Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução
O método etnográfico aponta para u1na ética de interaç ão , de in-
tervenção e de participação con struída sobre a premis sa da
relativização, onde o s temas da interpretação e da crise da identi-
dade pessoal do antropólogo despontam como centrais . Guarda-
da s as divergências teórico-analítica s, trata- se de toda uma gera-
ção de antropólogo s que priorizaram o ponto de vista do "outro"
compreendido a partir do proce sso interativo em campo: o encon-
tro intersubjetivo entre o pe squi sador e os sujeitos pe squisados
con struído nas ten sões entre identidade/alteridade de ambo s .
ANAL. C. DA R OCHA & CO RNELI A E CKERT. A I NTERIORIDADE DA EXPER IÊNCIA T EMPORAL
- l 08 -
R EVISTA DE ANTR OPOLOG IA, SJ\oP AU LO , USP , 1998 , v. 4 1 nº2.
- 109 -
ANAL. C. DA R OCHA & CORNELIA ECKERT. A I NTERIORIDADE DA EXPERIÍ ~NCIA T EMPORAL
- 1 1O -
R EVISTA DE ANTR OPOLOGIA, SÃO P AULO, US P , 1998, v. 41 nº2.
univ e rsa is da c ultur a hum ana , "as estrut ura s perma ne ntes" no s
te rm os de Lévi-Straus s 16• Em parti cular , com o estr utur a lismo , o
estatuto do suj e ito ep istêm ico do antropólogo não é co nfront ado
co111os paradoxo s e as perplexidade s da sua ide ntid ade pe ss oal
no quadro da dim e nsão ten1por al tanto do s i quanto da própria
ação do se u pensa111ento sobre o mundo.
Se faltava ao m étodo etnográfico nas tradiçõe s e mpiri s ta s
problemati za r a leg ibilid ade da s " hi stória s" do s gr up os/i ndivídu -
os humano s contida s na s suas et nogra fia s, o nde o questionamento
da iqentidade pessoal do pesqui sa dor seg ue apenas o cr itér io do
que st ion am e nto da identidad e- ide11117,pre se nc iava-se , na tradição
int e lec tuali sta da Antropologia es trutur a l, um mod e lo de unifi ca-
ção do sujeito epistêmico do antropólogo na vacuidade do Co g ito
como parâm e tro de procedimento s de estudo da s c ultura s e soc ie-
dade s humana s, em que a que stão da ip se id ade é por princípio
eliminada por perda de suporte da me s1nidade 18.
No quadro do mundo colonial, que in spira tai s tradições e para -
digma s e111Antropologia, inexiste uma referência às "dinâmicas
interacionais e dialógica s que subjazem , a intersubjetividade, gra-
ças à qual o sujeito epistêmico do antropólogo aparece num per-
pétuo proce sso de descentração , na tentativa de "por-se no lu ga r
do outro", assumindo perspectiva s e po stura s alheias à sua identi -
dade pe ss oal (SOARES, 1994: 105).
Abre-se , assim, espaço para se problematizar, no corpo da s prá-
tica s antropológica s, o tema da constituição do "s i- me smo " do
etnógrafo como "um outro ", confrontado na escritura de se u texto
com o lugar de autoria/autoridade de sua produção teórico-con -
ceituai, segundo uma hermenêutica da exi stência, na impossibili-
dade do tratamento impessoal da identidade no plano conceitual.
- 11 l -
A N/\ L . e. DA R OCHA & C ORNELIA E c KERT. A I NT ERIORIDADE DA E X PERIÊNCIA T EMPOR AL
- l 12 -
R EVI STA DE ANTR OPOLOGIA, SJ..oP AU LO, USP , 1998, v. 41 nº2.
- l 13 -
ANAL. C. DA R OCHA & CORNELIA E CKERT. A I NTERIORIDADE DA EXP ERIÊNCIA T EMPORAL
- l 14 -
REVI ST A DE ANTR OPOLOGI A, S ÃO P AU LO, USP , 1998, v. 41 nº2.
- 115 -
ANAL. e.oA RocHA & CoRNEuA Ec KcRT. A IN TERioR ioAoE oA ExPERIÊN CIA TEMPOR AL
- I 16 -
R EV ISTA DE ANTROP OLOG IA, SÃOP AULO, USP, 1998, v. 41 nº2.
- 117 -
ANAL. e.DA ROCHA & CoRNELIA ECKERT. A I NTERIORIDADE DA E XPERJ[;NC IA TEMPOR AL
- 118 -
R EVIST A DE A NTROPOLOGIA , SÃO P AULO, USP , 1998 , v. 4 l nº2.
- 119 -
ANA L . C. DA ROCl-lA & CORNELIA ECKERT. A I NTERIORIDADE DA EXPERll ~NCIA TEMPOR AL
- 120 -
R EVISTA DE A NTROPOLOGIA, S ÃO P AU LO, US P , 1998, v. 4 1 nº2.
- 121-
ANAL. C. DA R OCHA & CORNELIA ECKERT. A I NTERIORIDADE DA EXPERI ÜNCIA TEMPORAL
- I 22 -
REVI STA DE ANTR OPOLOG IA, SAo P AULO, USP , 199 8, v.4 1 nº2.
- 123 -
ANA L. e.DA R OCHA & CoRNELIA E CKERT. A INT ERIORIDADE DA EXPERIÊNCIA TEMPORAL
- 124 -
REVI ST A DE AN TROPOLOGIA , S Ao P AULO, USP , 1998, v . 41 nº2.
'
A guisa de conclusão
Em sua crítica exacerbada ao positivismo instrumental em Antro-
pologia, os pós-modernos realçam a dimensão política que engen-
dra a escritura do texto etnográfico pelo viés da crítica à ausência
do sujeito da enunciação. Com os pós-modernos pode-se ainda
falar da unidade narrativa da vida? Ou estaremos diante da "mor-
te do método etnográfico"?
- 125 -
ANAL. e. DA RocHA& CoRNELIA EcKERT. A IN TER10R1DADE oA ExPER1êNc1A TEMPORAL
- J 26 -
REVISTAOE ANTROPO
LOGIA, SAo PAULO, USP, 1998, v. 4 1 nº2.
Notas
Agradecc1nos ao CNPq pelo concessão de bolsa produtividade no proj e-
to integrado "Estudo antropológico de itinerários urbanos, n1e1nória co-
letiva e fonnas de sociabilidade no n1undo urbano contemporâneo" , ~\
Fapcrgs pelo financian1ento do Projeto Banco de Irnagem , do Labo rató-
rio de Antropologia Social/PPGAS/UFRGS sediad o no ILEA/UFRGS.
5 Marcel Maus s, já etn 1902, reco mendava aos etnógrafos "buscar os fatos
profund os, inconsciente s quase, porque eles existem apenas na tradi ção
coletiva". Mau ss recorre à noção de inconscie nte para melh or dar conta
da natureza das representaçõe s coletivas ("ca tegorias do entendimento"):
"Para Mau ss, a noção de inconsciente parecia indispensáve l para expli-
car não apenas a categoria, ,nas igualmente o costume, os hábit os em
geral" (CARDOSO DE OLIVEIRA , 1988: 38) .
- 127 -
ANA L. C. DA R OCHA & CüRNEUA ECKERT. /\. I NTl]{IOR ID/\DE DA ExPER l i~NCIA TEMPORAL
6 Para (Ca rdoso de Oliveira, 1988: 15), "uni a n1atriz discipl inar é a arti cu-
lação sistetnática de urn conj unt o de paradignia s, a cond ição de cocx isti-
rcn1 no tenip o, 1nantendo-sc todos e cada urn ativos e rcla tivan1cntc efi -
ciente·."
7 O canítc r "re flexivo do si" que enco ntra-se rnencionad o no text o, refe re-
se a particu laridade, apontada por Ricoeur ( 1991), da perda do privi légio
da ques tão do 1nesn10 co rn relação à do si, ocasio nando não unia indaga -
ção à rc peito da autodcs ignação, sob re "o que111daquele que fala" rnas
unia interrogação sobre ''o quê dos particu lares dos quais falarno s", ou
seja, a sua localização ern relação ao esque rna espaço-ternpo ral que o
co nté1n.
9 ''Cultu ras erarn tota lidad es que de verian1 se r reco mpostas pelo an tropó-
logo e descr itas con10 tais, ctnbora não se apresentasse 1n à expe riência
dessa n1ancira" (CALDE IRA , 1988: 137).
1O A expressão "mes rnidad e do cará ter" (cf. R[COEUR , 1991), é aqui em-
pregada para re ssa ltar o es tatut o de qua se- pers onagcn1 que adquire o
antropólogo na co nstrução de sua obra etnog ráfica, rcf e rindo-s e a sua
busca da fidelidad e co n1 a palavra dada, co nstituind o o 1nov in1ento da
narra ção o pó lo es tável da sua afirniação auto ral e assi1n co 1no o "fa1.cr
antropológico " adqu irido, algo que se torna dispo sição duráve l.
- 128 -
REVISTA
DE ANTROP OLOGIA, Si\o PAULO,USP , 1998, v. 41 nº2.
15 Cf. CA RDO SO DE OLIVEIRA. 1988. Int eress ant e co tej ar as afirma ções
do aut or a respe ito da "n1atri z di sc iplinar da Antr opolo gia quand o o au-
tor in screve as tradi ções inte lect ualista e empiri sta em quatr o dom ínios,
seg und o as perspect ivas polari zadas no interior da "c ategoria " tempo co 1n
os co ment ári os de RICOEUR , 1991, ace rca da media ção da narrativa e
da ten1pora lidad e no int erio r do deba te da "di alé tica do si".
16 E "no que é seg uido por Dum ont qu e, à sen1elhança de M auss, agrega a
dimen são do in co nsc ie nte aos 'elemento s de ba se da ideol og ia "'(c f.
CARDOSO DE OLIVEIRA , 1988: 45).
- 129 -
ANAL. C. DA R OCHA & CORNELIA ECKERT. A INT ERIORIDADE DA EXPERI ÊNCIA TEMPORAL
19 Até es te n101nent o, a ind a que ho u vesse, por p arte d o antr o pó logo, o re-
co nh eci m e nto da equiv oc idad e da sua identidade pessoa l en1 face da s
soc ied ades co1n as quai s tr ab alhava , reu nind o acepções va ri adas domes-
mo (id ê nti co, se 1ne lh ant e) e d o di stint o (dive rso, des ig ual), no int erior
de um quad ro co mp arat ivo, isso nã o lh e ga rantia o rorn pi1nent o co m a
bu sca do se n1e lhant e na dif erença.
20 "E laborei então a hipótese seg und o a qual a identid ade narrativa , sej a de
uma pe sso a , seja de urna co 1nunid adc, seria a do lugar procu rado de sse
cruza1nent o entr e hi stória e ficção " (RI COEUR, 1994: 138).
24 Impossível não esq uecer que , dentro do propós ito deste art igo, na pers-
pectiva dun1ont iana da teoria da hi era rquia , trata -se aqui unican1entc das
propr ieda des reflexivas da enunc iação , un1a vez que a o rd en1 cultural
atuaria con10 fo nte ele particula res de base e in stru n1e nt o de ref crênc ia
ídenti ficante para os suj ei to biológicos.
- 130 -
REVI STA DE ANTROP OLOGIA, SÃo PAUL O, USP, 1998 , v. 41 nº2 .
nh ec i1ne nt o de unia lóg ica própria da produ ção s imb ó li ca" (cf.
DURHAN. 1984: 9), cabe reco nhec er que ele o faz às custas de unia
henn enêutica redut ora que clin1ina o plurali smo coe rente do símbolo.
26 Esta exp ressão é oriunda dos postulados de u1n co nstrutivi smo pós-
piagetiano qu e inco rpora à soc iops icogê nese do proce sso cog niti vo tan-
to as visões de ho1ne1n que o sustentatn quanto o traje to arqueológic o
que dá suporte ao nasc i1nento da figura hom.o sapiens sap iens. Ver a
respe ito, ROCHA , 1993.
27 Ver a respeito CASSIRER, 1972, obra que poderíamos relac ionar tanto
com Pia ge t ( 1970), Vi gots ky ( 1995) e Wall on ( 1945) quanto co m Levi-
Strauss ( 1970) e Lévy-Brhül ( 1925).
28 Segundo Ricoe ur ( 1991: J 43 ), "ao falar de nós mes1nos, dispo mos de fato
de dois niod elos de perman ência no tempo, que resum o por dois term os
ao mesmo tempo de scritivo s e emblemáticos: o ca ráter e a palavra co nsi-
derada " send o que "a fidelid ade a si na ,nanutenção da palavra dad a mar-
ca o afas ta1nento ex tremo entr e a permanência do si e a do mesmo e,
portanto , atesta plenament e a irredutibilidade das duas problemáticas uma
à outra". Unia aproxirnação co m a tem ática ge ral apontada por Geertz
( 1989), a res peit o da figura do autor que preside a obra etnográfica, pode
ser aqui operada.
30 Segundo Ri co eur ( 1991: 169): "Aplico o termo configura ção a essa arte
de composição que faz mediação entre concordância e dis co rdância ".
32 Embora não seja intenção deste artigo, valeria a pena confrontar a pro -
dução téorico-conceitual dos pós-modernos com a crítica feita por
- 131 -
ANAL. C. DA R OCHA & CORNELIA E CKERT. A I NTERIORIDADE DA EXP ERitN CIA TEMPOR AL
Bibliografia
AZZAN JÚNIOR, C.
1993 Anrropologia e interpretoção. Explicaçéio e con1preensão nos Antropo-
logios de Lé\ i-S1ra11sse Ceertz.. Ca 1npinas, Editora da UN ICAMP.
1
BACHELARD, G.
l 989 La clialcctique de la durée, Paris, Quadrige/PUF.
CALDE IR A. T. P. do R.
l 988 "A presença do autor e a pós-n1odcrnidadc cn1 Antropologia'·, No\ ·os
Estudos, n º 21.
CARDOSO DE OLIVEIRA, R.
1983 Enign,os e soluç6es, Rio de Janeiro/Fortaleza. Tc111poBrasilciro/UFCc .
1988 Sobre o pe11sa111ento
c1111ropológico,Rio de Janeiro, Tcn1po Brasileiro.
CASS IRER, E.
1972 La 11/zi/osop/lie des.fónnes syn,boliques, Pari s, Lcs Editions de Minuit.
COPANS, J.
1974 Críticos e políticas da Antropologia, Lishoa, Edições 70.
- 132 -
REVISTADE ANTROPOL
OGIA, SÃOPAULO,USP, J 998, v. 41 nº2.
DUMONT, L.
1966 Ho1110Hierarchicus. Le syste111edes caste.\·et ses ilnplications, Paris,
Gallirnard.
1983 Essais sur L'i11dividualis1J1e.Une p erspec tive anthropo/ogique sur
l 'idéologie n1oder11e. Paris , Seuil.
DURAND , G.
1976 L 'ilnag inat ion sy111bolique,Paris, PUF.
1979 Science de / 'ho1111ne
et l radition, Paris, Bcrg Intcrnational.
1993 De la nlitocrítica ai 111itoa11álisi
s. Figuras ndticos y aspectos de la obra.
Barcelona Cidade do México, Univcrsidad Autónorna Metropolitana-
Iztapalapa.
DURHAN , E.
1984 "Cu ltura e ideologia", ANPOCS, Belo Horizon te.
FELDMAN-BIANCO , B. (org.)
1987 Antr opologi a das sociedades conten1porâneas. Métodos, São Paulo,
Global.
FISCHER , M . M. J.
"Da antropologia interpretativa à antropologia crít ica" ,An uârio Ant ropo-
lóg ico 83, Brasília, Ternpo Brasileiro.
GEERTZ , C.
1973 A interpretação das culturas, Rio de Janeiro, Zahar.
1986 Savoir local, savoir global. Les lieux du savoi r. Paris, PUF.
1989 El antropologo corno autor, Barcelona/Buenos Aires/ México, Edicione s
Paidos.
KUHN, T. S.
1994 A estrutura das revoluções cient(ficas, São Paulo , Perspectiva.
LARAIA, R. de B .
1989 Cultura, uni conceito antropológico. Rio de Janeiro , Jorge Zahar.
- 133 -
ANAL. e. D/\ R OCHA& CORNELI/\ E c KERT. A I NTERIORlDADE DA EXPERIÊN CIA TEMPORAL
LÉVY -B RHUL , L .
l 925 La nientalité prinzitive, Paris, Alcan.
MALINOWSKI , B.
1985 Journal d'ethnograplze, Pari s, Scu il.
MARCUS , G. E.
1986 "Past, pre se nt , and c1nergc nt identities: rcquirernent s for ct hn ogra phi es of
lat e Tw e ntieth Cc ntur y Modernity worldwide", Departcn1ent of
Anthropo logy, Rice U nivcrsity, H ouston , Texas.
MAUSS,M.
1967 Manuel d 'ethnographie, Paris, Payot.
1974 Sociologia e Antrop ologia, São Paul o, EPU/Ed usp.
PEIRANO , M.
1985 "O encont ro et nog ráfico e o diálogo teórico", Anuário Antropológico.
Brasília, Te1npo Bra sileiro.
PIAGET , J.
1997 Estudos sociológicos, Bar celona, Aricl.
1970 O nascinzento da inteligência na criança , Rio de Janeir o, Zahar.
REYNOSO, C.
199 l El sur gimi ento de la antropologia pos1nodc rna , México , Gcdisa.
RICOEUR , P.
1991 ron10 1u11outro, São Paulo, Papirus.
O si -1J1es1110
1994 Tempo e narrativa , São Paul o, Papirus , 3 v.
- 134 -
REVI STA DE ANTROPOLOGIA, SÃO P AULO, USP, 1998, v. 4 1 nº2.
ROCHA , A. L. C. da
1988 "Orientações para utna sociologia das profunde zas à luz do pensa1nento
de Jea n Piaget' ', Rev ista do GEEMPA, Porto Ale gre.
1993 "A renún cia à ra zão triunfante e o retorno aos sabere s tradi cionai s",
Revis ta do GEEMPA , Porto Ale gre , nº 1.
SAHLINS , M.
1979 Cultura e razão práti ca, Rio de Janeiro , Zahar.
SOARES , L. E.
1994 O rigor da indisciplina, Rio de Janeiro, ISER.
TRAJANO FILHO , W.
"Que barulho é esse, o dos pós-n1oderno s?", Anuário Antropológico 86,
Brasília , Tempo Brasil eiro.
VELHO , G.
1981 ln dividualisnio e cultura, Rio de Jane iro, Zahar.
VIGOTSKY, S.
1995 Pensanzento e linguageni , São Paulo, Martin s Fontes.
WALLON , H.
1945 Les origines de la pensée chez l 'enfant, Pari s, PUF.
- 135 -
ANAL . C. DA R OCHA & C ORNEUA E CKERT. A I NTERIORIDADE DA E XPERIÊNCIA T EMPORAL
- 136 -