hipóteses de dispensa a contratação:
a) de compras e serviços de baixo valor (incisos I e II);
b) em situações excepcionais (incisos III e IV);
c) seguinte à licitação anterior frustrada ou deserta (inciso V);
d) em que há a apresentação de preços manifestamente acima dos praticados no mercado nacional (inciso VII);
e) de entidades sem fins lucrativos (incisos XIII, XX e XXIV);
Em todas essas situações a realização do processo licitatório é viável, mas se mostra inconveniente aos
interesses públicos, seja porque os custos do certame superariam os gastos com a contratação, seja por questões de
emergência, dentre outras razões tópicas.
Vejamos:
“Art. 24. É dispensável a licitação:
I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do
inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e
serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do
inciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um
mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de
situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros
bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou
calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e
oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação
dos respectivos contratos;
V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida
sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas;
VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o
abastecimento;
VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos praticados no
mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, observado o
parágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços,
por valor não superior ao constante do registro de preços, ou dos serviços;
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços
prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico
em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado;
IX - quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos em
decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional;
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da
administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja
compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia;
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em conseqüência de rescisão
contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas
pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido;
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a
realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no preço do dia;
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do
ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a
contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo
Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder Público;
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada,
desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade.
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da administração, e de
edições técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de informática a pessoa jurídica de direito público
interno, por órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, criados para esse fim específico;
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira, necessários à
manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos,
quando tal condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia;
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios, embarcações, unidades
aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou
localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento, quando a exiguidade
dos prazos legais puder comprometer a normalidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não exceda ao
limite previsto na alínea "a" do incico II do art. 23 desta Lei:
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal
e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos
meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituída por decreto;
XX - na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada
idoneidade, por órgãos ou entidades da Admininistração Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de mão-
de-obra, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado.
XXI - para a aquisição de bens e insumos destinados exclusivamente à pesquisa científica e tecnológica
com recursos concedidos pela Capes, pela Finep, pelo CNPq ou por outras instituições de fomento a pesquisa
credenciadas pelo CNPq para esse fim específico;
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com concessionário,
permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica;
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com suas
subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço
contratado seja compatível com o praticado no mercado.
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas
no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão.
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento
para a transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida.
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade de sua
administração indireta, para a prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato
de consórcio público ou em convênio de cooperação.
XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis
ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas
exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais
recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública.
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que envolvam,
cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente
designada pela autoridade máxima do órgão.
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos contingentes militares das Forças
Singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à
escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da Força.
XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a
prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e
Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei federal.
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3o, 4o, 5o e 20 da Lei no 10.973, de
2 de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação dela constantes.
Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste artigo serão 20% (vinte por
cento) para compras, obras e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa
pública e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas.”
Resumindo -Dispensa de Licitação:
I - Lei Federal nº 8.666/1993, art. 24;
II -Licitação viável, mas inconveniente;
III - Uso facultativo(discricionário);
IV - Rol taxativo de hipóteses.
LICITAÇÃO DISPENSADA
Segundo a interpretação mais recente dos doutrinadores e jurisconsultos, licitação dispensada é aquela em que a
própria lei a declarou como tal.
Essa espécie de contratação direta é prevista nos incisos I e II do art. 17 da Lei de Licitações e Contratos,
que se referem à alienação de bens móveis e imóveis pela Administração Pública.
Por regra, toda alienação de bens por órgão público depende de prévia avaliação pecuniária e
autorização legislativa e se processa por licitação na modalidade de concorrência.
No entanto, ali a lei relacionou alguns tipos de alienação e dispensou a licitação.
Vejamos:
“Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público devidamente
justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas
e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na
modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:
a) dação em pagamento;
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de
governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i;
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei;
d) investidura;
e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo;
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens
imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de
regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública;
g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante
iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja competência legal inclua-se tal atribuição;
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens
imóveis de uso comercial de âmbito local com área de até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros quadrados) e inseridos
no âmbito de programas de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da
administração pública;
i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras públicas rurais da União na Amazônia
Legal onde incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para
fins de regularização fundiária, atendidos os requisitos legais;
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada esta nos seguintes casos:
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação de sua oportunidade e
conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação;
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública;
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação específica;
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração Pública, em virtude de
suas finalidades;
f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Administração Pública, sem utilização
previsível por quem deles dispõe.”
INEXIGIBILIDADE:
• Exclusivamente em razão da natureza do objeto (art. 25, caput e incisos).
• Quando a competição for inviável.
A inexigibilidade se caracteriza pela inviabilidade de competição, o que torna impossível a licitação.
Os três casos hipotéticos e ilustrativos de inexigibilidade trazidos pela lei são:
a) fornecedor exclusivo – quando só há um único fornecedor de materiais, equipamentos ou gêneros, sendo vedadas
quaisquer preferências por marcas (I);
b) serviços técnicos especializados – quando há notória especialização de profissionais ou empresas, sendo vedadas as
contratações de serviços de divulgação ou publicidade por esta via (inciso II);
c) atividades artísticas – quando o artista, de qualquer ramo, é amplamente conhecido e aclamado pela crítica
especializada ou pela opinião pública (III);
Resumindo - Inexigibilidade:
I - Lei Federal nº 8.666/1993, art. 25;
II - Licitação inviável;
III - Uso obrigatório(vinculado);
IV - Rol exemplificativo de hipóteses.
VEDAÇÃO:
A mais recente interpretação doutrinária insere mais um tipo de contratação direta no rol, por entender
que se trata de proibição por inconveniência administrativa e lesão ao interesse público.
Trata-se do item relacionado dentre aqueles enquadrados como hipótese de dispensa de licitação, no art.
24, III, IV e IX, da Lei nº 8.666/93.
Em caso de EMERGÊNCIA, realizar licitação viola o interesse público.
Exemplos:
- compra de vacina durante epidemia...
- armas durante a guerra
CONCLUSÃO
Diante do explanado, o Credenciamento trata-se de um instrumento célere para contratação de prestadores de
serviço na área de saúde muito bem vindo, vez que o Poder Público, atualmente, não possui condições de prestar
serviços médicos de modo exclusivo sob pena de maltratar ainda mais a população desprovida e usuária do Sistema
Único de Saúde. Não somente isto, no intuito de prestar um serviço humano e de qualidade à população, o Gestor
Público que deseja credenciar prestadores da área de saúde deve fixar critérios e exigências mínimas de estrutura física e
de atendimento, entretanto, não tornando tais condições barreiras instransponíveis para novos participantes.
PASSO A PASSO
Para operacionalização da compra de alimentos da Agricultura Familiar para a Alimentação Escolar:
1º Passo – Cardápio
Os cardápios da alimentação escolar deverão ser elaborados pelo nutricionista responsável, respeitando e
promovendo a cultura alimentar local, a diversificação agrícola da região, uma alimentação saudável e
adequada, além da sustentabilidade.
2º Passo - Chamada Pública
As Entidades Executoras (Secretaria Estadual de Educação, Prefeituras ou escolas) deverão publicar, por
meio de Chamada Pública (que é modalidade de edital restrito à agricultura familiar), a demanda de produtos, e
quantidade, da agricultura familiar.
3º Passo - Preços de Referência
Os preços de referência servirão de parâmetro para os valores dos produtos a serem adquiridos,
demonstrando que o gestor (Entidade Executora) pagou preços justos. Devem ser atualizados semestralmente.
4º Passo - Elaboração de Projeto de Venda
O Projeto de Venda deverá ser elaborado pelo grupo formal ou grupo informal (assessorado pela Entidade
Articuladora), sempre de acordo com a Chamada Pública. É o documento que formaliza o interesse dos
Agricultores Familiares em venderem para a Alimentação Escolar.
5º Passo - Recebimento de Projeto de Venda
A Entidade Executora receberá os Projetos de Venda, que devem ser acompanhados da documentação de
habilitação dos potenciais fornecedores (DAP, Projeto de Venda e outros).
6º Passo - Seleção de Projeto de Venda
A Entidade Executora seleciona os Projetos de Venda e terão prioridade, nesta ordem, os projetos dos
municípios, da região, do território rural, do estado e do país.
7º Passo - Assinatura do Contrato
O Contrato é o instrumento legal que formaliza a relação de compra e venda de alimentos da Agricultura
Familiar para a Alimentação Escolar. Estabelece o cronograma de entrega dos produtos e a data de pagamento dos
agricultores familiares.
8º Passo - Entrega dos Produtos
A entrega dos produtos será de acordo com o cronograma previsto no Contrato. O Termo de Recebimento,
assinado pela Entidade Executora e Agricultores Familiares, atesta que os produtos entregues estão de acordo com o
contrato e com os padrões de qualidade exigidos."
Lembrando que:
A prefeitura pode decidir contratar uma firma para fornecer a merenda. A firma prepara os alimentos e
serve a merenda já pronta para o consumo. É o que se chama terceirização.
Nesse caso, o contrato feito com a firma deve separar a parte do preço que corresponde aos alimentos e a
parte do preço que corresponde aos serviços de preparar os alimentos e servir aos alunos. O dinheiro da merenda só
pode ser utilizado para pagar a parte referente ao custo dos alimentos.
As outras despesas deverão ser pagas com dinheiro da própria prefeitura.
Está errado se o contrato não separar o custo dos alimentos do custo dos serviços. Também não está certo se o
dinheiro do Programa estiver sendo usado para pagar a parte dos serviços.
Lembrando que existe obrigatoriedade de criação de Conselhos de Alimentação Escolar – CAE, com caráter
fiscalizador, permanente, deliberativo e de assessoramento.
http://jus.com.br/artigos/18123/chamada-publica-de-compra-programa-nacional-de-alimentacao-
escolar#ixzz2fpuEpPBa
g) RDC - Regime diferenciado de contratação
O Regime Diferenciado de Contratação (RDC) foi inaugurado, formalmente, com a Lei 12.462, de 2011. Na
esfera federal, o diploma foi regulamentado pelo Decreto 7.581, de 2011.
Inicialmente, as regras simplificadas dirigiram-se às contratações de bens e serviços para a Copa das Confederações
(2013), Copa do Mundo (2014) e Jogos Olímpicos (2016). Vejamos:
Art. 1o É instituído o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), aplicável exclusivamente às
licitações e contratos necessários à realização:
I - dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, constantes da Carteira de Projetos Olímpicos a ser definida
pela Autoridade Pública Olímpica (APO); e
II - da Copa das Confederações da Federação Internacional de Futebol Associação - Fifa 2013 e da Copa do
Mundo Fifa 2014, definidos pelo Grupo Executivo - Gecopa 2014 do Comitê Gestor instituído para definir,
aprovar e supervisionar as ações previstas no Plano Estratégico das Ações do Governo Brasileiro para a
realização da Copa do Mundo Fifa 2014 - CGCOPA 2014, restringindo-se, no caso de obras públicas, às
constantes da matriz de responsabilidades celebrada entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios;
III - de obras de infraestrutura e de contratação de serviços para os aeroportos das capitais dos Estados da
Federação distantes até 350 km (trezentos e cinquenta quilômetros) das cidades sedes dos mundiais referidos nos
incisos I e II.
Observação: a Autoridade Pública Olímpica é consórcio público de Direito Público, sob a forma de autarquia em
regime especial. O Protocolo de Intenções firmado entre a União, Estado do RJ e Município do RJ foi ratificado,
na esfera federal, pela Lei 12.396, de 2011.
Apesar de a Lei ter sido editada pela União, dentro de sua competência privativa de legislar sobre normas
gerais em matéria de licitações e contratos (norma, a priori, válida para todos os entes políticos e suas Administrações),
o RDC não é extensível, na matéria dos incisos I a III, a todos os entes da Federação. Perceba, na leitura do inc. III,
que a Lei pode alcançar, conforme o caso, Estados da Federação distantes até 350 km das cidades sedes dos mundiais.
Ademais, esclareça-se que o RDC não é obrigatório para a construção de estádios, aeroportos e obras de
infraestrutura. Isto é, a Administração Pública pode, por conveniência, utilizar-se da Lei de Concessões de Serviços
Públicos (a Lei 8.987, de 1995), da Lei 8.666, de 1993, ou, ainda, da Lei da Parceria Público-Privada.
Acrescenta-se que as particularidades do RDC, por serem desburocratizantes, notadamente gerenciais (eficientes),
foram, recentemente, estendidas a objetos diversos dos esportes. Vejamos:
Art. 1o É instituído o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), aplicável exclusivamente às
licitações e contratos necessários à realização:
(...)
IV - das ações integrantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
V - das obras e serviços de engenharia no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS.
Assim, com essa inserção, mais especificamente do inc. V ao art. 1º, a Lei do RDC, que antes era
doutrinariamente reconhecida como norma temporária (encerrar-se-ia em 2016 com os Jogos Olímpicos), caminha
para a definitividade, afinal o SUS é sistema constitucional dotado de permanência. Assim, restam amenizadas as ideias
de que o RDC não é aplicável a todos os entes da Federação e é norma de caráter temporário, isso porque o PAC e o
SUS não se restringem aos Estados e Municípios em que ocorrerão a Copa e os Jogos Olímpicos, e o SUS é programa
de Governo perene.
ERROS PROCESSUAIS/PROCEDIMENTAIS
Segundo determina o artigo 26 da Lei Federal nº 8.666/1993, chamada popularmente de “lei das licitações
públicas”, mesmo nos casos em que não se exigir o certame, deverá ser elaborado o respectivo processo administrativo,
com procedimentos próprios de cada espécie de contratação direta, e respectivas comprovações de cumprimento das
imposições legais.
“Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o (títulos de propriedade e direitos reais) e 4o (doações de interesse
público) do art. 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade referidas no art. 25,
necessariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do parágrafo único do art. 8o desta Lei
deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na
imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia dos atos.” Observação entre
parênteses e grifo nosso.
Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste artigo, será
instruído, no que couber, com os seguintes elementos:
I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique a dispensa, quando for o caso;
II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
III - justificativa do preço.
IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens serão alocados.”
Fazer dispensa e inexigibilidade não significa abrir mão de toda e qualquer formalidade.
O art. 38 da Lei 8.6669/93 disciplina um procedimento genérico de licitação, servindo também para a
contratação direta. Diz o caput que:
“O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de processo administrativo, devidamente
autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e
do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão juntados oportunamente (...)”
O TCU também se manifestou sobre as formalidades necessárias no processo de contratação direta:
“Além disso, o art. 38 da Lei nº 8.666/93, ao disciplinar de forma genérica o procedimento licitatório,
especifica as informações "e os documentos que devem constar do processo respectivo, entre os quais
destaco: a indicação do recurso próprio para a despesa e os pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre
a licitação, dispensa ou inexigibilidade" ("caput" e inciso VI do referido dispositivo legal,
respectivamente).
Observa-se, portanto, que o procedimento da licitação, em seu sentido lato, tal como consta da Lei, abrange
tanto as contratações diretas como aquelas realizadas mediante prévia licitação, e não poderia ser
diferente, uma vez que, na lição do saudoso mestre Hely Lopes Meirelles, o procedimento administrativo,
no qual se inclui o licitatório, "é a sucessão ordenada de operações que propiciam a formação de um ato
final objetivado pela Administração" ("in” Direito Administrativo Brasileiro, 18ª ed., p. 139).
Ora, se o gestor tem por dever e objetivo garantir a contratação mais vantajosa para o órgão, os atos
precedentes devem integrar apenas um processo, ao qual são juntados, também, se for o caso, os elementos
explicitados no parágrafo único, incisos I a III, do art. 26 da Lei nº 8.666/93.
Nesse contexto, é de se concluir que inexistem processos autônomos de dispensa e inexigibilidade de
licitação, sendo aplicável, portanto, à espécie as disposições contidas no "caput” do art. 38 da referida
norma legal (...)”(Decisão 233/96 – 1ª Câmara)
Já no art. 26 da Lei 8.666/93 a ordem desse dispositivo é muito clara, na exigência de que haja um processo
com vários procedimentos, nas contratações diretas. Vejamos:
“Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e 4o do art. 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações
de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do
parágrafo único do art. 8o desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade
superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para
a eficácia dos atos.
Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste artigo, será
instruído, no que couber, com os seguintes elementos:
I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique a dispensa, quando for o caso;
II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
III - justificativa do preço.
IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens serão alocados.”
Conforme orienta o mestre Jacoby Fernandes, o processo administrativo das contratações diretas deverá possuir
ao menos:
a) abertura de processo administrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado e a autorização respectiva para a
compra ou contratação da obra ou serviço, conforme art. 38, caput;
b) perfeita indicação do objeto pretendido pela Administração, conforme art. 14 e, em se tratando de obras e qualquer
serviço, - não apenas os de engenharia, - projeto básico, de acordo com o art. 7º, § 2º c/c o § 9º;
c) Elaboração da minuta do contrato a ser firmado;
d) elaboração de parecer técnico ou jurídico, emitidos na oportunidade;
e) decisão sobre licitar ou não, que poderá ter singela motivação se acolher o parecer antes referido e este estiver bem
fundamentado;
f) comunicação à autoridade superior;
g) ratificação da dispensa ou inexigibilidade;
h) publicação da ratificação;
i) assinatura do termo de contrato ou retirada do instrumento equivalente;
j) execução do contrato;
k) recebimento do objeto (de acordo com o art. 73 e 15, § 8º;
l) pagamento.
Obs. Valores menores não precisam ser publicados...
DESERÇÃO OU FRACASSO
São formas anormais do encerramento da licitação:
Licitação deserta – ocorre quando não comparece nenhum interessado na licitação;
Licitação fracassada/frustrada – ocorre quando, mesmo tendo aparecido interessados, suas respectivas
habilitações e/ou propostas padecem de vícios insanáveis sendo impossível levar adiante a licitação nestas condições.
LICITAÇÃO DESERTA
Inciso V, do art. 24:
“quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida
sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas;”
Esta situação ficou mais conhecida como licitação deserta, ou seja, a licitação que não tem participantes. São
requisitos para utilizar o inc. V do art. 24:
a) licitação anterior válida;
b) ausência de participantes;
c) demonstração de que o refazimento da licitação trará prejuízos;
d) impor ao interessado na contratação as mesmas condições (de habilitação e proposta) veiculados no edital de licitação
Retomando a jurisprudência do TCU:
“Em relação à contratação com dispensa de licitação para a execução das obras relativas ao lote 3, ela foi
feita com base no art. 24, inciso V, da Lei nº 8.666/93, que permite a contratação direta no caso de não acudirem
interessados à licitação anterior e o certame não puder ser repetido sem prejuízo para a administração.
Absolutamente, não estavam presentes os requisitos pertinentes à contratação com tal fundamento.
Primeiramente, é bastante estranho o contexto em que se caracterizou a licitação deserta. 17 empresas adquiriram o
edital e fizeram a caução exigida.
Entretanto, elas não teriam adentrado a sala de reuniões, o que caracterizaria seu desinteresse em participar
do certame. Inicialmente, é pouco crível que todas essas empresas, apesar de retirarem o edital e apresentarem a
caução, de repente tenham desistido de participar, sem razão aparente.
Além disso, o fato de alguma empresa não assistir à sessão de julgamento não significa que ela não esteja
interessada em participar da licitação, uma vezque não é obrigatória a presença física de representante da empresa
para que sua proposta seja considerada no certame.
Ainda que se pudesse caracterizar a licitação como deserta, não estaria justificada a contratação com base no
art. 24, inciso V, da Lei nº 8.666/93, pois se teria que demonstrar que a repetição do certame traria prejuízos à
administração, conforme reza o dispositivo, o que não foi feito.
Aliás, entre o dia em que se declarou deserta a licitação (fls. 801/802, anexo 3, v.4) e a data em que foi feita a
contratação por dispensa de licitação (fl. 799, anexo 3, v.4), decorreram quase 4 meses, tempo suficiente para
realização de nova licitação.
Cabe mencionar, também, que não houve motivação para a escolha do consórcio contratado para realizar as
obras, conforme exige o art. 26 , parágrafo único, inciso II, da Lei nº 8.666/93.
A contratação com dispensa de licitação, portanto, foi ilegal.” (Acórdão 2648/2007 - Plenário)
LICITAÇÃO FRACASSADA
Inciso VII, do art. 26:
“quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos praticados no
mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em que,
observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta
dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de preços, ou dos serviços;”
Onde a lei fala parágrafo único, leia-se parágrafo 3º, pois as alterações legislativas incluíram novos parágrafos.
Este § 3º está assim redigido:
“§ 3º Quando todos os licitantes forem inabilitados ou todas as propostas forem desclassificadas, a
administração poderá fixar aos licitantes o prazo de oito dias úteis para a apresentação de nova
documentação ou de outras propostas escoimadas das causas referidas neste artigo, facultada, no caso de
convite, a redução deste prazo para três dias úteis.”
O inciso trata da licitação fracassada, ou seja, a licitação à qual compareceram licitantes, porém, por
problemas nas propostas ou documentos de habilitação não se pôde chegar adjudicar o objeto – foram todas as propostas
desclassificadas ou foram todos os licitantes inabilitados.
Requisitos para utilização do inciso:
a) realização de licitação;
b) insucesso da licitação (preço excessivo, cotação incorreta, problemas na habilitação);
c) foi facultado aos licitantes corrigir os vícios que impediram sua participação efetiva, todavia, em nova apresentação
os erros foram mantidos;
d) exista interessado em contratar por valor adequado.
REQUISITOS GERAIS
A orientação é no sentido de que TODOS os demais requisitos exigíveis para o processo sejam atendidos
(procedimentos formais, preço, etc.), em todas essas espécies de dispensa em razão da pessoa do contratado.
Inclusive, os órgãos de controle (interno e externo) tem se manifestado que nascontratações diretas de
instituições privadas, sem fins lucrativos (Terceiro Setor - ONGs – OSCIPs...), deva-se verificar a finalidade e o
objetivo de desenvolvimento institucional buscados pela Administração se enquadram na específica atuação
desempenhada por dita instituição (vide Acórdão nº 198/2011, no material eletrônico).
Ou seja: no processo contratação dessas espécies, o órgão contratante precisa ter certeza de que aquela instituição possui
objetivo social coincidente com o objeto do contrato que se pretende.
E jamais relevar a exigência de cotação de preço no mercado, a fim de que não haja superfaturamento, ferindo o
princípio da economicidade.
INVIABILIDADE DE COMPETIÇÃO
A lei 8.666/93 prevê que:
“Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor,
empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de
exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se
realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou,
ainda, pelas entidades equivalentes;
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com
profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade
e divulgação;
III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário
exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.”
EXCLUSIVIDADE DE FORNECEDOR
O TCE/PR já se manifestou sobre algumas matérias, concretas ou em tese, alertando para os cuidados que se
deve ter na verificação não apenas da existência de fornecedor exclusivo, mas, antes de tudo, da insubstituição do objeto
(vide Acórdão nº 940/08 no material eletrônico).
É que, em primeiro lugar tem que ficar comprovada a necessidade insubstituível daquele serviço ou produto.
Vejamos o exemplo da Consulta formulada pelo Município de Maringá, na qual solicitou autorização do TCE
para contratar por inexigibilidade com empresa que possuía tecnologia patenteada (exclusiva) na área de tratamento de
resíduos sólidos (lixo).
O Tribunal respondeu que dependia.
Questionou que a exclusividade se dava apenas em alguns pontos do processo e não em seu todo.
Por isso, existiam alguns tipos de serviços (objetos) para os quais não havia exclusividade da empresa...
Por outro lado, indagou se apenas aquele sistema seria o mais adequado às necessidades locais, pois existem
vários outros métodos viáveis (reciclagem por cooperativas, trincheiras, tratamentos diversos, etc.).
Assim, é preciso muito cuidado e amplo estudo, sempre que se pretender indicar a inviabilidade de competição,
entre empresas fornecedoras de serviços ou produtos com exclusividade.
INVIABILIDADE DE COMPETIÇÃO:
Inviabilidade de competição não é o mesmo que impossibilidade de disputa.
ão se há de confundir “competição” com “disputa”.
Esta poderá até ser viável (vários especialistas na área, por exemplo), mas aquela poderá resultar em escolha
inadequada para o contratante.
SERVIÇOS SINGULARES
Singular é o serviço técnico que não se possa atribuir critérios objetivos de julgamento para a escolha do
fornecedor.
O TCU, interpretando a matéria, editou em 13 de abril de 2010 a Súmula nº 252, com o seguinte teor:
"A inviabilidade de competição para a contratação de serviços técnicos, a que alude o inciso II do art. 25
da Lei nº 8.666/93, decorre da presença simultânea de três requisitos: serviço técnico especializado, entre
os mencionados no art. 13 da referida lei, natureza singular do serviço e notória especialização do
contratado"
Com isso, aponta pela necessidade de ocorrência, simultânea, de 3 requisitos básicos a serem analisados, quais
sejam:
- serviço técnico especializado;
- natureza singular do objeto; e
- notória especialização do contratado.
Vale lembrar que a Lei das Licitações Públicas esclarece, no parágrafo primeiro do art. 25, que:
“§ 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua
especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização,
aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir
que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do
contrato.”
Com isso, surgem grandes complexidades na interpretação dos casos concretos, onde se vislumbra a
inexigibilidade embasada nesse dispositivo legal.
EXEMPLO PRÁTICO 1: despesas com inscrições em cursos de capacitação ou contratação de
professores/conferencistas
Os cursos especializados podem ser adquiridos pelos Municípios por processo de Inexigibilidade de Licitação,
haja vista que o gasto se enquadra na previsão do inciso II, do art. 25, da Lei 8.666/93, combinado com o art. 13, II,
desta mesma lei.
“Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os trabalhos
relativos a:
...
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal”
“Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:
...
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com
profissionais ou empresas de notória especialização...”
Inclusive, o TCU-Tribunal de Contas da União já decidiu reiteradas vezes, que a despesa com a participação de
agentes públicos em cursos de capacitação não exige licitação, conforme processo TCU -DC-0439-27/98-P e publicação
DOU de 05.02.2010, S. 1, p. 99.
Posicionamento este, embasado na inviabilidade de competição, se identificadas as seguintes características:
-natureza singular: indicação (interpretação) de quenão existe outro curso igual; inexiste outro professor igual; tanto
o conteúdo programático, quanto a metodologia e didática, são únicos...
- serviço técnico especializado: o curso deverá ser composto por orientações peculiares no âmbito da Gestão Pública
Municipal, abrangendo áreas específicas, voltado para a capacitação de agentes públicos municipais; não são cursos que
interessam à iniciativa privada, mas só e unicamente ao meio público; não interessam aos outros entes da federação, mas
só e unicamente ao agentes públicos municipais;
- notória especialização da contratada: o fornecedor deverá atuar especificamente na capacitação e treinamento de
agentes municipais, com experiência e carga; possuir corpo docente com qualificação e experiência prática na respectiva
área ministrada.
Valendo complementar ainda que a Advocacia Geral da União(AGU) expediu recentemente a Orientação
Normativa/ AGU nº 18, de 01.04.2009 (DOU de 07.04.2009, S. 1, p. 14), manifestando-se pela Inexigibilidade na
aquisição de inscrições para cursos técnicos, indicando os procedimentos cabíveis.
Vejamos:
“Contrata-se por inexigibilidade de licitação com fundamento no art. 25, inc. II, da Lei nº 8.666, de 1993,
conferencistas para ministrar cursos para treinamento e aperfeiçoamento de pessoal, ou a inscrição em
cursos abertos, desde que caracterizada a singularidade do objeto e verificado tratar-se de notório
especialista”
In AGU - Orientação Normativa/AGU nº 18, de 01.04.2009, DOU de 07.04.2009, S. 1, p. 14:
Ressaltando que este é outro item de suma importância na análise da questão: o órgão público não promove
cursos, mas, sim, adere aos cursos que a fornecedora disponibiliza para todos os clientes em potencial.
Assim, haverá uma espécie de contrato de adesão, o que fortalece ainda mais a concepção de inexigibilidade
licitatória.
Quanto à justificativa do preço, comprovando o não superfaturamento, de se informar que, indubitavelmente,
tenha que estar de acordo com os valores cobrados pelos demais cursos presenciais, tanto pela fornecedora quanto pelo
mercado da área, devendo considerar também a qualidade do produto.
EXEMPLO PRÁTICO 2: contratação de serviços advocatícios (propositura, defesa, assessoria, consultoria,
pareceres...).
O TCE/SC já se posiciona há algum tempo, sobre a possibilidade de contratação direta por processo de
inexigibilidade, de serviços técnicos especializados, acrescendo que a notoriedade do profissional ou empresa, deva ser
medida no meio ao qual essa pessoa (física ou jurídica) atue.
Vejamos o texto do Prejulgado nº 444 daquela corte de contas (processo CON-TC0026805/75):
“A contratação direta de profissional por inexigibilidade de licitação fundamentada no artigo 25, inciso II
da Lei Federal nº 8.666/93, só é legal quando o serviço a ser prestado for singular, incomum à
Administração, e o profissional for notoriamente especializado, ou seja, reconhecido no meio da
comunidade de especialistas da qual pertence, além de a sua especialidade ser pertinente à natureza do
serviço a ser prestado.”
Por outra banda, vale ressaltar que as contratações de serviços advocatícios por inexigibilidade, devem
condicionar-se aos seguintes requisitos:
a) o órgão não tenha profissional advogado (ou, se tiver, a demanda exija conhecimentos que extrapolam o dos
profissionais do ente contratante);
b) as demandas judiciais não constituam serviços comuns de advocacia;
c) o advogado se destaque, notoriamente, entre os pares como especialista;
d) o contratado exerça pessoalmente o patrocínio da causa, vedado, portanto, o substabelecimento a advogados que não
detenham a notória especialização.
ARTISTA
A lei 8.666/93 prevê que:
“Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:
...
III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário
exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.”
Neste inciso, compete ressaltar que as irregularidades podem aparecer no tocante à interpretação de dois temas:
1- como caracterizar/comprovar a adequação do termo “artista consagrado”
2- com quem se contrata (agente, empresário ou pessoa física do artista)?
A primeira indagação pode ser respondida, a princípio, com a leitura da frase desde que consagrado pela crítica
especializada ou pela opinião pública, constante do dispositivo legal.
Entretanto, existem muitos casos de contratação de supostos artistas, para os quais não se comprovou essa
consagração pública.
Portanto, para se comprovar essa consagração da crítica ou da opinião pública, vale juntar ao processo todos os
tipos de provas, como explica a Resolução nº 15/2013, do Tribunal de Contas de Tocantins:
“Acontratação de artistas regionais ou locais pode ser efetuada por inexigibilidadede licitação com base no
artigo 25, III da Lei Federal 8.666/93, desde que sejaconsagrado pela crítica regional ou local ou ainda
pela opinião pública,devendo ser utilizado como comprovação, desempenhos anteriores,
matériasjornalistas, fotos de shows, vídeos, informativos, etc.”
Quanto à segunda questão, registramos que, segundo a interpretação majoritária, o termo “empresário
exclusivo”deve ser obedecido literalmente.
Com isso, ou se contrata diretamente com o artista (pessoa física ou jurídica), ou por intermédio de seu
representante único.
FRACIONAMENTOS E PARCELAMENTOS
1 - FRACIONAMENTO
O cuidado que se deve ter nestas hipóteses é de não fracionar indevidamente a contratação.
Fracionamento indevido é a “quebra” da contratação em diversas contratações menores para “escapar” da
licitação.
Ex. preciso adquirir 1.000 pneus ao custo de R$ 85,00 cada.
No total terei um gasto de R$ 85.000,00 que requer, no mínimo, a instauração de convite.
Para evitar a licitação, compro nesse mês, por dispensa com base no inc. II 90 pneus totalizando R$ 7.650,00.
No próximo mês, repito a operação. Isto é burlar a obrigatoriedade da licitação.
PARCELAMENTO:
Por outro lado, a falta de parcelamento de objeto que implique diminuição sensível de licitantes aptos a prestar
parte dos serviços demandados configura violação ao comando contido no art. 23, § 1º, da Lei nº 8.666/1993.
Conforme julgou o TCU (Acórdão n.º 491/2012-Plenário, TC 037.753/2011-8, rel. Min. Valmir Campelo,
7.3.2012), em representação formulada por empresa, que deu notícia de possíveis irregularidades no Pregão Eletrônico
229/7066-2011 conduzido pela Caixa Econômica Federal – CEF para a contratação de prestação de serviço de
transporte de executivos da entidade, com disponibilização de um veículo blindado e 12 carros de passeio.
O citado certame foi suspenso cautelarmente por meio de despacho de Presidente do Tribunal em substituição,
o qual foi posteriormente endossado pelo Plenário.
Os indícios que justificaram a adoção dessa medida consistiram na ausência de parcelamento do objeto.
A Corte de Contas Federal considerou-se que a “adjudicação global” do serviço implicaria afronta ao comando
contido no art. 23, § 1º, da Lei nº 8.666/1993.
O relator do feito, ao se deparar com informações prestadas pela CEF, anotou que o citado objeto “possui
natureza divisível (...), o que, em tese, afastou a participação de empresas que não estavam habilitadas a fornecer a
totalidade dos itens especificados, mas que poderiam trazer uma proposta mais vantajosa para a Caixa, no que diz
respeito aos demais itens”.
Observou, ainda, que a própria CEF adotara providências com o intuito de revogar o certame em tela e,
também, de lançar novo edital em que efetuaria a divisão do objeto.
O Tribunal, então, ao acolher proposta do relator, decidiu:
“9.1. conhecer da Representação (...) para, no mérito,considerá-la parcialmente procedente; 9.2.
determinar à Caixa Econômica Federal que, quando da elaboração de novo certame para substituição do
Pregão Eletrônico 229/7066-2011, promova a separação do objeto em dois itens distintos, a saber, veículo
não blindado e veículo blindado ...”.
Em outro caso, no TCU, sobre a licitação de serviços advocatícios, o Tribunal definiu que a ausência de
estudo técnico, financeiro, ou de pesquisa de mercado prévios sobre a pertinência de parcelamento de dado objeto,
quando esse se revela possível, configura, por si só, afronta ao § 1º do art. 23 da Lei 8.666/1993.
Ainda nos autos do referido agravo em que a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) pleiteou a
revogação de medida cautelar que suspendeu a Concorrência 2/2011 Galic-AC/CBTU, o relator cuidou da inexistência
de justificativa para o não parcelamento do objeto.
Observou que, a despeito da regra geral de parcelamento do objeto, emanada do § 1º do art. 23 da Lei
8.666/1993, a CBTU decidiu realizar licitação para contratar um único escritório para a prestação de serviços técnicos
de advocacia, envolvendo o patrocínio da totalidade de 6.562 ações, distribuídas por várias unidades da Federação.
Acrescentou que cerca de 44% das ações estão vinculadas à administração central da CBTU e que o restante
está espalhado por outros estados da Federação.
Ao ser questionada a esse respeito, a CBTU asseverou que, nessa configuração, os preços unitários tendem a ser
menores do que aqueles que seriam obtidos em licitação por lotes; sete licitantes apresentaram propostas; contratações
descentralizadas impõem maiores custos e dificuldades operacionais; há ganhos resultantes da uniformização de ritos,
procedimentos, estratégias jurídicas ...
Observou o relator, no entanto, que, a despeito da plausibilidade desses argumentos, a empresa não havia
apresentado nenhum estudo técnico, financeiro, ou pesquisa de mercado sobre a conformação do objeto a ser licitado,
previamente ao lançamento do edital, o que prejudica o controle da legalidade e da economicidade dos atos da
Administração.
O Tribunal, então, também por esse motivo, ao acolher proposta do relator, determinou à CBTU que adote as
providências necessárias à anulação da Concorrência 2/2011 Galic-AC/CBTU.
InAcórdão n.º 525/2012-Plenário, TC 032.341/2011-3, rel. Min. Weder de Oliveira, 7.3.2012 - Precedentes
mencionados: Acórdãos 2389/2007, 2625/2008, 2864/2008, 839/2009 e 262/2010, todos do Plenário..
Critérios de entrega:
É comum nos depararmos com Editais e Minutas de Contratos, nas Licitações Públicas Municipais, nos quais
inexistem regras para a entrega das mercadorias, produtos ou serviços.
É certo que o papel do setor de licitações se encerra na contratação do objeto, não se responsabilizando pela
entrega/recebimento do mesmo.
Contudo, as eventuais falhas nessa fase, geralmente tiverem origem na elaboração dos documentos iniciais
(edital e contrato), pois deveriam prever mas não previram os critérios a serem adotados quando dos recebimentos do
objeto pelo órgão recebedor.
Assim, mais uma vez, alertamos para a necessidade de cuidados especiais na confecção dos editais e minutas
que os acompanham, inserindo neles exigências mínimas de controle de entrega, para vincular o fornecedor ao fiel
cumprimento do objeto.
Com isso, evitar-se prejuízos ao erário e responsabilizações por esses prejuízos e pelo enriquecimento sem
causa (fraudulento) do terceiro (fornecedor ou prestador).
Dispensas imotivadas:
Dispensar a licitação para a compra deprodutos de uso permanente e contínuo não é legal.
Adquirir no mesmo ano, em valores baixos, passíveis de dispensa, não justificam, pois caracterizam o
fracionamento da licitação.
Inexigibilidade:
Só em casos muito específicos.
Alegar que só existe um estabelecimento fornecedor na cidade não é, por si só, uma justificativa.
Simplesmente alegar que o art. 25 da Lei de Licitações (8.666/93), aponta ser inexigível o certame quando
houver inviabilidade de licitação, não torna legal, em todos os casos.
O correto é estender convites para interessados em potencial, nas circunvizinhanças e, caso, não se interessem,
comprovadamente, aí sim, poderá ocorrer a caracterização de inexigibilidade.
Assim, em caso de poucos fornecedores no local, orienta-se a não se utilizar a modalidade Convite, mas aplicar
outras como o Pregão ou a Tomada de Preços, pois ampliam o campo das possibilidades, pela divulgação obrigatória,
abrangendo universo maior de fornecedores em potencial.
Até porque, mesmo aplicando o Convite, deverá haver justificativa plausível, como previsto no art. 22, §7º, da
Lei 8.666/93.
Observação:
Vide material eletrônico atinente aos temas abordados neste curso, no AVA – ambiente virtual de aprendizado.