Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PROJETOS
DE TESES OU DISSERTAÇÃO
COLEÇÃO FLABEL
Nº 03
1
ÍNDICE
3. A COMPOSIÇÃO DO PROJETO
5. REFERÊNCIAS RIBLIOGRÁFICAS...................................................... P. 18
2
UMA ORIENTAÇAO PAPA PROJETOS
DE TESES OU DISSERTAÇAO
_______________________________
1
Nossa experiência discente e docente está circunscrita às Ciências Humanas (notadamente
Comunicação, Sociologia, Administração, História e Ciência Política). Apesar desta limitação,
esperamos que, em linhas gerais, este roteiro possa auxiliar estudantes de outras áreas.
2
Usamos alternadamente os termos "tese" e "dissertação" para referirmo-nos indistintamente tanto
ao trabalho de fim de curso de mestrado como ao de fim de doutorado. Veja as notas seguintes.
3
1. A UTILIDADE DO PROJETO
______________________________
3
Encontramos em Matos (1989), uma referência ao termo "dissertação" como datando do século
XVII enquanto "tese seria do século XIV
4
Oliveira et al. (1981, p.3) definem TESE como "um documento que tem a função de conduzir um
agrupamento lógico, sustentando e defendendo um ponto de vista especifico e fornecendo solução para
um dado problema"; enquanto DISSERTAÇÃO "representa uma discussão sistemática sobre um
determinado assunto, não constituindo tema original. Seu objetivo é mais restrito que o da tese".
Exatamente o inverso do trio de ambos os termos em inglês, onde “theses” é aplicado ao trabalho escrito
de conclusão de mestrado e "dissertation" refere-se ao que chamamos no Brasil de tese de doutorado.
5
Acreditamos que este roteiro também possa servir para projetos de monografia, cujas normas de
redação são apresentadas como ( ... ) et al(1981). Estes autores a definem como “um trabalho de
divulgação cientifica que, exaustiva e compreensivamente, trata de um problema ou assunto específico.
Geralmente é escrito de acordo com um plano bem elaborado, cobrindo todos os aspectos do assunto". O
aluno que desejar utilizar este roteiro para o seu projeto de monografia, verifique com o seu orientador a
adapitabilidade das sugestões aqui oferecidas.
4
projeto e você NÃO se ocupará deles na dissertação, mas mostrará que está a
par das dimensões não estudadas, propondo-as no texto final do relato da
pesquisa, como caminhos a explorar em futuros estudos.O que você precisa
mostrar no seu projeto (e no texto final da dissertação) é CONGRUENCIA no
exposição, CLAREZA no encadeamento das idéias e FAMILIARIDADE com
seu tema. Claro que você NÃO sabe tudo sobre ele, do contrário não estaria
pesquisando! O segredo do sucesso é: reescrever, reescrever e, finalmente,
reescrever!
Antes de decidir sobre um tema de tese, lembre-se de que você vai conviver
muito tempo com ele, às vezes em condições adversas, portanto é melhor que
seja um assunto, não apenas para estimular os seus neurônios mas também
para tornar-se uma “curtição”. Se bem que, como em um trabalho artístico,
produzir uma tese ou dissertação também é uma criação do espírito. Como tal,
requer vibração com o que está-se criando e buscando a fim de que o seu
trabalho não seja "apenas" o cumprimento de um "requisito parcial para o
obtenção do grau de mestre (ou de doutor)". Que seja, além disso, um trabalho
útil ao campo de conhecimento onde sua tese se insere, e uma viagem
inesquecível na estrada do seu aprimoramento profissional e do crescimento
pessoal.
Por outro lado, existem limitações concretas na implementação, de um projeto
de tese. Nada mais frustrante do que escolher um tema que o apaixona, mas
que seja inviável, por vários motivos, desde a falta de dinheiro até, a falta de
orientador. Uma das preocupações para garantir um bom começo de trabalho é
perguntar-se o seguinte:
A. CUSTO FINANCEIRO: Tenho acesso à verba para material, transporte,
entrevistas, cópias xerográficas? Se não disponho de dinheiro, nem meu
nem de patrocinador, que tipo de estudo conduzir sozinho, com um mínimo
de despesas?
B. O TEMPO ENVOLIDO: Posso completar esta pesquisa, inclusive a redação
5
final das conclusões (que exigirá reescrever muitas vazes), dentro do prazo-
limite para o depósito do minha tese? Como reduzir a idéia/problema a um
âmbito de proporções manejáveis, dentro do tempo disponível?
6
3 A COMPOSIÇÃO DO PROJETO
Para pensar o projeto e arma-lo, você precisa cobrir certas etapas entes
de dar-lhe a forma final. Ei-las:
(1) Escolha do tema.
(2) Delimitar os objetivos da pesquisa (assim, estará determinando o
âmbito do trabalho - o que está incluído e o que cai fora do estudo a
realizar).
(3) Levantar e bibliografia permanente.
(4) Definir bem os conceitos que compõem o quadro de referência do
assunto.
(5) Descrever o problema, situação ou fenômeno a ser pesquisado.
(6) Justificar a importância do estudo proposto.
(7) Escolher o marco-teórica que servirá de baliza a analise dos dados.
(8) Escolher a metodologia a ser empregado.
(9) Elaborar um cronograma para a pesquisa.
(10) Rascunhar a Introdução.
Depois de organizar-se desta forma e ter todos os elementos de
composição do projeto, você passará a dar forma e uma escrita final ao
mesmo. Para esta tarefa ofereceremos o seguinte roteiro:
3.1. Título
O título do projeto é, geralmente, um nome provisório para a dissertação ou
tese, a não ser que você tenha tido um sonho, a imagem do mesmo gravada
em ouro e "soprada" por alguma bibliotecária. Aliás, consultar uma bibliotecária
de sua universidade é importantíssimo antes de "batizar" a tese definitivamente.
Ela poderá orienta-lo(a) sobre as palavras-chaves que devem constar do título
para que seu trabalho seja classificado e recuperado em diferentes bancos de
dados, conforme os tópicos e áreas onde ele seria relevante. Isto sem prejudicar
sua criatividade pessoal. Em todo caso, tanto para o projeto como para a
discussão, evite títulos muito curtos ou excessivamente longos.
3.2. A Introdução
A Introdução do seu projeto deve ser curta, concisa, direta. Na dissertação
7
ou tese propriamente dita, a introdução será mais longa, podendo incluir,
inclusive, a narração de suas dores, obstáculos, impasses e decisões "em
cours de route". No PROJETO ela não deve ser confundida com a
EXPOSIÇÃO DO PROBLEMA, que vem mais adiante.
EXEMPLO DE UM COMEÇO DE INTRODUÇÃO: "Este projeto nasceu com
minha preocupação com de ....................................... e da necessidade de
promover um melhor conhecimento da ............................. como fenôneno da
maior relevância no campo de ...................... (citar a Área de conhecimento
que dá o nome ao seu programa de mestrado). Com este trabalho,
proponho-me a (estudar/investigar/analisar) ........................... Usarei como marco
teórico e como procedimento metodológico. A exposição do Problema e a
Revisão da Bibliografia, apresentados mais adiante darão respaldo a estas
escolhos."
Feche a Introdução com alguma citação inspiradora, pertinente a
suas preocupações filosóficas do tema.
A INTRODUÇÃO SERÁ ESCRITA POR ÚLTIMO, quando você tiver o
projeto armado em seus itens subsequentes, uma vez que é um resumo de
todos eles (objetivos, justificativa ou relevância do estudo, âmbito da pesquisa,
marco teórico, metodologia). A INTRODUÇÃO É A CARTA DE
APRESENTAÇÃO DO PROJETO.
8
para organizá-la.
9
Rostand em "Cyrano de Bergerarc". Cada uma das três definições acima capta
um aspecto da realidade do conceito BEIJO.
Os conceitos principais usados na sua pesquisa, também designados como
“conceitos-chaves”, serão definidos de acordo com o seu uso corrente em
sociologia, psicologia, administração de empresas, economia, ciência política
(ou qualquer que seja o poço de saber de onde você se abasteça). Serão
também definidos de acordo com o "corte" que você deu na realidade para
poder apreendê-la, de acordo com o âmbito e o ângulo de sua pesquisa.
VOCÊ DIRIA NESTA SEÇÃO: "No âmbito desta pesquisa, os seguintes
conceitos serão usados com as seguintes definições ....................... (listá-los
em ordem alfabética, seguidos das respectivas definições adotados por você)".
Quando aplicável, dar a DEFINIÇÃO CONCEITUAL, seguida da DEFINIÇÃO
OPERACIONAL. Por exemplo, a definição operacional de "idoso" varia de
acordo com o teor do pesquisa e os interesses do pesquisador. Se a variável
"idoso" entra na sua pesquisa, você precisa definir este conceito de maneira a
focalizar a realidade estudada com um mínimo de ambiguidade: "Para os
efeitos deste pesquisa idoso é a cidadão com um mínimo de 70 anos de idade
(ou 65, ou 68, desde que estabeleça um critério e atenha-se a ele)."
Você tanto pode construir as suas próprias definições para os conceitos
utilizados no seu trabalho, de acordo com o enfoque e âmbito da pesquisa,
como pode adotar uma definição legitimada por alguma instituição ou autor.
Neste caso, assinalaria a opção assim: "neste trabalho o conceito "minifúndio"
é definido conforme a classificação do INCRA" (ou do IBGE, ou do FAO).
Segue-se o enunciado da definição. Ou ainda: "Utilizaremos a definição de
Nico Poulantzos7 para quem "aliança de classes significa ....”.
Para um aprofundamento da importância dos conceitos e suas definições
na produção de conhecimento científico, veja Mendonça (1958) e Hegenberg
(1974). Familiarize-se também com o Dicionário de Política de Norberto Bobbio
o qual, em seus mini-ensaios sobre os verbetes ali selecionados, dá uma visão
clara das diferentes acepções que um mesmo conceito pode ter através da
História e como os conceitos são definidos de acordo com as perspectivas
______________________________
7
Citar referência bibliográfica sem esquecer o n° da página de onde copiou ou parafraseou a definição.
10
filosóficas ou ideológica de seus usuários.
Tenha em conta, que uma pesquisa sem uma cuidadosa explicação do que
você entende por ... (o que quer que você esteja a referir-se) já começa como
pesquisa mal feita. Se na poesia, a ambiguidade no uso dos termos pode
aumentar a qualidade do poema, no ciência a redução da ambiguidade é
requisito básico de um trabalho acadêmico de qualidade. Quanto mais um
termo usado em sua pesquisa for do tipo que "todo mundo sabe o que é", mais
necessidade tem de ser delimitado numa definição precisa.
Ainda sobre o uso dos conceitos e suas definições, vale lembrar Kenneth
Burke (1966):
“Não somente a natureza dos termos que usamos afeta a natureza de
novas observações como também dirigem a nossa atenção para uma área, de
preferência outra. Mudas das chamadas "observações" são apenas implicações
daquela terminologia particular em cujos termos as observações foram feitas.
Em suma, muito do que consideramos observações sobre a realidade pode ser
apenas uma decorrência das possibilidades implícitas numa determinada
escolha de termos. (...) Mesmo se uma determinada terminologia é um
REFLEXO da realidade, por sua própria natureza como terminologia, ela tem
de ser uma SELEÇÃO da realidade e assim, precisa funcionar como uma
REFLEXÃO da realidade" (BURKE, 1996, pp. 45-46).
Esta parte do projeto (e da tese futura) não é uma mera menção “Fulano
disse, sicrano descobriu, beltrano recomenda ...”. Cada obra, idéia, autor citado
TEM DE SER CONECTADOS POR VOCÊ ao assunto de seu trabalho.
Em geral, a revisão da bibliografia, ou "revisão do literatura", pode ser
dividida em dois grandes sub-itens:
11
3.7.1. Marco teórico
As idéias, teorias, filosofias, abordagens que são o alicerce conceituai,
teórico, filosófico de sua pesquisa, NOTE QUE UMA PARTE DO MARCO
TEÓRICO JÁ APARECE NA SEÇÃO ONDE VOCE EXPLICITA O USO DOS
CONCEITOS. Os conceitos são parte do marco-teórico. As vezes, um ou dois
conceitos-chaves apenas formem o cerne de um marco teórico. Por exemplo,
um estudo que se proponha usar o conceito: de "luta de classes" para explicar
a interação entre certos grupos sociais; ou uma pesquisa que reúna os
conceitos de "ato retórico" e "ato político" como base teórica para analisar a
atuação de determinado governo; ou ainda um trabalho que pretenda analisar
papéis sociais ou comportamento político à luz dos conceitos de "intelectual
orgânico", segundo Antônio Gramsci, "animador cultural", segundo Joffre
Dumazedier, ou "agente de comunicação rural", conforme Juán Diaz
Bordenove.
Seja como sub-iten de "Revisão da Bibliografia", seja como seção
independente, o marco teórico precisa ser bem explicado e conectado com seu
trabalho porque ele servirá de baliza tanto à sua pesquisa, quanto ao
julgamento de banca examinadora.
VOCÊ PODE COMEÇAR ESTE SUB-ITEN DIZENDO: “O problema que
me proponho a investigar pode ser visualizado (esclarecido, entendido,
abordado) dentro de (através de) pelo menos duas (três, quatro, etc) teorias
(perspectivas, abordagens).” Não esqueça de desenvolvê-las e explicitar com
qual delas vai trabalhar e por que.
12
bibliografia pertinente, que sabe separar o que é relevante do que é irrelevante
e usar os autores como seus ALIADOS na construção do seu caso.
3.8. A Metodologia
Pode ser dividia, como seção, em:
(a) ÂMBITO DA PESQUISA - aqui você dirá algo como - “Para viabilizar este
projeto selecionei (escolhi, vou limitar-me a)............... “. Ao definir o âmbito da
pesquisa você especifica o grupo, fenômeno, variáveis a examinar, local,
textos, material específico que será observado e analisado. Você esclarece o
QUE (ou QUEM), ONDE, QUANDO e COMO pesquisará.
(b) COLETA E ANÁLISE DOS DADOS - aqui, você menciona os procedimentos a
serem adotados para reunir a informação de que você necessita e o
instrumento de análise a ser utilizado no tratamento dessa informação - se
usará amostragem aleatória ou não, e por que, se utilizará outros critérios de
objetividades e como. Você pretende usar, por exemplo, entrevistas?
Questionários por correio? Gravação de história de vida? Dados secundários?
Recenseamentos? Análise de textos? Que combinação de técnicas você
pretende utilizar? No caso da análise, aplicará textos estatísticos? Fará
comparações de percentagens? Ou relatos? Não se esqueça de explicar
porque a combinação escolhida por você, de métodos a técnicas, serve melhor
ao seu propósito de pesquisa.
Provavelmente sua metodologia seguira os passos dos métodos e técnicos
de pesquisa da linha de trabalho de seu orientador. Se ele tiver seriamente
comprometido em ser seu guia durante o processo, ninguém melhor do que ele
(ele) para dar-lhe a orientação metodológica. Mas ele poderá também sugerir
que procura um colega/pesquisador cuja prática metodológica seja de especial
utilidade para seu projeto.
Qualquer que seja o procedimento metodológico adotado, é importante ler
cuidadosamente sobre ele (ou eles) em livros de metodologia e técnicas de
pesquisa. Se a orientação do orientador é imprescindível, SE É VERDADE
QUE "PESQUISA SE APRENDE FAZENDO", é igualmente inegável, a ajuda
que a experiência de outros pesquisadores, registradas em manuais e relatos
de pesquisas pode trazer ao mestrando/doutorando ainda inseguro no seu
exercício acadêmico de produzir um trabalho dentro dos ditames do gênero
13
"tese" ou "dissertação".
Nossa experiência acadêmica, quer como mestrandos na Universidade de
Wisconsin (Modison, EUA), quer como doutorandos na Universidade de
Maryland (EUA), quer como orientadores em programas de pós-graduação de
duas Universidades federais brasileiras, tem nos ensinado que é mais
proveitoso para o aluno trabalhar com a metodologia da preferência e com,
potência do orientador, ou então, trocar de orientador.
3.9 Orçamento8
Todo projeto de tese ou dissertação deve trazer uma estimativa dos custos
da pesquisa: cópias xerográficas, correio, transporte, preparo de questionários,
contratação de serviços (computação, digitação/datilografia, análise, estatística,
entrevistadores, .... ), assim como a menção da(s) fonte(s) financiadora.
14
Infelizmente, mestrando e doutorandos tendem a deixar “um resto de tempo”
para esta etapa importantíssima, que coincide com o estágio de saturação do
autor com seu trabalho e é feito de afogadilho, sob a pressão do prazo de
entrega e do cansaço. Lembre-se disto quando fizer o seu cronograma e faça
(deixe) espaço privilegiado para a análise. Nunca esqueça de que é preciso
TEMPO para redigir uma vez, duas, três, quatro vezes, ou quantas vezes
sejam necessárias para produzir um trabalho acadêmico decente.
15
SOCIAL MÉTODOS E TÉCNICAS (1985), por Robert Richardson et al, da
Editora Atlas. Por Humberto Eco, você tem COMO SE FAZ UMA TESE (1989),
da Editora Perspectiva.
16
5. RFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BURKE, Kenneth. Languaqe as Simbolic Action. Berkeley: University of
California Press, 1966. 514 p.
CASTRO, Cláudio de Moura. Memórias de um orientador de tese. In NUNES,
Edson de Oliveira (Org.). A aventura do sociológica. Rio de Janeiro: Zahar,
1979. pp. 309/326.
17