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internacionais ou bilíngues.
Nesse contexto, é evidente o crescimento das escolas bilíngues no Brasil. Marcelino
(2009) aponta para o fato de que anteriormente os pais escolhiam as escolas para seus
filhos com base na proposta de ensino e a necessidade de se aprender outra língua era
suprida por meio dos institutos de idiomas. Com o tempo, as escolas regulares passaram
terceirizar o ensino de idiomas a fim de melhorar o ensino de inglês que era considerado
ineficiente por várias razões, como falta de fluência dos professores, número de aulas
insuficiente e muitos alunos em sala de aula. Nesse momento, surgem as escolas bilíngues,
escolas com a função pelo menos inicial de integração do papel dos institutos de idiomas e
das escolas regulares. Esse novo modelo de educação teve grande adesão das famílias
brasileiras que percebem as escolas bilíngues como uma oportunidade cômoda para
conseguir duas funções tão importantes e necessárias na educação de seus filhos: uma
educação de qualidade e o ensino de um idioma (MARCELINO, 2009, p.2).
Apesar desse crescimento significativo das escolas de educação bilíngue, não há
nenhuma lei nacional que embase este tipo de educação. Essa falta de regulamentação
nacional faz com que a própria definição do que é uma escola bilíngue se torne um tema
bastante controverso e repleto de mal-entendidos. As divergências ocorrem uma vez que a
educação bilíngue formal pressupõe conceitos distintos em função de questões étnicas, de
fatores sóciopolíticos, dos legisladores e dos próprios professores. Na mesma vertente,
Mello (2009) salienta que a própria expressão ‘educação bilíngue’ é utilizada de maneira
abrangente para caracterizar diferentes formas de ensino nas quais os alunos recebem
instrução ou parte dela em uma língua diferente da que utilizam em casa. Segundo a
autora, os modelos e tipos de educação bilíngue são variados e diferem quanto aos
objetivos, às características dos alunos participantes, à distribuição do tempo de instrução
nas línguas envolvidas, às abordagens e práticas pedagógicas, entre outros aspectos do uso
das línguas e do contexto em que estão inseridos.
Não há nem ao menos regulamentação para o ensino de línguas estrangeiras na
educação infantil e no primeiro ciclo do Ensino Fundamental. Os documentos destinados a
estes níveis de ensino tratam somente do ensino da língua materna, assumida como o
português. Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental só tratam do
ensino de língua estrangeira a partir do Ensino Fundamental 2, isto é, a partir do 6o ano.
A demanda de parâmetros legais que regulem e norteiem as escolas de educação
bilíngue torna-se cada vez mais premente face ao aumento do número dessas escolas e,
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Em outras palavras, a LDB determina que a formação mínima para que se possa
atuar na educação infantil e no ensino fundamental 1 é a graduação em nível superior em
educação, isto é, em pedagogia.
É indiscutível que o professor que atua na educação infantil bilíngue deve possuir a
capacidade integral para trabalhar e ensinar crianças pequenas. Desse modo, entende-se
que a formação superior em pedagogia se faz imprescindível. Porém, a um profissional
graduado em pedagogia falta a formação referente a aspectos teóricos relacionados ao
bilinguismo e a educação bilíngue, sem mencionar o conhecimento linguístico-discursivo
para atuar neste segmento.
Salgado e seus colaboradores (2009) argumentam que o professor que atua neste
segmento deve ser preparado para atender aos diversos propósitos das diferentes escolas
bilíngues no Brasil. Segundo esses pesquisadores, as dimensões continentais do Brasil
contribuem para configurar ambientes sociais diversificados que exigem e favorecem a
presença de uma escola bilíngue. Há escolas localizadas nas comunidades de fronteira,
escolas localizadas em comunidades descendentes de imigrantes, escolas localizadas em
comunidades indígenas, escolas localizadas em grandes centros urbanos que têm um
público de alto poder aquisitivo e procura oferecer aos seus filhos a educação bilíngue não
tanto como uma necessidade familiar ou social, mas como mais uma opção de
escolarização. Há também aquelas escolas que são criadas para atender uma população
migrante atual por questões de industrialização ou outras atividades econômicas
(SALGADO, et al, 2009).
Apesar desse contexto amplo e diversificado, podemos elencar algumas das
competências que seriam imprescindíveis ao professor que atua na escola bilíngue: saberes
sobre o bilinguismo e sobre o processo de se tornar bilíngue; conhecimento sobre os
processos e fatores envolvidos no biletramento; conhecimento linguístico e semântico das
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Bibliografia
BRASIL. Lei no 9.394, de 20/12/1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Brasília DF: MEC, 1996.
Antonieta Megale
Mestre em Linguística Aplicada pela PUC/SP. Doutoranda em Linguística Aplicada pela
UNICAMP. Coordenadora de Língua Inglesa da Escola Antonietta e Leon Feffer.
Professora do curso de extensão Bilinguismo: Teoria e Análise de dados da
COGEAE/PUC. Coordenadora do curso de pós graduação Didática para Educação
Bilíngue do Instituto Singularidades.