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EDITORIAL

Motrivivência v. 27, n. 45, p. 6-12, setembro/2015

http://dx.doi.org/10.5007/2175-8042.2015v27n45p6

O corpo-infância nos “exercícios


de ser criança”1 nas aulas de Educação
Física na Educação Infantil e nos anos
iniciais do Ensino Fundamental

Dia após dia nega-se às crianças o direito de


ser crianças. Os fatos, que zombam desse
direito, ostentam seus ensinamentos na vida
cotidiana. O mundo os trata os meninos ricos
como se fossem dinheiro, para que se acostu-
mem a atuar como o dinheiro atua.O mundo
trata os meninos pobres como se fossem lixo,
para que se transformem em lixo. E os do meio,
os que não ricos nem pobres, conserva-os
atados à mesa do televisor, para que aceitem,
desde cedo, como destino, a vida prisioneira.
Muita magia e muita sorte têm as crianças que
conseguem ser crianças (grifos nossos).

Eduardo Galeano2

Esta edição tem como escopo voltar apontando caminhos”3. Além dessa produ-
a tratar da problemática da infância e da ção do dossiê nesta revista, urge destacar
criança, após ter trazido para o debate, no que a problemática da infância/criança vem
ano de 2007, o tema “Educação Física na sendo debatida e problematizada em vários
educação infantil: retomando projetos e outros periódicos da Educação Física. Nos

1 BARROS, Manoel. Exercícios de ser criança. Rio de Janeiro: Salamandra, 1999. Essa expressão também foi
utilizada no texto de Maurício Roberto da Silva “Exercícios de ser criança”: o corpo em movimento e a cultura
lúdica nos tempos-espaços da educação infantil da Rede Municipal de Florianópolis ou “por que toda a criança
precisa brincar muito”, publicada na Revista Motrivivência, Ano XIX, no. 29, Dez./2007 <https://periodicos.
ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/11247>.
2 GALEANO, Eduardo. Os alunos. In: De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso. Porto Alegre: L&PM, 1999.
3 Revista Motrivência, Ano XIX, no. 29, dez./2007.
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últimos anos, houve um grande avanço reflexão sobre a problemática da educa-


neste sentido, principalmente quando se ção do corpo e do cuidar na infância; 2)
discutir propostas curriculares em torno
leva em consideração as dissertações de de eixos teórico-práticos e metodológi-
mestrado, teses de doutorado e produções cos que abarquem as especificidades
de livros de autores como: Deise Arenhart, e as demandas das crianças pequenas
Maurício Roberto da Silva, Alexandre Vaz, das aulas de Educação Física: 3) pensar
as práticas corporais como conteúdos/
Ingrid Wiggers, Ana Cristina Richter, Irace- linguagens da Educação Física na Edu-
ma Munarim, Márcia Buss, Jaciara Leite, cação Infantil e no Ensino Fundamental;
entre outros. Esses autores, assim como 4) apresentar relatos de experiências de
tantos que não estão citados aqui, passaram produção da cultura lúdica infantil, de-
vidamente fundamentadas, realizadas
a se constituir em referência na área, princi- em instituições escolares e/ou outros
palmente no que se refere aos estudos sobre espaços educacionais”.
o corpo, nas ciências humanas e nas ciên-
cias sociais. São eles que, de algum modo, Quando refletimos sobre o poema
retomaram o debate sobre a necessidade de Eduardo Galeano, o título do editorial e
de romper com os conceitos de infância a capa da revista, podemos também fazer
e criança idealizada, a-histórica e acrítica. “exercícios” de reflexão sobre os “corpos
Com essa edição, oito anos depois, precarizados4” em termos de classe, raça/
Motrivivência traz de volta o tema da infân- etnia, cultura, geração, gênero e outras cate-
cia/criança à cena acadêmica da Educação gorias sociológicas. Neste sentido, as repre-
Física, porém, desta vez, alargando o debate sentações imagéticas e textuais contempla-
para as práticas corporais nos anos iniciais das na abertura da revista procuram refletir
do ensino fundamental, conforme a ementa o corpo-infância e a cultura corporal e de
que orientou a nossa seção temática: movimento na Educação Física. Na capa5,
pode-se ver a criança subindo as escadas,
O campo de conhecimento e interven-
não necessariamente para fazer exercícios
ção da Educação Física tem sido ques-
tionado sobre quais contribuições pode de fortalecimento das pernas, mas sim rumo
oferecer para a formação cultural da ao topo em busca de um lugar na escola e
criança e como as práticas corporais po- na vida social, tentando escapar das deter-
dem se constituir em conteúdos/lingua-
minações do mundo dos adultos conserva-
gens na Educação Infantil e anos iniciais
do ensino Fundamental. [...]. Nosso pro- dores da cidade capitalista. Nestes termos,
pósito é ampliar o debate, convocando a imagem daquela criança traz indícios de
os pesquisadores e professores que es- que a recente aprovação da “redução da
tudam/intervém na área para divulga-
maioridade penal”6 pode representar a pri-
rem suas reflexões e práticas pedagógi-
cas. Nesse sentido, essa seção temática são de jovens adolescentes da classe traba-
tem como objetivos: 1) proporcionar a lhadora empobrecida no precário e perverso

4 ARROYO, Miguel. Corpos precarizados que interrogam nossa ética profissional. In: ARROYO, Miguel; SILVA,
Maurício Roberto (Orgs.). Corpo-Infância: exercícios tensos de ser criança. Petropólis, Rio de Janeiro: Vozes, 2012.
5 Foto de Paulo Lima: http://www.estudiopaulolima.com.br/
6 REVISTA GALILEU. A melhor forma de lidar com o jovem infrator. Junho de 2015.
8

sistema carcerário brasileiro. Essa situação de bebês, utilização de crianças no tráfico


das crianças e jovens poderá repercutir na de drogas, entre outros. Essas imagens, no
educação desses sujeitos à medida que o Es- entanto, só são amenizadas e ocultadas
tado não oferece práticas verdadeiramente quando se vê os apelos emocionais das
“sócio-educacativas” que, ao invés de re- imagens espetaculares das crianças empo-
alizarem uma educação opressora (corpo brecidas, “brincando” em meio aos esgotos,
oprimido), deveriam apresentar-se como palafitas e lajes. Nessa mesma perspectiva,
uma educação verdadeira emancipatória. podem-se ver crianças da classe média
O “corpo-infância”7, ao subir as es- brincando em apartamentos, “ligadas” na
cadas, tenta escapar do enquadramento na internet e na televisão; e, por fim, crianças
sociedade de classes (as crianças pobres, as filhas das elites, em seus condomínios fe-
do meio e as ricas) e, nesse limiar, construir chados, fazendo o exercício de ser mais um
uma nova cidade, uma nova sociedade, jogador do jogo capitalista.
onde seja possível, efetivamente, ser “crian- Os “exercícios de ser criança” no
ça”, conforme já disseram as crianças na Brasil trazem em seus movimentos uma his-
mídia televisiva diante às inúmeras balas toricidade do corpo das crianças, impressa
perdidas nas favelas do Rio de Janeiro: “é nas concepções e práticas do que significa
difícil ser criança no Rio de Janeiro”. Com “infância” e “criança” na vida cotidiana
efeito, deve ser difícil ser criança em grande das práticas escolares e não escolares. O
parte das grandes cidades, principalmente, Corpo-infância é um “território em disputa”
na América Latina, Ásia, África, Caribe e (cf. Arroyo)8 que é apropriado pelo Estado,
outras do planeta. escola, família, mídia e religião e, nas práti-
Com efeito, quando se observa a cas pedagógicas oriundas dessas instâncias,
realidade brasileira (diminuição da maiori- estão expressas as marcas e tatuagens histó-
dade penal) e as imagens e dados estatísti- ricas das subjetividades e coletivos sociais.
cos que vêm de outros rincões do mundo São marcas dos tratos e maus-tratos im-
(imagens de refugiados sírios na Europa), pressos no corpo social; marcas que estão,
pode-se perceber que o conceito de infância emblematicamente, cunhadas na história
(construção social) e de criança (sujeito de do corpo e na história da infância e das
direitos) segue ainda seu curso no presente crianças no Brasil, conforme nos alerta Mary
com base ontológica nas violências e nos Del Priore9. A autora nos lembra que, ao
maus tratos da seguinte monta: crianças investigar as crianças na Colônia, Império e
combatentes nas guerras (criança-soldado); República, torna-se necessário fazer alguns
exploração do trabalho infanto-juvenil, questionamentos a fim de refletir como
prostituição infantil, violência sexual, vem sendo os tratos para com as crianças
maus-tratos físicos e psicológicos, tráfico ao longo da história do Brasil. Ela propõe

7 ARROYO, Miguel: SILVA, Maurício Roberto (Orgs.). Corpo-Infância: exercícios tensos de ser criança. Petrópolis,
Rio de Janeiro: Vozes, 2012.
8 ARROYO, Miguel. Currículo, território em disputa. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2011.
9 DEL PRIORE, Mary (Org.). História da Criança no Brasil. São Paulo; Contexto, 1992.
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que os pesquisadores e historiadores façam e “educar” suas crianças. A formação de


um “saudável exercício de olhar para trás”. professores e professoras deve procurar, em
Esse “exercício” (de ser criança e primeiro lugar, tentar olhar as crianças “com
pesquisador) poderá iluminar os caminhos olhos de crianças”11 e fazer o “exercício de
que agora percorremos, para que possamos ser criança”, sem, contudo, “infantilizar-se”,
entender o modo como a sociedade vem compreendendo o modo como elas cons-
pondo em prática a idéia de infância nos troem história e cultura no presente e, por
contextos históricos, sociais, econômicos, conseguinte, a sociedade. Contudo, é essen-
cultural e político. Essa reflexão implica em cial não as olhar como “preparação para o
considerar nas análises, tanto nas práticas futuro”, mas sim nas suas especificidades e
pedagógicas em geral, quanto nas práticas demandas do presente, tendo como foco o
corporais e seus exercícios de ser criança olhar crítico sobre a situação das crianças no
nas aulas de Educação Física, as seguintes Brasil e no mundo. Para que se possa com-
indagações: a) de que modos as crianças são preender e problematizar a cultura corporal
tratadas numa sociedade desigual e vinca- a partir dos “exercícios de ser criança”, é
das por transformações sociais? b) o lugar imprescindível realizar o “saudável exer-
da criança na sociedade brasileira terá sido cício de olhar para trás” (cf. Del Priore, já
sempre o mesmo? c) que marcas trazem as referida). Essas perspectivas epistemológicas
crianças de hoje, diferentes daquelas que as e teórico-metodológicas poderão nortear o
antecederam no passado? As perguntas da debate e formulação das pesquisas que se
autora trazem as pistas para uma resposta travam no âmbito das políticas públicas e
provisória: essas marcas trazem consigo os projetos político-pedagógicos instâncias de
sinais das desigualdades sociais (divisão de planejamento e gestão da Educação Física
classe) e, consequentemente, as desigualda- escolar e não escolar (práticas pedagógicas
des escolares, que estão diretamente imbri- em espaços públicos para a cultura lúdica).
cadas a outro tipo de desigualdade da condi- Esse exercício poderá produzir, no ponto de
ção humana: as diversidades socioculturais. vista da alteridade, educadores/pesquisado-
Essas diversidades estão amalgamadas à res mais “crianças”, se nos apropriarmos da
classe social, expressando-se nos corpos história da infância e das crianças brasilei-
das crianças, imprimindo, simultaneamente, ras, no que diz respeito à cultura corporal
as determinações de geração, gênero, raça/ tanto no passado mais recente quanto em
etnia, cultura, família, religião10. tempos longínquos.
A história das crianças e da infân- Nesta linha de pensamento, se tam-
cia revela as marcas, as ideias, as práticas bém nos colocarmos no corpo das crianças,
sociais, as políticas públicas que cada poderemos levantar a hipótese de que é
sociedade produz no sentido de “cuidar” igualmente difícil ser criança nas aulas

10 SILVA, Maurício Roberto. “Exercícios de ser criança”: O Corpo em movimento na Educação Infantil. In:
ARROYO, Miguel: SILVA, Maurício Roberto. Corpo-Infância: exercícios tensos de ser criança. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2012.
11 SAYÂO, Débora T.; LERINA, G. L. Corpo e movimento, adultos e crianças: experiências e desafios. Cadernos
de Formação - Divisão Infantil, p. 75-80. Florianópolis.
10

dos anos iniciais do ensino fundamental. aos conteúdos/linguagem. Trata-se de se


Neste âmbito, talvez fosse interessante, pensar o processo ensino-aprendizagem, no
de forma mais explícita, realizar pesquisas âmbito da cultura corporal, como processo
delimitadas para a presença da infância e da de produção cultural e aprendizagem social,
criança na história da Educação Física e suas política, ética e estética, além das condições
práticas pedagógicas com seus conteúdos/ objetivas para a realização do trabalho
linguagens, sobretudo, no que se refere à pedagógico com as crianças: relações de
historiografia da recreação, os jogos, espor- trabalho, salário dos professores, tempo
tes, os acampamentos, danças, gincanas. destinado à pesquisa, espaços e equipamen-
Essa hipótese leva em consideração tos, trabalho coletivo, entre outros aspectos.
o fato de que o campo de conhecimento e Nesse sentido, os conteúdos/conhecimen-
intervenção da Educação Física, apesar dos tos/linguagens corporais, gestuais, cênicas,
avanços, ainda vem sendo questionado em escritas, imagéticas, sonoro-musicais, plás-
termos de suas contribuições para a forma- ticas e outros, extrapolam a dimensão me-
ção cultural da criança e dos modos como ramente conteudista para uma perspectiva
as práticas corporais podem se constituir ampliada de educação omnilateral, enfim,
na educação física na educação Infantil e de formação humana. Além dessas reflexões
nos anos iniciais do ensino fundamental. teórico-metodológicas, entendemos ser
O fato é que não se trata de um fenômeno essencial pensar a infância não mais numa
isolado, uma vez que se pode dizer que na concepção abstrata, como “natureza infan-
educação em geral há o questionamento til” que culmina por conceber as crianças
sobre os limites e possibilidades das práticas distanciadas de suas condições objetivas
educativas no âmbito das demais matérias de vida e como se fossem desvinculadas
de ensino. Neste sentido, grande parte dos das relações de produção existentes na
professores que ensinam português, artes, sociedade. Ao invés disso, pensar a infância
matemática e outras matérias de ensino vêm como construção social, cultural, política e,
se queixando da dificuldade em garantir, nesses termos, a criança como sujeito que
com base em elementos teórico-práticos e constrói a história e a cultura com o corpo
teórico-metodológicos, uma prática pedagó- em movimento no tempo e espaço social.
gica que se alie aos movimentos e exercícios A infância é, portanto, não só uma cons-
de ser criança, com base nas especificidades trução social, mas também histórica, ética,
e demandas das crianças, do corpo-infância. estética, pedagógica, política, cultural; e as
No que concerne aos problemas crianças são sujeitos que constroem a pátria,
perenes da Educação Infantil e dos primeiros que tem direitos e devem ser educadas e
anos do Ensino Fundamental, cabe destacar cuidadas com base na proteção, provisão
que não basta implementar concepções e participação12.
mais críticas e criativas em relação ao corpo
em movimento (lúdico, tempo e espaço) e ***

12 SILVA, Maurício Roberto. “Exercícios de ser criança”: O Corpo em movimento na Educação Infantil. In:
ARROYO, Miguel: SILVA, Maurício Roberto. Corpo-Infância: exercícios tensos de ser criança. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2012.
V. 27, n° 45, setembro/2015 11

Os textos que compõem a seção contribuições do prof. Dieckert e presta-lhe


temática dessa edição demonstram que, as devidas homenagens, ao que se associam
apesar dos limites e das dificuldades an- todos os que fazem a Motrivivência, revista
tes referidos, é possível perceber que há com a qual ele sempre esteve ligado e da
“exercícios de ver a criança” no âmbito qual faz parte como membro do Conselho
da Educação Física, tanto pela quantidade Científico.
de originais submetidos à revista quanto Este editorial reserva espaço para a
pela qualidade dos textos selecionados, divulgação de uma informação relevante
que abrangem aspectos da criança/infância para a revista e para a área. Desde a nossa
desde a sua presença na educação infantil e indexação ao LILACS, vínhamos sendo
anos iniciais do Fundamental, na pesquisa questionados sobre a situação do Qualis/
em diálogos interdisciplinares, nas expe- CAPES da Motrivivência e nossa resposta,
riências corporais sensíveis, no lúdico e por oportuna, era sempre de que a classi-
na violência, no brincar, no aprender e na ficação da revista naquele sistema não era
escolarização, na prática docente. responsabilidade nossa, e sim dos coorde-
Nas demais seções (Artigos e Porta nadores de programas de pós-graduação
da Área 21. Pois no recente mês de agosto
Aberta), essa edição continua trazendo con-
fomos formalmente informados que a Motri-
tribuições muito relevantes dos nossos auto-
vivência foi, agora, reclassificada no estrato
res/colaboradores em textos que, a partir de
B2. Isso é motivo de alegria, mas também
abordagens socioculturais e/ou pedagógicas,
de preocupação e responsabilidade para
tematizam o corpo e a motricidade, gênero e
nós. Já podemos perceber um significativo
o ensino nas lutas, a cultura da convergência
aumento de manuscritos submetidos, o que
e da mídia nos megaeventos, a formação
demanda um trabalho mais ágil e eficaz de
continuada de professores, o estágio super-
normalização e avaliação. Nesse sentido,
visionado, a produção acadêmica da área,
queremos destacar, agradecer e convocar,
o esporte, a dança, as políticas públicas e a uma vez mais, o nosso corpo de pareceris-
cidadania, entre outros. tas, bem como os nossos avaliadores ad hoc,
Em nossa seção de homenagens, que nos têm dado amplo respaldo sempre
pensamos expressar o reconhecimento da que solicitados.
comunidade da área a este grande docente Para encerrar esse editorial, con-
e pesquisador alemão, prof. Jurgen Dieckert, tinuamos a reflexão deixada por Eduardo
organicamente ligado à Educação Física Galeano na epígrafe que abre o editorial,
brasileira desde os anos 80 do século pas- em seu texto “Os alunos”. O objetivo é
sado, quando aqui atuou como professor incentivar a comunidade acadêmica para se
visitante do recém-criado curso de mestrado posicionar “contra a diminuição da maiori-
da UFSM, foi consultor (e ativista) do Progra- dade penal” e pensar no drama das famílias
ma Esporte para Todos (EPT - SEED/MEC) e refugiadas com suas crianças, oprimidas pe-
coordenou uma importante coleção sobre las guerras econômicas, étnicas e religiosas:
Educação Física, da editora Ao Livro Téc-
nico. A professora Celi Taffarel, que foi sua Na América latina, crianças e adoles-
orientanda de mestrado, colabora com texto centes somam quase a metade da popu-
em que apresenta as muitas e significativas lação total. A metade dessa metade vive
12

na miséria. Sobreviventes: na América às vezes mata; quase nunca as escuta,


Latina, a cada hora, cem crianças mor- jamais as compreende.
rem de fome ou doença curável, mas
há cada vez mais crianças pobres em
ruas e campos dessa região que fabri- Florianópolis, setembro de 2015.
ca pobres e proíbe a pobreza. Crian-
ças são, em sua maioria, os pobres: e Maurício Roberto da Silva
pobres são, em sua maioria, crianças.
Giovani De Lorenzi Pires
E entre todos os reféns do sistema,
são elas que vivem pior condição. A Rogério Santos Pereira
sociedade as espreme, vigia, castiga e Editores

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