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Lei zero da termodinâmica

A Lei Zero da Termodinâmica ou Primeiro Princípio da Termodinâmica trata da


transferência de energia térmica entre dois corpos

Faça a seguinte experiência: coloque dois objetos, um de madeira e outro de metal no interior
de um refrigerador. Após algumas horas (pelo menos duas horas) podemos considerar que ambos
estão com a mesma temperatura. No entanto, quando tocarmos os objetos teremos a impressão
que o objeto de metal estará mais frio.

Qual a razão disso?

Nosso corpo não está em equilibro térmico com os objetos. Portanto, haverá troca de energia,
em forma de calor, entre nosso corpo e os objetos. O metal é um condutor térmico melhor que a
madeira, dessa forma, a transferência de calor será mais rápida entre o nosso corpo e o objeto de
metal em comparação com o objeto de madeira. É esse maior fluxo de energia que nos dá a
impressão de que o metal está mais frio. Por esse motivo, em Ciências como Física, Química etc.
utilizaremos o conceito de temperatura.

Se continuarmos em contato com os dois objetos, perceberemos que: com o passar do tempo,
não haverá mais a sensação de quente e frio entre os objetos. Podemos dizer que houve fluxo de
energia entre nosso corpo e os objetos até que as temperaturas se tornaram iguais. Em outras
palavras podemos dizer que atingimos o equilíbrio térmico entre os objetos e nosso corpo.

Entretanto, podemos dizer o mesmo, sobre a temperatura entre os dois objetos? Ou seja, o
objeto de metal e o objeto de madeira estão em equilíbrio térmico?

A resposta é SIM!

A Lei Zero da Termodinâmica afirma que "se


dois corpos A e B estão separadamente em
equilíbrio térmico com um terceiro corpo C, então
A e B estão em equilíbrio térmico entre si" [1].

Vamos fazer uma analogia: Considere três caixas d’água: A, B e C, instaladas no mesmo nível
de altura. As caixas A e B estão completamente vazias. A caixa C está completamente cheia. A caixa
A está conectada à caixa B por um tubo de 40mm de diâmetro e uma válvula. A caixa B está
conectada a caixa C por um tubo de 20mm de diâmetro e outra válvula.

Quando abrimos as duas válvulas, haverá fluxos de água da caixa C para as caixas A e B. No
entanto, os fluxos serão diferentes. Após algum tempo, as três caixas estarão com o mesmo nível
de água entre si. A caixa A terá o mesmo nível de água da caixa B mesmo sem estarem em contato
direto entre si.

Poderíamos explorar mais a analogia, mas não será necessário.

Temperatura

Essa lei permite a definição de uma escala de temperatura, como por exemplo, as escalas de
temperatura Celsius, Kelvin, etc.

Quando um corpo é aquecido ou resfriado, algumas propriedades podem ser modificadas, por
exemplo, volume ou resistência elétrica. A mudança nessas propriedades pode ser relacionada à sua
variação de temperatura e a partir disso é possível criar um equipamento para medir a temperatura
em uma escala adequada.

A escala de temperatura Celsius define a temperatura de solidificação da água, como sendo


0°C e a de ebulição da água como 100°C, quando submetidos à pressão de 1 atmosfera. Esses
pontos foram marcados em tubo de vidro que contem mercúrio. Ao ser aquecido o mercúrio se
expande e preenche um maior espaço no tubo de vidro. Quando é resfriado, o metal se contrai e
ocupa um menor espaço no tubo.

A escala Celsius foi proposta pelo astrônomo e físico Anders Celsius em 1742. Ao utilizar como
base o gelo, que seria o ponto de fusão da água, ele considerou que esse seria o estado em que as
partículas de água teriam o menor grau de agitação, ele atribuiu a esse grau de agitação o valor
0ºC. Durante a ebulição da água, o cientista considerou que esse seria o estado em que a água teria
o maior nível de agitação entre as partículas, ao ponto de ebulição da água, o valor definido foi
100ºC [2].

Consideramos então a Temperatura como o grau de agitação das partículas de um sistema,


seja qual for o estado de agregação do corpo (sólido, líquido ou gasoso), quanto maior for essa
agitação, maior será a sua temperatura [3].

Calor

A Lei Zero também implica em que haja uma forma de transferência de energia que altere a
temperatura. Essa forma de energia somente é percebida durante o processo de transferência. Essa
energia em trânsito é chamada de CALOR.

É importante salientar que o conceito de calor aqui é diferente do senso comum. Em Cuiabá
costumamos dizer que: em agosto “faz muito calor”, pois a temperatura do ambiente está maior que
a temperatura de nosso corpo. No entanto, nos dias de frio em Cuiabá dizemos que: “não está
calor”. Em Física dizemos que “HÁ CALOR” nas duas situações. Existe fluxo de energia térmica do
ambiente para o nosso corpo na primeira situação (QUENTE) e na segunda o fluxo ocorre do nosso
corpo para o ambiente (FRIO). O sentido do fluxo de energia térmica é interpretado pelo nosso
cérebro com as sensações de “QUENTE” ou “FRIO”.

O calor é algo que “aparece” em uma transformação de estado, entre dois sistemas com
temperaturas diferentes. Não é conveniente dizermos que um determinado corpo ou sistema tem
mais calor que outro. No entanto, podemos dizer que um corpo ou sistema possui mais energia que
outro.

A transferência de calor pode ocorrer das seguintes maneiras:

Condução

Quando a transferência de energia ocorre em um meio estacionário, que pode ser um sólido ou
um fluido, em virtude de um gradiente de temperatura, usamos o termo transferência de calor por
condução. A Equação de Fourier descreve a transformação nos seguintes termos:

𝑑𝑇
𝑞̇ = −𝑘. 𝐴
𝑑𝑥

Onde:

𝑞̇ é o fluxo de calor, é a quantidade de energia térmica transferida por unidade de tempo


(potência). No sistema internacional de unidades (SI) é medido em joules por segundo, ou seja;
watts. J/s=W.

k é a constante de condutividade térmica do material. Quanto maior o valor de k, melhor


condutor de calor será o material. Valores de k muito baixos caracterizam o material como isolante
térmico. k é função do material por onde flui o calor. No SI é medido em W/K.m.

A é a área por onde o fluxo de calor deverá escoar. Quanto maior a área melhor será o
processo de transferência de energia. No SI é medido em metro quadrado: m2.
𝑑𝑇
é o gradiente de temperatura em função do comprimento do condutor. O gradiente é
𝑑𝑥
negativo, por esse motivo o sinal negativo na equação de Fourier se faz necessário. No SI é medido
em kelvin por metro: K/m.

Convecção

Quando a transferência de energia ocorrer entre uma superfície e um fluido em movimento em


virtude da diferença de temperatura entre eles, usamos o termo transferência de calor por
convecção. O fluxo de calor é calculado pela equação de Newton:

𝑞̇ = ℎ. 𝐴. 𝑑𝑇

Onde:

𝑞̇ é o fluxo de calor;

h é o coeficiente de transferência de calor por convecção ou coeficiente de película. A


simplicidade da equação de Newton não é real, pois a constante h é, na realidade, função complexa
do escoamento do fluido, das propriedades físicas do meio fluido e da geometria do sistema. h
depende de como o sistema foi projetado e como ele funciona. No SI h é dado em W/K.m2.

A é a área por onde o fluxo de calor deverá escoar;

𝑑𝑇 é a diferença de temperatura entre a superfície e o meio do fluido. No SI é medido em K.

Radiação

Radiação é a forma de transferência de calor que ocorre entre duas superfícies, independente
do meio que há entre elas ou na ausência de qualquer meio. Essa transferência é feita na forma de
ondas eletromagnéticas, entre duas superfícies a diferentes temperaturas. O fluxo de calor é dado
pela equação de Stefan-Boltzmann:

𝑞̇ = 𝜎. 𝐴1 . 𝐹12 . (𝑇14 − 𝑇24 )

Onde:

𝑞̇ é o fluxo de calor;

𝜎 é a constante de Stefan-Boltzmann. O valor dessa constante independe dos materiais


envolvidos, ou do meio pelo qual o calor esteja fluindo, ou ainda pela forma como o sistema foi
construído ou funciona. Seu valor é 5,6997.10-8 W/m2.K4, no SI.

A1 é a área da superfície que emite a radiação.

F12 é chamado fator forma, é a fração de energia que sai do corpo 1 e chega ao corpo 2.

(𝑇14 − 𝑇24 ) é a diferença entre as temperaturas do corpo que emite a radiação e o corpo que
recebe a radiação.

Referências:

1. Halliday, D., Krane K. S. Física 2. 5ª ed. Editora LTC.

2. Sears; Zemansky; Física II – Termodinâmica e Ondas; 12ª ed. Editora: Saraiva.

3. Gaspar, A. Física: Série Brasil. 1ª ed. Editora: Ática.

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