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ÓRGÃOS DE MÁQUINAS

Aula

UNIÕES DE VEIOS

Zdena Tavares

Licenciatura em Engenharia Mecânica, 3°ano

PRINCIPAIS TÓPICOS ABORDADOS NA AULA

• Chavetas
− Tipos

− Aplicações

− Dimensionamento

• Uniões de veios
− Funções

− Tipos, características

− Materiais e aplicações

Licenciatura em Engenharia Mecânica, 3°ano

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CHAVETAS
• Chavetas - são elementos mecânicos de fixação utilizados para fazer ligação entre 2
peças de secção circular (por exemplo, um veio e uma coroa), evitando tanto o
movimento angular entre elas como o movimento axial relativo.
• Chavetas permitem a transmissão de potência e por isso são, as vezes, classificadas
também como elementos de transmissão.
• As chavetas podem agrupar-se em dois tipos principais: de secção constante e de
secção variável.
• As chavetas de secção constante têm forma prismática com faces laterais
paralelas. Incluem:
a) Chaveta embebida (embutida - brasileiro) - é o tipo chaveta mais comum quando
se pretende transmitir momentos torçores elevados. Têm secção transversal
quadrada ou rectangular, com extremidades redondas ou planas.

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CHAVETAS
b) Chaveta redonda - é usada quando o cubo fica à face do veio e não é preciso
realizar montagens frequentes. Provoca um menor enfraquecimento do veio.
c) Chaveta à face - é uma chaveta rectangular montada sobre uma face plana do
veio, mas sem escatel (ranhura, rasgo). Usa se quando há problemas de
enfraquecimento do veio provocado pelo escatel. O momento torçor transmitido
não deve ultrapassar metade da capacidade do veio.
d) Chaveta Barth - é semelhante à chaveta embebida, mas as arestas do escatel e a
parte da chaveta embebida no veio são chanfradas (afagadas). Permitem uma
melhor aderência entre a chaveta e o veio e diminuem a tendência para a torção.
Não exigem montagem com aperto. A ligeira folga permitida facilita a
montagem/desmontagem.

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CHAVETAS

• As chavetas de secção variável incluem:


a) Chaveta de selim ou meia cana (tipo cunha) - tem uma face ligeiramente
inclinada (1/96) e actua por atrito, não necessitando de escatel no veio. O talão
(cabeça) serve para facilitar a montagem/desmontagem.
b) Chaveta Woodruff ou meia-lua (faces semicircular) - consiste em meio disco
recto e num semicircular no veio. Este tipo de chaveta enfraquece menos o veio
do que as chavetas embebidas para o mesmo binário. O escatel do veio não
necessita de vir até a face do cubo, o que melhora a estética e pode aumentar a
resistência em casos em que uma das faces do cubo se situe em zonas de
elevadas concentrações de tensões.

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DIMENSIONAMENTO DAS CHAVETAS


• Considere-se uma chaveta embebida. O movimento de rotação é transmitido entre o
veio e o cubo, desenvolvendo forças de compressão nas faces laterais da chaveta.
Estas forças de compressão F actuam como um binário que tende a fazer rodar a
chaveta, o que é evitado pelo ajustamento entre a mesma e os escatéis.

• A força F pode ser calculada, aproximadamente, se se considerar a sua actuação no


circulo superficial do veio, sendo dada por:

• A tensão de compressão na chaveta vem dada por:

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DIMENSIONAMENTO DAS CHAVETAS
• A tensão de corte na chaveta é:

em que
• T é o momento torçor a transmitir; D é o diâmetro do veio; L é o comprimento da chaveta;
• h é a altura da chaveta; b é a largura da chaveta.

• A chaveta ideal deve ser igualmente resistente ao esmagamento e ao corte. Esta


condição traduz-se pela igualdade entre o momento torçõr T dado pelas duas
equações anteriores, donde resulta:

• Se o ajustamento da chaveta é perfeito nos quatro lados, verifica-se que a tensão


admissível à compressão é dupla da tensão admissível ao corte.  a chaveta ideal
seria quadrada.
• Se o ajustamento não for perfeito, a experiência recomenda o uso da tensão
admissível à pressão superficial 1,7 vezes a tensão admissível ao corte.
• Na prática, pré-define-se a largura da chaveta, b (cerca de ¼ do diâmetro do veio,
sendo este valor definido nas normas portuguesas), e determina-se o comprimento da
chaveta, L, necessário para resistir às forças do jogo.

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DIMENSIONAMENTO DAS CHAVETAS


• Por vezes, torna-se necessário usar mais do que uma chaveta. Nestes casos pode-se
usar duas chavetas fazendo 90º entre si ou três chavetas fazendo ângulos de 120º.
• Quando se usa mais de uma chaveta, a distribuição de cargas não é uniforme entre
elas. Recomenda-se por isso o uso dos seguintes factores de sobrecarga em
relação à carga uniformemente distribuída:
− 20% para duas chavetas;
− 15% para três chavetas;
− 10% para quatro ou mais chavetas.
• O escatel provoca o enfraquecimento do veio, pois reduz a secção resistente e origina
concentração de tensões.
• Por exemplo, para veios à flexão, indica-se coeficientes de concentração de tensões
de Ktf = 1,9, e Ktf = 1,38, respectivamente para rasgos de chavetas maquinados por
fresa do topo e por fresa de disco.
• Para o veio submetido às cargas combinadas de torção e flexão, usa-se Kt = 3.
Valores do factor de redução da resistencia à fadiga, Kt, para rasgos de chavetas

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UNIÕES DE VEIOS - ACOPLAMENTO
• Em construção mecânica, é vulgar a ocorrência de situações em que é necessário
fazer uma ligação entre 2 veios próximos. Nestes casos utilizam-se dispositivos
especiais, designados por uniões de veios (acoplamentos).

• As uniões de veios são órgãos de máquinas de transmissão mecânica baseadas no


princípio do contacto geométrico entre elementos de máquinas e a transmissão ou
transformação de movimento é realizada por contacto directo, ou seja, o movimento
é promovido pelo contacto entre as superfícies dos órgãos motor e movido.

• Em geral, nas uniões de veios, tanto como nas embraiagens, as características do


movimento não são modificadas, ou seja, os veios unidos desta forma rodam à
mesma velocidade e sem mudar a direcção.

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UNIÕES DE VEIOS - ACOPLAMENTO

• As uniões de veios são sistemas utilizados para fazer a ligação permanente ou


semipermanente entre um veio motor e um veio movido.
• Se se pretende acoplar e desacoplar com frequência e rapidez dois veios, devem-se
utilizar as embraiagens.
• As uniões também podem ser utilizadas com a finalidade de compensar
desalinhamento ou minimizar as vibrações e os choques transmitidos ao veio
movido, axiais e angulares.
• Ao unir 2 veios, na generalidade dos casos eles não ficam exactamente colineares.
Ocorrem desalinhamentos que se podem classificar em paralelos (ou radiais) e
angulares devidos a imprecisão de montagem dos apoios ou a deformação dos veios
sob a acção de cargas, axiais devido a expensão térmica e torcionais.

• Os desalinhamentos paralelos (radiais) ocorrem quando os eixos dos 2 veios não


coincidem e são paralelos, tanto no plano vertical como no horizontal.
• Se os eixos dos veios formam um certo ângulo, ocorre o desalinhamento angular.
• Se as faces das extremidades dos 2 veios não coincidem, existe desalinhamento axial.

• A classificação das uniões de veios é, em geral, feita com base na sua capacidade
para absorver desalinhamentos: uniões rígidas, flexíveis e universais.

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UNIÕES DE VEIOS - ACOPLAMENTO

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UNIÕES DE VEIOS - ACOPLAMENTO


• Montagens com aperto - um método de fixação de 2 ou mais veios rectos
concêntricos. A solução mais habitual é a de 2 veios fixos, ou com movimento de
rotação.
• As montagens com aperto fixas designam-se por cilindros compostos e as
rotativas designam-se por discos rotativos.
• Cilindro composto - 2 cilindros, um dos quais é obrigatoriamente oco (chamado o
exterior, ou manga, ou disco) e o outro é oco ou maciço (o interior, ou veio, ou
casquilho).
• Disco rotativo - existem várias configurações possíveis, como por exemplo discos
sólidos (sem furo), discos com furo central, discos de resistência constante, etc.. O
caso mais frequente é o de discos com furo central (discos circulares de espessura
constante com orifício central circular).  um disco que é montado, normalmente com
aperto, num veio maciço ou oco.

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UNIÕES RÍGIDAS
• As uniões rígidas não suportam nenhum tipo de desalinhamento.
• A união rígida mais vulgar é a união de flange, que consiste num dispositivo
composto por 2 flanges enchavetadas nos veios e ligadas entre si por parafusos;
utiliza-se nas transmissões de grandes potências a baixas velocidades.
• A união de discos ou pratos - usadas nas transmissões de grandes potências.
• A união de luva de compressão é uma união fixa utilizada com objectivo de facilitar a
manutenção de máquinas, com vantagem de não interferir no posicionamento dos
veios unidos, podendo ser montada e removida sem problema de alinhamento.
• Os pontos críticos da união rígida são as chavetas, os parafusos e a região entre os
parafusos e as flanges que estão sujeitas ao esmagamento.  O dimensionamento
dos parafusos ao corte pode ser feito considerando a força de corte igualmente
distribuída pelos parafusos.

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UNIÕES FLEXÍVEIS
• As uniões flexíveis permitem eliminar alguns dos inconvenientes provocados
pelos desalinhamentos, desde que estes não sejam demasiado grandes. Assim,
é possível evitar as vibrações excessivas ou as sobrecargas nas chumaceiras.
• As uniões flexíveis são normalmente agrupadas em: uniões sem flexibilidade
torcional, de baixa flexibilidade torcional e de elevada flexibilidade torcional.
• As uniões sem flexibilidade torcional incluem uniões por corrente e por
engrenagem ou as do tipo Oldham.
• As uniões por corrente e por engrenagem são aquelas em que o elemento
intermédio da transmissão é metálico; têm grande capacidade de transmissão de
binário e permitem corrigir apenas desalinhamentos torcionais muito pequenos.

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UNIÕES FLEXÍVEIS
• As uniões Oldham também permitem desalinhamentos torcionais muito pequenos
e transmitem grandes potências (até 675 hp), ao mesmo tempo que admitem
desalinhamentos paralelos e axiais consideráveis.
• Têm 2 elementos enchavetados ou aparafusados aos veios e um elemento intermédio
e metálico móvel; este elemento móvel necessita de ser lubrificado e pode ser
substituído quando desgastado.

• Nas uniões flexíveis, o elemento móvel pode ser também de borracha endurecida o
que permite aumentar a flexibilidade torcional, mas reduz a capacidade de carga
- as uniões de baixa flexibilidade torcional.

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UNIÕES FLEXÍVEIS

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UNIÕES FLEXÍVEIS
• Quando se pretende corrigir grandes desalinhamentos ou controlar as vibrações
torcionais podem usar-se uniões com um só elemento de borracha ou o dispositivo
para serviço pesado em que 2 peças enchavetadas nos veios são ligadas entre si por
um elemento de borracha aparafusado em ambas peças - as uniões de alta
flexibilidade torcional.

• As uniões com elemento de borracha colado permitem grandes


desalinhamentos, mas só podem ser usados para transmitir potências
relativamente pequenas.

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UNIÕES UNIVERSAIS
• As uniões universais são utilizadas em máquinas em que necessário um
desalinhamento angular definido e elevado.

• Uma união isolada não tem flexibilidade torcional, nem permite nenhum
desalinhamento paralelo.  o uso de 2 uniões com um veio intermédio permite um
desalinhamento paralelo muito maior do que no caso de qualquer união flexível.

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UNIÕES UNIVERSAIS
• O tipo de união universal mais comum é a união Hooke’s ou união Cardan que
consiste em 2 forquilhas e um bloco intermédio com 2 pinos em forma de cruz.

• Numa união Cardan, a relação entre a velocidade angular do veio movido e a


velocidade do veio motor não é constante durante cada rotação e varia (aumenta) com
o ângulo β de intersecção dos 2 veios. É recomendável utilizar ângulos β < 15º para
evitar a ocorrência de vibrações torcionais elevadas.
• A velocidade de rotação do veio movido pode, no entanto, ser constante se se usa o dispositivo
que consiste em 2 uniões Cardan com um veio intermédio em que:
a) O ângulo de intersecção do veio de entrada com o veio intermédio é igual ao ângulo deste
com o veio de saída;

b) As forquilhas das extremidades do veio intermédio devem estar simultaneamente nos planos
de intersecção dos veios respectivos.

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