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De morador de rua a empresário: a história do fundador da

Camisetas da Hora
De morador de rua a empresário: a história do fundador da
Camisetas da Hora

(Foto:
Divulgação/Camisetas da Hora)
De morador de rua a empresário: Marcelo Ostia, dono da Camisetas da Hora, empresa
que fatura R$ 120 por mês

Até conseguir criar uma empresa de sucesso, Marcelo Ostia foi à falência, saiu pelas ruas
de São Paulo procurando trabalho e chegou a dormir em uma vaga de estacionamento.
O resultado: uma marca que fatura R$ 120 mil por mês

“As pessoas não falham. Elas desistem”. Marcelo Ostia, de 32 anos, só se deu conta da
reviravolta que havia acontecido em sua vida quando leu esta frase em uma camiseta
doada por voluntários a moradores de rua do centro de São Paulo. Ele estava dormindo
em uma vaga de estacionamento quando um motorista de caminhão lhe entregou a peça
de roupa. “Vi que a minha situação era crítica, estava sendo confundido com um
mendigo”. Essa percepção foi o baque que ele precisava para tentar mudar de vida. Hoje,
o fundador da Camisetas da Hora, empresa com 835 franqueados e um faturamento de
R$ 120 mil por mês, repete a frase da camiseta que ganhou como se fosse um mantra.
“A gente erra para adquirir experiência”.

As grandes mudanças na vida do empresário começaram quando ele foi demitido da


multinacional em que havia trabalhado dos 11 aos 19 anos. A companhia estava saindo
de Itu, no Interior de São Paulo, para o Rio de Janeiro e precisou dispensar todos os
funcionários. “Entrei como guardinha mirim e saí como funcionário da área de
planejamento. Havia crescido lá. Fiquei muito frustrado por ter saído”.

Sem emprego, Ostia decidiu montar uma copiadora rápida na garagem da casa dos pais,
sua primeira experiência como empreendedor. Um de seus clientes era o dono de uma
camisetaria que comentou com ele que precisava de alguém para fazer a arte das
estampas. Vendo uma oportunidade, ele ofereceu seus serviços – mesmo sem saber
nada sobre arte gráfica. “Instalei o CorelDRAW no computador e fiquei fuçando,
aprendendo sozinho durante uns três meses. Foi um pelejo bem grande, mas consegui”.

Quando os negócios começavam a ir bem, a empresa do novo cliente foi à falência e o


dono veio perguntar a Ostia se ele não gostaria de comprar os equipamentos de
estampa. Foi a segunda grande reviravolta na vida do empreendedor, que também não
sabia nada sobre estampar camisetas, mas aceitou fechar o negócio mesmo assim. A
copiadora virou, então, uma gráfica rápida: fazia banners, faixas, cartazes e também
estampava camisetas.

Depois de algum tempo, no entanto, a nova empresa faliu. Ostia explica que foi por uma
série de problemas, grande parte deles gerados pela falta de experiência em
administração dos donos (na época, um amigo de infância se tornara sócio na
empreitada). Mas o que piorou a situação da gráfica foi o calote de um fornecedor de São
Paulo, que havia recebido por alguns materiais e desaparecido.

Sem nenhum receio, os sócios saíram do interior rumo à capital paulista para fazer a
cobrança. Sem nenhum contato, chegaram à cidade e logo perceberam que nunca
encontrariam a empresa, nem o caloteiro. O que iriam fazer agora?

Depois de andar sem destino durante algumas horas, eles entraram numa rua que deu a
resposta. Era a rua Bresser, no Brás, famoso ponto de comércio de roupas em São Paulo.
“Eu olhei ao redor e vi que todo mundo vendia camisetas, mas ninguém vendia camisetas
estampadas”. Daí saíram os dois, de loja em loja, oferecendo seus serviços. Quem topou
a parceria foi um turco, dono de um estabelecimento grande. O acordo era que as
máquinas ficassem na porta do local, para que os clientes, pudessem customizar as
roupas compradas.

Os sócios vieram para São Paulo contando com a ajuda do novo parceiro para encontrar
um lugar para ficar. Mas isso não aconteceu. A resposta atravessada às expectativas dos
empreendedores, Ostia lembra até hoje: “Ele disse: ‘Não sou pai de vocês. Da porta pra
dentro vocês trabalham, da porta para fora, vocês se virem”’. Com R$ 50 no bolso, eles
decidiram alugar uma vaga de estacionamento para dormir e guardar as máquinas de
estampa. “Só conseguíamos pagar isso”. Era no próprio estabelecimento que eles
tomavam banho e se trocavam. Até que aconteceu o episódio da camiseta doada por
voluntários.

“Percebi que precisava mudar. Além disso, a minha namorada estava grávida”. Ostia
decidiu, então, começar a produzir camisetas para vender pela internet - surgia o
embrião da Camisetas da Hora. No começo, ele anunciava os produtos no Mercado Livre
e colocava no correio para fazer as entregas – passava os dias circulando entre a rua
Bresser e uma lan house próxima ao estacionamento. Em 2004, quando conseguiu juntar
R$ 300, criou uma página do negócio na internet e voltou para Itu.

De lá para cá, a Camisetas da Hora cresceu a passos largos. Hoje, a marca vende até 8
mil camisetas por mês, por meio de suas 834 franquias online, um quiosque em Itapevi
(SP) e um furgão que viaja o Brasil todo vendendo os produtos em eventos. Daqui a 60
dias, será inaugurada a primeira loja física da rede, em Araraquara.

Para os próximos anos, os planos de Ostia e sua esposa, Andreia Oliveira, a nova sócia,
são ambiciosos. Eles querem lançar uma rede de displays em hotéis, para alcançar os
turistas que devem vir ao país para a Copa do Mundo – mais ou menos como a
Havaianas faz. “É algo novo, que no meu segmento, ninguém explora”, diz. E completa:
“Isso é empreendedorismo. O empreendedor consegue ver vantagens em qualquer
situação, consegue criar oportunidades onde as outras pessoas só veem problemas”.

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