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Aula 16 – Métodos e técnicas de

conservação do solo –
Parte II – práticas edáficas

Na aula anterior abordamos as práticas vegetativas. Na aula de hoje fala-


remos das práticas edáficas, dando continuidade ao entendimento sobre
conservação do solo.

16.1 Práticas Edáficas


Cultivo de acordo com a capacidade de uso  da
terra: Para estudos de planejamentos sustentáveis de
uso das terras (tais como aptidão agrícola e capacida-
de de uso das terras) em um determinado ecossiste-
ma, tal como uma microbacia, é então necessário ini-
cialmente a realização do levantamento, classificação Figura 16.1: Cultivo con-
forme capacidade do solo
e avaliação das características químicas e físicas dos Fonte: http://artedeproduziragua.
solos distribuídos nessa microbacia. O levantamento com.br
de solos é efetuado com o exame e identificação dos solos no campo, esta-
belecendo seus limites geográficos, que são representados em mapas e com-
plementados com a descrição e interpretação dos mesmos, de acordo com
as várias finalidades a que se destinam (Lepsch et al., 1991). De acordo com
os objetivos de um levantamento de solos são justamente: I) determinar suas
características; II) classificá-los em unidades definidas de um sistema uniforme
de classificação, de acordo com a nomenclatura padronizada; III) estabelecer
e locar seus limites, mostrando, em um mapa, sua distribuição e arranjamen-
to (representação gráfica); e IV) prever e determinar sua adaptabilidade para
diferentes aplicações.

Controle do fogo: Um dos maiores destruidores da biodiversidade é o fogo


colocado nos campos e florestas em diversas regiões do Brasil. A prática do
uso do fogo, provoca prejuízos ambientais como também prejuízos econô-
micos e sociais. Quando nos deparamos com uma área desmatada, toda
queimada, com animais em fuga, migrando para outras áreas, com centenas
de metros cúbicos de madeira perdida e com toda a cobertura vegetal per-
dida, tomamos consciência da real perda. O incêndio florestal, na descrição
técnica, é a presença de fogo (sem controle) capaz de provocar prejuízos
a vegetação, podendo ser provocado pelo homem ou por causa natural.
Existem três tipos de incêndios florestais. O subterrâneo se propaga através
das camadas de húmus que existem abaixo do piso, ocorre em florestas com

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acumulo de húmus. Existe o incêndio superficial, onde o fogo se propaga de
forma lenta, com pouca fumaça e sem chamas, e normalmente causa morte
de raízes, o que gera consequente perda das arvores. O incêndio do tipo su-
perficial rasteiro queima as folhas e galhos, gramíneas e arbustos com até 2
metros de altura, sua propagação é muito rápida, com muitas chamas e gera
muito calor. O terceiro tipo é o incêndio de copa ou aéreo, origina-se do in-
cêndio superficial e propaga-se de forma rápida através das copas das arvo-
res, e é difícil de controlar, pois sua velocidade pode chegar a 10 quilômetros
por hora. O hábito do agricultor na zona rural de colocar o fogo, a fim de
limpar o terreno para o plantio, é uma das causas mais comuns de incêndios,
pois o fogo foge do controle e se alastra pelo terreno. A baixa umidade re-
lativa do ar e o lançamento de pontas de cigarros acesos jogados em áreas
secas são também causas frequentes de incêndios nas matas e florestas.
Como causa natural podemos citar materiais lenhosos, objetos que causam
reflexão da luz solar como, vidros, latas e ferramentas, que podem causar
combustão espontânea e provocar incêndios. Outras causas comuns são os
lançamentos de balões de festas juninas e as fogueiras nos acampamentos.

Figura 16.2: Incêndio


Fonte: www.google.com

Como vemos, o fogo é um problema que pode chegar a qualquer hora, sob
várias formas. A melhor forma de controle é a prevenção e sabendo-se que
existem épocas do ano com maior probabilidade da ocorrência de incêndios,
deve-se adotar medidas preventivas. Uma das mais eficazes medidas pre-
ventivas é a educação ambiental, objetivando a sensibilização e a conscien-
tização das populações, a eliminação das fontes de propagação do fogo e a
aplicação da legislação específica.

e-Tec Brasil 106 Agricultura e Desenvolvimento Rural Sustentável


Existem ainda práticas mecânicas que visam a
conservação do solo, tais como, preparo do solo Sulcos
e plantio em nível; distribuição adequada dos Rego aberto na terra pela pá do
arado. Quebra da superfície da
caminhos; sulcos e camalhões em pastagens; água, feita pela passagem de
uma embarcação; esteira.
enleiramento em contorno; terraceamento;
Camalhões
entre outros. Porção de terra disposta para
sementeira entre dois sulcos;
beira, leiva.
A escolha dos métodos / práticas de prevenção à
Figura 16.3: Plantio em nível Enleiramento
erosão é feita em função dos aspectos ambien- Fonte: http://romuprediger.blogspot.com Prática utilizada no
desbravamento (mato, capoeira)
tais e socioeconômicos de cada propriedade e de uma gleba, dispondo os
região. Cada prática, aplicada isoladamente, previne apenas de maneira par- resíduos em linha de nível.
cial o problema. Para uma prevenção adequada da erosão, faz-se necessária Terraceamento
é uma técnica agrícola e
a adoção simultânea de um conjunto de práticas. geográfica de conservação do
solo, destinada ao controle de
erosão hídrica, utilizada em
Resumo terrenos muito inclinados.
Na aula anterior ressaltamos os princípios de conservação do solo utilizando
práticas vegetativas. Nessa aula, verificamos que outras ferramentas, como
as práticas edáficas, auxiliam também a conservação do solo.

Agora, mãos à obra!

Atividade de aprendizagem
1. Em sua opinião por que para produzir, temos que respeitar a capacidade
de uso ou suporte do solo?

2. Pesquise e comente o fato do agronegócio entrar para produzir soja ou


cana-de-açúcar na região do arenito Caiuá, sem estudo de capacidade
ou suporte desse solo.

3. Por que é importante controlar o fogo como forma de preservar o solo?

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