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ADVOCACIA PÚBLICA
EM FOCO
PRERROGATIVAS DA FAZENDA PÚBLICA NO NOVO
CPC: A BUSCA PELA TUTELA JURISDICIONAL
EFETIVA, ADEQUADA E TEMPESTIVA
1. INTRODUÇÃO
1 Pós-Graduada em Advocacia Pública pelo Instituto para o Desenvolvimento Democrático – IDDE, Minas
Gerais-BH e Faculdade Integrada – AVM, Belo Horizonte-MG. Bacharel em Direito pelo Centro Universi-
tário do Pará – CESUPA-PA, Belém-PA. Procuradora Geral do Estado do Amapá.
TERRA, Thais Rodrigues Coelho. Prerrogativas da fazenda pública no novo CPC: a busca pela tutela jurisdicional efetiva, adequada e tempestiva.
In: PEREIRA, Rodolfo Viana; SACCHETTO,Thiago Coelho (Orgs.). Advocacia pública em foco. Belo Horizonte: IDDE, 2017. p. 395-428. ISBN
978-85-67134-03-1. Disponível em: <http://bit.ly/2n2TP26>
A aplicação de suas normas foi imediata aos processos pendentes. Dessa forma,
imperioso compreender suas modificações e inovação no regramento da atuação da
Fazenda Pública em Juízo.
Este artigo tem como objetivo analisar as modificações introduzidas pelo Novo
Código de Processo Civil no que diz respeito às prerrogativas processuais da Fazenda
Pública, em especial: os prazos processuais diferenciados, a intimação pessoal do
representante judicial para a prática dos atos processuais e a remessa necessária.
Mas não só isto, o objetivo principal é confrontar os motivos que conduziram
à reforma do CPC e as modificações no que diz respeito a Fazenda Pública, uma vez
que as suas prerrogativas processuais vêm sendo amplamente discutidas pela dou-
trina que não consegue estabelecer um entendimento pacífico, em especial quando
confrontadas com a ideia de tutela jurisdicional efetiva, adequada e tempestiva.
Pois bem, todo esse debate fez surgir o interesse em abordar o tema, como
ponto principal deste artigo, que tem a pretensão, justamente, de tentar, após expor
conceitos e correntes doutrinárias, dirimir as discussões que os cercam, procurando,
ao final, indicar a solução que entender como a mais razoável, respondendo o se-
guinte problema: As modificações trazidas pelo novo CPC, no que concerne as prerro-
gativas da Fazenda Pública, estão em consonância com a ideia de Tutela Jurisdicional
Efetiva, Adequada e Tempestiva?
Desse modo, afirma-se que a pesquisa realizada é importante para demonstrar,
não apenas aos curiosos da ciência processual, mas também, aos estudantes de
direito, operadores do direito e magistrados, que a reforma do CPC se encontra em
sintonia com os fundamentos constitucionais que regem o moderno processo civil
de resultados.
O objetivo geral é analisar as alterações das prerrogativas processuais da Fa-
zenda Pública diante do atual contexto constitucional. Já os objetivos específicos são:
definir as modificações relativas aos prazos processuais, a remessa necessária e a
intimação pessoal do representante judicial para, ao final, demonstrar que estão em
conformidade com a ideia de Tutela Jurisdicional Efetiva, Adequada e Tempestiva e a
nova ordem constitucional.
A temática que por hora propõe-se não necessita de pesquisa de campo. Isto
porque para respaldar o tema é necessário, apenas, as pesquisas bibliográficas, ou
melhor, a análise da lei, o conhecimento das posições doutrinárias, a partir de livros,
artigos de revistas e sites na internet.
1 Etimologicamente, processo significa “marcha avante”, “caminhada” (do latim procedere = seguir
adiante) (DINAMARCO, Cândido Rangel et al. Teoria Geral do Processo. 17. ed. São Paulo: Malheiros,
2001, p. 277).
[...] abre a oportunidade para que se afirme o direito de ação não mais como
um direito a sentença, como as teorias clássicas sobre a ação dispunham,
mas como direito à tutela jurisdicional adequada efetiva e tempestiva mediante
processo justo.
2 MARINONI, Luiz Guilherme et al. Novo Curso de Processo Civil. vol. 1. São Paulo: Revista dos Tribu-
nais, 2015, p. 238.
3 Art. 3º. Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
4 Art. 4º. As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a
atividade satisfativa.
[...] diante do novo Código de Processo Civil, é possível afirmar que o direito
de ação é um direito à tutela jurisdicional adequada, efetiva e tempestiva
mediante processo justo. Este direito não se submete as velhas condições
para a sua existência. É um direito de natureza processual totalmente abstrato
e independente da efetiva existência do direito material alegado em juízo.
Este artigo procura discutir as modificações trazidas pelo novo CPC, no que
concerne as prerrogativas da Fazenda Pública e demonstrar se elas acompanharam
os anseios de Tutela Jurisdicional Efetiva, Adequada e Tempestiva.
Dessa forma, compreendido de forma simplificada as necessidades atuais, pas-
sa-se a melhor explicar a ideia de ‘Acesso à Justiça’, o ‘Direito de Defesa’ e ‘Tutela
Jurisdicional Efetiva, Adequada e Tempestiva’.
5 MARINONI, Luiz Guilherme et al. Novo Curso de Processo Civil. vol. 1. São Paulo: Revista dos Tribu-
nais, 2015, p. 205. [grifos no original].
6 DINAMARCO, Cândido Rangel et al. Teoria Geral do Processo. 17. ed. São Paulo: Malheiros, 2001, p.
297.
7 Art. 5º. [...]
XXXV – A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
Muito se fala, nos dias atuais, em acesso efetivo à Justiça. A efetividade per-
feita, no entanto, poderia ser expressa como a completa igualdade de armas,
como garantia de que a conclusão final dependeria apenas e tão somente dos
méritos jurídicos relativos às partes litigantes, sem relação com quaisquer di-
ferenças estranhas ao direito e que, no entanto, afetem a reivindicação dos
próprios direitos.
Continua, no texto, demonstrando que essa igualdade não pode ser alcançada,
pois as diferenças, entre as partes, dificilmente serão eliminadas. Aduz ser necessário
superar os óbices responsáveis pela ameaça ao bom desempenho da função estatal
de eliminar os conflitos e define, baseado no autor Cândido Dinamarco9, como: a
admissão ao processo (eliminação de desigualdade que desestimula as pessoas ao
litígio), o modo de ser do processo (observação da ordem legal dos atos, possuindo
o juiz papel ativo) e a justiça e utilidade das decisões.
Surgem, concomitantemente, diversas preocupações que podem ser, primeira-
mente, definidas com o custo do processo, seja pela onerosa/difícil constituição de
um advogado, adiantamento de custas para o andamento do processo e até mesmo
a sucumbência. Essas preocupações afloram quando se trata das classes menos
favorecidas, tendo fundamental importância, para uma justiça mais acessível, o papel
da Defensoria Pública ou defensor dativo (art. 5º, inc. LXXIV, da CF/88) e a isenção
de algumas custas.
Outro fator determinante ao acesso à justiça e que tem tirado, inclusive, a cre-
dibilidade do Poder Judiciário é a duração do processo. O tempo tem sido o grande
inimigo dos indivíduos que buscam a reparação ou proteção do seu direito.
8 ARAÚJO, José Henrique Mouta. Acesso à justiça e efetividade do processo. Curitiba: Juruá, 2001, p.
47.
9 DINAMARCO, Cândido Rangel et al. Teoria Geral do Processo. 17. ed. São Paulo: Malheiros, 2001.
12 Art. 9º. Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I – à tutela provisória de urgência;
II – às hipóteses de tutela da evidência previstas no artigo 311, incisos II e III;
III – à decisão prevista no artigo 701.
13 Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do
qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a
qual deva decidir de ofício.
14 MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela Antecipatória e Julgamento Antecipado. Parte Incontroversa da
demanda. 5. ed. rev. atual. ampl. São Paulo: RT, 2002, p. 15-16.
15 THEODORO, Humberto Junior. Curso de Direito Processual Civil. vol. 2. 33. ed. Rio de Janeiro: Foren-
se, 2002, p. 557.
De início registra-se que antes de ingressar neste tópico foi necessário trazer
ao debate o direito ao acesso à justiça e o direito de defesa, pois como se viu a com-
binação dos dois trouxe o entendimento de que a ação não é mais vista como um
simples direito a sentença, mas como direito à tutela jurisdicional efetiva, adequada e
tempestiva mediante processo justo.
Pois bem, quando se pensa em efetividade logo vem a ideia de tempo, da
morosidade do processo, e isso ocorre por ele ser um dos maiores obstáculos na
pacificação dos conflitos. Deve-se, entretanto, arredar a concepção reducionista de
identificar efetividade apenas com celeridade/rapidez, por que nem sempre esta ga-
rante a obtenção daquela. Veja o exemplo extraído das lições de João Batista Lopes16:
16 LOPES, João Batista. Tutela Antecipada no Processo Civil Brasileiro. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2003,
p. 34.
O tempo já foi visto como algo neutro ou cientificamente não importante. Certa-
mente por isso foi jogado integralmente nas costas do autor, como se a demora
17 LOPES, João Batista. Tutela Antecipada no Processo Civil Brasileiro. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2003,
p. 33. [grifos no original].
18 MARINONI, Luiz Guilherme et al. Novo Curso de Processo Civil. vol. 1. São Paulo: Revista dos Tribu-
nais, 2015, p. 267.
Por estar ligado ao contraditório o tempo deve ser distribuído entre as partes.
Essa é a grande questão do direito contemporâneo.
(III) por fim, o grau ou medida do sacrifício imposto à isonomia deve ser com-
pensado pela importância da utilidade gerada, numa análise prognóstica de
custos para os particulares e benefícios para a coletividade como um todo.
20 CUNHA, Leonardo José Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo. 9. ed. rev. e atual. São Paulo: Dialé-
tica, 2011, p. 31.
21 RODRIGUES, Roberto de Aragão Ribeiro. As prerrogativas processuais da Fazenda Pública no Projeto
de novo Código de Processo Civil. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 15, n. 2638, 21 set. 2010.
Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/17425>. Acesso em: 15 out. 2015.
Com efeito, tomando por base as lições de Gustavo Binenbojm, além da prévia
instituição por lei (artigo 188 do atual do Código de Processo Civil), a discri-
minação em tela parece resistir ao teste da proporcionalidade, uma vez que a
compressão do princípio da isonomia na hipótese viabiliza uma eficaz defesa
dos interesses do Estado em juízo, sem ultrapassar os limites do estritamente
necessário, e também representa medida que preza pela boa relação custo-be-
nefício, já que o sacrifício imposto à ideia de isonomia formal reverterá em prol
de toda a coletividade, diante da redução dos riscos de condenação do Estado
por mera falta de informações, documentos ou provas.
Por fim, cita-se trecho da ADIn nº 1753/DF em que o Ministro Sepúlveda Per-
tence traça de forma clara os limites da igualdade processual conferida à Fazenda
Pública, vejamos:
O interesse público está relacionado com o interesse geral e nunca com o in-
teresse dos entes públicos em específico. Apenas a ele cabe a tutela desses
interesses [...] Em razão dessa característica é que a Fazenda Pública osten-
ta uma situação diferenciada, quando comparada com a situação dos outros
atores processuais, Quando um ente público atua processualmente, não está
defendendo o seu interesse, mas sim, o interesse público a quem ele compete
tutelar processualmente.
Com efeito, a Fazenda Pública revela-se como fautriz do interesse público, de-
vendo atender à finalidade da lei de consecução do bem comum, a fim de
alcançar as metas de manter a boa convivência dos indivíduos que compõem
a sociedade. Não é que a Fazenda Pública seja titular desse interesse, mas se
apresenta como o ente destinado a preservá-lo25
23 PEIXOTO, Ravi et al. Tutela Provisória contra a Fazenda Pública no CPC/2015. Advocacia Pública.
Bahia: Juspodivm, 2015. (Coleção Repercussões do Novo CPC, vol. 3), p. 212-213.
24 CUNHA, Leonardo José Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo. 9. ed. rev. e atual. São Paulo: Dialé-
tica, 2011, p. 33.
25 CUNHA, Leonardo José Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo. 9. ed. rev. e atual. São Paulo: Dialé-
tica, 2011, p. 34.
26 SILVA, Luiz Antonio Miranda Amorim Silva. A Fazenda Pública e o Novo CPC. In: PAVIONE, Lucas dos
Santos; SILVA, Luiz Antonio Miranda Amorim. (Orgs.). Temas Aprofundados AGU. Salvador: Juspodi-
vm, 2012, v. 1, p. 801-858.
Dessa forma, mesmo não sendo a titular do interesse público, mas o destinado
a preservá-lo, a Fazenda Pública deve sempre conciliar os interesses contrapostos
e buscar o bem comum, lutando pelo cumprimento da ordem jurídica posta e pela
probidade administrativa. Surge, nesse contexto, as prerrogativas processuais da Fa-
zenda Pública com a finalidade de garantir melhores e adequadas condições para a
representação dos entes públicos.
Por outro lado, há quem defenda que a existência de referidas prerrogativas pro-
move, indistintamente, um processo menos célere, o que compromete a efetividade.
27 CPC/1939 – Art. 32. Aos representantes da Fazenda Pública contar-se-ão em quádruplo os prazos para
a contestação e em dobro para a interposição de recurso.
Com relação ao mérito, contudo, após muita reflexão e ampla consulta aos
setores interessados, com a oitiva de diversos especialistas, em reiteradas reu-
niões promovidas em nosso gabinete, concluímos que a proposta em exame
não deve prosperar, a despeito dos louváveis preocupações de seu autor e da
aparente contribuição desta iniciativa para a consolidação do estado democrá-
tico de direito em nosso país. Embora reconheçamos a relevância e nobreza
dos propósitos em prol da celeridade e efetividade na entrega da jurisdição, en-
tendemos que algumas das soluções defendidas como de fácil implementação
para reduzir a morosidade do Poder Judiciário não podem ser levadas a efeito
sem a necessária cautela e indispensável crítica, sob pena de, desconsideradas
as peculiaridades da máquina estatal brasileira, causarem pesados prejuízos ao
Erário e à sociedade. Entendemos, igualmente, que a contagem diferenciada
de prazo a favor da Fazenda Pública não constitui, como consta da justificação
da proposta, “resquício da ditadura”, vez que se acha inserida em nosso or-
denamento jurídico desde 1939 (Decreto-Lei nº 1.608). Não nos parece que o
projeto encerre a potencial efetividade vislumbrada, pouco contribuindo para a
erradicação da lentidão judiciária, tendo em vista que, no universo burocrático
em que se encontra imersa a processualística brasileira, repleta de alternativas
protelatórias, o decurso diferenciado de prazo concedido à Fazenda Pública e
ao Ministério Público se revela insignificante, especialmente quando compara-
do aos anos necessários para o julgamento de uma lide na Justiça pátria. Ao
contrário, tal medida, a nosso ver, tornaria ainda mais tormentosa a defesa dos
interesses coletivos, difusos e individuais homogêneos, em razão do grande
número de processos e da sabida deficiência de recursos humanos e materiais
enfrentados pelo MP e pela Fazenda. Todos sabemos que, em decorrência da
própria estrutura do Estado, a defesa judicial de seus interesses não é leva-
da a efeito da mesma forma instantânea que a dos particulares. Diante disso,
cabe a indagação: a quem interessa que a Fazenda Pública seja mal defendida
judicialmente? Decerto, os maiores beneficiários serão os grandes devedores
do Erário, que terão a possibilidade de ver a Fazenda perder os prazos proces-
[...]
28 CPC/2015 – Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão
somente os dias úteis.
400. (art. 183) O artigo 183 se aplica aos processos que tramitam em autos
eletrônicos. (Grupo: Impacto do novo CPC e os processos da Fazenda Pública)30
416. (art. 219) A contagem do prazo processual em dias úteis prevista no arti-
go 219 aplica-se aos Juizados Especiais Cíveis, Federais e da Fazenda Pública.
(Grupo: Impacto do novo CPC e os processos da Fazenda Pública)31
O artigo 183 do novo CPC além dos prazos processuais trata sobre a intimação
pessoal do representante judicial da Fazenda Pública, veja-se:
400. (art. 183) O artigo 183 se aplica aos processos que tramitam em autos
eletrônicos. (Grupo: Impacto do novo CPC e os processos da Fazenda Pública) 32
401. (art. 183, § 1º) Para fins de contagem de prazo da Fazenda Pública nos
processos que tramitam em autos eletrônicos, não se considera como intima-
ção pessoal a publicação pelo Diário da Justiça Eletrônico. (Grupo: Impacto do
novo CPC e os processos da Fazenda Pública)33
capítulo da coisa julgada e teve nova redação dada pela Lei nº 10.352/2001 (uma das
micro reformas do CPC/1973).
A Remessa Necessária, que no Código de Processo Civil de 1973 era tratada
dentro da Seção “coisa julgada”, ganhou Seção própria (Seção III, do Capítulo VIII) e
que também pode ser chamado de reexame necessário, remessa obrigatória ou duplo
grau de jurisdição.
Há quem defenda que sua natureza jurídica é de recurso de ofício, embora a
esmagadora doutrina trate não como recurso, mas condição de eficácia da sentença
que não produz efeitos até ser confirmada pelo Tribunal.
Pois bem, a remessa necessária ganhou roupagem moderna com o novo CPC
através do artigo 496, vejam-se:
Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal, a sentença:
34 CPC/1939 – Art. 822. A apelação necessária ou ex-officio será interposta pelo juiz mediante simples
declaração na própria sentença. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 4.565, de 1942).
Parágrafo único. Haverá apelação necessária: (Incluído pelo Decreto-Lei nº 4.565, de 1942).
I – das sentenças que declarem a nulidade do casamento; (Incluído pelo Decreto-Lei nº 4.565, de
1942).
II – das que homologam o desquite amigável; (Incluído pelo Decreto-Lei nº 4.565, de 1942).
III – das proferidas contra a União, o Estado ou o Município. (Incluído pelo Decreto-Lei nº 4.565, de
1942).
35 CPC/1973 – Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal, a sentença: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
I – proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e
fundações de direito público; (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
II – que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda
Pública (art. 585, inc. VI). (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja ou não
apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los. (Incluído pela Lei nº 10.352, de
26.12.2001)
§ 2º Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito controvertido, for de
valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no caso de procedência dos
embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor. (Incluído pela Lei nº 10.352, de
26.12.2001)
§ 3º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em jurispru-
dência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior
competente. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
§ 1º. Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo
legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presi-
dente do respectivo tribunal avocá-los-á.
§ 4º. Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver
fundada em:
I – efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente de
direito;
II – risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.
§ 1º A desistência ou o abandono do processo não impede o exame de mérito do incidente.
§ 2º Se não for o requerente, o Ministério Público intervirá obrigatoriamente no incidente e deverá
assumir sua titularidade em caso de desistência ou de abandono.
§ 3º A inadmissão do incidente de resolução de demandas repetitivas por ausência de qualquer de
seus pressupostos de admissibilidade não impede que, uma vez satisfeito o requisito, seja o incidente
novamente suscitado.
§ 4º É incabível o incidente de resolução de demandas repetitivas quando um dos tribunais superiores,
no âmbito de sua respectiva competência, já tiver afetado recurso para definição de tese sobre questão
de direito material ou processual repetitiva.
§ 5º Não serão exigidas custas processuais no incidente de resolução de demandas repetitivas.
38 CPC/2015 – Art. 947. É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, de
remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão de direito,
com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos.
§ 1º Ocorrendo a hipótese de assunção de competência, o relator proporá, de ofício ou a requerimento
da parte, do Ministério Público ou da Defensoria Pública, que seja o recurso, a remessa necessária ou
o processo de competência originária julgado pelo órgão colegiado que o regimento indicar.
§ 2º O órgão colegiado julgará o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originá-
ria se reconhecer interesse público na assunção de competência.
§ 3º O acórdão proferido em assunção de competência vinculará todos os juízes e órgãos fracionários,
exceto se houver revisão de tese.
§ 4º Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer relevante questão de direito a respeito da qual
seja conveniente a prevenção ou a composição de divergência entre câmaras ou turmas do tribunal.
39 CUNHA, Leonardo Carneiro da. Título II – Da tutela de urgência. Capítulo XIII – Da sentença e da coisa
julgada. Seção II – Dos elementos e dos efeitos da sentença. In: WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al.
(Coords.). Breves Comentários ao Novo Código de Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015, p. 1261-1262.
164. (art. 496) A sentença arbitral contra a Fazenda Pública não está sujeita à
remessa necessária. (Grupo: Arbitragem)40
311. (arts. 496 e 1.046). A regra sobre remessa necessária é aquela vigente
ao tempo da publicação em cartório ou disponibilização nos autos eletrônicos
da sentença, de modo que a limitação de seu cabimento no CPC não prejudica
os reexames estabelecidos no regime do artigo 475 do CPC de 1973. (Grupo:
Direito intertemporal e disposições finais e transitórias; redação alterada no V
FPPC-Vitória)41
312. (art. 496) O inciso IV do §4º do artigo 496 do CPC aplica-se ao proce-
dimento do mandado de segurança. (Grupo: Impactos do CPC nos Juizados e
nos procedimentos especiais de legislação extravagante)42
432. (art. 496, § 1º) A interposição de apelação parcial não impede a remes-
sa necessária. (Grupo: Impacto do novo CPC e os processos da Fazenda
Pública)43
De tudo o que foi analisado, resta perquirir se as alterações trazidas pelo novo
CPC, no que concerne as prerrogativas da Fazenda Pública, estão em consonância
com a busca do legislador da Tutela Jurisdicional Efetiva, Adequada e Tempestiva uma
vez que em um primeiro momento parece inexistir a convivência harmônica entre os
dois.
Como se viu, as prerrogativas conferidas a Fazenda Pública geram a sensação
de morosidade processual e de desigualdade processual, o que em tese iria de en-
contro com a busca pela tutela jurisdicional efetiva, adequada e tempestiva.
Contudo foi amplamente dissertado no item 2 (Jurisdição e o Tempo do Pro-
cesso) o significado do princípio “razoável duração do processo” através do acesso
à justiça, do direito de defesa e da tutela jurisdicional efetiva adequada e tempestiva
para demonstrar que o direito de ação não se limita mais ao direito a uma sentença
e também não se reduz a busca apenas pela celeridade e/ou pela rapidez processual.
Vai muito além: demonstrou-se que o tempo não pode ser definido com precisão
restando necessário a prestação jurisdicional adequada a cada caso concreto e cuja
duração deve ser medida de acordo com o uso racional do tempo processual.
Viu-se ainda que uma das maiores dificuldades reside em compatibilizar a se-
gurança jurídica e a celeridade processual, o que só é possível através da ponderação
dos valores envolvidos. Trata-se de análise sob a ótica da razoabilidade e propor-
cionalidade de cada benefício conferido pelo legislador, pois, como se viu no item 3
(Das Prerrogativas Processuais da Fazenda Pública no Novo CPC), o benefício criado
sem fundamento razoável reveste-se de “privilégio” e traz desiquilíbrio para a relação
processual.
As demandas que envolvem a Fazenda Pública possuem uma realidade muito
diferente do particular, em especial porque visam a proteção do interesse público – da
coletividade – e, para tanto, é necessário conferir armas processuais diferenciadas
com o fito de garantir a igualdade substancial.
44 BRASIL. Congresso Nacional. Senado Federal. Comissão de Juristas Responsável pela Elaboração de
Anteprojeto de Código de Processo Civil. Código de Processo Civil: anteprojeto. Brasília: Senado Fe-
deral, Presidência, 2010. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/senado/novocpc/pdf/Anteprojeto.
pdf>. Acesso em: 10 set. 2015, p. 14.
5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, José Henrique Mouta. Acesso à justiça e efetividade do processo. Curitiba: Juruá,
2001.
BINENBOJM, Gustavo. Uma Teoria do Direito Administrativo: Direitos Fundamentais, Demo-
cracia e Constitucionalização. 2. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Renovar, 2008.