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Discursos interpretativos dominantes no contexto nacional

Nesta secção, identificamos os discursos que vigoraram no nosso contexto e apresentamos da


seguinte maneira: i) consolidação da paz efectiva; ii) Crise económica iii) agricultura a base do
desenvolvimento do país.

O primeiro discurso dominante identificado no país é a Consolidação da paz efectiva. Nesse


ambiente de hostilidade política e militar, a Renamo fazia a suas exigências ao governo e este,
por sua vez, chamavam a necessidade de negociação. 1 Desta forma, ao longo dos anos, houve
avanços e retrocesso quanto ao entendimento entre as partes envolvidas, ao ponto de chamar-se à
necessidade da intervenção de mediadores internacionais e da Sociedade Civil Nacional. O não
alcance de acordo de cessação dos conflitos armados conduziu a sua escalação ao ponto em 2015
agentes da sociedade emitirem análises e opiniões com vista a facilitação do acordo. A Paz não
trata a apenas da ausência de conflito armado, mas inclui também as condições de vida, como
observa Baloi (2011)2, no seu estudo, em que mostra que algumas pessoas afirmaram não estar
em Paz mesmo depois da assinatura do acordo de Paz.

O pensamento alternativo deste discurso, sendo a construção e conservação da Paz um processo


contínuo e constante, e que a eclosão do conflito armado em 2012 representa um desafio para os
actores políticos, deve ser relevante retomar a lógica do pluralismo e diversidade cultural,
baseados no reconhecimento dos diversos valores, interesses e necessidades que existem por
todo o território moçambicano, que serviram de base para a Paz que deu fim a guerra civil em
Moçambique. A necessidade de os actores políticos resgatarem os princípios que orientaram as
reformas políticas, reconhecendo a pluralidade de interesses e necessidade, a diversidade de
valores é um aspecto que contribui não para a identificação das causas que estão por detrás do
conflito, mas também para a sua superação.

Outra alternativa para esse discurso, o Governo deve melhorar as suas reformas sociais e
políticas para a governança democrática que possa assegurar os direitos humanos, permitindo
que as pessoas vivam com dignidade e em liberdade, expandindo a participação e autonomia
1
Disponível em http://www.dw.com/pt-002/cronologia-do-conflito-entre-a-renamo-e-o-governo-de-mo
%C3%A7ambique/a-19105846, Consultado a 27 de Fevereiro de 2018.
2
Baloi, O. S. (2011). “Entre a espada e a parede: o círculo vicioso da violência como um dilema de um estado pós-
guerra”, In “Mosaico Sociológico”. Maputo: Universidade Eduardo Mondlane.
O segundo discurso dominante é Agricultura a base do desenvolvimento do país. Este discurso
tem como objectivo de reduzir a pobreza e garantia de crescimento inclusivo no país. Neste
discurso, procura-se enfatizar que quanto maior for a contribuição da agricultura no PIB de
Moçambique, mais eficaz será a redução da pobreza no País. 

Sendo a base de desenvolvimento da economia de Moçambique, segundo a constituição, e sendo


o sector produtivo onde se concentra a maior parte da população Moçambicana, nunca deve ser
terciarizada ou negligenciada pois é deste sector que o rendimento disponível da maioria das
famílias Moçambicanas depende. Será importante um grande investimento e intervenção na
Revolução Verde e nos diferentes programas de desenvolvimento da agricultura, mas a ideia
central deve ser tirar gradualmente o pequeno agricultor familiar Moçambicano de uma situação
de subsistência para níveis mais elevados.

Este programa, foi considerado um fiasco porque consistiu fundamentalmente na reforma


institucional e modernização do sector, centrando-se longe dos locais onde o mesmo deveria
chegar, e exigir que haja maior produção interna para reduzir a dependência externa, a distância
entre os discursos e a prática contínua abismal.

Tomando em conta, esse discurso como pensamento alternativo o seguinte: o desenvolvimento


de um pais, deve obedecer certas combinações, desde as transformações mentais e sociais de
uma população que a tornam apta a fazer crescer cumulativamente e de uma forma durável o seu
produto real global.

O terceiro discurso da crise económica. Com esse discurso, procura demostrar o abrandamento
da economia nacional e a depreciação do metical deixam o país numa situação cada vez mais
delicada, que exige de todos a conjugação de saberes e esforços para o aumento da produção e da
produtividade.

A alternativa para solucionar esse discurso, deve se analisar de duas maneiras: por um lado, os
empresários devem ajustar a forma de funcionamento das suas empresas, por outro lado, as
famílias devem reduzir os seus gastos, por forma a poderem acomodar-se ao cenário de perda do
poder de compra que afecta grande parte das famílias moçambicanas. E ainda, há necessidade de
a cidadania ter cada vez maior importância no desenvolvimento e na solução dos problemas
nacionais, bem como na elaboração e participação nas decisões do Estado e do Governo.

O discurso é um conjunto de regras anónimas, históricas determinadas no tempo e espaço, que


definem uma determinada área social, económica, geográfica ou linguística, as condições de
exercício da função enunciativa. Os efeitos do discurso interpretativo dominante podem ser
observados no meio intelectual, evidencia-se a ideia de “uma sociologia sem actores e sem
sujeitos, já que o indivíduo se submete ao sistema de dominação, enquanto factores externos
determinam a sua conduta, constituindo um obstáculo para uma compreensão mais abrangente
dos fenómenos sociais.

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