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Caco Barcellos
29ª EDIÇAO
CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte —
Câmara Brasileira do Livro, SP
Barcellos, Caco.
Rota 66 / Caco Barcellos apresentação de Narciso Kalili. —
29ª. ed. — São Paulo : Globo, 1997
ISBN 85-250-1118-5
http://groups.google.com/group/digitalsource
Sumário
Apresentação
Primeira Parte — Rota 66
1. A Perseguição
2. Doutor Barriga
3. Reservada aos Heróis
4. O Futebol
5. Quero Ser Primavera
6. “Não Atirem!”
7. A Armação
8. O Pior do Passado
9. O Julgamento
— BANCO DE DADOS —
Operadores:
Wanderley Aparecido Silveira e Luis Carlos Sardinha (em
memória)
Levantamento de dados:
Sidney M., Décio Mercaldi Galina, Ana Cristina Carvalho, Carlos
Maurício de Souza
Digitadores:
Rosângela Pícolo Garcia (criação de programa), Daniela Azevedo,
Renata Carvalho, Flávio Siqueira
AGRADECIMENTOS
Agradecimento especial:
Beatriz Fragelli
Narciso Kalili
São Paulo, 6 de agosto de 1992
Primeira Parte
Rota 66
Capítulo 1
A Perseguição
— Tchau, mãe!
— Não demora, Chiquinho, quero conversar com você ainda
hoje.
— Não vou demorar, mãe.
A chegada de Noronha sempre agita a turma do Paulistano.
São quarenta, cinqüenta jovens que se reúnem diariamente no
lado de fora da entrada do clube, um dos mais elegantes da zona
sul da cidade de São Paulo. Nos fins de semana, à tardinha e à
noite, o número é bem maior. Maioria rapazes saindo da
adolescência. Eles freqüentam a turma antes ou depois de
namorar. Há duas condições mínimas para alguém ter acesso ao
grupo: ser refinado ou metido a refinado. E agressivo, como
Noronha, do tipo que não leva desaforo para casa.
Nesta noite planejam um ataque aos arquiinimigos do Clube
Pinheiros, uma turma dominada por esportistas de pólo aquático.
Gomalina, um dos líderes do Paulistano, é contra o plano. Com a
chegada do melhor amigo, Noronha, seus argumentos são
reforçados.
— O xará, querem atacar o Pinheiros. Não estou achando
legal...
— Você está certo, Goma. O pessoal do pólo nada 5 mil
metros só pra aquecer. Eu não estou a fim de esforço esta noite,
que está tão legal...
— Ainda se fosse contra os bundões do Harmonia, não é,
xará?
— Você está sabendo da última?
— Os comunistas do Vietnã estão vencendo a guerra...
— Não brinca, xará!
— Os americanos já estão fugindo hoje de Saigon...
— Stop, Rolling Stones. Stop, Beatles sound Rá-tá-tá-tá!
— 22 de abril de 1975. É uma data histórica, xará!
— Acabou o rá-tá-tá-tá, pessoal. Vamos festejar a paz no
Hamburguinho.
Apenas três rapazes gostam da idéia. Pancho, Noronha e
Gomalina pedem a especialidade da lanchonete: choco-lamour,
um sorvete de chocolate, com pó de avelã e paçoca, bem
caprichado. Noronha pede também um cheese-tártaro. Pancho, o
mais baixo e gordo dos três, quer um cheese-salada, com muita
maionese. Gomalina fica só no sorvete, já que tem pouco dinheiro.
— Ô, xará! Tentei arranjar mais grana, mas... Vou ficar te
devendo essa — diz Noronha ao amigo Gomalina.
— Não tem nada, não. Essa dureza vai acabar. Papai vai
ganhar uma causa contra o Fisco Federal. É uma nota preta.
O pai de Gomalina tem a concessão de uma linha de
montagem de carros importados. A causa na Justiça é devida à
apreensão de 58 automóveis Chrysler, que entraram no pais
ilegalmente. Ninguém sabe se o julgamento será favorável ou não
ao pai de Gomalina. Mas o filho, que se define como hippie,
embora use o cabelo à la Elvis Presley, topete à base de um creme
brilhante, a gomalina, já sonha alto com os dois amigos.
— Fechado! Vou comprar uma fazenda, perto de um rio. E
montar ali a maior comunidade hippie do mundo...
— E à noite a gente faz uma mesa enorme, todo mundo
vestido de branco, de smoking branco.
Todas as pessoas que a gente gosta vão morar na fazenda —
diz Noronha.
— Nunca mais vocês deixarão de poder pagar um sanduíche
ao amigo... nunca — Gomalina fala triunfante.
— Você me dá uma moto 750? Se você não der, nunca mais
falo com você. Se não quiser dar, pelo menos me empresta o
dinheiro? — pergunta Pancho.
— E o que mais a gente pode fazer com esse dinheiro? —
questiona Noronha.
— Bancar o Robin Hood, fazer instituição de caridade, casa
pra velhinho — responde Pancho.
Noronha vibra com a idéia e bate com a colher do sorvete no
balcão, ao ritmo de Raul Seixas:
— Viva! Viva! Viva a sociedade alternativa!
A volta ao Paulistano tem um objetivo definido pela vontade
de Pancho. Ele quer cobrar uma dívida de um rapaz da turma,
Roberto Carvalho Veras, que sumiu desde a semana passada
quando perdeu várias apostas no jogo de crepe. Era um bom
dinheiro, perto de 100 dólares. Pancho acha que levou um calote.
Está revoltado, disposto a se vingar.
— Seguinte, de hoje não passa. Temos que aprontar uma
contra esse cara.
Noronha gosta da idéia.
— Sei onde ele mora, que tal?
Gomalina é cinco anos mais velho e suas opiniões são
respeitadas pelo amigo, que já o admirou quase como a um ídolo.
Desta vez, porém, a tentativa de convencer Noronha a desistir do
plano não está dando certo. A adesão de João Augusto Junqueira,
superamigo de Pancho, tornam as coisas ainda mais difíceis. Mas
Gomalina insiste.
— Deixa isso pra lá. Eu vou passar em casa, arranjar um
dinheiro e a gente vai comer qualquer coisa no Piolim...
— Fica na tua, xará. Esta parada é nossa. O My God pode te
dar uma carona.
— Tudo bem. Mas eu acho que o Pancho tem que tirar esse
sombreiro. Chama a atenção demais.
O carro já está com o motor funcionando e Pancho, sentado
ao lado de Noronha, nem ouve o conselho de Gomalina. No banco
de trás, Augusto Junqueira brinca, como se estivesse se
preparando para o início de uma corrida automobilística:
Doutor Barriga
O Futebol
“Não Atirem!”
1
Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source com a intenção de
facilitar o acesso ao conhecimento a quem não pode pagar e também proporcionar aos Deficientes
Visuais a oportunidade de conhecerem novas obras.
Se quiser outros títulos nos procure http://groups.google.com/group/Viciados_em_Livros, será um prazer
recebê-lo em nosso grupo.
Capítulo 7
A Armação
O Pior do Passado
O Julgamento
Os Matadores
Capítulo 10
O Rei da Pontaria
Matador de Inocentes
Os Desaparecidos
Matador Modelo
Os Inocentes
Capítulo 17
Deputado Matador
O Bêbado
Radiografia
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