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Rev Saúde Pública 2006;40(1):191-4 '

www.fsp.usp.br/rsp

Informes Técnicos Institucionais Technical Institutional Reports

Parcerias para diminuir o mau uso de medicamentos


Partnerships to reduce drug misuse
Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa

A Anvisa anunciou no dia 18/11/2005 uma parceria mos mais farmacêuticos nas farmácias do que há al-
inédita com a Federação Nacional dos Farmacêuticos guns anos, mas isso ainda precisa melhorar. Esta
(Fenafar) e com a Federação Nacional dos Médicos parceria com a Anvisa vai servir para que o farma-
(Fenam). O objetivo é reduzir os efeitos negativos cêutico reconheça ainda mais a necessidade de estar
advindos do mau uso de medicamentos. presente no ponto onde o usuário busca o medica-
mento”, explica Eugênia.
Por meio da parceria, a Anvisa vai aumentar entre
esses dois segmentos profissionais a circulação de Os reflexos da parceria serão importantes nas ati-
informações sobre a importância do uso racional nas vidades dos prescritores, na dispensação e no nível
práticas médicas e farmacêuticas e reforçar a pertinên- de informação colocado à disposição dos usuários.
cia da notificação de reações adversas às autoridades A parceira traduz uma ação concreta da Agência como
de saúde. uma das integrantes do processo de estabelecimen-
to da Política Nacional de Assistência Farmacêutica
De acordo com o diretor-presidente da Agência, no Brasil.
Dirceu Raposo de Mello, o uso racional de medica-
mentos depende do envolvimento de vários setores. O primeiro resultado da união com as federações é a
“A Anvisa procurou os médicos e farmacêuticos para realização de quatro seminários regionais para deba-
tornar mais incisiva a ação da Agência na educação ter sobre o uso racional e a propaganda de medica-
pelo uso adequado dos medicamentos. Outras parce- mentos, nas seguintes datas:
rias serão feitas no mesmo sentido. Os conselhos de • Regional Nordeste - 9 e 10 de dezembro de 2005 -
medicina e de farmácia também serão convidados para Salvador/ Bahia
atuar”, explicou Raposo. • Regional Norte / Centro-Oeste - março de 2006
• Regional Sul - abril de 2006
O diretor da Anvisa Franklin Rubinstein explica que • Regional Sudeste - maio de 2006
o uso de medicamentos requer todo o cuidado. “Não
podemos deixar nenhum dos elos da cadeia dos medi- O Uso Racional de Medicamentos, segundo defini-
camentos descoberto. Da produção até o usuário fi- ção da Organização Mundial da Saúde (OMS), é a
nal, é papel da Anvisa cuidar para que nada dê errado situação na qual os pacientes recebem os medicamen-
nesse caminho, pois o que está em jogo é a saude da tos apropriados às suas necessidades clínicas na dose
população”. correta por um período de tempo adequado e um cus-
to acessível.
A Fenam e a Fenafar representam, juntas, 360 mil
profissionais. Segundo Heder Borba, presidente da NÚMEROS
Fenam, os profissionais têm papel fundamental no uso
correto de medicamentos. “É importante que os médi- O uso inadequado de medicamentos é um problema
cos notifiquem as reações adversas aos medicamen- de Saúde Pública prevalente em todo o mundo. Dados
tos, pois, junto com os farmacêuticos, eles são os pro- da OMS revelam que:
fissionais que primeiro ficam sabendo dos problemas • 15% da população mundial consome mais de 90%
que ocorrem com os usuários”, sentencia. da produção farmacêutica;
• 25 a 70% do gasto em saúde nos países em desen-
Para a presidente da Fenafar, Maria Eugênia Cury, volvimento corresponde a medicamentos, naque-
o quadro está melhorando. “Hoje em dia encontra- les desenvolvidos, esse porcentual é de 15%;
Correspondência/ Correspondence: Texto de difusão técnico-científica da Anvisa.
ANVISA - Assessoria de Imprensa
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' Informe Técnico Institucional Rev Saúde Pública 2006;40(1):191-4
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• 50 a 70% das consultas médicas geram prescrição No Brasil, segundo informações do Sistema Na-
medicamentosa; cional de Informações Tóxico-Farmacológicas
• 50% de todos os medicamentos são prescritos, (Sintox), os medicamentos ocupam o primeiro lugar
dispensados ou usados inadequadamente; entre os agentes causadores de intoxicações em
• Somente 50 % dos pacientes, em média, tomam seres humanos e o segundo lugar nos registros de
corretamente seus medicamentos; mortes por intoxicação.
• Os hospitais gastam de 15% a 20% de seus orça-
mentos para lidar com as complicações causadas Segundo dados levantados pela Comissão Parla-
pelo mau uso de medicamentos; mentar de Inquérito sobre os Medicamentos, em 2002,
• De todos os pacientes que dão entrada em pron- 15% da população consome 50% do que se produz de
tos-socorros com intoxicação, 40% são vítimas dos medicamentos, enquanto 51% entre os que ganham
medicamentos. até quatro salários-mínimos consomem 16%.

Pirataria: o barato pode sair caro


Piracy: what you pay is what you get
Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa

Combater a venda de produtos falsificados não é çou a cartilha de orientação para os consumidores
uma tarefa simples. Com o aumento dos empregos de saneantes. Foram entregues, na cidade do Rio de
informais, cresceu também a pirataria – como são po- Janeiro, 30 mil exemplares com informações sobre os
pularmente conhecidas a fabricação e a comerciali- riscos e os perigos que podem ameaçar a saúde das
zação de cópias de artigos originais. Mais interessa- pessoas dentro de suas casas. Também foram de-
da na compra de produtos baratos do que em quali- senvolvidas atividades educativas em São Paulo,
dade, a população investe em CDs, DVDs, tênis e Recife e Natal.
bonés, estimulando, assim, uma prática irregular.
Quando ingeridos, os saneantes ilegais causam sé-
Um problema que tem deixado as autoridades em rios danos à saúde, podendo levar à morte. “Os prin-
alerta é o número crescente de fabricantes ilegais cipais sintomas de intoxicação são queimaduras, pro-
atuando no mercado da saúde. Materiais de limpeza blemas respiratórios e irritações”, alerta o engenhei-
produzidos clandestinamente estão sendo comercia- ro agrônomo e técnico da Gerência de Saneantes da
lizados, na sua maioria, em embalagens de refrige- Anvisa, Andersem Santos de Morais. “Os saneantes
rantes reaproveitadas. E não tem qualquer avalia- ilegais apresentam os preços mais baixos porque nor-
ção de que são seguros e produzem bons resulta- malmente não fazem o que prometem”, diz. Em sua
dos. Os saneantes são importantes porque acabam maioria, são produtos que possuem cor e cheiro agra-
com as sujeiras, germes e bactérias, prevenindo o dável. São vendidos por ambulantes em caminhões,
aparecimento de doenças causadas pela falta de peruas, de porta em porta. Costumam ser oferecidos
higiene dos ambientes. Mas é imprescindível que também em lojas que revendem produtos e artigos
tenham sua qualidade reconhecida pelos órgãos para limpeza.
competentes.
Mas o risco não é só para quem utiliza o material.
Consumir materiais de limpeza fabricados fora dos As pessoas que manipulam as substâncias também
padrões sanitários pode representar graves riscos à correm riscos ao misturar os ingredientes do saneante
saúde. Para evitar o consumo e a proliferação desse clandestino. “Esse trabalho deve ser desenvolvido
tipo de produto ilegal, a Anvisa vem realizando ações por um químico ou técnico especializado. Produtos
educativas com as Vigilâncias Sanitárias locais. No químicos são corrosivos e liberam substâncias tóxi-
dia 1° de setembro, em parceria com a Vigilância Sa- cas. A pessoa que está lidando com as misturas ne-
nitária do Estado do Rio de Janeiro, a Agência lan- cessita de proteção especial”, afirma Andersem.

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