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O canto gregoriano, estilo que vigorou durante toda a Idade Média, foi organizado
pelo Papa Gregório I. A rápida proliferação da música litúrgica se deu graças ao
estabelecimento de escolas de canto – as schola cantorum, criadas para acompanhar
funções religiosas. A primeira delas foi fundada pelo Papa Silvestre, por volta de 334.
A popularização da ópera não impediu que a voz ainda fosse largamente utilizada
para louvar a Deus - missas, motetos, cantatas e grandes oratórios fazem parte do extenso
repertório vocal do Barroco. No entanto, foi a partir deste período que a música
instrumental passou a ter a mesma importância da música vocal e o que o que conhecemos
por orquestra começou a tomar forma.
O período Clássico (1750 – 1810) foi marcado pelo racionalismo e pela busca de
equilíbrio entre formas, textura homofônica, melodias acompanhadas por acordes. A
música instrumental atingiu seu ápice, com sonatas e sinfonias. Na ópera, teve como
principal missão livrar-se dos excessos da ópera barroca. W. A. Mozart foi o maior
compositor deste período, também no que diz respeito à música vocal.
A partir do final do século XIX temos a consolidação de uma série de eventos que
transformaram a organização econômica e política. O capitalismo e a instauração de um
sistema baseado na manufatura de bens materiais, acabou condicionando o que chamamos
de Modernidade. Criaram-se metrópoles, industrias, novas necessidades no transporte,
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Uma vez que mulheres não podiam participar ativamente dos ofícios da Igreja, tornou-se comum
durante o período medieval selecionar meninos com grande aptidão musical e castrá-los, no intuito de
manter suas vozes equivalentes às de sopranos ou meio-sopranos.
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Fazem parte da interpretação vocal dos séculos XX e XXI novas formas de cantar,
como o sprechegesang (um tipo de declamação com alturas definidas) e a utilização de
ruídos. A própria concepção de melodia se altera muito durante nossos tempos, o que faz
com que o trabalho do cantor seja afetado enormemente.
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2. ANATOMOFISIOLOGIA DA VOZ
Produtores e canalizadores;
Cavidades de ressonância;
Articuladores.
1.1 Respiração
O principal objetivo da respiração é nutrir o organismo com oxigênio para que ele
possa realizar as atividades metabólicas e expelir o gás carbônico. O ar que inspiramos
vai das narinas e/ou boca até a faringe e de lá passa pela laringe, traqueia, brônquios,
bronquíolos e, finalmente, chega aos alvéolos pulmonares (pequenos sacos onde fica
armazenado o ar), quando se inicia o processo respiratório em nível celular. Neste
processo o gás carbônico, substância tóxica para o corpo humano, é retirado do corpo e
as células são preenchidas por oxigênio, substância da qual, de certa forma, se alimentam.
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1.2 Fonação
emitindo som algum, pois está relaxada e a prega vocal “b” onde é possível observar o
contato entre as pregas, contato este que produz som.
Tanto a laringe quanto as pregas vocais possuem uma mecânica interessante para
a produção vocal. A laringe se elava durante a emissão de sons agudos e tende a cair
durante a emissão de sons graves e as pregas vocais se alongam ao produzir sons agudos
e se “engrossam” para produzir os sons graves.
O tamanho das pregas vocais influencia diretamente a altura dos sons que uma
voz pode emitir. Durante a puberdade – nos meninos por volta de 13 e 15 anos e nas
meninas entre 12 e 14 anos, inicia-se uma produção elevada de hormônios sexuais que
acaba provocando o fenômeno que conhecemos como muda vocal. A ação destes
hormônios faz com que as pregas vocais aumentem de tamanho. Nos meninos as pregas
vocais podem dobrar de tamanho e nas meninas aumentam em até um terço. Nos homens
é possível notar a transição de uma voz infantil para uma voz mais grave, nas mulheres
esta mudança não é tão perceptível. Não existe um consenso se o estudo do canto deveria
ou não acontecer durante a muda vocal, a verdade é que quando este estudo acontece ele
é penoso tanto para o aluno quanto para o professor devido ao crescimento acelerado dos
mecanismos envolvidos na fonação. Considera-se como voz adulta aquela que se mantém
estável após a muda vocal, o que costuma acontecer a partir dos 18 anos. O declínio vocal
coincide com o envelhecimento do organismo de forma geral (presbifonia), nos homens
a voz tende a se tornar mais aguda e nas mulheres mais graves. Não são só os hormônios
sexuais que alteram os mecanismos da fonação, mas também a menopausa e a
andropausa, a tensão pré-menstrual, a gravidez e o uso de suplementação hormonal por
prescrição médica também podem alterar a produção vocal.
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O buzz laríngeo não é a voz que ouvimos quando uma pessoa fala ou canta, na
verdade ele se parece muito com o ruído de um barbeador elétrico. Assim, para a obtenção
de um bom produto final, este som básico precisa passar por uma série de cavidades de
ressonância, que funcionam como uma caixa acústica que amplifica e melhora a qualidade
do som. Nos ressonadores produzem-se os harmônicos que dão qualidade e volume ao
buzz laríngeo. Consideramos como ressonadores a própria laringe, a faringe, boca, nariz
e seios paranasais. Para formarmos as palavras, ou seja, para que consigamos produzir
vogais e consoantes, o som que foi devidamente amplificado e melhorado precisa ainda
passar pelos articuladores – boca, língua, dentes e palato. A precisão de movimentos entre
eles forma palavras.
3. CLASSIFICAÇÃO VOCAL
É possível também confundir estes dois termos com o registro vocal. O registro
é o modo como se emitem os sons da tessitura. Existem três registros na voz humana: o
basal (notas mais graves, raramente usadas para falar ou cantar); modal (notas usadas na
conversação habitual e que engloba os sub-registros peito e cabeça); e elevado (registro
que possui as notas mais agudas e que engloba os sub-registros flauta e falsete).
A voz que não teve estudo alcança cerca de 10 ou 12 notas, enquanto a voz
treinada pode chegar a cerca de duas ou três oitavas. É importante perceber que a tessitura
depende do comprimento das pregas vocais: quanto mais compridas, mais lentas as suas
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vibrações e, portanto, mais grave a voz. Já as vozes agudas tendem a ser produzidas em
pregas curtas e delgadas, que se movem rapidamente.
Para que se ateste a tessitura de uma voz é possível usar vocalizes (exercícios
vocais onde linhas melódicas são cantadas em vogais, sem o uso de texto). Através deste
tipo de exercícios é possível determinar tessitura e extensão vocal, quais são as notas que
possuem qualidade e quais são aquelas que não devem ser utilizadas para o canto.
Também através destes mesmos exercícios é possível perceber características do timbre
de uma voz, como por exemplo, a cor (vozes claras e escuras), espessura (vozes delgadas
ou densas), brilho (vozes timbradas ou opacas), além também da potência vocal (voz forte
ou fraca). Naturalmente, a correlação entre o comprimento, a massa e a tensão das pregas
vocais com a classificação vocal de cantores pode ser considerado como um dos
principais fatores por trás da classificação vocal. Tais fatores definem a capacidade de
extensão de uma voz, predizendo sua tipologia.
O sistema “Fach” prevê pelo menos vinte e cinco categorias padrão para
classificação de vozes líricas. Na Europa, esta classificação é determinante tanto no
período de estudos de um cantor quanto em sua carreira profissional, garante saúde vocal
e longevidade na carreira.
REFERÊNCIAS
AMATO, Rita Cássia Fucci. Manual de Saúde Vocal: Teoria e Prática da Voz Falada
para Professores e Comunicadores. São Paulo: Atlas, 2010.
BEHLAU, Mara; PONTES, Paulo. Higiene vocal: cuidando da voz. Rio de Janeiro:
Revinter, 2001.
BEHLAU, Mara; REHDER, Maria I. Higiene para o Canto Coral. Rio de Janeiro:
Revinter, 1997.
BENNET, Roy. Uma breve história da música. São Paulo: Zahar, 2007.
CAMPIGNION, Philippe. Respir-Ações: a respiração para uma vida saudável. São Paulo:
Summus, 1998.
GROUT, Donald J.; PALISCA, Donald V. História da música ocidental. São Paulo:
Gradiva, 1999.
MÁRSICO, Leda Osório. A voz infantil e o desenvolvimento músico-vocal. Porto Alegre:
Escola Superior de Teologia São Lourenço Brindes, 1979.
PINHO, Silvia M. R. Manual de Higiene Vocal para Profissionais da Voz. São
Paulo: Pró-Fono, 2007.
TITZE, Ingo R. Principles of Voice Production. New Jersey: Prentice Hall, 1994.