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EXCELENTÍSSIMA SENHOR (A) DOUTOR (A) JUÍZ (A) FEDERAL DA

XXª VARA FEDERAL OU JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE XXXXXX,


SEÇÃO JUDICIÁRIA DOXXXXX TRF X REGIÃO

Processo: XXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXX, já qualificado no processo eletrônico em


epígrafe, vem perante Vossa Excelência, por meio de seu advogado, IMPUGNAR a
contestação apresentada pela digna Procuradoria Federal, fortes fundamentos de fato e
de direito adiante esposados.

1. Da contestação

A Procuradoria Federal visa à sustentação de sua defesa,


induzindo que em todos os casos, em vigência harmônica do Art. 3º, caput da Lei
9.876/99 e do Art. 29, I e II da Lei de Benefícios induziria desconsideração das
remunerações anteriores a julho de 1994.

Ocorre que o Art. 29, I e II – que é a norma que de fato


constitui objeto da reforma previdenciária na perspectiva da definição do valor do salário-
de-benefício, no Plano de Benefícios propriamente dito, no capítulo relativo ao Valor do
Benefício, que, portanto, disciplina a matéria por excelência – não se refere à data de
ingresso do segurado no Regime Geral de Previdência Social, não restringindo sua
incidência para segurados ingressantes após sua vigência.

Como trata de valor de benefício, e não de regime jurídico


ou de tutela do trabalho, o dispositivo tem vigência – assim como também tem vigência o
Art. 3º, caput da Lei 9.876/99 – sobre os benefícios concedidos após 29/11/1999.

Como a lei anterior servia-se apenas de trinta e seis


contribuições na composição do período básico de cálculo, criou-se tal regra (a
transitória, de período básico de cálculo mais curto, desde 1994), buscando evitar
prejuízos maiores para segurados com históricos contributivos irregulares, evitando-se
efeitos impopulares da reforma.

O argumento autárquico de que nem mesmo a lei revogada


considerava os salários-de-contribuição anteriores a julho de 1994 também não merece
consideração, pois não existe interpretação em homenagem à lei antiga: o intuito da
reforma foi justamente mudar a racionalidade e passar a tornar os benefícios
proporcionais com o histórico de vida das pessoas.
Nessa perspectiva, o princípio do equilíbrio atuarial não
implica necessariamente um retrocesso para todos os trabalhadores – tendo em vista os
efeitos do fator previdenciário, inserido pela mesma lei, mas traz benefício, na justamente
na composição do período básico de cálculo, se empreendido adequadamente,
utilizando-se todo o período contributivo ou apenas as remunerações posteriores a julho
de 1994, prevalecendo o cálculo mais vantajoso.
Isso beneficia as pessoas que passaram décadas
contribuindo sobre valores importantes, garantindo solidariamente a existência e a
solvabilidade do Regime Geral de Previdência Social, mas que hoje percebem benefícios
desproporcionais e inteligentemente desconectados daquelas contribuições.

Nem o raciocínio da inexistência de contrapartida


sinalagmática direta entre contribuições e benefício pode ser suscitado, tendo em vista
justamente as normas de composição do período básico de cálculos vigentes, que se
mais vantajosas devem ser utilizadas no cálculo do benefício.

2. Da impugnação

A versada Procuradoria não parece ter compreendido a


estrutura do direito intertemporal pátrio que motivou a presente demanda, e passou ao
largo da questão central em debate, que é a prevalência do benefício mais vantajoso,
havendo duas formas possíveis de cálculo no caso concreto. O paralelo com as regras
transitórias do Art. 9º da EC 20/98 ilustrou suficientemente isso na petição inicial.

A alteração normativa da Lei 9.876 veio para atender à


exigência da finalidade de preservação do equilíbrio financeiro e atuarial, que havia sido
elevada a princípio constitucional pela Emenda 20/98, evitando que pessoas que
passaram décadas contribuindo sobre valores baixos pudessem passar a pagar sobre o
teto, na condição de empregados, poucos anos antes da aposentadoria. Tanto que tal
fato – esse aumento repentino – era regrado pelo Art. 29, §4º e antes disso pela norma
congênere da CLPS.

Vige então a regra transitória, com fim de protegê-los da


abrupta mudança de paradigma, garantindo-se a incidência apenas das contribuições
posteriores ao Plano Real.

Ocorre que isso não beneficiou a todos, sobremaneira


aqueles que passaram a vida toda contribuindo sobre valores elevados, para quem o
princípio do equilíbrio financeiro e atuarial se apresenta, em verdade, como corolário da
proteção e da solidariedade sociais previdenciárias, expressadas no princípio da
contrapartida, tendo em vista o caráter híbrido do nosso regime de solidariedade, no qual
pouco resta da repartição simples antes estruturada por Otto Von Bismarck.

É para promover essa proporcionalidade, em promoção


plena princípio constitucional do equilíbrio financeiro e atuarial e do princípio correlato da
contrapartida, nos termos da Lei, que o segurado busca a revisão do seu benefício.

Para tanto, busca a garantia de que prevaleça o cálculo


mais vantajoso entre aquele que utilize o período básico de cálculo do Art. 29, I da Lei de
Benefícios propriamente dita e o do Art. 3º, caput da Lei 9.876, que trouxe a reforma e
incutiu tal regra transitória.
A pretensão não tem a ver com simulações em diferentes
datas de início de benefício, desnecessárias as simulações eventualmente trazidas pela
Previdência Social ou a verificação de alguma situação de direito adquirido anterior à Lei
9.876/99.

Tem a ver com dois cálculos diferentes, para a mesma data


de início de benefício, com regras diferentes, para que prevaleça a mais vantajosa, nos
termos dos entendimentos do TRF da 4ª Região e da TRPR, todos unânimes nesse
sentido, colacionados junto à inicial.

Não bastassem toda lídima demonstração da eficácia do


direito aplicável à matéria, a pretensão tem guarida nos arestos unânimes do TRF da 4ª
Região e da TRPR:

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. (...) 2. O parágrafo 2º do art. 32


do Decreto 3.048/99, com a redação dada pelo Decreto 3.265/99, enquanto
vigente, o parágrafo 20 do mesmo artigo, com a redação do Decreto nº
5.545/2005, o parágrafo 3º do art. 188-A do Decreto 3048/99, com a redação do
Decreto 3.265/99, e o parágrafo 4º do mesmo artigo, acrescentado pelo Decreto
5.545/2005, na redação vigente até o advento do Decreto 6.939/2009, contrariam
o disposto no art. 29, inciso II, da Lei 8.213/91, com a redação dada pela Lei
9.876/99, bem como o disposto no art. 3º, caput, desta última lei, na medida em
que estas leis, ao contrário dos referidos decretos, não exigem que, no cálculo do
salário de benefício de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez, seja
considerada a totalidade dos salários de contribuição, mas apenas os maiores
salários de contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período
contributivo (regra permanente, para o segurado filiado a partir da publicação da
Lei do Fator Previdenciário) ou, no mínimo, oitenta por cento de todo o período
contributivo decorrido desde a competência julho de 1994 (regra transitória, para
o segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à publicação da Lei
9.876/99 - ocorrida em 29-11-1999 -, podendo o segurado, neste caso, se
eventualmente lhe for mais favorável, utilizar-se de mais de oitenta por
cento do referido período contributivo). (...) (TRF4 5001793-19.2010.404.7103,
Sexta Turma, Relator p/ Acórdão Celso Kipper, D.E. 26/04/2013)

EMENTA: RECURSO INOMINADO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DA


RENDA MENSAL INICIAL. APOSENTADORIA POR IDADE. REQUISITOS
IMPLEMENTADOS APÓS O INÍCIO DE VIGÊNCIA DA LEI Nº 9.876/99. REGRA
DE TRANSIÇÃO. DIVISOR MÍNIMO. APLICAÇÃO DA REGRA DEFINITIVA. 1.
Implementados os requisitos para obtenção de aposentadoria por idade após o
início de vigência da Lei nº 9.876/99, o pedido inicial foi julgado improcedente, por
entender que o cálculo efetuado pela autarquia previdenciária está correto ao usar
como divisor o correspondente a 60% do período decorrido da competência de
julho de 1994 até a data de início do benefício. 2. A regra de transição prevista na
Lei nº 9.876/99, no entanto, não pode prevalecer nas situações em que o número
de contribuições recolhidas no período básico de cálculo é inferior ao divisor
mínimo. Nesses casos, em que a regra de transitória é prejudicial ao segurado,
deve ser aplicada a regra definitiva, prevista no artigo 29, inciso I, da Lei nº
8.213/91, com a redação definida pela Lei nº 9.876/99. 3. Nesse exato sentido é a
orientação jurisprudencial firmada ao interpretar a regra transitória prevista no
artigo 9º, da Emenda Constitucional nº 20/98, que estabeleceu, além do tempo de
contribuição, idade mínima e "pedágio", para obtenção de aposentadoria por
tempo de contribuição integral, enquanto o texto permanente (art. 201, § 7º, inc. I,
CF/88) exige tão somente tempo de contribuição. A solução definida pela
jurisprudência determina a aplicação da regra definitiva, já que a regra de
transição é prejudicial ao segurado, por exigir requisitos (idade mínima e
"pedágio") não previstos no texto definitivo. 4. Recurso parcialmente provido,
para determinar a aplicação da regra definitiva, prevista no artigo 29, inciso
I, da Lei nº 8.213/91, com a redação estabelecida pela Lei nº 9.876/99,
ressalvado que, se a RMI revisada for inferior àquela concedida pelo INSS,
deverá ser mantido o valor original, nos termos do artigo 122, da Lei nº
8.213/991. ( 5025843-93.2011.404.7000, Terceira Turma Recursal do PR,
Relatora Flavia da Silva Xavier, julgado em 06/11/2013)

Resta impugnada a contestação.

3. Dos requerimentos

Ante todo o exposto a parte autora requer a Vossa


Excelência o julgamento antecipado da lide, conforme pedidos na peça
vestibular com a consequente condenação da Autarquia Ré, JULGANDO
TOTALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO DA PARTE AUTORA, por
medida de JUSTIÇA!

Termos em que pede deferimento.

Local e data

Advogado

OAB/XX - xxxxxx

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