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5 a 8 de novembro de 2019
INTRODUÇÃO
A permanência de pensamentos e (re)ações preconceituosas na escola, nem sempre
veladas, ainda impacta face à obrigatoriedade da educação das relações étnico-raciais
estabelecida pela Lei 10.639, em 2003. Debater a questão do racismo (ainda) é necessária! E
“[...] mapear o trato que já é dado à diversidade pode ser um ponto de partida para novos
equacionamentos da relação entre diversidade [...]” e ação pedagógica (GOMES, 2004, p. 11).
Desde 2017, a temática das relações étnico-raciais causa (pre)ocupação, seja em sala
de aula, seja nas relações naturalizadas e preconceituosas observadas na comunidade
acadêmica. Neste sentido, o presente artigo apresenta a discussão teórica que fundamenta a
pesquisa Por que não gostamos de falar em racismo?, realizada na UEMG Cláudio, que busca
identificar representações que as(os) estudantes do curso de Pedagogia têm sobre o racismo,
bem como analisar as práticas escolares em relação às situações de racismo.
Acredita-se que as relações étnico-raciais no âmbito escolar ainda permanecem
impregnadas de uma história única, que desconhece a própria formação cultural que
(de)forma as identidades pessoal e coletiva. A concepção de educação permanece referenciada
na pedagogia moderna, que desconhece que professoras(es) e estudantes são sujeitos de
direitos e, dessa forma, não reconhece e valoriza a diversidade nos processos pedagógicos.,
ignorando que “[...] a chamada questão racial, no brasil, não pertence aos negros: pertence a
todos os brasileiros” (VALENTIM, 2010, s/n).
OS SABERES DA DOCÊNCIA
Os estudos sobre formação de professoras(es) têm mostrado que o trabalho docente,
além do conhecimento do conteúdo disciplinar e pedagógico, agrega suas vivências pessoais,
que são recuperadas em situações de ensino. O escopo aqui proposto considera a formação
inicial de professoras(es) fundamentada na análise das práticas pedagógicas, pois o trabalho
do docente expressa os saberes que ele traz consigo e, dessa forma, pode impossibilitá-lo de
articular os novos saberes e de traduzí-lo em novas práticas (PIMENTA, 1999; NÓVOA,
2007).
Refletir sobre as práticas sugere novas formas de se pensar a formação docente, na
medida em que evidencia os saberes que configuram a identidade profissional do professor.
“Logo, é a partir dos saberes práticos ou experienciais que os professores expressam seus
próprios valores, juízos e sua concepção de ensino, realizam julgamentos, interpretam,
compreendem e projetam suas próprias ações em sala de aula [...]” (TARDIF, 2002 apud
SILVA, 2009, p. 26).
Na fase aluno sendo professor o habitus discente expressa os processos socializadores
vividos por ele, revelando como a experiência e o sentido o afetaram. “A experiência é o que
nos passa, o que nos acontece, o que nos toca”, como coloca o professor José Larrosa Bondía
(2002, p. 21). A identidade profissional do professor reflete a singularidade de sua história. No
entanto, a identidade constitui um processo de construção do sujeito. Identidades são, pois,
identificações em curso [...]” (SANTOS, 1997, p.135).
Segundo Nascimento (2003, p. 31), a identidade constitui-se na “encruzilhada
existencial entre indivíduo e sociedade em que ambos vão se constituindo mutuamente […] é
uma categoria complexa, pois trata-se de um processo que ocorre no âmago da do indivíduo
quanto no núcleo central da sua cultura coletiva”. A pessoa realiza esse movimento
continuamente, pois a identidade é sempre incompleta. “Tanto a identidade pessoal, como a
identidade social são formadas em diálogo aberto. Estas dependem de maneira vital das
relações dialógicas uns com os outros” (GOMES, 2007, p. 22).
Nesta perspectiva, o processo de formação inicial de professoras(es) é tratado de
forma articulada à temática das relações étnico-raciais. A diversidade cultural brasileira
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representa um campo desigual de forças baseado no mito da democracia racial, que mascara
relações preconceituosas e discriminatórias. Além disso, a cordialidade como traço cultural
adensa a suposta harmonia racial no país.
Para que a escola consiga avançar na relação entre saberes
escolares/realidade social/diversidade étnico-cultural é preciso que
os(as) educadores(as) compreendam que o processo educacional
também é formado por dimensões como a ética, as diferentes
identidades, a diversidade, a sexualidade, a cultura, as relações raciais,
entre outras (GOMES, 2005, p. 147).
sistêmico que constitui um mecanismo estrutural que garante a exclusão seletiva dos grupos
racialmente subordinados – no caso, os negros. Trata-se da forma estratégica como “o racismo
opera de forma a induzir, manter e condicionar a organização e a ação do Estado, suas
instituições e políticas públicas – atuando também nas instituições privadas, produzindo e
reproduzindo a hierarquia racial“ (ONU, 2016, p. 17).
Neste contexto, a implementação da lei 10.639/03 não foi apenas uma alteração na
LDBNE, mas uma ação política, social e significativa para a educação e para o seu efetivo
cumprimento é preciso conhecer a gênese de sua construção, compreendendo que advém do
reconhecimento da importância do Movimento Negro (MEIRA, SILVA; MELGAÇO, 2017;
BRASIL, 2003).
Acreditamos que todas as dimensões da realidade estão articuladas e
permeadas de saberes e, em nossa sociedade, a grande maioria dos saberes
das culturas que constituem nosso jeito de viver tem origens no legado das
civilizações africanas reelaboradas na dinâmica do dia-a-dia de nossas vidas,
embora haja profundo desconhecimento e ausência da história e da saga
africana no Brasil na educação de nível básico e nos níveis superiores de
graduação e pós-graduação (SANTOS; MACHADO, 2008, p. 96).
METODOLOGIA
A pesquisa utiliza o método hermenêutico-dialético que se apresenta como um
caminho do pensamento para realizar a interpretação qualitativa dos achados da pesquisa. A
ciência é produzida na relação dinâmica entre a razão daqueles que a praticam e a experiência
que surge na realidade concreta. A hermenêutica e a dialética apresentam-se como momentos
necessários na produção da racionalidade. Essa complementaridade mostra que ambas
concordam que toda manifestação simbólica se dá sob condições históricas determinadas e
que não há pesquisador imparcial (MINAYO, 2004).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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CONCLUSÂO
A educação que tem a diversidade cultural como um desafio, deve enfrentar as
questões alteritárias a partir de um debate qualificado em bases epistemológicas e políticas
que desnaturalizem as relações sociais desiguais. Os processos de formação de professores(as)
dveme assumir a educação antirracista. .
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de
1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo
oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira",
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